Thursday, October 29, 2009

Sobre direito autoral 2

A venda do livro físico não vai acabar, assim como os cds não acabaram. Com coisas físicas o direito autoral nunca vai acabar. Tá lá o livro, feito não só da imaginação do escritor como do papel produzido a partir da árvore derrubada pelo funcionário de uma multinacional gananciosa... Os ambientalistas deviam ser grandes entusiastas dos avanços da tecnologia. Imagine quantas árvores serão poupadas com a diminuição na venda dos livros de papel?

Sobre direito autoral

Vi essa expressão "cotidiano diário do dia-a-dia" no Casseta e Planeta, dei risada e não esqueci. Eu devo algum pros caras? Eles inventaram ou registraram essa expressão lá onde quer que seja que registram essas coisas? As novas tecnologias inviabilizam na prática o direito autoral? Antigamente, sem internet, dava pra controlar - mesmo que mal - o processo. Como é que o cara vai impedir o compartilhamento de arquivos? Não dá, fecham o Napster e surge o Soulseek. Fecham o Soulseek e criam o Torrent. ComéquiFeist?! Taí, vou registrar essa jogadinha indie lá onde quer que registram essas coisas. Li hoje o pessoal das editoras falando que os músicos podem dar shows e ganhar dinheiro e os escritores não. Como assim? O que são as palestras? "Mas nem todos são chamados pra dar palestras?" Nem todas as bandas são chamadas pra dar shows. Há um motivo que faz o Radiohead arrastar multidões e a banda Y não. Ia escrever "banda X" mas existe uma banda X muito maneira, agitadinha punkzinha. De qualquer maneira, com os e-books e kindles circulando por aí, não vai ter como controlar o fluxo. Mesmo hoje são poucos os escritores que conseguem viver de direitos autorais. Lembrei aliás que o governo compra 60% de todos os livros vendidos no Brasil. Não bom. Mas o que eu tava mesmo falando...? "Busca na memória". Memória RAM? "Melhor, lê o que você já escreveu". Podicrê. ComéquiFeist?!

O cotidiano diário do dia-a-dia 2

Cineasta grego diz que o socialismo foi uma grande decepção. Theo Angelopoulos (onde estão os Parmênides, Aristóteles e Platões da Grécia contemporânea? Esses nomes foram por acaso proibidos?) disse: "O socialismo, a grande esperança que marcou o século 20, virou uma imensa ilusão. Minha geração foi marcada pelo socialismo, pela possibilidade de mudar o mundo, e isso não aconteceu. Foi uma grande decepção, e milhares de pessoas morreram por isso". Excelente, mas eu diria que milhões de pessoas morreram por isso. Queria ver os seus colegas de geração no Brasil terem a mesma lucidez. Onde estão os medalhões do Cinema Novo fazendo também o seu mea culpa? Será que eles desistiram mesmo do sonho? O Jabor de vez em quando parece cair na real, antes de voltar à sua programação normal de confusão mental. Realmente, deve ser duro apostar toda a sua juventude numa causa que se mostrou tão deletéria. Desconfio que haja um paralelo entre a esquerda festiva do cinema e os políticos petistas que se tornaram "pragmáticos". Realizaram ambos um recuo tático, aceitando uma nesga de economia de mercado contanto que ela continue bancando - a fundo perdido - a sua luta "por um outro mundo possível". É possível mesmo, não sei se é desejável. O socialismo não é uma boa idéia que foi mal executada, é uma péssima idéia cujas premissas resultam inevitavelmente naquilo que as pessoas conhecem hoje como o "socialismo real".

O cotidiano diário do dia-a-dia

Lei Seca: ator tem carteira apreendida por causa de uma taça de champanhe. O Bruno Gagliasso teve que pagar 1.000 reais por colocar em risco a vida alheia (uma taça de champanhe é o suficiente pra um homem pacato se transformar num maníaco perigoso ao volante) e mais 150 porque a documentação não estava em dia. Aumento na receita do IPVA. Autoridades comemoram a arrecadação. Animados, prometem agora extorquir os motoristas do interior. "Toda vez que um veículo é apreendido, o motorista só retira o veículo após o pagamento do imposto", diz uma fonte do governo. YAY! A lei talibã fez entrar mais dinheiro pra máfia dominante, algo a ser comemorado por todos os cidadãos interessados na promoção do bem comum. Puxadinhos: ultimato para a legalização. Se você mora no "asfalto" e quer ampliar a sua residência, você precisa da autorização do governo (leia-se taxas), caso contrário, seus agentes partirão para a demolição. Alemão que comprou 37 imóveis no Vidigal desiste de projeto hoteleiro. O gringo achava que seguiria as mesmas regras que os outros moradores da "comunidade", ou seja, nenhuma. Não, ele é um estrangeiro explorador e tem que seguir as normas impostas aos outros exploradores do "asfalto". "Cada morador da 'comunidade' pode abrir o que quiser. No meu caso, querem que eu cumpra um monte de exigências. Cresceram o olho. É o primeiro embargo da história do Vidigal. Desisti.".

Wednesday, October 28, 2009

A manutenção do tesão

Uma das dificuldades de quem é casado é manter o tesão pelo outro em dia. No início da relação o sexo rola fácil, mas depois de uns anos a coisa complica. Não se trata de uma regra, mas a novidade acaba e é natural uma certa acomodação. Não tenho filhos, mas imagino que isso também potencialize a escassez. Os filhos não só drenam a energia como dificultam a privacidade necessária. É preciso também autoconfiança pra coisa acontecer. Se a pessoa tá se sentindo feia, não vai ser fácil pra ela entrar no clima, o que vai desestimular o outro e vice versa. Porque quando a pessoa vai transar, ela entra quase que numa outra dimensão e tenta se esquecer temporariamente dos pruridos pra se engajar num negócio que não é exatamente um concurso de etiqueta vitoriana. O bicho tem que pegar e se não pegar é porque não rolou. Tem que se deixar levar, senão não acontece. Ou acontece mal. Não é à toa que o momento em que os animais estão transando seja o momento em que eles estão mais vulneráveis. Estão temporariamente numa espécie de transe, o nome "transa" deve vir daí, sei lá. A expressão "manutenção do tesão", aliás, não pode ser abreviada pra manutesão, que é outra coisa, um esporte solo.

O autoritarismo de esquerda e de direita

Generalizando, os esquerdistas usam o autoritarismo na luta contra a necessidade material - "não se é livre ao precisar comer" - então acham muito justo o estado usar do seu aparato de coerção pra tirar de uns e dar pra outros, cobrando uma comissão no meio do caminho. Os direitistas usam o autoritarismo na luta contra a degradação moral - "não se é livre ao se drogar" - então acham muito justo o estado usar do seu aparato de coerção pra proibir comportamentos desviantes da norma, cobrando uma comissão no meio do caminho. Há aí uma óbvia ânsia de controle, tanto do lado econômico quanto comportamental. Ambos se baseiam em premissas coletivistas, tratando o indivíduo como um meio pra algo maior - "uma sociedade justa e solidária" ou " uma sociedade moral e saudável". De qualquer maneira, o estado cresce e a liberdade individual decresce. Qual o crime que o camarada comete quando dá 1 2? Nenhum. Se ele - doido de alguma substância - atenta contra o outro, aí sim o crime se configura, com a droga servindo como agravante ao invés de atenuante. Responsabilidade individual independente da opinião da maioria, o caminho pra uma sociedade livre.

Tuesday, October 27, 2009

Cultuando a merda

O que fazer com uma pessoa que gosta de lamber o cu alheio? Tinha um punk escatológico chamado GG Allin que fez um relativo sucesso no mundo alternativo por cagar e comer o próprio cocô no palco. Eu trabalhava numa loja de CDs na década de 90 que tinha esse vídeo e não eram poucas as pessoas que pediam pra assistir o espetáculo grotesco. O que há de se fazer? A curiosidade existe, do que adianta colocar essas coisas debaixo de um tapete? Se eu acho maneiro? Não, sou limpinho e cultuo o bom, o bem e o belo. Não vibro ao ver uma pessoa fazendo essas coisas, mas se ela escolheu fazer isso, o que eu posso fazer? Chamar o estado e pedir pra ele proibir essas práticas? Nunca. Se achar algo "nojento" fosse critério pra proibição, teria que se proibir o Jackass, os filmes de terror, a gordura hidrogenada e a própria evacuação. Quer coisa mais democrática que a merda? Não precisa comê-la nem ter ereções com o seu sabor, basta reconhecer a sua existência. Eu mesmo ficava meio revoltado com esse fato na adolescência. Resultado: prisão de ventre.

A tara por ninfetas

A pedofilia causa muita discussão porque fica numa zona cinza passível de diversas interpretações. Acho que é de conhecimento geral que muitos homens têm uma queda especial pelas ninfetas, pelas Lolitas do Nabokov. Há provavelmente aí um misto de atração pela inocência e uma ânsia de inaugurar os trabalhos, de ser um pioneiro num território inexplorado pra depois contar pros amigos e ser considerado um garanhão de primeira, um heterossexual acima de qualquer suspeita. Alguns dizem ter preferência inclusive por meninas que ainda não têm nem pêlo pubiano. Então é natural e saudável que exista uma precaução dos pais em relação às filhas. O filho por sua vez tá livre pra galinhar por aí e provar que não é de maneira alguma um viado. Mas o pai é homem e sabe como funciona a cabeça (uia!) de muitos dos seus semelhantes: "Não, minha filha, você não pode dormir na casa da sua amiguinha, muito menos na casa do pai esquisitão da sua amiguinha." #belezaamericanafeelings #twitterfeelings Claro que muitas meninas são curiosas e não têm noção do perigo, deixando-se seduzir por alguém mais experiente. O sexo é natural, mas o troço é sério. Então por um lado existe uma demanda tremenda por meninas novinhas e, de outro, uma necessidade de pais atentos que saibam disso e tratem de cuidar de suas filhas pra que elas não saiam fazendo coisas que se arrependam depois. Um equilíbrio delicado.

Sobre o cu

Tá lá embaixo a Madonna supostamente chupando o cu de um homem. Digo supostamente porque dá pra ver que ela tá só brincando na lateralidade da coisa, depois de provavelmente ter pedido pro seu amigo bailarino "limpar bem a área". Mas o fato é que tem gente que tem prazer ao chupar cu. Na minha cabeça soa como uma maluquice ter um contato tão íntimo com o excremento alheio, mas cada cabeça uma sentença. O valor não é subjetivo? Então. De qualquer maneira, a coisa ali embaixo não é apenas psicológica, dizem que o orgasmo anal é um experiência intensa atingida com a estimulação da próstata. Nunca experimentei, deixo esse orifício pra sua função tradicional escatológica e cancerológica, mas o que fazer com o camarada que se dá esses desfrutes? Ele teria algum problema mental por isso, algo a ser tratado pela medicina tradicional ou pela obra divina? O próprio sexo anal entre homem e mulher pode ser enquadrado como um comportamento desviante ou desviadante? Me parece que as especulações sexuais são tão infinitas quanto os desejos e sendo de comum acordo, tá valendo.

Monday, October 26, 2009

Fascismo à brasileira

"O fascismo deveria ser mais apropriadamente chamado de corporativismo, pois trata-se de uma fusão entre o poder do estado e o poder das grandes empresas". Benito Mussolini (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=437).

O medo do pau alheio 2

O Ronaldo podia pagar uma prostituta de luxo com todos os equipamentos femininos em dia, mas escolheu pegar um travesti na rua. Uma prostituta limpinha com bons modos não supria os seus desejos naquele momento, ele queria algo from the gutter, d'you know what I mean? Por ter esse aspecto imprevisível e poder gerar sérias consequências, não é de se surpreender que o sexo seja o grande alvo da castração religiosa. Claro, imagine se não houvesse uma instância moral ou legal que fizesse o cidadão pensar duas vezes antes de sair por aí satisfazendo os seus desejos? Não estou dizendo que um homem civilizado não seja capaz de frear os seus impulsos sem uma religião por trás, mas nem todos resistem, nem os mais devotos religiosos. Alguma dúvida de que muitas vocações eclesiásticas não estão tentando reprimir ali as suas inclinações sexuais? Não estou condenando a religião, estou tentando compreender como as pessoas lidam com ele. Um caso que exemplifica essa confusão ao extremo é a pedofilia. Outro dia passou um documentário da BBC em que o Louis Theroux visitava uma penitenciária americana exclusivamente de pedófilos. Os caras têm plena consciência de que abusar de uma criança de 9 anos é errado, mas - ao mesmo tempo - dizem não ter o controle absoluto dos seus desejos. E aí? O cara tá obviamente agredindo o outro e merece ser punido, mas a partir de que momento a pessoa é capaz de se engajar num sexo consensual? Continua.

O medo do pau alheio

Ou "Quem tem cu tem medo". Quem quer que tenha crescido na rua ou mesmo num playground sabe que a sua heterossexualidade - entre os amiguinhos - está permanentemente sub júdice. Todo garoto é viado até que se prove o contrário. Então o camarada que deseja fazer parte daquele grupo passa a ter que dar mostras diárias de que ele gosta mesmo é de mulher, que ele é um predador sexual que não perdoa, mata. Se "amarelou" com Sicrana, é viado. Se - depois disso - deixou que o chamassem de viado sem sair na porrada, é viado ao quadrado. Não tem muito como escapar e mesmo amigos já adultos - e, pelo menos nominalmente, heterossexuais - se tratam como "viadinho" com a maior naturalidade. "Porra, não vai ver o jogo com a galera? Tu é o maior viadinho, hein?" Claro que isso é rescaldo daquela época, ninguém vai sair na mão porque o amigo te chamou de "viadinho", faz parte da etiqueta. Quando se é adolescente, o único xingamento pior que viado é FDP. Se meteu a mãe no meio, é porque a coisa é séria e você não pode deixar barato, sob pena de ser um viado ao cubo. Por que me lembrei disso? Porque ontem a gente tava falando no affair do Ronaldo com os travestis. É óbvio que o Ronaldo sabia que aquela mulher era homem, né? E por que um "heterossexual" procura um travesti? Por que não uma prostituta mulher? Porque o travesti tem algo ali que a mulher não tem: um pau. Não estou fazendo juízo de valor, a sexualidade não é exatamente uma escolha e, quando o camarada se dá conta, tá tendo tesão com coisas que quando ele crescia com os seus amiguinhos homofóbicos nem imaginava ter. Volto ao assunto.

Friday, October 23, 2009

Conversando com Thom Yorke 2


Something for the rag and bone man. solidariedade voluntária, isso aí. "Over my dead body". não, você é livre pra ajudar o outro. Something big is gonna happen. sim, uma boa ação. "Over my dead body". não seja dramático. Someone's son or someone's daughter. tanto faz. "Over my dead body". ninguém vai matar ninguém, por favor. This is how I end up getting sucked in. liberdade e responsabilidade. "Over my dead body". se acalme, cidadão. I'm gonna go to sleep. esse horário de verão roubou uma hora do meu sono. Let this wash all over me. what? We don't wanna wake monster taking over. o thom yorke é o hulk? "Tiptoe round tie him down". não parece. We don't want the loonies taking over. os goonies são maneiros. "Tiptoe round tie them down". liberdade ainda que à tardinha. May pretty horses. tipo um garanhão? Come to you. ih... As you sleep. papo estranho. I'm gonna go to sleep. não quero nenhum cavalo atrás de mim não. Let this wash. já viu o tamanho do bicho? All over me. nem pensar.

240

Um boliviano de La Paz acabou de visitar o post sobre o Thom Yorke. Um indie boliviano, mas não bolivariano, espero. Deve sofrer patrulha por gostar da música dos imperialistas. Pelo menos a internet por lá ainda não é proibida. Ainda. Ou então era apenas um gringo de passagem... O que tem pra se visitar na Bolívia?

Conversando com Thom Yorke


Please could you stop the noise, I'm trying to get some rest. sorry, man. From all the unborn chicken voices in my head. chicken voices? What's that? (I may be paranoid, but not an android) a great song. What's that? (I may be paranoid, but not an android) tem mesmo essa parte na letra? When I am king, you will be first against the wall. me mata não. with your opinion which is of no consequence at all. você está enganado nessa, thom. What's that? (I may be paranoid, but no android) yeah, maybe. What's that? (I may be paranoid, but no android) ok. Ambition makes you look pretty ugly vamos nos aprofundar nesse papo de ambição? Kicking, squealing, gucci little piggy. entendi. uma menina gordinha usando gucci. You don't remember. era da boa, man. You don't remember. só os highlights. Why don't you remember my name? eu bebi muito naquele dia. Off with his head, man. most certainly. Off with his head, man. o cara tava doidão? Why don't you remember my name? I've already told you, man. I guess he does... yeah, me too. Rain down, rain down. esses guarda-chuvas de hoje são todos descartáveis, né? Come on rain down on me. fui no google conferir o plural de guarda-chuva. From a great height. e vento. From a great height... height... o vento fode com os guarda-chuvas. Rain down, rain down. aí você tem que comprar toda hora um novo. Come on rain down on me. ele enverga, sabe? From a great height. aí quando você se dá conta... From a great height... height... a música já acabou. Rain down, rain down. não acabou não, é pilha. Come on rain down on me. essa música é cheia de partes diferentes. That's it sir. ok, man. You're leaving. whatever you say, thom. The crackle of pigskin. what? The dust and the screaming. sei. The yuppies networking. tipo wall street? The panic, the vomit. pega leve na birita, man. The panic, the vomit. porra, li que o eric clapton bebia 2 litros de uísque por dia. God loves his children, God loves his children, yeah! não deve fazer bem.

O Serra na Piauí

O Serra deu uma longa entrevista à revista do João Moreira Salles. Tenho às vezes discussões com alguns colegas liberais (sim, eles existem) sobre o que é melhor: anular o voto, não votar, votar em branco, votar no Serra ou na Dilma, no esquema do "quanto pior, melhor". Fico tentado a evitar esse cenário votando no que eu consideraria um mal menor, a aliança PSDB-DEM. Essa entrevista me deixou ainda mais em dúvida, porque a crítica que o Serra faz aos presidentes anteriores se concentra justamente nos fundamentos da economia, a única coisa relativamente sensata desses governos. Daria pra especular que o Serra é alguém que acha que metas de inflação, austeridade fiscal e câmbio flutuante atrapalham "o desenvolvimento e a geração de empregos". Essa falsa dicotomia é reforçada pelo depoimento de um amigo próximo, um professor da UNICAMP chamado João Manuel Cardoso de Mello, um dos formuladores do Plano Cruzado - aquela maluquice - que diz que a obsessão do Serra é "acabar com a pobreza". Nobre objetivo, só falta discutir os meios. Eu imagino quais sejam, mas deixa quieto. Serra se diz "à esquerda" do Lula e o tal de João Manuel fala que ele e a Dilma "têm a mesma visão de mundo", um péssimo sinal. As melhores declarações acabam sendo mesmo dos outros, porque o Serra não abre a guarda e só se manifesta guiado por pesquisas de opinião sobre o que as pessoas querem ou não ouvir. Política, né? Eis um dilema que aflige qualquer liberal: ter um fiapo de esperança que a aliança PSDB-DEM equilibre o pêndulo ideológico ou apostar no "quanto pior, melhor" como a única maneira dos brasileiros repensarem a armadilha estatal. As pessoas podem ficar desqualificando as ideologias como relíquias do passado, mas atrás de todo discurso "pragmático" há uma visão de mundo, um modo de ver as coisas que norteia as ações ao lado das circunstâncias e conveniências políticas. Essa geração que está no poder nos últimos 20 anos foi criada com uma dieta socialista e, por isso, todos os candidatos se dizem "de esquerda". Me parece que a tentação autoritária do PSDB em relação ao PT é um pouco menor (a analogia esquerda "vegetariana" e "carnívora" se aplica), mas a entrevista confunde mais do que esclarece. (http://muitasbocasnotrombone.blogspot.com/2009/10/jose-serra-na-revista-piaui-texto.html)

Thursday, October 22, 2009

239

Drena muita energia ficar falando de política. Vou escrever ficção. Ou passar num concurso público. Pois é, ficção.

"O papel da imprensa não é fiscalizar"

O presidente mais cínico da história deste país deu mais uma mostra do que entende como liberdade de expressão. Em entrevista à Folha, o "cara" disse que "o papel da imprensa não é fiscalizar, é informar". Um simpatizante petista diria: "Mas é isso mesmo!" Sorry, não cabe ao presidente dizer o que a imprensa deve ou não fazer. Na época em que ele era oposição, a imprensa era chamada de "o quarto poder" por realizar reportagens investigativas e atuar como fiscal dos governos, como qualquer imprensa com um mínimo de respeito próprio tem o dever de fazer. Tudo bem que ela sempre esteve lotada de petistas, mas essa é uma outra história. Pra completar, o "cara" disse que o papel de fiscalizador é do "TCU, da Corregedoria-Geral da República e de outros órgãos". Ora, ora ora. Quem tem então a permissão presidencial pra fiscalizar são os órgãos comandados por pessoas indicadas pelo próprio governo. Não é uma maravilha? O novo ministro do TCU é ninguém menos do que José Múcio, ex-ministro do "cara". Deu pra entender? Só quem pode "fiscalizar" o governo são os aliados do governo. A imprensa foi muito útil até o PT chegar ao poder, agora ela pode ser dispensada. A partir de hoje, só releases das realizações do "cara" e o cheque da propaganda oficial. É a "democracia popular" sem medo de ser feliz.

Wednesday, October 21, 2009

"A desorganização do futebol brasileiro"

Quando um comentarista se mete a dar um diagnóstico sobre o futebol brasileiro, ele invariavelmente evoca a "falta de organização". Se os jogadores saem novos do país pra jogar na Europa, a culpa é da "falta de organização"; se os estádios ficam vazios, a mesma coisa; se o Brasil perde uma Copa, lá vem a "desorganização" de novo. Qual "organização" eles propõem então? Não se especifica, talvez se ouça aqui e ali um "organização profissional", mas a coisa permanece vaga. Da mesma maneira, se crava a "educação" como o problema maior do Brasil. Todos falam que a "educação" é a solução e estamos conversados. Qual educação? Não vamos complicar, o coro uníssono parece mesmo um grito de torcida organizada: "Ão, ão, ão, eu quero educação!" "Ão, ão, ão, o que falta é organização!" Claro, existem tantas "organizações" ou "educações" quanto estrelas no céu e receitar essas platitudes bem intencionadas sem definir objetivamente os conceitos não adianta muita coisa.

A propriedade sobre obras de arte

Claro que o juízo de valor começa quando eu chamo de "obra de arte" algo que outra pessoa pode considerar um lixo. O valor é subjetivo, ora bolas. Então as obras do Hélio Oiticica queimaram e se iniciaram as pressões pra que o estado cuide do patrimônio dos outros. Sim, porque as obras de arte de quem quer que seja pertencem ao seu criador e aos herdeiros que ele indicar. Se o proprietário é negligente com os próprios bens, problema dele. "Mas aquilo é um patrimônio cultural da humanidade". É mesmo? Quem disse? "A crítica, as teses, o reconhecimento mundial..." Ah, então as músicas do Michael Jackson não pertencem mais à família dele, pertencem à "humanidade". Mas quem representa a "humanidade"? A ONU? O que acontece em todos os quadrantes é um ataque concertado à noção da propriedade privada, uma coletivização do pensamento que tenta ignorar que as coisas, afinal, têm donos. A obra do Hélio Oiticica não me pertence de maneira alguma, se eu quisesse um Parangolé, eu podia ter ido lá e oferecido algo em troca aos seus proprietários. Caso contrário, nada feito. O governo, pra começar, não devia nem ter museus, TVs, teatros ou cinemas. A própria existência de um Ministério da Cultura é uma maluquice autoritária, algo inventado por - só pra ilustrar - Benito Mussolini. E esse dirigismo cultural nem dá pinta de retrair, as pressões de todos os lados dizem que o estado deve se meter ainda mais na - não sei se a palavra ainda se aplica - "cultura". Qual "cultura" é possível se ela tem que ter a aprovação prévia do status quo? Esse povo é artista ou é funcionário público?

Tuesday, October 20, 2009

238

He killed her with a kiss. (http://www.youtube.com/watch?v=iZYxileltVQ)

Sob o álcool 14

Não se ganha a vida, se adia a perda. [o cara tá bolado... mó pinta de viadinho, fala sério]

Monday, October 19, 2009

O Enem e a liberdade individual

"O MEC ainda não conseguiu tornar o Enem universal e obrigatório para todos os estudantes e necessário para a entrada em todas as faculdade e universidades do País. Felizmente! O objetivo é torná-lo obrigatório para todos. Como ambicionam todas as burocracias, sobretudo as que têm poder de estabelecer monopólios. O objetivo é fazer todos ficarem iguais, como Brasília ou Tashkent, capital do Usbequistão. Nada a estranhar. A segunda coisa pela qual Oscar Niemeyer é mais famoso é por ser comunista. Seu objetivo principal era a igualdade por meio dos tijolos, a qualquer custo. Em seu livro O Sagrado Moderno, Avatar Moraes mostra que a arte só veio a existir com o capitalismo. Antes, o que existia era artesanato. Só virou arte depois que o capitalismo criou a possibilidade de aqueles objetos de artesanato (quadros, esculturas, tapetes) serem comprados ou vendidos. Atribuiu-lhes um valor monetário e as pessoas passaram a poder preferir um Picasso a um Modigliani ou um Rafael a um Ticiano. Sem a diversidade de gostos que o capitalismo propicia não existiria a arte como a entendemos hoje." Alexandre Barros (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=423).

Humor e vaidade

"Alguém, talvez suspeitando que estivéssemos de caso com o humor, enviou-nos a seguinte passagem de Proudhon. Decidimos reproduzi-la em tradução livre com um misto de orgulho e vergonha - o tipo de sentimento contraditório que você sente quando está com uma bela garota e alguém assobia pra ela: A liberdade, como a razão, não existe e nem se manifesta, salvo pelo constante desdém de seus próprios mecanismos; ela definha tão logo se enche de autoaprovação. É por isso que o humor sempre foi uma característica dos gênios filosóficos e liberais, um selo do espírito humano, o instrumento irresistível do progresso. Pessoas estagnadas são sempre solenes: numa multidão, o homem que ri está 100 vezes mais próximo da razão e da liberdade do que o eremita que reza ou o filósofo que discute. Humor - a verdadeira liberdade! -, é você quem me liberta da ambição do poder, da servidão a um partido, do respeito à rotina, do pedantismo da ciência, da admiração às celebridades, da mistificação dos políticos, do fanatismo dos reformadores, do medo desse enorme universo e da vaidade. Venha, soberano, lance um raio de luz em meus colegas cidadãos; acenda em suas almas uma fagulha de seu espírito, para que minha confissão os reconcilie e para que essa inevitável revolução aconteça com alegria e serenidade. A palavra de Proudhon é l’ironie, que aqui traduzimos como “humor”, possivelmente de forma pobre, mas com certa alegria e serenidade. Depois de muitos verões e invernos tendo a musa do humor como amante e gerente de crédito, sentindo-a quente e fria, seguindo seus caminhos irracionais, tomando seus lábios, nossa afeição não enfraqueceu. A ligação se fortalece, mesmo que cada vez mais inoportuna. Venha, soberana, dê-nos um beijo. E nos livre, nesse exato instante, da vaidade. E.B. White" Sentimentos conflitantes. Que o humor é uma coisa maravilhosa, não resta dúvida. Que a luta contra a vaidade me parece perdida, também. O E.B. White pede que o humor o salve da vaidade, mas não deixa de assinar o texto, assim como qualquer humorista se envaidece a cada risada provocada. Ora, por que não? Há um motivo pro cara se orgulhar, ele usou a sua sagacidade pra dar prazer ao outro. That's a good thing, maaaan. É uma gratificação pessoal pelo reconhecimento de uma virtude. Vaidade e orgulho são palavras que carregam sentidos pejorativos mesmo sendo realidades inescapáveis do homem. Claro, não me refiro às suas caricaturas, falo do orgulho e da vaidade como resultados da ação propositada. Quando um jogador de futebol faz um golaço, ele se sente orgulhoso daquilo, por que não? Se é convocado pra seleção, fica envaidecido. O Proudhon, o anarco-comunista da "propriedade é um roubo", diz que nem a liberdade e a razão existem mas pede que o demos razão. Tenta desqualificar a filosofia e a discussão como coisas menores ao mesmo tempo em que tenta criar uma filosofia. Desdenha da ciência certamente respeitando a lei da gravidade. Fala do "fanatismo dos reformadores" ao mesmo tempo em que tenta reformar a sociedade. Qual a "revolução" que ele fala? A revolução do humor? Como seria isso? Não se explica. Então o camarada fica livre pra se colocar acima dessas questões pra enaltecer "l’ironie" como se uma coisa anulasse a outra.

Friday, October 16, 2009

237

Ria sem parar até se dar conta de que a vida era só isso. Quando se acostumou com a idéia, voltou a rir. Tipo um Bozo existencialista.

Thursday, October 15, 2009

Minhas memórias dos professores

Não foram muitas na educação formal, tenho que admitir. Lembro pouco do primário, mas acho que as "tias" na escola municipal Shakespeare no Jardim Botânico eram gente boa. O que mais me marcou ali foi um corte que tive no mindinho esquerdo ao tentar escalar um muro cheio de cacos de vidro. Fiquei impressionado com a quantidade de sangue que saiu dali. Jatos vermelhos. A cantina e o arroz com peixe também marcaram, além do cheiro de álcool que saía daquela copiadora paleozóica, como é mesmo o nome... Depois lembro. De voltar na garupa da moto do meu pai e passar - a partir da terceira série - a ir sozinho de ônibus com a minha irmã um ano mais nova. Das aulas em si? Quase nada. Aí fui pro Pedro II no Humaitá - do lado de casa - e logo senti o desconforto de usar aquele vulcabrás maldito, puta merda. De ter que me levantar a cada vez que os professores entravam na sala. Alguns nem ligavam, mas outros faziam questão de inspecionar cheios de orgulho aquela maluquice. Ah, os diversos hinos que a gente tinha que decorar pra louvar a pátria, a independência, a bandeira e o sesquicentenário do colégio, entre outros ufanismos musicais. Depois de uns 5 deles, vinha o grito de guerra do Pedro II: "3 vezes 9, 27, 3 vezes 7, 21, menos 12 ficam 9, menos 8 fica 1, zum zum zum paratimbum, PEDRO SEGUNDO!" Era uma festa. Aí a gente ia pras aulas aprender a diferença entre seno e cosseno. Como eu comia bala naquela época... A droga da criançada, né? E era o campeão de anotações na caderneta, que maravilha. Querendo me colocar na linha, me colocaram num curso preparatório pras escolas militares no Centro da cidade, o Tamandaré. Foi bom pra eu me familiarizar com aquela área, distante pra alguém criado a leite de soja integral com pêra. Marcou também a porradaria selvagem que aconteceu entre dois moleques logo no primeiro dia. Não gosto de presenciar essas coisas, dão bem a medida do fracasso da razão. Era interessante estudar ali porque tomei contato com pessoas que moravam longe da Zona Sul e acabei conhecendo uma quantidade razoável de vascaínos, coisa que praticamente não existia no Humaitá. O professor que me lembro era um negro magro e alto que ensinava História. Devia ser comunista (como a maioria), mas eu não tinha como julgar na época. Só sei que ele foi um dos únicos que parecia ensinar aquilo com verdadeira paixão, não tava ali apenas cumprindo tabela e isso me impressionou. Não entrei em nenhuma escola militar (nem tentei) e voltei ao Pedro II - turno da noite - nessa altura mais desligado que nunca. Ficava ouvindo música e jogando totó. Jogando muito bem, aliás. Resultado: jubilado ao faltar a prova de recuperação de Geografia. Lembro mais de umas meninas que dos professores. Ambos, aliás, não me davam muita bola. Passei então por um daqueles colégios "pagou, passou": o Pinheiro Guimarães de Ipanema, logo ao lado do Bob's. Muitos milk shakes de ovomaltine depois, fui pra FACHA "estudar" Jornalismo. Na verdade, passava mais tempo na Biblioteca escarafunchando por conta própria os assuntos que me interessavam. Os professores se dividiam em incompreensíveis desconstrucionistas e petistas comunistas e - já naquela altura - a minha paciência com essas coisas era limitada. Quando tentava questionar o que os doutores tentavam enfiar na minha goela abaixo, tomava rosca nas ventas. E às vezes de maneira agressiva: "Quem você pensa que é, moleque?!" Alguns deles, os mais populares, estão até hoje por aí abastecendo os vermelhos.org com lixo marxista. Como eu já estava até o pescoço envolvido no mundinho rock, não me foi nenhum sacrifício abandonar os estudos formais. Tenho agora os melhores professores ao alcance de um click do mouse e a tendência com a disseminação da internet é essa, a descentralização da educação longe das mãos do governo e do MEC.

O dia do professor

Qual "educação" é o problema do Brasil? Essa via crucis em busca da autorização do MEC pra se fazer parte de alguma guilda? Essa "educação" uniformizada por um comitê central? "Educação" fornecida pros súditos ficarem pianinho com o estado e death metal com o mercado? "Precisamos de melhores salários e condições de trabalho!" Eu também, mas isso não se resolve com decretos, tem a ver com a demanda e a produtividade do trabalho. As greves que os professores da rede pública volta e meia se engajam acabam com as reivindicações sendo atendidas (mesmo que parcialmente) e os problemas persistem. Por que? Porque os incentivos estão errados. O currículo deve ser livre, o exercício das profissões deve ser livre e as pessoas devem ser livres pra contratar quem elas quiserem, independente de certificados e diplomas. O mercado de trabalho é engessado e a informalidade é enorme porque existem milhões de regrinhas que obrigam o camarada a frequentar aulas caras, inúteis e doutrinárias que nada têm a ver com o que ele quer fazer da vida. O mercado de trabalho é regulado assim pra proteger da concorrência os grupos de interesse influentes. Se as coisas fossem resolvidas com pressão de sindicatos, era só dar logo o poder pros sindicalistas. Quer dizer, isso já aconteceu, e aí? O Brasil, por acaso, saiu do estado semi-civilizado em que se encontra pra se juntar ao mundo desenvolvido? Todo o papo furado sobre a "educação" cubana adiantou alguma coisa praquele país?

Wednesday, October 14, 2009

Especulações sobre a bolsa de valores 2

Se a bolsa de valores reflete as preferências das pessoas, também reflete as ingerências políticas no processo de mercado. Nem vou entrar no mérito se o estado tem o direito de interferir na vida econômica de um país, assumindo que as intervenções políticas são legítimas. Por exemplo, o Sebastian Volta falou nos comentários que o PAC fez as ações da construção civil valorizarem, e não precisa ser um gênio pra perceber que a Copa do Mundo e as Olimpíadas vão causar da mesma maneira um boom no setor, ainda mais sabendo que esse processo será conduzido pelo governo com todas as obras superfaturadas que lhe são peculiares, porque ninguém trata o dinheiro dos outros tão bem quanto trata do próprio. Monopólios estatais e políticas industrias influenciam os investimentos porque o dinheiro não tem pruridos, não segue ideologias. Ele vai pra onde o vento distorcido pelo estado aponta. Se o governante disser que vai subsidiar o setor X, isso vai se refletir na bolsa. Se subsidiar isso ou aquilo é uma boa idéia é outra história. Se o petróleo vai continuar sendo a fonte de energia dominante nas próximas décadas e o Brasil vai conseguir finalmente entrar no rol das potências da OPEP, também não dá pra saber. Não há bola de cristal, as pessoas só podem mesmo especular com a informação que possuem. Por exemplo, o governo quer voltar a tomar conta da Vale pra turbinar o seu nacionalismo socialista. Sei que a empresa vem numa ascendente impressionante desde que foi relativamente privatizada, mas eu ficaria ligado se fosse um dos seus acionistas.

Especulações sobre a bolsa de valores

O que acontece na bolsa de valores? Aquele monte de gente gesticulando numa sala cheia de painéis e monitores é uma loucura, mas tem uma razão de ser. Claro, as coisas acontecem por um motivo e as pessoas não tão ali a troco de nada. Elas querem ganhar dinheiro. "Que horror!" Mas como ganhar dinheiro na bolsa de valores? "Comprando na baixa e vendendo na alta". Beleza, mas o que há por trás disso? Coisas que as pessoas querem. Petróleo, comida, informação, lazer, tudo. A especulação que se faz com uma empresa ajuda na sua viabilização. Se os consumidores gostarem do que a empresa tá oferecendo, os acionistas ganham. Se não, perdem. Há um risco. A bolsa não é um cassino aleatório, como alguns gostam de caracterizar. Ela reflete o desejo das pessoas. Há diversas variáveis num processo em que os investidores tentam antecipar as preferências dos consumidores. Qual é o pecado disso? O culpado da última crise não foi Wall Street, foi o governo americano com o expansionismo monetário do seu Banco Central. Isso os jornais "progressistas" não dizem, gostam mais de fazer caricatura dos especuladores. Qual é o problema com os especuladores? Quem aqui não está o tempo todo especulando?

A rebeldia a favor

O cerco está fechando. Com a popularidade que o atual governo alcançou, surge a possibilidade de se aprovarem leis e medidas que concentrem ainda mais poder no estado, limitando a liberdade de expressão. E essa enorme aprovação não vem apenas da parte menos informada e carente da população, vem também dos formadores de opinião que de tanto papagaiarem que a "justiça social" era a solução, conseguiram finalmente colocar o PT no poder. Não falo só dos formadores de opinião "caretas", dos socialistas jurássicos, essa aprovação vem de uma galera irreverente, underground, de roqueiros muito antenados que acham que o país está no caminho certo com o Lula e o PT. Veja um representante da "contracultura" nacional falando mal da VEJA ou da Rede Globo e testemunhe um eleitor das esquerdas, um autoritário do "bem", um membro do status quo estatista. Essa galera gosta tanto de contestação que, se dependesse dela, a única revista de oposição seria fechada. Falam da VEJA com uma raiva que já nem disfarça a baba. O gene totalitário exige a unanimidade e não admite dissidências. "Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados", disse o Millôr Fernandes, que também cutucou alguns dos heróis da contestação a favor: "Quer dizer que a oposição ao regime militar não era ideologia, era investimento?" Como estão agora no poder, correm o risco de virar vidraça. Era tão mais romântico ser pedra, não é verdade? Os vizinhos camaradas então dão o exemplo de como resolver isso: basta passar uma lei pra "democratizar os meios de comunicação" e assim calar a boca de quem não concorda com o rumo das coisas. Com "rebeldes" assim, quem precisa de opressão?

Tuesday, October 13, 2009

How to Become a Political Activist

http://www.myspace.com/enseadaespacial

Explicando o livre mercado para um ignorante econômico

"'Se os princípios de livre mercado pudessem atuar desimpedidamente, como Schiff preconiza, o que ocorreria é que tudo seria baseado na maximização do lucro.' Nesse ponto todos nós supostamente deveríamos arregalar os olhos, aterrorizados com tal panorama. Afinal, tanto Michael Moore quanto nosso professor da sétima série já nos alertaram para a perversidade dos "lucros". De fato, o que mais há para ser dito? Porém, como vimos acima, o lucro é simplesmente a maneira de a sociedade aprovar as decisões de produção adotadas por uma empresa. O lucro indica aquilo que os consumidores querem, bem como - por meio do processo de imputação [teoria que diz que os preços dos fatores são determinados pelos preços dos produtos] - o melhor processo para se produzir tal bem ou serviço. Os lucros atraem mais investimentos para uma dada linha de produção. Isso vai levar a um aumento dos bens produzidos. Tal processo vai continuar ocorrendo até que esse aumento da oferta de bens naquela indústria acabe por trazer a taxa de retorno de volta ao nível existente em outros setores da economia. É assim que garantimos que nossos limitados recursos não serão desperdiçados, e que os bens mais urgentemente desejados serão produzidos. Na ausência do lucro como força motriz, como exatamente Che gostaria de ver os recursos sendo alocados? Podemos ou permitir que as preferências dos consumidores guiem a produção, ou deixar que as preferências pessoais de um monopolista (ou seja, o governo) determinem o que deve ser produzido e como. Quando a questão é colocada dessa forma, a escolha torna-se muito clara - e é exatamente por isso que a questão nunca é formulada dessa maneira. Só de curiosidade, será que Che preferiria basear as decisões econômicas na maximização dos prejuízos? Será que tal arranjo seria melhor?" - Thomas Woods (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=417).

Propostas libertárias pra 2016

Aproveitando o gancho da Revista de Domingo do O Globo, que pediu pra alguns cariocas darem suas sugestões pra melhorar e preparar a cidade pras Olimpíadas, vou elencar aqui as minhas propostas. Como a vocação do Rio é mesmo o hedonismo - o lazer e o prazer - algumas mudanças na lei se fazem necessárias. Primeiro: legalização do jogo, qualquer jogo. Não faz sentido essa atividade ser mais um monopólio estatal como é atualmente. Cassinos, bingos, jogo do bicho e qualquer tipo de loteria devem ser liberados, trazendo de volta o glamour e os turistas perdidos com a proibição. Segundo: legalização das drogas, qualquer droga. Mesmo polêmica, a proposta tem tudo pra colocar a cidade na vanguarda mundial. "Mas vão aumentar os sequestros e assaltos se tirarem a fonte de renda dos traficantes". Eu não entendo esse tipo de argumentação. Se deixa um monopólio na mão dos criminosos pra eles não se meterem com crimes de verdade. Aí eles ficam cada vez mais ricos e poderosos, controlando áreas inteiras da cidade. Sim, porque vender tóchico só é crime porque existe uma lei proibindo esse comércio. Com a legalização, as penitenciárias vão esvaziar e a polícia vai poder se concentrar nos crimes reais, aqueles que atentam contra a vida e a propriedade das pessoas. Terceiro: legalização da prostituição, qualquer prostituição acima da idade legal. Hoje a lei esquizofrênica condena o traficante de drogas e livra a cara do consumidor, assim como condena o cafetão e livra a cara do cliente. Essa falta de lógica penal é o terreno onde a corrupção floresce. E floresce paca, numa proporção amazônica. Cometeu um crime doido de alguma droga, cadeia com agravante. Se as relações são voluntárias, não há crime. O turismo no Rio é sub-aproveitado e essas modificações têm tudo pra colocar a cidade como o destino favorito dos hedonistas endinheirados de todo o mundo, gerando renda e emprego pros cariocas. Não é isso o que o pessoal quer? Ou a prioridade é manter esse moralismo hipócrita que tutela o cidadão e empobrece a cidade?

Friday, October 09, 2009

236

No lugar da máxima de rebanho "deixa o homem trabalhar", deixa o capitalismo funcionar. É isso mesmo, imagine o Lula ou o Vargas segurando aquele pau e... Ih, pegou mal. Ih, pegou mal de novo. Ih, pegou mal novamente.

O capitalismo de Michael Moore

Preparem-se que lá vem "Capitalismo, uma história de amor", o novo filme do Michael Moore. Ele tá fazendo a promoção lá nos EUA, então já tem diversos vídeos em que ele tenta justificar a sua tese. Ele não explica bem qual é a alternativa ao "capitalismo", exceto uma vaga idéia de "democracia". Já existe uma democracia nos EUA, mas ele não está satisfeito, não é o suficiente. "Democracia do povo", diz, sem especificar nada. Como ele admira a democracia plebiscitária bolivariana, as conclusões ficam fáceis. Tirania da Maioria. Faz muito sucesso. Michael Moore fez um filme exaltando a saúde cubana, preparando o terreno pra brasileirização da saúde americana. Ele quer o socialismo do século 21 e vota no Nobel Obama. Você também? Don't get me wrong, mas o que o Moore e a maioria das pessoas condenam e entendem como "capitalismo" tem outros nomes: economia mista, welfare state, fascismo, socialismo democrático, estatismo e, principalmente, corporativismo. Michael Moore é um desses românticos que acham que as coisas caem do céu. Imagina a riqueza material como um dado da realidade, "basta distribuir". E quando os incentivos fazem a produção ser tão pequena que não há nem o que distribuir? Como é que faz? E, by the way, quem decide como vai ser feita essa distribuição? Você quer dar a um grupo o poder de decisão sobre toda a economia? É isso mesmo? Tem certeza? Porque é, na prática, o que você tá propondo. Se o problema do homem é a "ganância", por que você acha que dar tanto poder a um grupo sobre os outros é uma boa idéia? Os políticos, por acaso, não são humanos? Você já estudou a história dos socialismos, fascismos e nacionalismos do século 20? O problema afinal é de um livre-mercado (capitalismo) que você mesmo, no vídeo abaixo, reconhece não existir? Não duvido da sua boa intenção, mas duvido que esse caminho não resulte numa tremenda confusão (http://www.youtube.com/watch?v=gwQ41Yo60og).

Os poréns da sociedade voluntária

Se a gente imagina que a função do estado seja a de garantir a proteção da vida, liberdade e propriedade, de alguma maneira ele terá que se financiar. Se houver imposto, haverá coerção, afinal impostos são, dã, impostos. Se a alternativa for contribuições voluntárias - caracterizando de fato os pagadores como "contribuintes" - os que pagam se ressentiriam dos caronas. Com um imposto de 10%, por exemplo, pra bancar a justiça e a segurança, as relações seriam 90% voluntárias, os 10% restantes sendo o custo do "mal necessário". Me parece razoável e qualquer liberal consideraria esse cenário 99% melhor do que o status quo. Como a teoria não é necessariamente limitada pela realidade, uma galera deu o salto lógico que faltava e concluiu: ora, por que a Justiça também não pode ser privada e, assim, excluir toda a coerção da vida social? Tenho várias objeções à privatização da segurança porque, entre outros motivos, não teria como haver uma uniformidade de leis. Se a lei deve ser objetiva e igual pra todos, como garantir isso com as diversas agências competindo? As leis seriam iguais e a concorrência se limitaria à aplicação dos procedimentos que as garantiriam? Sou cético em relação a isso, ainda mais no presente estado de coisas, mas quem tiver tempo e gostar de especulações pode ler o seguinte PDF e tirar as próprias conclusões (http://libertarianpapers.org/articles/2009/lp-1-37.pdf).