Wednesday, August 19, 2009

Um bar não é um lugar público

Correndo o risco de aumentar ainda mais a minha popularidade, sinto quase como um dever fazer uma distinção entre o que é público e o que é privado. Sabe como é, aqui no Brasil isso nunca foi muito claro e a repetição de alguns mantras politicamente corretos pelos estatistas e "movimentos sociais" ajudam a perpetuar a confusão. Um bar é um lugar privado aberto ao público, o que faz toda a diferença. Não me interessa aqui o que dizem as leis, o que não falta é lei estúpida, me interessa como elas deveriam ser pra maximizarem a liberdade individual. Se um dono de bar quiser deixar as pessoas fumarem em seu espaço, ele deveria ter esse direito. Se ele quiser proibir as pessoas de fumarem em seu espaço, ele também deveria ter esse direito. Ninguém é obrigado a frequentar bar nenhum. A última notícia que mobilizou lindos apelos emocionais foi a expulsão de um casal gay que trocava beijos num bar do Leblon. Veja, por mais que a expulsão seja ridícula sob o meu ponto de vista, o dono deveria ter esse direito, da mesma maneira que a pessoa tem o direito de decidir quem pode ou não pode entrar em sua casa. "Mas como é que a gente vai evitar o preconceito?" Não há como acabar com o "preconceito" (um socialista não teria "preconceito" contra um liberal?), mas o próprio mecanismo de mercado trata de punir os empresários que incorrem em práticas do tipo. O tal bar do Leblon, por exemplo, vai provavelmente perder muitos clientes por causa do incidente. Se a alternativa ao respeito à propriedade privada é a concentração de poder no estado, as pessoas que não se surpreendam quando elas mesmas forem prejudicadas pela expansão do tacão estatal.

25 comments:

Gilberto Custódio Junior said...

Ontem falava justamente sobre isso com minha mãe. Eu até curto voltar pra casa com a roupa novinha e cheirando a perfume, mas a questão não é essa.

Anonymous said...

tá certo. quero ver essa lei pegar no Rio das Pedras.

Além dos Números said...

Casos completamente diferentes. Não é questão de evitar preconceito, é questão de justiça social (não no sentido nefasto que o Lula usa), mas no mesmo sentido em que não de pode impedir um negro ou judeu de entrar em determinado estabelecimento só por ser negro ou judeu. Se os casais heterossexuais podem trocar beijos, a lei tem que garantir que os homossexuais tenham o mesmo direito. Acho que você está radicalizando e dogmatizando sua filosofia liberal (com a qual vc sabe que, em muitas coisas, concordo). Do jeito que você coloca às vezes fica parecendo um dogma, e todo dogma é negativo.

Fabio Marton said...

Sabe como resolveram o problema aqui em São Paulo? Há vários anos, o bar Drosophyla teve o mesmo problema. Os gays simplesmente apareceram e se beijaram todos ao mesmo tempo. O dono poderia ter expulso todo mundo outra vez, mas isso tornaria ainda mais escandalosa sua contradição. Teve de desistir, o bar passou por uma fase gay, depois voltou a ser só moderninho, como antes. O mesmo ocorreu no Shopping Frei Caneca, que hoje é o Shopping Gay Cueca. Um shopping bem alegre mas bem família, aliás, casais com carrinhos de bebê e o povo do arco-íris convivendo na maior civilização.

Além dos Números said...

Sou totalmente pró-beijaço no tal bar do Rio.

Unknown said...

estou com o sol. justiça social começa no bolso. eu sairia dali com 10 testemunhas e processaria o dono do estabelecimento por umas 20 violações dos meus direitos civis, no tribunal de pequenas causas, procon e o caralho a quatro, ainda somaria vídeo no youtube, twitter e o caralho... quero ver preconceito sobreviver doendo tanto assim no bolso.

o estado não tem de se meter, as pessoas é que tem de correr atrás... só que no brasil o que ocorre é que o estado corre atrás por mim, pra ganhar votos. e o que vemos é uma pre-venezuela, com o povo todo gritando ´lula´ como um mantra nacional socialista.

fé!

Anonymous said...

Cigarro deveria ser proibido de fabricar. Ponto. (já viram coisa mais autoritária do que esse "ponto" dito pelo Jobim?)
É anterior a tudo. Faz mal, vicia,
dá câncer nos outros, o que se ganha no imposto (que é um argumento canalha) se perde na rede médica pública. Mas não é proibido. Se não é proibido, é permitido, assim mesmo, bem tatibitate. Se é permitido pode ser exercido. Se o exercício é permitido com leis de regulamentação, as leis devem ser respeitadas. Se as pessoas não gostarem das leis, que entrem na justiça contra. Não pode música depois de 10 da noite. Quando tem festinha no prédio ao lado eu aguento até as 10, até as 11, mas outro dia teve uma festinha até quatro da manhã perto de casa. Chamaram a polícia. É um direito. A lei existe apesar da gente gostar ou não. A lei não garante que a maioria da população eleja um presidente, e a gente tem que aguentar sucessivas cavalgaduras? Quem não votou na cavalgadura da vez que aguente. Ponto. Thiago

Anonymous said...

Peguem pedras que lá vem tese. Preconceito é um direito. Tenho direito de não gostar de judeu, de negro, de gay, de policial, de senador. É um direito meu. O que não posso é em nome desse direito acabar com o direito do outro, por exemplo, não dando emprego a um judeu, um negro, um gay, Mas posso não votar no negro, no judeu, no gay, etc. Significa que também tenho o direito de prejudicar uma pessoa apesar da lei me proibir de fazer isto. O que a lei me ´tira em público me devolve em privado.
Mas estou derivando. Rodrigo

sol_moras_segabinaze said...

Não sei se o Thiago tá falando sério, mas essa questão do barulho é importante mesmo. Isso obviamente invade o espaço dos outros, mesmo que os outros estejam em suas próprias propriedades.

Beem diferente da questão do cigarro, vamos combinar.

sol_moras_segabinaze said...

Ué, "Rodrigo", se você não gosta de japonês, você não é obrigado a dar emprego a um japonês.

Aliás, chega a dar um nó nas idéias esses silogismos malucos.

Anonymous said...

Tem uma frase boa aí: o que a lei me tira em público, me devolve em privado. Concordo com o Sol,você não é obrigado a dar emprego a um japones. Porém, by the other hand,
o japones pode me processar por não dar emprego a ele baseado em preconceito. Não tem nada pior do que politicamente correto. Fred

Anonymous said...

Seríssimo, Sol. O cara trabalha até meia noite, chega em casa cansadão e tem meia duzia de caras, bêbados, uh uh, rolando o maior som. Caceta, você pode até gostar do som, mas é uma obvia interferência do seu direito de ter uma noite tranquila de sono.
Espaço invadido. O lance do cigarro também é seríssimo. O troço é pior do que maconha, mas proíbem a maconha! Thiago

sol_moras_segabinaze said...

Ué, como é que o cara vai saber que não recebeu o emprego por causa do "preconceito"?

Se o cara quiser contratar um menina bonita de, por exemplo, atendente, as que se consideram feias podem processá-lo por "preconceito"?

João said...

Como dizia (aliás, cantava) Nei Lisboa, não ando do lado da lei e a lei não foi ideia minha.

Depois, elaboro mais.

João said...

Quanto ao beijo, já fui reprimido na escada de um shopping por causa de uns beijos e amassos com uma menina. A quadra da Gaviões da Fiel proibe a entrada de pessoas vestidas de verde. Não é uma discriminação menos estúpida, nem por isso deve virar lei.

José K said...

Hehe! 'Público' é uma metáfora para dizer 'Propriedade privada de uma pessoa jurídica chamada Estado (ou União, ou município)', esta que, diferente do que pensam, não pertence ao "povo" (seja lá o que for isso), mas aos oligarcas que controlam o poder (mas dão uma esmola para o "povo", para poderem continuar no poder).
Concordo plenamente que o dono do estabelecimento tem o dever de criar suas próprias leis para o mesmo. Quem não gostar, que não entre. Se criar leis idiotas que suprima a demande de seu negócio, ele simplesmente vai acabar ou vai ter que ser sustentado.
Este negócio do cigarro é resquício de outra intervenção estatal. Como o Estado "obriga-se" -- porque, na verdade, obriga o contribuinte -- a cuidar da saúde, por tabela, fica tentando controlar a saúde de seus "súditos" (acho que, nesse caso, nem precisava de aspas).
As pessoas deveriam ter o direito de se associarem livremente, criarem suas próprias leis e a criar seus tratados com as outras associações. Enquanto não houver isso, não haverá liberalismo de fato, pois liberalismo com sujeição compulsória a um Estado é um paradoxo. Uma piada.

Anonymous said...

Sebastian, as pessoas tem o direito de se associarem liveremente, criarem suas próprias
leis e a criar seus tratados com outras instituições. O nome disso é Estado Soberano. Sob o qual nós vivemos. Sim, sim, entendi o que você quis dizer. Leis tem mais brechas que a defesa do Fluminense.
abraços, fred.

Anonymous said...

A história do japones é um exemplo, Sol. Estamos discutindo idéias. E agora que ideia não tem mais acento? fred.

Anonymous said...

discordo totalmente.

sol_moras_segabinaze said...

Ok.

José K said...

Fre said...
"Sebastian, as pessoas tem o direito de se associarem liveremente, criarem suas próprias
leis e a criar seus tratados com outras instituições. O nome disso é Estado Soberano. Sob o qual nós vivemos."

Hahaha! Acho que não... Acho que vivemos em mundos diferentes... Eu nunca me associei livremente ao meu país. Ja nasci sob este "contrato social" (seria melhor "sentença social", visto que um contrato exige a livre manifestação das vontades).
Eu também nunca criei uma lei, quem cria são as "autoridades" (no caso, legisladores). Também nunca assinei um tratado, quem faz isto são outras "autoridades" (o Presidente e seu corpo diplimático). Diante disso... ou não vivemos no mesmo mundo ou o Sr. é uma "autoridade".

* 'Autoridade' vem do latin 'auctoritas', que significa a expressão da 'dignitas' ('dignidade'). Em um Estado onde há autoridades, pressupõe-se que não-autoridades; ou seja, há os que são dignos e os que não são; há os soberanos e os súditos; os senhores e os escravos.

Anonymous said...

Deste ponto de vista eu também nunca fiz nada disso que você também nunca fez, mas só deste ponto de vista.

Desse ponto de vista, os americanos nunca se associaram ao seu país, e os cubanos também não,
e no entanto eles tem visões totalmente diferentes de como dirigir ou gerir ou conduzir um país, o que é irônico: eles acabam sendo igualmente "tiranizados" por seus Governos, mesmo seus Governos sendo "inimigos"

Sol, fica difícil chamar 100 milhões de eleitores para assinar uma lei em Brasília, pra isso temos representantes.

Se você não concorda com a lei que foi votada, mesmo por alguém em quem você votou, você pode fazer um abaixo assinado pela internete e há meios legais de se fazer uma lei ser revista.

Eu sei, eu sei, tudo foi feito pra ficar assim eternamente, os caras mandando e desmandando lá em cima, fazendo loby, ganhando por debaixo dos panos - e nem estão se importando muito se o roubo for sobre o pano - e mais tudo aquilo que a gente sabe que existe há séculos aqui e alhures, gostou do alhures?

Porém estas são as regras do jogo, é nisso que a gente discorda. Se você não concorda com as regras do jogo, não joga, ou muda as regras, ou muda o jogo, ou aceita, ou reclama.

O que não dá, na minha modesta visão interiorana de barretos, é dizer que isto é ilegal. Não é.

Você não acha que na minha opinião delirante em momentos de raiva eu tinha vontade de pegar essa cambada toda e passar no fio da espada?

Mas não pode. Ou melhor, pode, mas não é legal. Se eu fizer, sofro com as consequências.

Eu não tenho ódio de autoridades, você também não. Eu tenho ódio é da intocabilidade de um sistema que faz autoridades intocáveis.

Sim, e o maior exemplo da dignitas é o Sarney, na voz do Lula: ele não é igual aos outros. Isso na França já deu decapitação. Bons tempos, aqueles? Abraços, fred

sol_moras_segabinaze said...

Eu não acho que a lei seja "ilegal" porque isso seria uma contradição.

Acho que ela é errada, imoral, e tento demonstrar o motivo disso.

Mas realmente, no fundo, estamos falando da mesma coisa. Ab

José K said...

Os americanos que ratificaram sua Constituição, sim... Os cubanos, certamente que não... Os mais espertos associaram-se aos EUA, fugindo p Miami. Hahahaha!
Você pode até associar-se a um país, naturalizando-se, mas precisa ser aceito; daí, é até justo que você siga as regras do jogo, visto que foi uma opção pessoal.

Mas você não pode criar uma associação do nada... visto que, tirando a Antartida, já está tudo demarcado.

Quanto ao ilegal ou não... não quer dizer muita coisa. Significa apenas se há uma lei que proíba ou não. Mas a lei pode ser inconstitucional, o que penso que é (a dos cigarros... a da discriminação é constitucional).

Mas do ponto de vista liberal, alguém só é obrigado a cumprir um acordo (contrato, pacto, etc.) que tenha concordado; se for representado, ele que tem que estabelecer o contrato de mandato. A única exceção é o que causa dano. Se não há dano, não há crime nem ato ilícito.

O Estado não surgiu da livre associação, mas da dominação e sujeição.

Eduardo Pinha said...

Caro Sol, você sabe que sou um ferrenho liberalista e concordo com o seu ponto de vista na maioria das vezes.
Mas no caso do cigarro, eu que fumo eventualmente, sou a favou da lei que proíbe o fumo em locais públicos. Tá, no bar entra quem quer, se o sujeito não gosta pode simplesmente não ir. Mas e quem trabalha lá? O cara pode até ser fumante, mas isso não quer dizer que ele vai achar bom trabalhar na pista 2. E tem muita gente que deixa de ir em lugares muito esfumaçados, gente chata? pode até ser.
Mas uma atmosfera mais limpa com certeza vai atrair novos adeptos ao locais tradicionalmente fumantes (gente nada a ver com o lugar? pode até ser) que vão ficar, por que não, mais democrático.(ecléticos=mal, será?)
grade abraço Pinha
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