Monday, November 30, 2009

Sobre as minhas ligações 7

O Janer Cristaldo (http://cristaldo.blogspot.com/) é um gaúcho que gosta de viajar, de vinhos, de Cervantes, de Martin Fierro, de Nietzsche e de espezinhar comunistas e religiosos. Teve uma treta (treta é coisa de paulista, meu) famosa com o Olavo de Carvalho. Como liberais são escassos no Brasil, há uma certa aliança entre liberais e conservadores contra o esquerdismo dominante. Um parceria cujo equilíbrio é delicado. Ora, liberais são - oh! - liberais tanto na economia quanto nos costumes. Os conservadores podem ser liberais na economia, mas querem a atuação do estado nos costumes e os esquerdistas podem ser liberais nos costumes, mas querem a atuação do estado na economia. Saindo um pouco da política, dou vazão ao meu lado ROCK com o site do Gilberto Custódio (http://lazerguidedmelodies.blogspot.com/). O Gilberto é de São Paulo e participou junto comigo e outras figuras da lista de discussão Indie-Brasil nos primórdios da internet e outro dia apareceu aqui no Rio, quando agitamos o coreto na Maldita na Casa da Matriz. Posso lhes garantir que não fico falando de política e economia quando socializo por aí, a não ser - claro - que me provoquem. O Felipe Flexa é um dos roteiristas do Casseta e Planeta e um belo dia me linkou no blog dele (http://novoleitedepato.blogspot.com/), repercutindo um textinho que escrevi sobre o Paulo Coelho. É antiesquerdista e vascaíno.

Sobre as minhas ligações 6

A Reason Magazine vem fazendo cada vez mais sentido pra mim. Porque vão na raiz ao mesmo tempo em que tratam dos temas do momento. Integram o pensamento de Rand e Mises sem se fechar nesse ou naquele. O mais importante é a defesa da liberdade individual e não quem tem mais razão, se o ovo ou a galinha. Porque se há um sistema filosófico que dá conta de tudo, qual vai ser a função dos novos pensadores? Apenas divulgar a VERDADE? Isso cheira a religião e religião não rola, a não ser as irônicas, do tipo religião não rôla. Aqui é o blog da Reason (http://reason.com/blog) e aqui o site (http://reason.com/). Logo depois vem o IMB (http://www.mises.org.br/), que tem a tarefa de divulgar os princípios da Escola Austríaca no Brasil. Foi fundado pelo Hélio Beltrão e pelos irmãos Chiocca e faz um excelente trabalho. Outro instituto que tenta divulgar o liberalismo no Brasil é o Millenium (http://www.imil.org.br/). Menos radical que o Mises Brasil, o Millenium abre mais o leque de colaboradores, que vão desde os "austríacos" até figuras mais conhecidas como Carlos Alberto Sardenberg, Paulo Guedes e Maílson da Nóbrega. Eles já publicaram, aliás, dois textinhos meus (http://www.imil.org.br/artigos/ja-fui-de-esquerda/) (http://www.imil.org.br/blog/os-pobres-e-a-chantagem-emocional/).

Sobre as minhas ligações 5

O http://depositode.blogspot.com/ é do Sidney Richard, que conheci nos debates econômicos pela internet. Ele dá explicações bem extensas sob um prisma, obviamente, liberal. Você, aliás, não vai encontrar nenhuma ligação marxista ou socialista por aqui. Sim, conheço as teorias coletivistas, não se preocupe, eu freqüentei vários templos da educação brasileira. O Dicionário Invertebrado http://dicionarioinvertebrado.wordpress.com/ é feito pelo Igor Taam e meio que inspirado nas definições do Ambrose Bierce. Um exemplo da sagacidade do Igor: Tentação - Querer sem querer querer. A revista Dicta & Contradicta (http://www.dicta.com.br/) é uma publicação que segue um liberalismo católico. Ué, dá pra conciliar sim, por que não? O que é difícil de casar é o libertarianismo mais radical com o catolicismo mais dogmático, aí o bicho pega mesmo. Por exemplo, o próximo link (http://freedomain.blogspot.com/) não se entenderia bem, desconfio, com o povo da Dicta. Também acho a vertente anarco meio viagem, mas há um charme em sistemas fechados e coerentes, não é mesmo? Pelo menos como discussão teórica. O lance é que não quero apenas consistência interna, quero mudanças no mundo real e não sei se essa linha de argumentação do tipo tudo ou nada - "o imposto é um roubo" ou "a propriedade é um roubo" - leva a algum lugar fora das abstrações.

Sobre as minhas ligações 4

Os artigos do Mises.org (http://mises.org/articles.aspx) são excelentes se você quiser uma explicação sobre os fenômenos econômicos longe do marxismo e do mainstream keynesiano e pós-keynesiano. A economia realmente é um fenômeno complexo, mas não devia ser complicada ou inacessível aos leigos. O último artigo, por exemplo, é uma resenha escrita por Bettina Bien Greaves sobre o livro "The Foundations of Morality" de Henry Hazzlit que fala, entre outras coisas, da relação entre a moralidade e a religião. Um trecho: "In human history religion and morality are like two streams that sometimes run parallel, sometimes merge, sometimes separate, sometimes seem independent and sometimes interdependent. But morality is older than any living religion and probably older than all religion. [W]hile religious faith is not indispensable [to the moral code] …, it must be recognized in the present state of civilization as a powerful force in securing the observance that exists. The most powerful religious belief supporting morality, however, seems to me … the belief in a God who sees and knows our every action, our every impulse and our every thought, who judges us with exact justice, and who, whether or not He rewards us for our good deeds and punishes us for our evil ones, approves of our good deeds and disapproves of our evil ones. Yet it is not the function of the moral philosopher, as such, to proclaim the truth of this religious faith or to try to maintain it. His function is, rather, to insist on the rational basis of all morality, to point out that it does not need any supernatural assumptions, and to show that the rules of morality are or ought to be those rules of conduct that tend most to increase human cooperation, happiness and well-being in this our present life." Como se vê, a coisa não se trata apenas de economia, não é mesmo?

Sobre as minhas ligações 3

O léxico de Ayn Rand (http://aynrandlexicon.com/) traz os pensamentos do Objetivismo de A a Z. Vou logo avisando que não sou objetivista e nem anarco-capitalista - me classificaria como um liberal - mas gosto das teorias radicais que me impedem de amolecer demais com as restrições impostas pela realidade. O http://blogdomrx.blogspot.com/ é um blog que encontrei nas minhas andanças por aí. O Mr. X é um brasileiro radicado nos EUA cujas opiniões me parecem bem razoáveis. Claro, um socialista padrão não vai gostar nada do que ele diz, mas paciência. A http://www.capmag.com/, como o nome diz, é uma revista em defesa do capitalismo. Tem uma tendência objetivista sem se limitar a isso, tendo como articulistas o Thomas Sowell e o Walter Williams, negros libertários que dão um nó nos preconceitos politicamente corretos. O Coisas de Idiota (http://www.apostos.com/coisasdeidiota/) me fez dar risada umas vezes e foi o suficiente pra ele figurar aqui nos meus links. Bem cáustico e pouco atualizado. O João Luiz Mauad (http://www.midiaamais.com.br/joao-luiz-mauad) é outro liberal que volta e meia publica no O Globo. Ter um liberal consistente escrevendo na grande imprensa é sempre motivo de satisfação.

Sobre as minhas ligações 2

O Alceu Garcia http://www.oindividuo.com/convidado/alceu0.htm foi um cara que me influenciou bastante nos primórdios das minhas leituras pra entender o liberalismo. Escreveu textos que refutavam o marxismo e defendeu de modo consistente as liberdades individuais. Publicou no Indivíduo e no Olavo de Carvalho e desapareceu por um tempo até reaparecer com um blog, http://necplusultra.blogspot.com/, em que ele evidencia uma certa desesperança com os rumos não só do Brasil como dos EUA também. Me identifico até um certo ponto com isso, porque tenho um lado Polyanna muito forte (http://sol-moras-segabinaze.blogspot.com/2006/09/pollyanna-e-barba-negra-07-de-setembro.html). Essa página do Roberto Campos - http://pensadoresbrasileiros.home.comcast.net/~pensadoresbrasileiros/RobertoCampos/ - é bacana porque traz dezenas de artigos e entrevistas de um cara que foi extremamente vilipendiado durante a sua longa vida. Eu mesmo o enxergava como o mal encarnado até o Paulo Francis me fazer repensar isso na década de 90. Campos trabalhou no governo desde Getúlio Vargas e foi se tornando mais liberal ao longo do tempo, influenciado pela leitura da Escola Austríaca e principalmente de Hayek. Essa demonização bem sucedida pela esquerda e endossada por mim por um tempo me alertou pra importância das idéias, de como uma diferença ideológica pode levar alguém ao céu ou ao inferno dependendo da mentalidade dominante.

Sobre as minhas ligações

O http://www.fotolog.com.br/caipirinhas representou a minha paixão pelo drinque orgulho da pátria. Também celebrou, de alguma maneira, a minha relação com a Beatriz Lamego, que tirava as fotos. Não era uma apologia apenas à bebida, mas a todo o ritual de se ir a um lugar, comer, beber e conversar sem pressa. Não fui chamado outro dia de "melhor copo da direita golpista" à toa. O http://www.myspace.com/enseadaespacial é um projeto que criei pra dar vazão às minhas veleidades musicais. Como nunca dominei realmente nenhum instrumento, me contento em arranhá-los e manipulá-los com outros sons pra criar ambientes - oh! - espaciais. Uma viagem que às vezes inclui vozes e narrações pras palavras se misturarem com as freqüências ou um modo elegante de driblar as minhas limitações? O http://mmrecords.com.br/ é um selo criado por um amigo que é também um irmão, o Rodrigo Lariú. O midsummer madness lançou pelo menos 3 bandas de que fiz parte: o Stellar, o Polystyrene e o Kinetkit RaveCamp, como se vê, 3 nomes em inglês pro desgosto dos nacionalistas. Trabalhei uns 4 anos num estúdio de ensaio e gravação e acabei fazendo muitas músicas nesse tempo. Ainda que tenha recebido alguns elogios - principalmente o Stellar - nada que tenha feito sucesso comercial, tendência que parece me acompanhar.

Thursday, November 26, 2009

Mudanças e links

Noto que algumas pessoas insistem em visitar este site mesmo quando ele não tem atualizações por causa de algumas mudanças na minha vida. Além do mais, tenho concentrado o meu tempo livre a fazer gracejos e espalhar insights manjados no meu twitter (http://twitter.com/SOL_MORAS). Mas, mesmo sem ninguém pedir, quero indicar uns sites que compartilham de alguns valores comigo. O (http://socialismoclassemedia.tumblr.com/) é muito legal porque faz troça desses blogs petistas que imaginam que o grande problema do Brasil seja a sua classe média. Pelo contrário, gafanhoto vermelho, quanto mais classe média o Brasil for, melhor. Essa raivinha com os minimamente remediados é resquício de um marxismo de meia-tigela que, acreditem, só atrasa o país. E como estou atravessando uma fase, digamos, ateu católica, indico também o site do César Miranda, um craque dos aforismos (http://www.apostos.com/protensao/), e o da Tanja Kramer (http://aespectadora.blogspot.com/) que, além de parecer bem gata, também traz boas reflexões anti-comunistas.

Wednesday, November 25, 2009

O uso da força e o desejo mimético

Inspirado por séculos de catolicismo e por alguns posts inspiradores do Pedro Sette Câmara (http://oindividuo.com/) inspirados no desejo mimético de René Girard, me inspirei a tangenciar o assunto. O Pedro fala algo como "é preciso perder a alma pra poder ganhar uma alma". O que ele quer dizer com isso? Imagino que seja o seguinte: se você se considera um cara batuta, o centro do universo de uma originalidade ímpar e vai se isolar a ponto de não dar nada de valor aos outros, você também não vai receber - como conseqüência disso - nada de valor em troca. Você só se justifica ao sair um pouco de si e se concentra em fazer bem o bem aos outros. Isso é bonito e virtuoso, porque há uma ideia de que a independência é fazer o que se quer sem se importar com o que os outros vão achar. Ok, você só faz o que dá na sua telha, seu radical emplumado, mas não reclame depois quando os outros não enxergarem a sua genialidade. Não vou me aprofundar nisso até porque não estudei tanto o tema pra sair por aí dando pitacos sobre a inveja e o mecanismo do bode expiatório em Girard. Mas sempre me interessei pela forma como é exercido o poder e se a pessoa tem como modelo o Fulano de Tal, isso não vai me afetar tanto quanto a pressão que ela e os admiradores do Fulano de Tal fazem pra que o estado o promova - junto com as idéias que ele representa - como um modelo de conduta pra todos. Eu sei que ficou meio confuso, os links podem ajudar a entender o que estou apenas tateando. (http://oindividuo.com/1998/05/29/girard-a-revolucao/) (http://en.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Girard)

Gosto 4

Gosto de achar que o meu pensamento positivo ganha jogo e tem mais poder que as sinapses reunidas numa corrente pra frente dos adversários.

Gosto 3

Gosto de me colocar numa torre de marfim com um vão que funciona como latrina. Gosto de imagens barrocas e barrosas também.

Friday, November 20, 2009

Mania de ser diferente

Algo de que sou "acusado" desde quando me lembro. Enquanto cresci dividido entre pessoas que reforçavam a minha vaga impressão de ser "diferente" e outras que faziam questão de me colocar os dois pés no chão, eu permanecia meio que imerso na minha introversão, numa espécie de auto-suficiência mental que não sobrevive, obviamente, sem o auxílio externo. Então essa "auto-suficiência" é apenas parcial, porque a gente precisa mesmo dos outros. Sem confiança em si próprio não se atravessa nem a rua, mas se todo mundo é "especial" é porque ninguém é "especial". O Nelson Rodrigues dizia que "não se escreve sem que o camarada se tenha em altíssima conta, se ache um gênio mesmo", ou algo parecido. Realmente, por que alguém escreveria se não achasse que tem algo "especial" ou "diferente" a dizer? Me vejo pensando nessas coisas porque tem sempre uma parte de mim dizendo que eu devia parar de escrever, parar de fazer música, parar de me expressar porque não só não faz diferença como é algo deletério pra mim mesmo e praqueles que me cercam. Quem liga pros discos que eu gosto? Quem liga pras minhas jogadinhas de linguagem? Que diferença isso faz no grande esquema das coisas? Nenhuma, ou quase nenhuma. Digo "quase nenhuma" porque nem o mais niilista dos seres pode negar que as pessoas fazem diferença na vida das pessoas. Então eu quero fazer diferença sim. Não com demonstrações vazias de suposta superioridade estética ou whatever, porque isso afasta ao invés de aproximar, mas com algumas idéias importantes que não circulam tanto por aí e que precisam, portanto, de porta vozes.

Minha lista dos 20 melhores discos dos anos 2000

01 - SIGUR RÓS - ( ) 02 - GODSPEED YOU! BLACK EMPEROR - Lift Your Skinny Fists Like Antennas To Heaven 03 - RADIOHEAD - Hail To The Thief 04 - MOGWAI - Happy Songs For Happy People 05 - ARCADE FIRE - Funeral 06 - MÚM - Finally We Are No One 07 - RADIOHEAD - In Rainbows 08 - LOW - Trust 09 - TORTOISE - It's All Around You 10 - DO MAKE SAY THINK - The Other Truths 11 - PORTISHEAD - Third 12 - THOM YORKE - The Eraser 13 - YO LA TENGO - And Then Nothing Turned Itself Inside Out 14 - RADIOHEAD - Kid A 15 - QUICKSPACE - The Death Of Quickspace 16 - EXPLOSIONS IN THE SKY - The Earth Is Not A Cold Dead Place 17 - JONNY GREENWOOD - There Will Be Blood 18 - STARS OF THE LID - And Their Refinement Of The Decline 19 - STEREOLAB - Chemical Chords 20 - BROKEN SOCIAL SCENE - Something For All Of Us

Thursday, November 19, 2009

they took our jobs

Gosto 2

Gosto da narração do José Carlos Araújo mesmo sem saber até hoje o que significa "dar o currupio".

Gosto 1

Gosto do cheiro de napalm pela manhã e de ironia.

Wednesday, November 18, 2009

A diferença entre os muros

Não compreender a diferença entre um muro que não deixa sair (Berlim) e um que não deixa entrar (México) é dar atestado de esquerdismo mental, mesmo que involuntário. Como apontou o Marton, é a diferença entre o muro de uma residência e o muro de um presídio. De qualquer maneira, acho que já está na hora de tentar compreender a razão que faz esses muros serem erguidos. Pra começar, o imigrante imagina que vai ter uma vida melhor do outro lado do muro. Quem pode culpá-lo sabendo daonde vem? Parece que meio milhão de pessoas atravessam por ano a fronteira entre o México e os EUA. Não são apenas mexicanos, tem muito brasileiro fazendo o mesmo. Então os que já estão dentro dos EUA temem que todo aquele welfare de que são beneficiários vai ser prejudicado com a invasão de estrangeiros. É uma questão lógica, o welfare state estimula a xenofobia. A ascensão desse discurso xenófobo e a restrição da imigração em países da Europa não deveria surpreender ninguém. Ora, se um país dá mais oportunidades e me garante isso e aquilo "de graça", porque vou ficar num lugar que não me garante nada? A idéia de um estado do bem-estar social num mundo globalizado, por mais generosa que seja, parece insustentável no longo prazo. (http://nottupy.blogspot.com/2009/11/berlim-vs-tijuana.html)

Tuesday, November 17, 2009

Eu gosto é do gasto

Gosto de pensar que me baseio no princípio de não agressão. Então a força só pode ser iniciada como reação a uma agressão. Falam de uma política isolacionista e lendo o camarada do vídeo abaixo me lembrei de Ruanda. Ele falou de Israel e me lembrei de Ruanda. As tribos lá se matando, mas não atacam nenhum outro país. Não seria o caso de uma intervenção externa? Tipo, você está bebendo muito, meu filho. Não agride o outro, agride a si mesmo. Agride em termos, porque também tem prazer com aquilo. O corpo é mesmo uma máquina que mesmo com uma manutenção cuidadosa gasta com o tempo. Mesmo. Aí ele começa a dar sinais. Cara, tua barriga tá doendo demais, isso não é normal. Bicho, o seu hálito não está bom. Amigo, dor de cabeça não é legal. Chega uma hora que ele fica sobrecarregado e pifa. É difícil porque o álcool é o combustível social e se o camarada gosta de ficar sempre bebemorando vai chegar uma hora em que aquilo vai cansar. Se ele cansa sob protestos, não faz diferença, o cansaço já está instalado. Quer dizer, não é como se o não gosto pelo gasto acabasse com o gasto. Gosto de pensar que me baseio no princípio de não agressão. Se bem que tem exceções, alguns tipos de ameaça podem justificar uma agressão. Se um país diz que quer varrer o outro do mapa e corre pra ter a bomba atômica, não parece justo que o país ameaçado reaja por precaução? A imagem da bomba atômica foi totalmente sensacionalista, mas beleza, gostei das cores. Depois te pago os direitos autorais pelo título do post, Rodrigo Amarante.

Jerome Tuccille - Rand, Rothbard and the LP's Big Moment


Jerome Tuccille - Rand, Rothbard and the LP's Big Moment - Click here for more amazing videos

Pra quem desqualifica a ideologia per se

Uma ideologia aponta um norte, o tipo de mundo que queremos. Essa visão de mundo, porém, não pode estar dissociada das relações de causa e efeito que se dão entre as pessoas. A ideologia tenta explicar um padrão e se esse padrão não se verifica no teste da realidade, é porque essa ideologia é falaciosa. Veja o comunismo, que você corretamente execra. Ele prometia "o reino da eterna abundância" baseado em premissas que, apesar de qualquer um intuitivamente perceber falsas e se provarem falsas na prática, seduziu e seduz muita gente. No pólo oposto existe o anarco-capitalismo, que você também condena. Mas veja, qual o sentido em falar que o oposto de um mal comprovado (comunismo) também é um mal? Que lógica doida é essa? Mas deixemos de falar em absolutos porque a realidade é cheia de nuances. A questão é: em qual direção devemos nos encaminhar? Veja que essa questão é central em qualquer discussão política. Como vai se exercer o poder? Qual o papel do estado nisso? Eu tenho um lado, como você pode notar. Mas não tenho um lado da mesma maneira que sou flamenguista e você é palmeirense. Eu não escolhi simplesmente uma camisa pra torcer no matter what, há um motivo racional pra eu defender uma ideologia (liberalismo) e me opor a outra (socialismo). As mudanças no "mundo real" que se encaminham pra uma maior liberdade individual são aplaudidas por mim, as que seguem o caminho contrário são criticadas. Não há qualquer fanatismo nisso, aplaudo e critico baseado num conjunto coerente de idéias que é justamente a tal de "ideologia".

Monday, November 16, 2009

Todo dia a gente morre um dia

Aí um dia você tá num Maracanã lotado fazendo um golaço e no outro tá numa cadeira de rodas com uma doença degenerativa. O Woody Allen volta e meia fala do horror da vida, de como é tudo violento e sem sentido e o meu lado Pollyana pensa que não é bem assim, que rolam coisas boas no caminho. Certamente, nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno, mas esse prazo de validade é fonte de muita angústia, concorda? A gente tá o tempo todo correndo contra o tempo numa batalha desde já perdida. Então as pessoas querem fazer tudo ao mesmo tempo agora, querem viver intensamente, querem deixar um legado, querem espalhar as suas sementinhas por aí porque o tempo urge. Aí nego bebe, se droga, encontra Jesus e o escambau. A mortalidade coloca as coisas em perspectiva: se as coisas não saem como o esperado, qual a diferença? A gente vai morrer mesmo. Se saem como o esperado, qual a diferença? A gente vai morrer mesmo. A morte equaliza a vida.

"Um outro mundo possível sem competição"

As pessoas não vão deixar de ser competitivas com apelos emocionais de "um outro mundo possível". Que papo de maluco, "um outro mundo possível"... Já passou pela cabeça de miolo mole dessas pessoas que o tal "outro mundo possível" pode ser uma diarréia totalitária? Fui duro demais? Me desculpe a imagem rasteira. Mas é que eu vejo muita gente que cultua a competição, que vive a competição, mas que condena a competição votando nos santos do pau oco que habitam Brasília. Aliás, traçando um paralelo, o fanatismo com o futebol parece servir como um purgante (me perdoe novamente a imagem) pra contradição entre o discurso e a prática. Condenam a competição na "vida real" enquanto acirram a competição em algo que não têm uma responsabilidade direta. A competição e o individualismo surgem então como bodes expiatórios. Mas o capitalismo estimula a parceria. Não qualquer parceria - ou alguém gosta de trabalhar com incompetentes? Você, doce figura que prega "um outro mundo possível", gosta de trabalhar ou ser atendido por alguém que não se esforça pra fazer bem o seu trabalho? Nem o cara do PSOL ou a Marina Silva - os líderes desse papo - gostam de ser atendidos ou assessorados por incompetentes. Mesmo quando essas figuras conseguem implantar o seu sistema favorito, a competição não termina. Ela apenas deixa de ser no sentido de agradar os consumidores (mercado) e passa a ser no sentido de agradar os donos do poder político (estado). Se você não consegue enxergar a diferença entre essas duas posturas, eu explico numa boa.

Programas trash de TV

Sempre cultuei esses programas ao mesmo tempo em que me policiava pra não rir demais dos seus realizadores. Porque mesmo que o aspecto técnico da produção não seja top de linha, há uma grandeza em pessoas que acreditam nelas mesmas e têm a iniciativa de fazer algo, ainda que de maneira tosca. Qualquer pessoa que tente fazer algo por si tem algo de heróica. Um heroísmo trágico, mas qual heroísmo não é, no fim das contas, trágico? Vi outro dia um programa da TV Comunitária (canal 6 da NET, stay tuned) em que uma senhora de uns 85 anos, num cenário mal ajambrado e com um microfone cheio de microfonia, falava da própria vida, das coisas que ela fez e aconteceu. Quem pode culpá-la por se promover num programa barato que quase ninguém vê? Dá pra traçar um paralelo com este blog, if you will. Eu ria, mas achei aquilo mais digno que toda a TV Brasil e todos os programas bancados pelo governo. Ela teve iniciativa, foi lá e fez. Não estava a mando de ninguém e de nenhuma agenda que não fosse a dela, era uma senhora de recados apenas dela mesma. Isso não quer dizer que ela não usaria o dinheiro do estado se tivesse oportunidade... Talvez seja uma compensação psicológica essa coisa da gente torcer pelo mais fraco, por quem não tem uma estrutura por trás. Quer dizer, é difícil encontrar alguma TV no Brasil em que o estado não tenha colocado o bedelho, mesmo nos canais ditos privados. Uns mais, outros menos, mas o fato é que tá cooptado, tá tudo cooptado ou querendo ser cooptado ou nem aí pra esses assuntos. Colé, cara chato pra caralho.

Friday, November 13, 2009

O jogo da vida (enhanced play)

Permanecer vivo. Tudo gira em torno disso. A busca da felicidade é a busca de algo que faça a vida valer a pena de ser vivida. Viu quantas variações de "vida" eu usei? Muito V por aqui. V de verdade, não esses Vês que vêm da China. Os suicidas pensaram infelizes que não tinham mais motivos pra ficarem vivos. Não valia mais a pena - na avaliação deles. Mais V. Ter filhos é de alguma maneira uma vontade de permanecer vivo também. V. Estou fazendo uma livre associação de idéias que talvez você ache ridícula, óbvia e presunçosa, mas beleza. É do jogo. Ia escrever Jogo da Vida e me veio essa imagem na cabeça. Pensa bem, a gente tá o tempo todo se defendendo da morte. Tudo que acontece no "sistema" é resultado dessa vontade de permanecer vivo. V. Pra se manter vivo, o homem precisa de coisas que o ajudem a se manter vivo (yeah!), porque a natureza, se você pensar bem, não é fofinha ou hospitaleira. Os bichos estão sempre se comendo. Há dificuldades e o reino da eterna abundância não existe. Com a civilização, algumas pessoas começam a take for granted um conforto que não é um dado da natureza, ele precisa ser criado. Viu como eu enfiei uma expressão em inglês com a maior naturalidade e desfaçatez? Vi. V.

A celulite da celebridade

Alguma surpresa com o fato de que as fotos mais valiosas das celebridades sejam aquelas que as mostrem na praia com quilos e celulites a mais? O povo vai ao delírio numa espécie de vingança. "Sim, nós as admiramos pelo seu sucesso na gincana social, mas veja só como elas são gente como a gente." Então ao mesmo tempo em que almejam aquela fama que não têm, respiram quase aliviadas quando os problemas dos que têm são expostos. Os famosos, por sua vez, vivem o dilema de usar a imprensa quando é do seu interesse e deplorar essa mesma imprensa quando ela divulga um lado que não lhes favoreça. "Uma coisa é a vida pessoal e a profissional". O lance é que essas coisas, obviamente, se misturam. As pessoas que idealizam um artista e o transformam num profissional (com todos os seus bônus) são também as pessoas curiosas com a sua vida pessoal (com todos os seus ônus).

Yo La Tengo (4 músicas ao vivo)

Wednesday, November 11, 2009

Num triste igarapé da galáxia

Ouvi falar nos Supercordas (http://www.myspace.com/supercordas) pela primeira vez em 2004, quando apresentava um programa chamado 5 estrelas na rádio Viva Rio. O Rodrigo Lariú (http://mmrecords.com.br/), que produzia a coisa comigo, não podia ir naquele dia e - pra me fazer companhia - chamei o Régis Arguelles, um amigo que tocou baixo em tudo que é banda indie carioca (4 Track Valsa, Cigarettes, Supercordas e Stellar). Ele disse que ia e levaria junto um amigo, "um garoto muito talentoso que veio de Paraty". Então ele apareceu lá com o Pedro Bonifrate, o revolucionário cubano comigo na foto. A banda era realmente boa e outro dia o Diogo Valentino (eles têm esses codinomes), que também toca no grupo e veio de Paraty, me chamou pra fazer essa participação como o Hunter S. Thompson (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hunter_S._Thompson) nas vinhetas que eles gravariam pra MTV. Tinha uma certa pinimba com o Hunter porque ele era citado junto com o Bukowski como influência por 9 entre 10 dos "novos escritores brasileiros". Tipo, é isso o que essa galera moderna e petista cultua? Porque há essa coisa dos esquerdistas serem liberais nos costumes (good) mas se transformarem em control freaks quando o assunto é a economia (bad). Não, não há liberdade verdadeira sem liberdade econômica, as duas coisas caminham necessariamente juntas. Poucas pessoas compreendem isso, mas paciência. Também tinha assistido ao filme com o Johnny Depp (http://www.imdb.com/title/tt0120669/) e achado aquilo muita neurose no coração, uma bad trip de duas horas. Gosto de pensar que a minha relação com as químicas é absolutamente saudável, mas posso estar enganado. De qualquer maneira, foi um prazer participar da visão alegórica que os Supercordas tiveram da contracultura. Fiz uma musiquinha pra homenagear o homem: http://soundcloud.com/sol_moras/the-american-dream No Youtube, eu, Hunter Thompson, Ginsberg e o igarapé da galáxia: http://bit.ly/2iMzlL O Método rendendo frutos na perseguição da cabeça da galinha: http://bit.ly/uAPvI E todas as vinhetas ruradélicas: http://bit.ly/4BKmdH

Tuesday, November 10, 2009

Olhe bem, preste atenção

É a fome com a vontade de comer mais poder. A ministra Dilma, que ao lado discursa na frente de um cara muito maneiro, disse que o governo vai cortar 40% da emissão dos gases estufa. A maioria comprou a mistificação alarmista do aquecimento global antropogênico e nem desconfia da real motivação: concentrar mais poder nas mãos dos políticos e burocratas da ONU. Dizem haver um "consenso" tapando os ouvidos quando surgem os cientistas céticos dessa nova escatologia, mais uma desculpa pra ampliação do controle sobre as liberdades individuais. A ministra comunista e guerrilheira nem tenta mais esconder: "As medidas permitirão que o governo esteja bastante forte". É tudo pelo bem do planeta, gente!

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Manchete de O Globo: MEC faz propaganda do governo no Enade. Não me diga! #realmentesurpreendente

PJ O'Rourke

Anyway, no drug, not even alcohol, causes the fundamental ills of society. If we're looking for the source of our troubles, we shouldn't test people for drugs, we should test them for stupidity, ignorance, greed and love of power. America wasn't founded so that we could all be better. America was founded so we could all be anything we damned well pleased. Even very young children need to be informed about dying. Explain the concept of death very carefully to your child. This will make threatening him with it much more effective. Feeling good about government is like looking on the bright side of any catastrophe. When you quit looking on the bright side, the catastrophe is still there. Giving money and power to government is like giving whiskey and car keys to teenage boys. I like to think of my behavior in the sixties as a "learning experience." Then again, I like to think of anything stupid I've done as a "learning experience." It makes me feel less stupid. If you are young and you drink a great deal it will spoil your health, slow your mind, make you fat - in other words, turn you into an adult. Seriousness is stupidity sent to college. The Democrats are the party that says government will make you smarter, taller, richer, and remove the crabgrass on your lawn. The Republicans are the party that says government doesn't work and then they get elected and prove it. The good news is that, according to the Obama administration, the rich will pay for everything. The bad news is that, according to the Obama administration, you're rich. The weirder you're going to behave, the more normal you should look. It works in reverse, too. When I see a kid with three or four rings in his nose, I know there is absolutely nothing extraordinary about that person. There is only one basic human right, the right to do as you damn well please. And with it comes the only basic human duty, the duty to take the consequences. (http://reason.com/blog/2009/07/02/reasontv-pj-orourke-where-was)

Monday, November 09, 2009

A queda do Muro de Berlim e a tirania do estado

"Com o advento da Primeira Guerra Mundial, os governos reinstituíram o passaporte e outras restrições sobre a liberdade de movimento. E com a ascensão das ideologias totalitárias nos anos seguintes ao fim da Primeira Guerra, a liberdade de movimento foi abolida. O comunismo, o fascismo e o nazismo - as três ideologias partiram da premissa de que o indivíduo não apenas deveria ser subserviente ao estado, como também tinha a obrigação de viver e trabalhar exclusivamente para a promoção dos interesses do estado. Como um "objeto" que era propriedade do governo, ou o indivíduo ficava em seu lugar e acatava todas as ordens, ou era violentamente transferido para algum outro lugar sob as ordens brutais da autoridade política. Mesmo fora dos sistemas totalitários do século XX, barreiras à migração têm sido a consequência lógica do surgimento e crescimento do estado intervencionista e assistencialista. Quando o governo influencia a direção da produção, tem responsabilidade pela quantidade e pelos tipos de emprego a serem criados na sociedade, e é o gestor paternalista da redistribuição de riqueza e renda para a aposentadoria, para a saúde, para os desempregados, para a educação e para o setor imobiliário, é inevitável que esse mesmo governo também queira controlar a quantidade, o tipo e a faixa demográfica de quaisquer indivíduos ou grupos que queiram se mover para um país sob a jurisdição desse governo. A ascensão e desenvolvimento da economia regulamentada, em outras palavras, forneceu a justificativa para a imposição de barreiras à livre migração. Elas funcionam como muralhas políticas e jurídicas muito mais altas do que o Muro de Berlim ao impedirem que as pessoas transitem livremente de uma parte do mundo a outra, sem assédios. O passaporte que cada um de nós é obrigado a requisitar e a carregar sempre que viajamos para fora do nosso próprio país, e o qual temos de apresentar tão logo retornamos à nossa própria terra, claramente mostra que todos nós somos de fato meros súditos sob o - e não cidadãos acima do - completo controle das autoridades políticas que dirigem nossas vidas." Richard Eberling (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=458)

Friday, November 06, 2009

O caso do auto-interesse

Um exemplo pra mostrar que o auto-interesse não é algo negativo, ao contrário, é correndo atrás dos seus próprios objetivos que cada um contribui pro todo. Como funciona uma obra num apartamento? Primeiro você tem que ter um. Você procura então um corretor de imóveis dizendo que tipo de apartamento você quer e quanto dinheiro você tem pra gastar. É do interesse do corretor conseguir intermediar essa venda pra ganhar uma comissão. Ele pode até fazer uma leitura errada daquilo que você quer, mas não é do interesse dele mostrar imóveis que não te interessem porque ele também não quer perder tempo. Quando finalmente aparece um apartamento que te agrada, você faz um lance. Se o dono aceitar o lance, a venda é efetivada. Só nessa operação, 3 pessoas são diretamente beneficiadas: você conseguiu o apartamento que queria, o corretor conseguiu a comissão que queria e o antigo dono conseguiu o valor que queria. Ninguém entrou nessa transação pra fazer o bem pro outro, isso é apenas uma consequência. Então você tá lá com o apartamento e considera que ele precisa de uma obra pra ficar do jeito que você quer. Pra isso você chama alguém especializado nesse tipo de projeto. Você troca uma idéia com o arquiteto dizendo o que quer e ele te apresenta um projeto com um orçamento, que você pode aceitar ou não. O arquiteto tenta fazer a coisa de modo a te agradar, porque só assim ele vai fazer o trabalho e ser pago. Chegando a um acordo com ambas as partes satisfeitas (pleonasmo), o momento é de executar o que está no papel. Pra isso é preciso uma equipe especializada e você não vai sair contratando qualquer um por aí, você vai conversar antes com pessoas de confiança que têm experiência com esse tipo de coisa e pedir indicações. Equipe indicada, as partem têm que chegar num acordo sobre o orçamento. Você não está explorando ninguém, a pessoa só faz o trabalho se o acordo lhe for vantajoso. Não há, a princípio, antagonismo entre empregado e empregador. Tudo acordado, a obra se inicia. O trabalho tanto pode ficar bem ou mal feito. Se bem feito, os empregados vão receber e serão indicados pelo empregador caso ele seja consultado por alguém querendo saber de gente que faz bem uma obra. Se mal feito, nada disso vai acontecer. Se o objetivo dos trabalhadores da obra é permanecer nesse ramo, é do interesse deles fazer um bom trabalho. A obra então chega ao fim e todas as pessoas que participaram do processo saíram mais satisfeitas do que quando entraram. Um ciclo virtuoso em que ninguém precisou se sacrificar por ninguém, bastando o interesse próprio como mediador das relações.

Thursday, November 05, 2009

Tropicalismo intelectual: Caetano Veloso

Também sou fã do Caetano, mesmo. Não do tipo que ouve os discos ou vai nos shows, mas que simpatiza com a energia do cara, sabe? Não paro pra ouvir a música porque sou um indie metido a besta, mas leio as entrevistas com interesse porque o Caetano gosta de falar de tudo quanto é assunto e me identifico com isso. O lance é que fiquei com essa mania de interpretar o que os outros dizem pra ver se aquilo faz sentido. Porque muita coisa que é dita pode não ficar de pé com o teste da teoria e da realidade. Por que eu tô falando disso mesmo...? Porque ele diz que vai votar na Marina Silva "por ser demais forte simbolicamente para eu não me abalar" ao mesmo tempo em que endossa as teorias nacional-desenvolvimentistas malucas do Mangabeira Unger. Se há uma contradição entre essas duas posições, o Caetano recorre à "complexidade" da realidade. Realmente, a realidade é complexa, mas complexidade não é sinônimo de caos, confusão ou contradição. Há uma explicação - uma ligação causal mesmo que imperfeita - pras coisas que acontecem. Imagino que essa explicação seja o que ele chamou de "desejo do lucro". Eu traduziria o malvado "desejo do lucro" pela luta pela sobrevivência. Este é o fato que inevitavelmente nos transforma em seres egoístas, no sentido de que pensamos primeiro em nós mesmos. Alguns não se conformam com esse dado da realidade enquanto agem pensando no que é melhor pra eles mesmos. Podem fazer escolhas erradas, mas naquele momento era o que eles queriam ou podiam fazer. Pensando primeiro em si mesmo, você ajuda os que estão em volta de você porque se você quer ter valor, você tem que dar valor. A busca pelo lucro estimula a virtude, porque só lucra quem oferece algo de valor ao outro em todos os sentidos subjetivos da coisa. E dentro desse esquema, quais são as regras a serem respeitadas? O Caetano diz que "simpatiza muito com a tradição liberal inglesa e anglófona", mas não se identifica "com a idéia do estado mínimo". Por que? Não se explica. Deve ser porque ele diz acreditar "no estado regulador". Depois fala que o Freud explica melhor o ser social do que "os marxistas e do que muitos liberais". Freud pode explicar muita coisa, mas não explica os efeitos na economia do estado regulador e empresário que temos hoje. Não, a culpa das crises é do "desejo do lucro" e o estado é inocente. Ele é comandado por pessoas muito diferentes daquelas outras que só "desejam o lucro". Caetano simpatiza com Hume, Locke e Mill, mas vota em Zizek, Gore e Mangabeira Unger. (http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,as-ultimas-de-caetano-veloso-em-entrevista-exclusiva,461281,0.htm)

George Carlin e os direitos

Sou um grande fã do George Carlin, o que não quer dizer que eu concorde com tudo o que ele diga. Até porque ele tem uma visão absolutamente desesperançada do ser humano, não sei se por efeito cômico ou por uma convicção real. Mas me parece justo reconhecer que, ao mesmo tempo em que o homem é capaz de fazer o mal, ele também pode fazer o bem. Não digo isso por ser bonzinho ou ingênuo, mas por uma questão lógica. Só existe o mal porque existe o bem, só existe a mentira porque existe a verdade. Neste vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=4F1Lq1uFcAE), ele diz que "there's no such thing as rights" e fala que "se existissem os tais direitos, as pessoas teriam direito à comida e a um teto sobre as suas cabeças". Se ele está falando desses direitos positivos, realmente, não há um direito à moradia porque isso equivaleria ao dever dos outros construírem essa moradia. Solidariedade compulsória não é virtude, é escravidão. Quando um parlamentar brasileiro escreve na Constituição que "todos têm o direito à educação, saúde, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, lazer e moradia", ele está apenas fazendo demagogia barata com o dinheiro alheio porque o papel aceita tudo. O único direito que as pessoas têm e de onde todos os outros são derivados é o direito à vida. Isso não significa que ele vai ser sempre respeitado, como todos estão cansados de testemunhar. Mas quem o desrespeita tem que saber que vai ser punido de maneira proporcional e exemplar por isso, seja no arranjo que for, com ou sem governo. Aliás, thumbs up pro Carlin pelo final do vídeo.