Tuesday, January 31, 2012

Political views: PT

Eu nem queria escrever sobre esse assunto lotado de emocionalismo, mas esse texto do Paulo Halm que circulou pelo Facebook foi demais pra se ignorar. "Se cubano fosse, Pedro Rios Leão estaria hoje na capa de O Globo e seria chamado de mártir da liberdade pelos Mervais e Leitões da vida." Se estivesse em Cuba e protestasse contra o governo, o Pedro Rios Leão não teria se prendido voluntariamente na rua, estaria preso involuntariamente na prisão. "Seria matéria de destaque no Jornal Nacional, provocando lágrimas de solidariedade da Patrícia Poeta." Por que petistas como o Paulo Halm têm tanta raiva da Globo? De onde eu vejo, a Globo tragicamente apóia boa parte das políticas do governo do PT - inclusive o dinheiro público que cineastas como o Paulo Halm recebem a fundo perdido - mas petistas como ele não vão sossegar enquanto não conseguirem a unanimidade sob a mira de uma arma que os Castro ainda hoje usufruem em Cuba. "No Jornal da Globo, Wiilian Waack e Arnaldo Jabor, uníssonos, o chamariam de herói e até mesmo Pedro Bial arrumaria um espaço no BBB pra fazer um poeminha em homenagem ao guerreiro." O que uma população inteira proibida de sair de seu país pelo governo tem a ver com o protesto de um indivíduo que se prende voluntariamente em frente a uma emissora de televisão? "Mas desafortunadamente o garoto não é cubano." Não, sorte dele. "Pedro Rios Leão é brasileiro e está fazendo greve de fome em frente a TV Globo em protesto contra a cobertura do massacre da população pobre de Pinheirinho pela polícia militar de São Paulo." Um inocente útil numa disputa com 1 - os adversários dos petistas em São Paulo e 2 - a liberdade de expressão que os petistas tentam há anos revogar mirando na maior emissora do país. O "massacre" de Pinheirinho, que eu saiba, não matou ninguém. 100 mil pessoas já morreram nas mãos da ditadura cubana, mas que ninguém espere lágrimas do Halm ou da Dilma por esses mortos, eles não têm o pedigree "certo". "Seu protesto é e será solenemente ignorado." Não está sendo não, é só o que eu vejo aqui na minha timeline, os petistas usam muito as redes sociais imperialistas. "Como diria aquela velha canção, "a dor da gente não sai no jornal", muito menos na TV." O sentimentalismo desse pessoal é seletivo e depende de quem está disputando o poder. Se for um adversário, pau nele. Se for um aliado, toda a solidariedade. 

Wednesday, January 04, 2012

Ron Paul e o texto da Época

"Vale a pena fazer uma pausa nos assuntos brasileiros e prestar atenção em Ron Paul, o queridinho dos fanáticos do mercado nas primárias americanas." Chamar alguém que não concorda com você de "fanático" é uma boa maneira de começar um texto difamatório, Paulo Moreira Leite, parabéns. "Considerando a facilidade dos brasileiros para importar idéias ruins, em breve teremos seus descendentes em circulação por aqui." Sem dúvida, desde o positivismo de Comte até o marxismo "científico", o brasileiro - quando sai do seu universo mais imediato e chega a se interessar por abstrações filosóficas - tem grande facilidade pra importar idéias ruins. "Se você ainda não entendeu que as idéias anti-Estado em circulação, em nossa época histórica, representam um movimento que leva à anti-democracia, só precisa acompanhar os movimentos de Ron Paul." Se "democracia" significar a ditadura de uma maioria sobre uma minoria, é bom mesmo ela ser questionada. Palavras totens como "democracia" - quando soltas sem uma conceituação clara - dão margem a todo tipo de demagogia e mistificação, repararam como os donos atuais do poder no Brasil a usam pra tudo? Querem controlar ainda mais alguma coisa, dizem que querem "democratizá-la". "Ele quer abolir o Banco Central americano, com o argumento de que representa uma interferência indevida do Estado na vida do cidadão comum. (Eu acho que ele só quer liberar de vez o mercado financeiro mas você pode dizer que isso é uma questão de interpretação. Risos)." Sim, ter o monopólio da impressão do dinheiro é uma interferência indevida do estado na vida do cidadão comum, como qualquer pessoa que vive a inflação e os ciclos de boom e bust pode comprovar. (Eu acho que ele só quer liberar de vez o estado pra fazer o que ele bem entender com a vida dos outros, mas você pode dizer que isso é uma questão de interpretação. Risos). "Até aí, só parece uma versão mais radicalizada da idéia de que os mercados são capazes de se auto-regulamentar e que o progresso humano é resultado da liberação dos egoísmos individuais, como dizia Adam Smith, ainda no século XVIII." Mercados são formados por pessoas perseguindo os seus próprios objetivos, se essa busca acontecer sem a iniciação de agressão sobre o outro, qual o problema? Ou o ser humano não é um fim em si mesmo e deve se submeter à vontade da maioria? O indivíduo dono de si mesmo, eis a mensagem libertária que o Paulo Moreira Leite considera algo terrível, coisa de gente desequilibrada mesmo. "A coisa já fica um pouco mais complicada quando se descobre que Ron Paul também defende a abolição da legislação dos direitos civis, de 1964, a primeira que protege o país contra os crimes de racismo." O racismo é um coletivismo tosco que faz juízo de valor sobre algo fora do controle da pessoa - ninguém escolhe a sua origem - ignorando o livre-arbítrio. Agora, a liberdade não existe apenas pra que as pessoas concordem umas com as outras, se elas respeitarem o espaço (propriedade) das demais, elas têm o direito de ser toscas (racistas). "Vamos esclarecer. Ele não questiona a legislação sobre cotas, que rende polêmica até hoje e é combatida pela maioria dos políticos republicanos." Ele é contra o racismo, por isso é contra as cotas racistas. "Seu ponto é anterior. Ele questiona a idéia de que se possa punir crimes considerados racistas e que o Estado deva tomar medidas contra discriminação." Um crime é um crime, se alguém mata ou agride um branco, um preto, um índio, um gay, um judeu ou quem quer que seja, é crime do mesmo jeito. Igualdade perante a lei, é o que o Ron Paul defende. "Até aqui, temos o seguinte: o Estado não pode ter um banco para definir os juros, proteger o emprego e a moeda, como está inscrito no estatuto do Federal Reserve." "Proteger o emprego"? Faz-me rir, só se for o dos banqueiros e o dos burocratas do Fed. "Proteger a moeda"? Continue mais um pouco com essas políticas keynesianas inflacionárias e deficitárias pra ver o que acontece com o dólar. "Fazer isso é interferir na liberdade do mercado." E não é? "A legislação dos direitos civis interfere na liberdade dos cidadãos." Sim, é uma legislação contraproducente, mais uma entre tantas que têm o efeito contrário ao pretendido. "Liberdade para quê mesmo?" Pra cada um perseguir os seus próprios objetivos cooperando com os outros sem a coerção estatal. "Descobriu-se, recentemente, que Ron Paul matinha uma longa correspondencia junto a eleitores, e que ali se alimentava o racismo contra negros e também contra judeus." Calúnia e alguns lapsos no português. "Entre seus aliados de campanha — que tem mais liberdade para dizer com clareza aquilo que o candidato não afirma de maneira explícita — há quem se queixe que o Federal Reserve seja dirigido “por judeus” ou que considere Martin Luther King uma presença lamentável na história americana." O problema do Fed não é ele ser supostamente comandado por judeus, isso é irrelevante e não diz nada sobre as suas políticas destrutivas. Sobre o Martin Luther King, nunca ouvi nada a respeito, mas e daí se alguém que apóia o Ron Paul não gosta dele? "Diante de revelações tão constrangedoras, Ron Paul tem dito que não era o autor desses textos racistas, que atribui a assessores que escreviam aquilo que não pensava." A oposição às idéias libertárias se agarra a essa história mal contada na esperança de que as pessoas nem considerem o que o Ron Paul tem na realidade a dizer. É como diz o Janer Cristaldo, luta de classes morta, luta de raças posta. "A credibilidade das explicações é baixa, já que os textos foram divulgados em seu nome, por mais de dez anos." (http://www.youtube.com/watch?v=axN53qCJChY&feature=channel_video_title) "Outro aspecto é que estes argumentos são coerentes com a visão principal dos fanáticos do mercado, para quem os direitos do indivíduo estão acima dos direitos da coletividade." Quais seriam os direitos da coletividade? Quais seriam os direitos específicos da coletividade dos negros, brancos, índios, orientais, advogados, jogadores de futebol, bocha, surfistas, sambistas, cambistas, indies, hipsters, bigodudos, vegans, cabeludos, carecas e flanelinhas? Não existem direitos coletivos, apenas os indivíduos (todos eles) têm direitos. Ou deveriam ter. "Para impedir a ação do Estado em nome da liberdade de cada um, sua proposta chega à fronteira do crime." Cuma? "Nessa visão de mundo, nenhuma lei tem o direito de impedir um ser humano de impor seus interesses e vontades sobre outro ser humano." Muito, mas muito pelo contrário. Nessa visão de mundo, ninguém tem o direito de impor seus interesses e vontades sobre um outro ser humano, o problema pro Paulo Moreira Leite é que essa regra inclui o governo. "Isso inclui, naturalmente, formas selvagens e inaceitáveis de coerção, desde que sejam feitas de forma privada e não pelos poderes públicos, considerados malignos por natureza." Não, se a relação acontecer de forma voluntária, não há coerção. Se há coerção, há crime, mas o colunista inverte as coisas e finge que o seu querido governo não se baseia justamente no monopólio da coerção. "Embora se apresente como advogado da liberdade individual, Ron Paul defende o governo do mais forte." Então o PML acha que o governo protege o mais fraco? Sério mesmo? Quer dizer então que aqueles políticos em Brasília são seres abnegados e altruístas que não pensam um segundo sequer em seus próprios interesses? E os libertários é que são ingênuos? "É o candidato do capitalismo selvagem." É o candidato que defende com mais consistência a liberdade individual, se isso desagrada os que querem mais controle governamental, paciência. (http://colunas.revistaepoca.globo.com/paulomoreiraleite/2012/01/03/ron-paul-quer-o-governo-do-mais-forte/)