Thursday, December 09, 2010

Recessões (6)

Você ouve um amigo dizendo que investiu em imóveis porque os preços estão sempre subindo, não tem erro, você compra agora e vende depois, sem problema, vai dar lucro com certeza. Veja os gráficos e estatísticas recentes, os números não mentem, certo? Quando os imóveis disponíveis não derem mais conta da procura, você compra então empreendimentos na planta por um preço muito abaixo do que você imagina que terão quando estiverem prontos, um negócio da China, fala sério. Só que algo acontece no meio do caminho e aquilo que parecia lucro de repente se transforma em prejuízo, os bancos páram de emprestar, os financiamentos - que antes eram a perder de vista - secam e todo aquele investimento vira pó. É complicado, porque não foi um erro de cálculo de A ou B, todos parecem ter errado ao mesmo tempo e ao invés dos preços continuarem subindo como nos anos anteriores, eles de repente caem, a recessão chega. O que aconteceu? Como explicar a razão de todos terem errado ao mesmo tempo? Talvez algo em comum a todos tenha sido deliberadamente manipulado... Mas o quê (dinheiro) e por quem (governo)? A última recessão americana, por exemplo. Como se deu essa manipulação? Com o Banco Central americano praticamente zerando os juros por vários anos, os mesmos anos do boom dos imóveis. Não vou discutir agora os motivos do Fed fazer isso, mas o fato é que o crédito fácil inundou o mercado e fez parecerem viáveis - como miragens - empreendimentos que seriam inviáveis caso a taxa de juros não tivesse sido artificialmente zerada. E por que os juros são tão importantes? Porque eles transmitem o preço do dinheiro, o preço que informa a disponibilidade de recursos pra investimento numa economia. Se o nível de poupança é alto, os juros serão baixos e vice versa. Se essa taxa é manipulada pra baixo, as pessoas imaginam uma abundância de capital que não existe. Quando o clima de euforia passa e isso fica claro, o crédito se retrai e tem início a recessão, um período de ressaca em que os preços tentam se ajustar à realidade.

Wednesday, December 08, 2010

Monopólios (5)

Outra confusão espalhada por aí sobre o livre-mercado é a de que ele levaria inevitavelmente à formação de monopólios. Claro que, muitas vezes, isso vem da boca de quem deseja o governo monopolizando tudo, mas beleza, a bronca é livre, pelo menos no sistema que defendo. Quem, como eu, assiste o seriado 30 Rock, sabe que a GE controla diversas companhias que criam desde microondas até perucas, o que dá margem pra muitas piadas. Agora, por maior que seja essa corporação, ela não tem o monopólio de nenhum desses mercados, ninguém tem, a não ser que o governo interfira no processo beneficiando X e prejudicando o resto do alfabeto. Os anti-capitalistas argumentam que as empresas maiores comprariam as menores até terem o domínio completo do mercado pra então prejudicar os consumidores com preços altos e outras maldades. Um caso famoso foi a fusão entre Brahma e Antártica. "A Ambev é detentora de um grande número de marcas nos segmentos onde atua. Estas marcas são originárias das diversas empresas que foram incorporadas durante o crescimento da mesma." São, sei lá, umas 20 cervejas diferentes entre nacionais e importadas, todas sob o controle desse conglomerado. Há um monopólio no setor? Nem perto disso, dezenas de outras cervejas continuam competindo, porque - a não ser que o governo torne inviável a entrada de novos participantes com taxas e regulações proibitivas - vai sempre haver espaço pra novas marcas, sabores e estratégias de produção e venda. É irônico, porque logo depois da reclamação contra essa fusão, aconteceu uma explosão de cervejarias artesanais, cervejarias de restaurantes, cervejas disso ou daquilo, "a cerveja é o novo vinho", é o que dizem por aí, prefiro destilados. Se a concorrência nacional não estiver dando conta, basta facilitar a entrada de produtos estrangeiros baixando a tarifa de importação, coisa que não deveria nem existir in the first place, um dia a gente chega lá.

Tuesday, December 07, 2010

"Concorrência desleal" (4)

A melhor maneira de promover a "concorrência leal" é mantendo o mercado o mais livre possível de interferências e subsídios, longe da arbitrariedade dos agentes do governo, qualquer governo. Veja o mercado de sucos de açaí, por exemplo. Se essas lojas tipo Bibi, Big Polis e Pin Pin decidirem se unir e cartelizar o preço do copo de 300 ml (sem granola) a 5 reais - aumentando em, sei lá, 50% a sua margem de lucro - isso vai motivar o surgimento de novos empreendedores que vão enxergar aí a oportunidade de vender os mesmos 300 ml (sem granola) a 3 reais e ainda ter lucro. Isso, claro, se o governo não estabelecer que somente a galera Bibi-Big-Polis-Pin-Pin (BBPPP) tem o direito de comercializar suco de açaí. Se as empresas que quiserem concorrer forem de capital estrangeiro, pode-se alegar "defesa do interesse nacional", porque as pessoas que gostam de beber açaí podem muito bem pagar 2 reais a mais no copo de 300 ml (sem granola) pela glória da indústria tipicamente brasileira de açaí, não é verdade? Óbvio que os estrangeiros podem contratar então um testa de ferro tipicamente brasileiro pra escapar dessa regrinha e cometer o pecado de vender mais barato que a concorrência, mas o lobby da galera BBPPP é forte e pode argumentar que está sofrendo "concorrência desleal", que os estrangeiros estão praticando "dumping" e que "alguém tem que tomar uma providência pra salvar os nossos empregos". O governo, sensível ao sofrimento de um cartel tipicamente brasileiro, decide subsidiá-lo, pra que ele tenha condição de enfrentar a competição dos "inimigos", os estrangeiros. Então ao invés de baixar o Custo Brasil pra tornar as empresas nacionais competitivas, o governo obriga o fã de açaí a pagar duas vezes: no copo de 300 ml (sem granola) subsidiado e no subsídio em si. Quem realmente sofre "concorrência desleal" tem a língua colorida, só digo isso.

Monday, December 06, 2010

Uma minoria perseguida: os empreendedores (3)

Demora-se em média 152 dias pra se abrir uma empresa no Brasil, fora o baile dos impostos. "Na prática, pra abrir uma empresa no Brasil é necessário pagar de 12 a 16 taxas e obter 43 documentos." Pra fechar a empresa que não deu certo, o processo é 12 vezes ainda mais lento, o que faz com que 80% desses empreendimentos não dêem sequer baixa nos órgãos públicos, criando uma confusão burocrática de custos diretos e indiretos difíceis de calcular. Faz sentido, depois de zerar a sua poupança e ir à falência, o empresário não tem mais dinheiro ou energia pra enfrentar outra via crucis. Esses números apenas ilustram o modo como a livre-iniciativa é encarada no Brasil, com desconfiança e, muitas vezes, hostilidade. Isso acontece por diversos motivos, mas algumas incompreensões do processo econômico são cruciais pro estabelecimento dessa cultura anti-empreendedorismo. Pra começar, a noção de que o empregador "explora" o empregado. Cria-se então milhares de regrinhas de como as relações trabalhistas devem ser, o que encarece e atrasa um processo que deveria ser dinâmico. Na verdade, empregado e empregador "exploram-se" mutuamente, o empregador aumentando a produtividade com o empregado e o empregado beneficiando-se da acumulação prévia de capital do empregador. Só que esse benefício só acontece se o negócio prosperar e der lucro, o que a cultura anti-capitalista faz de tudo pra evitar. Depois de tentar proteger os empregados dos empregadores, a mentalidade pró-controle tenta proteger os consumidores dos produtos e serviços oferecidos pelos empresários. São criadas então mais milhares de outras regrinhas que o empreendedor vai ser obrigado a cumprir caso não queira receber uma visita ainda mais onerosa dos representantes do governo, os fiscais. Pense na margem que isso dá pra corrupção. É como se fosse do interesse de um dono de restaurante, por exemplo, servir comida estragada aos seus clientes. Não é, como pretendo demonstrar nesta série de textos.

Monday, November 29, 2010

Olinda

Na praça que fica no início do centro histórico, o carro de som com todos os seus 15 megafones anunciava a realização na cidade da Fliporto, evento literário em que artistas e intelectuais provavelmente cantariam as glórias desta terra abençoada, salve salve o dinheiro público que viabilizou o evento - you better put me on a good spot, brother - uma mão lava a outra, sabe como é. Bom mesmo ficar atento, porque aquela área é onde mais se mata no Brasil e os noticiários locais não me deixavam mentir, o bicho pega mesmo quando os amigos do povo estão no poder. Incrível a quantidade de adesivos da Dilma, dava pra fazer um tumblr maneiro com o tema. A cidade tava vazia, mas a música não podia parar. Não descobrimos de onde vinha aquele som que tocava todas as tardes, mas desconfiamos que era obra do G.R.E.S. Preto Velho, que fica no alto do centro histórico. Ao contrário dos guias locais que ficavam perturbando os poucos turistas em busca de algum caraminguá, a música não nos incomodou em nada, numa vaibe meio fanfarra hipnótica, trilha sonora que embalava os descansos pós-caminhadas pelo sobe e desce de Olinda. Se existe algo universal em qualquer cidade, são os seus cachorros de rua. Não, existem muitas outras coisas em comum, mas não resisti ao clichê. Esse aí - a coleira indica - tem dono e parecia muito orgulhoso do seu quarteirão, mas fazia tanto sol que foi se refugiar na sombra da entrada de uma das casas. O céu parecia estar sempre azul e os restaurantes pareciam estar sempre fechados ou vazios, padrões constantes em nossa passagem pela cidade. Sol na moleira e dificuldade em achar um lugar pra comer. Agora uma explicação: o que essa reclamação tem a ver com a imagem do simpaticão? Eis a questão. A vista do mar no alto do centro histórico era bem bonita, essa é a visão desde a sede da prefeitura, que parecia, de dia, ser o ponto mais movimentado da cidade. Ouvia-se as pessoas falando que tinham que resolver isso ou aquilo com o prefeito - "eu conheço o homem, vai dar tudo certo" - até que, de repente, o tempo virou e veio uma daquelas chuvas que eu agradeceria aos céus se isso fizesse alguma diferença. O vapor subiu e a temperatura baixou. Uma exibição dos bonecos de mamulengo ficava exatamente na sede da prefeitura e o funcionário do lugar explicava que aqueles bonecos é que eram "tipicamente brasileiros, porque influenciados por X ou Y", ao contrário dos bonecos mais ao sul do país, "influenciados por W ou Z". De onde vem essa ânsia em delimitar e subsidiar o que é ou não é "tipicamente brasileiro"? O museu dos bonecos "tipicamente brasileiros" ficava mesmo no lugar certo, porque não há nada que paralise mais a cultura de um lugar que o seu governo decidindo o que é ou não é cultura. A cultura é dinâmica e não obedece fronteiras ou autoridades, gente, ou melhor, ôxente, ou melhor, ôxe.

Thursday, November 25, 2010

O que é o capitalismo? (2)

Não sei se foi Marx quem inventou esse termo, mas foi ele quem certamente o popularizou. Falo em "capitalismo", mas poderia falar em liberalismo, livre-mercadismo, laissez-faire ou libertarianismo, que não são exatamente sinônimos, mas representam mais ou menos a mesma idéia. Segundo Marx, a história do capitalismo se desenvolve através da "luta de classes" entre opressores (burgueses) e oprimidos (proletários), com os burgueses "explorando" os proletários através da "mais-valia" (lucro). Esse esquema mental é muito popular, sendo adotado por aí de maneira consciente ou não, mas não resiste a uma análise lógica simples, por exemplo: uma diarista, dizem os marxistas, é "explorada" pelos seus patrões, que contratam os seus serviços por X reais por dia. Ela concorda em ser "explorada" por esse valor, faz o serviço e recebe então o dinheiro resultado dessa "exploração". Com ele, ela decide comprar mantimentos na quitanda do seu bairro depois de ter feito as unhas numa manicure. Pergunta aos marxistas: a diarista também "explorou" o dono da quitanda e a manicure ao contratar os seus serviços? Não, ninguém "explorou" ninguém no processo, as pessoas trocaram bens e serviços de maneira voluntária baseadas em seus próprios interesses e necessidades. A dona da casa onde a diarista trabalha não tem poder algum sobre ela a não ser nos termos acordados. A diarista presta um serviço e em troca recebe um valor. Não há coerção entre as partes, há uma troca. Quando compra pão, requeijão e refrigerante na quitanda, ela não está "oprimindo" o quitandeiro, eles estão realizando uma troca voluntária em que ambos saem satisfeitos, caso contrário não a realizariam. Não há conflito entre ela e a manicure, há cooperação. Não respondi exatamente o que é o capitalismo, mas esse último raciocínio dá uma boa pista a respeito.

Wednesday, November 24, 2010

Capitalismo: o ideal desconhecido (1)

Uma pessoa fala uma coisa, a outra entende outra e um monte de diferenças de percepção e preconceitos interditam a discussão. Ok, vamos celebrar as diferenças, mas se a nossa diferença envolver o uso da força de um sobre o outro, vai acontecer um impasse que tenta-se resolver através da política, do jogo de poder que determina como se deve e quem deve exercer esse uso da força. A paz não se impõe com uma arma, mas a paz impõe o uso da arma em legítima defesa. Ou seja, você não pode iniciar agressão, essa é a lei. Caso inicie, uma agressão proporcional contra você é justificada. Há um intenso debate sobre as culpas disso ou daquilo, a origem da propriedade de X ou Y, a escravidão, as capitanias hereditárias, a guerra contra as drogas, a legitimidade do estado e etc. Beleza. O que estou dizendo é que há uma lei acima das ações e papéis dos governos de todas as épocas e lugares que pode-se chamar de "natural", que estabelece que você não pode matar, roubar ou enganar o outro. "Natural" porque não se pode fazer com os outros o que não se quer que façam com você. Ou você quer ser morto, roubado ou enganado? As particularidades e circunstâncias podem justificar algum positivismo nas regras, mas a essência da lei deve seguir esse princípio de não agressão, que "é um princípio ético e jurídico, paralelo ao da propriedade de si mesmo, que sustenta que deve ser legal para qualquer indivíduo fazer o que deseje, sempre que não inicie (nem ameace) violência contra a pessoa ou a propriedade de outro indivíduo. Afirma que a coação - definida como o início de força física, a ameaça de tal, ou a fraude às pessoas ou seus bens pacificamente adquiridos - é intrinsecamente ilegítima e deve ser recusada. O princípio não se opõe à defesa contra a agressão, ao invés, a respalda e legitima." Ou seja, a liberdade de um termina quando começa a do outro. Pretendo demonstrar nos próximos posts, usando como gancho os capítulos do livro da Ayn Rand, que o capitalismo - corretamente compreendido - é o único sistema compatível com o princípio de não agressão.

Tuesday, October 26, 2010

Primavera dos Livros 2

Então passei o cartão com 40% de desconto - lindo projeto gráfico o do livro, realmente - não tem problema, essa máquina é intuitiva e anti-idiota. Se bem que na hora de selecionar entre débito e crédito a coisa não fica clara, não tinha botão pra cima ou pra baixo, tinha que apertar um outro com uma parada escrita que não tinha nada a ver. Fica aqui como dica pra melhoria do serviço pro pessoal da empresa responsável. Sacanagem o RJTV não divulgar o evento, alguém tem que tomar uma Providência, a garrafa no varejo custa uns 40 reais, sem 40% de desconto, 50% pra professor. Não, não vou me cansar dessas piadinhas, chegam a ser "piadinhas"? Não, servem pra desanuviar o ambiente da feira na sexta-feira tinha música ambiente, com muito rock, samba e MPB da melhor qualidade, comando do Garotinho. Conservador como o Caetano? Você quer dizer liberal? Podia ser mais, bem mais. Disse que pior que um comunista, só um anti-comunista. Como assim? Então o cara que critica o Fidel é "pior" que o Fidel? Até o Fidel critica o Fidel, fez um mea culpa incrível que não teve a repercussão que deveria ter tido. Viu, 3 variações de um mesmo verbo numa mesma frase. Aliás, por que a Caros Amigos tinha o estande mais destacado da feira? (risos) Não consigo deixar de falar de política porque a política é uma arena (e não estande) comum a todos nós, QUEIRAMOS OU NÃO WE ARE ALL GOING TO DIE. Então enquanto a gente não morre é importante estabelecer parâmetros legislatórios de acordo com análises lógicas e qualificadas sobre a estrutura da realidade, faliu bonito, quer dizer, falou bonito. Não, não compro livro. Quer dizer, até compro, mas poucos, pra ler antes de dormir, minha biblioteca é a internet. Não subestimo os clássicos não, não coloque palavras na minha boca, eles também estão na internet. Propriedade intelectual? Assunto delicado, nem tanto quanto o a... deixa disso, vamos falar das flores desta estação maravilhosa, a primavera. Aliás, estamos mesmo na primavera, seu Google? Tinha uma flor no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma flor. Uma versão mais otimista da pedra no meio do caminho faz o cara se perguntar: que pedra? Pedra que rola não cria limo, sacou bicho? Vai rolando e criando um atrito que remove o limo, uma metáfora sobre a sociedade contemporânea careta e conservadora diferente daqueles loucos anos 60, antes da AIDS e do aquecimento global. Ok, agora eu estou sendo deliberadamente chato. Mas o Dr. Feelgood é outro cara, aquele de laquê, maquiagem e cheio de dentes. Ainda bem, depois de beber um açaí é bom mesmo escovar a dentadura 0800 com o crachá da firma, se lembra do Bozó? Bozo e Bozó, duas figuras diferentes, se liga na missão, os caras não reconhecem um fato como verdadeiro se ele não for útil à causa, não te disseram a vida inteira que a verdade não existia? Então, vai vendo.

Monday, October 25, 2010

Primavera dos Livros

O homem parou, olhou, pegou o panfleto e se encaminhou pro outro estande onde estava uma bela mulher. Num relance, seus olhares se cruzaram e se estabeleceu que "se estabeleceu" não segue a norma culta estabeleceu-se que é. Li umas poesias lá. Por não falar nisso, viu-se ainda algum orgulho com o Lula e o PT, pessoas com adesivos da Dilma e um casal fantasiado com bandeira e tudo se encaminhando pro estande da Caros Amigos conferenciar com cineastas e outros militantes da causa. A causa? O controle da sua vida, caro leitor. Quer dizer então que o gigante gentil jogou longe aquele jornalista famoso cujo nome não vou revelar porque não quero fazer frases longas, eu mesmo esqueci do que tava falando. Claro que não, ele não teve nenhuma intenção, foi pura energia rock'n'roll numa roda de pogo combinada com o corpo robusto de um e a formação mirrada do outro, adjetivação plenamente justificada, pode confiar. "Falei com todos os médicos do Botafogo e posso te garantir que o Garrincha e outros jogadores faziam infiltração no joelho. Só que não foi isso que mais o prejudicou." A gente sabe beber no almoço antes da feira e curtir um anoitecer junto com os gansos no lago de frente pra gruta. O ambiente é legal onde o Getúlio deu um tiro na cabeça. Mas na Rua do Catete, uma meia dúzia vinha me abordar pedindo dinheiro e quase levei um estabaco na pedra derrapante da calçada. "nA PEDRA derrapante DA CALÇada", hoje eu tô muito literato. Porque eu não tenho costume de ler livros de ficção, quem perguntou, né? Ninguém precisa perguntar, por isso escrevo aqui. O suporte físico não vai morrer, mas vai virar um negócio de colecionador essa coisa do governo ser o maior comprador, tô falando dos livros de um modo um tanto torto pra retomar o fio da meada. Tá vendo, já esqueci do que eu tava falando... Esqueci nada, é só charme. Ir pra São Paulo ver o Pavement? Tocar violino no show da PELVs, agora não sei se é violino ou rabeca, mas, em todo caso, vou encher isso aqui de vírgulas e botar a maior pilha indie, a pírgulindie. Não sei se chega a rolar pogo num show do Pavement, mas só em falar POGO I feel young again. You're still young, dummie. Well... É, entabula um papo sobre a morte, a gente taí pra isso mesmo, levantar o astral da rapaziada, o desconto é de 40%, 50% pros professores. Sim, vou confiar na sua palavra, nem a chefia pede documentação, sou apenas uma mola nessa grande engrenagem que é o SISTEMA, obrigado pela oportunidade. O cara do Vasco foi expulso? Beleza, vai rolar uma pressão e o Flamengo logo empata, futebol também é cultura, pô. Leia o Vermelho e o Negro do Ruy Castro pra ver como o Flamengo tem uma linda história, não eram só playboyzinhos dissidentes do Fluminense, falar de futebol é muito mais confortável que de política. E o tempo, hein? Não, não vou me calar. Quer dizer, vou falar quando sentir necessidade, as pessoas com crachá não pagam pra usar o banheiro, 1 real. TOO REAL. 5 aplausos, declamando minhas entranhas estranhas na tenda em frente à carrocinha do Geneal. Sim, é genial. Sem catchup, por favor. I'll catch you up later. See, it never ends... No, it ends.

Sunday, October 17, 2010

A lógica dos 7 pecados

Não tenho religião, não acredito em Deus, em "força superior" que não seja a natureza, em mundo numenal, espiritismo ou em misticismo de qualquer ordem. Não sei como o universo foi acontecer, ninguém sabe, sei que a Terra é um planeta privilegiado por ter tido condições de criar vida e, sobretudo, vida com consciência - o que torna tudo divertido e angustiante ao mesmo tempo. Como não temos todas as respostas, especulamos, pesquisamos e alguns criam seres sobrenaturais pra lidar com o desconhecido, a crença é livre e é bom que continue assim. A força da religião pode se assentar em bases duvidosas (fé), mas alguns dos seus princípios funcionam porque fazem sentido, porque são importantes pra preservação da vida humana. IRA - Se o camarada tá sempre nervoso, é porque tá rolando um desequilíbrio sério, que se revela na forma de, por exemplo, hipertensão e stress, dificultando o bombeamento de sangue pelo coração. Isso também o afasta das outras pessoas, porque ninguém quer ficar perto de quem pode explodir a qualquer momento. Sem falar que a agressividade de um pode potencializar a agressividade do outro, com resultados imprevisíveis. GULA - A forma física não é uma coisa meramente estética (apesar da estética também ser importante), ela interfere na sua qualidade e quantidade de vida. Sei que soa clichê, mas clichês são clichês por um motivo. A comida é uma necessidade, mas depois de um certo ponto ela se acumula como gordura, um mecanismo que fazia sentido em épocas de escassez, o que não é o caso agora com toda oferta de alimentos. INVEJA - Sentimento negativo porque corrói o camarada por dentro, afetando a sua auto-estima. Quer dizer, a sua auto-estima já não devia estar lá essas coisas pra ele sentir inveja de alguém, retroalimentando um ciclo vicioso. A inveja pode gerar atitudes destrutivas, porque o camarada se sente no direito de rebaixar, nem que seja à força, o invejado. ORGULHO - Melhor seria "soberba", porque orgulho próprio, quando justificado, é algo bom e virtuoso. Lembro quando eu tava tranquilo no mar de Lopes Mendes e, de repente, rolou uma correnteza forte me tirando o pé e o controle do que tava acontecendo. Tentava voltar pro raso e não conseguia, o mar era mais forte que eu. A minha soberba podia ter me prejudicado ali, porque me recusei a pedir ajuda. Consegui sobreviver, mas foi por pouco. AVAREZA - "É o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano." Nada que é "descontrolado" quando se tem a possibilidade de controle pode ser bom. Sobre deixar "Deus em segundo plano", me parece uma forma oblíqua de se justificar o dízimo, mas beleza, um neurótico como o Tio Patinhas não deve mesmo ser exemplo pra ninguém. PREGUIÇA - Se você quer manter a sua vida, você precisa agir. A vida não se mantém apenas com a força do pensamento, mesmo os monges tibetanos plantam e colhem. A preguiça também pode ser mental, o que prejudica a ação, uma vez que os atos são guiados pelos valores e pensamentos determinados pelo processo de reflexão. LUXÚRIA - O sexo é uma coisa séria, muito boa, mas séria. Se você se entregar às delícias sexuais sem nenhum critério, pode contrair uma doença ou um filho indesejado. Isso vai atentar contra a sua própria vida e a vida de quem ainda não viu a luz do dia. Você também pode trair a confiança de alguém, perdendo laços importantes. A religião não é a verdade, mas pode conter muitas verdades, o lance é saber separar o joio do trigo.

Thursday, October 07, 2010

Contradições e inconsistências lógicas

Época de eleição é uma maravilha em matéria de enrolação, contradição e inconsistências lógicas em geral, sem falar nas mentiras puras e simples. Os candidatos falam o que as pessoas querem ouvir, o lance é prometer isso e aquilo pra agradar o máximo de eleitores. Democracia, um arranjo delicado que pode descambar com muita facilidade pra uma ditadura da maioria ou pra uma ditadura de uma minoria que soube manipular a maioria. Como a ideologia que norteou os sonhos de mudança no século passado (socialismo) foi um fracasso óbvio e a alternativa (capitalismo) é quase que unanimamente rejeitada pela galera intelectual - que não vai fazer um mea culpa nessa altura do campeonato e dizer que "realmente, lutei minha vida inteira por uma causa furada" - o pragmatismo passou a ser a filosofia não declarada da vez, o que faz bastante sentido, porque ela não propõe nada específico, pragmatismo é tudo aquilo "que dá resultado". Resultado pra quem? Pra quem tem o poder, claro. Então, como diria um blogueiro progressista, a política estabelece a moral, ou seja, quem tem o poder determina o que é certo e o que é errado. Como não dispõem de instrumentos teóricos consistentes e coerentes (descartados de antemão como dogmatismo) - por causa da desconfiança criada pela diferença entre os objetivos alardeados pelo socialismo e os seus resultados práticos - as pessoas então misturam as estações, defendendo uma coisa numa hora e contradizendo-a logo em seguida. Os políticos fazem isso de caso pensado, a maioria dos eleitores, não.

Tuesday, October 05, 2010

Questão de crença ou conhecimento

"Capitalismo ou socialismo? Ah, questão de crença." Não é questão de crença, é questão de conhecimento. Você acreditar, por exemplo, em cientologia é questão de crença, não tem como verificar se "vários planetas se reuniram há 75 milhões de anos numa confederação das galáxias, governada por um líder maléfico chamado Xenu. Como os planetas estavam com problemas de superpopulação, Xenu mandou bilhões de seus habitantes para Terra, em espaçonaves parecidas com os Douglas DC-8, onde foram jogados dentro de vulcões e mortos com bombas de hidrogênio. Seus espíritos foram recapturados e reunidos em cachos (como uvas, ou talvez bananas) - chamados de "thetans" (em português, "tetões") - os seres humanos." Você pode achar isso ridículo, mas o Tom Cruise acredita. Adianta eu ficar falando em teste de falseabilidade pra quem dá crédito a uma história dessas? Não, isso é crença. Dizer que a estatização dos meios de produção não funciona pros fins desejados (abundância material) não é questão de crença, é questão de conhecimento, tanto da teoria quanto da prática. É "crença" no sentido de acreditar que o socialismo não funciona, mas se essa "crença" é confirmada pelos fatos, vira então conhecimento. Controle de preços pelo governo resulta em escassez e em mercado paralelo, isso não é mera "crença", é conhecimento da ciência econômica. "Crença" é achar que, mesmo com todos os exemplos contrários, o próximo controle governamental de preços vai dar certo.

Monday, October 04, 2010

Discutindo Ayn Rand

Rand começa dizendo que a Idade Média foi regida pelo misticismo, numa época em que a filosofia era considerada uma extensão da teologia, relacionando a forte influência de Platão com Santo Agostinho, "um platônico". O renascimento da filosofia de Aristóteles se deu, segundo Rand, via São Tomás de Aquino, "que trouxe de volta a parte principal da filosofia de Aristóteles, a epistemologia (lógica e razão)". [esse descolamento da parte mais platônica da religião coincidiu, não por acaso, com o surgimento do renascimento e o fim da idade média, evidenciando a importância da base filosófica na "vida prática"] O entrevistador então pergunta a opinião de Rand sobre a influência de Kant na filosofia. Ela explica que Kant desenvolveu um esquema falso, que desqualifica a mente humana ao descrever a realidade como uma ilusão criada pela percepção. Para Kant, o homem não seria capaz de "ver as coisas como elas são", um ataque, segundo Rand, ao poder da consciência, "negando a realidade e a validade das nossas percepções". [sem falar naquela divisão entre o mundo numenal e fenomenal, o fenomenal sendo aquele em que vivemos, onde não conseguimos "ver as coisas como elas são", ao contrário do numenal, onde conseguiríamos ver the real deal se essa dimensão fora do nosso alcance realmente existisse. Kant queria assim justificar o misticismo e os seus mundos incognoscíveis através de uma "razão pura"] O entrevistador menciona as duas personificações mais presentes no exercício do poder ao longo da história segundo a própria Rand, os chamados Átilas e os Feiticeiros (witch doctors). Ela diz que a razão é a única forma de se perceber a realidade ao integrar o material fornecido pelos sentidos. A razão, porém, não funciona automaticamente, ela tem um caráter volitivo. A maioria das culturas, ela continua, foi governada pelos chamados witch doctors, que "são guiados não pela razão, mas pelas suas emoções, funcionando com base na fé", uma crença sem evidência que encaram como guia no mundo real. [me desculpem os amigos religiosos, mas a fé é um salto no escuro que, parafraseando Kant, não tem a ver "com as coisas como elas são". claro que existem religiões mais civilizadas e menos irracionais que outras - e a liberdade religiosa é um valor inegociável - mas todas são irracionais. não estou dizendo que todo religioso é irracional, estou dizendo que buscar a verdade a partir da fé é irracional] Como tem que lidar com os outros homens, o witch doctor acaba se juntando ao Átila, "seu aliado natural, o chefe primitivo de uma tribo que age sempre no calor do momento, se recusando a considerar idéias, princípios ou abstrações". Os Átilas, "os gangsters, os ditadores e os chefes militares", lidam com os outros na base da força. "Em qualquer época da história e na maioria dos lugares, o poder foi exercido por uma aliança entre os witch doctors e os Átilas". [veja a nossa eleição, por exemplo, e o esforço feito pelos candidatos pra agradar, ou ao menos não desagradar muito, os líderes religiosos. veja a aliança entre Lula e Edir Macedo, o presidente que usa a força do poder pra impor a sua agenda e o bispo que usa a força da fé pra angariar mais poder] O homem da fé dando a sanção moral pra que o homem da força a imponha. Na sociedade atual se vê o mesmo fenômeno, e ela cita os "leftists, liberals and socialist intellectuals" como sendo os novos-místicos que tentam justificar o uso da força, porque - como Kant - não reconhecem a validade da razão. [os esquerdistas se acham muito sensíveis e humanistas, mas a sua agenda só se realiza com o uso da força. se você quer equalizar a sociedade de cima pra baixo, enfraquecendo uns e fortalecendo outros, você vai ter necessariamente que ter mais força que todos os outros, numa coerção-compassiva (a hipótese otimista)] O entrevistador então pergunta por que os místicos precisariam dos homens da força. Como colocam as emoções em primeiro lugar e negam os fatos, explica Rand, os místicos não conseguem lidar com a realidade e, por isso mesmo, formam uma aliança com os Átilas, que os protegem e impõem os seus dogmas. [uma das conquistas do iluminismo - e uma das consequências do renascimento - foi a separação entre o estado e a igreja. claro que nem todos os lugares chegaram lá, veja o mundo muçulmano] (http://www.youtube.com/watch?v=lrr2wfm4fNY)

Wednesday, September 22, 2010

Pra quem "não acredita" em ideais

"Não acredito em ideais, muito menos universais." Há todo tipo de ideal, mas alguns são prioritários se você valoriza a sua vida - e você a valoriza, por mais que racionalize esse fato. Sabe como é, a mente também tem o poder de "negar" o poder da mente. O ideal é ter saúde e não doença. O ideal é fazer parte de relações voluntárias e não compulsórias. O ideal é que ninguém te roube, engane, agrida ou mate, certo? Se a gente universalizar esses ideais, chegamos à conclusão de que ninguém quer ser roubado, enganado, agredido ou assassinado, de que todos preferem a saúde à doença, o entendimento à coerção. Se o ideal nem sempre é alcançado, isso não o invalida, ele continua ali servindo como um norte. Imagino que quem diz "não acreditar em ideais" esteja se referindo especificamente à ideologia política, como se a hegemonia desse ou daquele "ismo" não tivesse nenhuma relação com esse ideal de valorização e preservação da vida - o que me leva a um outro raciocínio muito comum. Alguém escreveu "estatização é o caralho" pra desqualificar um candidato à presidência e logo depois, pra mostrar que também não acredita nesse papo de ideologia, tascou um "e privatização é o meu ovo esquerdo." Temos aí claramente a contraposição entre o socialismo (estatização) e o capitalismo (privatização). Essa é a questão política fundamental e quem diz que "tanto faz" está ignorando as implicações práticas dessas visões, porque cada uma delas trata do modo como o poder deve ser exercido e existem diversos exemplos históricos de como essas ideologias contraditórias influenciaram e influenciam a qualidade de vida mundo afora. Ou você toma a decisão de usar a sua capacidade pra julgar esses resultados ou permanece preso num cinismo relativista que coloca tudo num mesmo saco, sem perceber as consequências que essa atitude pode causar sobre a sua própria sobrevivência e felicidade.

Tuesday, September 21, 2010

O welfare state e a xenofobia

Como previsto pela lógica econômica, o welfare state europeu está promovendo uma escalada da xenofobia. A reportagem do O Globo, um primor de desinformação, anuncia que o resultado das eleições na Suécia "abalou os pilares da tolerância e consolidou uma guinada à direita no maior ícone europeu da social-democracia." Isso quer dizer que, no dicionário político do repórter (a matéria não é assinada), a esquerda representa a "tolerância" e a direita representa a "intolerância". Sei. Primeiro a reportagem avisa que a EXTREMA-DIREITA-ULTRA-CONSERVADORA-RUN-TO-THE-HILLS ganhou da esquerda boazinha, mas logo depois esclarece que "a direita sueca parece ter caminhado para o centro em seu discurso". Tá confuso o repórter, mas a coisa não é complicada de entender. O que é o welfare state? É um sistema em que o governo tenta garantir um mínimo de "bem-estar" ao cidadão, mesmo que ele não trabalhe ou tenha uma fonte de renda. Essas garantias são bancadas pelos impostos sobre o setor produtivo e o arranjo funciona se esses gastos não excederem a receita. Acontece que essa alta carga tributária acaba tirando a competitividade das empresas ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas recebendo os benefícios. Essa encruzilhada contábil se complica ainda mais quando chega muita gente de fora atrás desse "bem-estar", quem não quer receber sem trabalhar? Se esses imigrantes (100 mil por ano) têm muitos filhos e se recusam a assimilar os costumes locais, a bomba está armada, a conta não fecha mais. Aí os benefícios diminuem - "temos que apertar os cintos" - e a frustração generalizada vai buscar bodes expiatórios. "Se eu for eleito, vou limitar a entrada dos muçulmanos pra que os filhos legítimos desta terra mantenham o seu estilo de vida." Voilá, o welfare state, que prometia almoço grátis, agora fecha as portas.

Monday, September 20, 2010

Progressives, conservatives and libertarians

Uma das dificuldades de se debater política é a falta de uma conceituação clara das palavras, de se estabelecer de maneira objetiva o que se está dizendo. Sem isso, as discussões ficam vagando perdidas num espaço etéreo, contribuindo pro disse-me-disse emocional que inviabiliza de antemão um debate que não trate apenas dos fins pretendidos, mas dos meios utilizados pra alcançar esses fins. Claro que todo mundo diz querer um mundo melhor, mais feliz, cheio de paz e prosperidade, mas boas intenções e demonstrações ostensivas de bom mocismo não resolvem o problema. Nos EUA não é diferente, as duas principais forças políticas são chamadas de "progressives" e "conservatives", mas ora bolas, quem no Brasil vai querer ser identificado como um "conservador"? Quase todo mundo aqui é "progressista", mesmo não tendo muita idéia do que seja isso, queremos todos "progredir", não é verdade? Então os "progressives" ficam lá no Partido Democrata tentando estatizar o que puderem da economia americana enquanto apóiam legislações especiais pras minorias e toda aquela agenda que aqui no Brasil é identificada como sendo "de esquerda". O socialismo é "progressista", entenderam? Os "conservatives" ficam lá no Partido Republicano tentando, sem muita convicção, barrar a estatização da economia americana enquanto falam em Deus, em espalhar a democracia mundo afora e toda aquela agenda que aqui no Brasil é identificada como sendo "de direita". Só que há uma terceira força em expansão que advoga a separação do estado da economia e rejeita a noção de minorias e demais grupos de pressão em nome do individualismo, os "libertarians". Esse grupo é relativamente novo e ainda não é plenamente reconhecido ou compreendido pelo mainstream, porque a sua filosofia vai claramente contra diversos interesses estabelecidos. A revista New Yorker fez uma reportagem a respeito cheia de erros e o articulista Jeff Riggenbach, do think tank Mises Institute, condensou algumas das confusões conceituais mais comuns em relação aos "libertarians". Libertarianism is a variety of conservatism; libertarians are, you might say, the most extreme conservatives. São radicais por levarem a sério as suas convicções, mas são - de alguma maneira - aliados dos "progressives" em alguns temas, como a descriminalização das drogas, coisa que os "conservatives" nem querem ouvir falar. We live in what is still, essentially, a free-market society. A few trivial regulations have been placed on big corporations in this society, after great and usually futile struggles by well-meaning men and women who hoped to protect the poor and defenseless from these rapacious corporations, but in the main, the free market is what we see around us. Isso é tido como um dado da realidade, como o pôr do sol ou a mudança das estações, mas não há livre-mercado nos EUA, há um arranjo entre corporações e o governo mais parecido com o fascismo e também conhecido como crony capitalism. Os "progressives" fazem uma confusão danada aí, porque culpam as malvadas corporações ao mesmo tempo em que absolvem o seu amado governo, que comanda essa simbiose. O governo tem o monopólio da força, nunca esqueça disso. Conservatives, who include libertarians, are working through such institutions as Fox News, the Tea Party movement, and the Republican Party to change government policy in an even more free-market direction. Conservatives want to cut back the pitiful handful of regulations the well-meaning men and women have managed to impose on big corporations; they want to cut back the few pitiful programs well-meaning men and women have managed to set up to ameliorate the misery of the poor. Essas pessoas que querem restaurar o capitalismo nos EUA são identificadas por aqui como sendo "ULTRA-CONSERVADORAS-DA-EXTREMA-DIREITA", rótulo não apenas pejorativo como mentiroso. Que "ULTRA-CONSERVADORES" são esses que querem acabar com o FED, o cartel que controla os bancos e o dinheiro americano? Que "ULTRA-CONSERVADORES" são esses que querem acabar com a "guerra contra as drogas"? É justamente o contrário, o que não surpreende, dada a inversão nossa de cada dia. Libertarians want to end these regulations and programs altogether. They want to do these evil things because they want the rapacious big corporations to have complete freedom to grind everyone else under their evil heel. These rapacious big corporations want free-market policies because free-market policies will guarantee them bigger profits. Pense bem, quem é que se beneficia com todas essas regulações e impostos que os "progressives" tanto adoram? Uma grande corporação ou uma pequena empresa entrando agora no mercado? Todo esse intervencionismo é como uma reserva de mercado garantida pelo governo, porque uma grande empresa tem a capacidade de contratar contadores pra dar conta de toda essa burocracia e advogados pra encontrar brechas na legislação. Empresários estabelecidos não apóiam políticas laissez-faire, eis outra confusão comum, a de que empresários apreciam a concorrência estimulada por um capitalismo desregulado. Viram como o presidente da FIESP conclamou o governo a criar mais 2 BNDES's e a acabar com as importações? Minha gente, é preciso definir, entender e respeitar os conceitos, a confusão só interessa a quem quer misturar alhos com bugalhos pra que o status quo não seja ameaçado. Fight the power. (http://mises.org/daily/4717)

Thursday, September 16, 2010

Ou vendo Radiohead, certamente ouvindo

Eu devia escrever mais sobre futebol, falar do Flamengo e das particularidades de cada time, sei lá se cada time é tão particular assim, claro que é, se fossem iguais teriam o mesmo nome, veja então o Flamengo do Piauí e o Botafogo da Paraíba, você tem que aparar melhor as arestas do seu discurso, meu bom. Tinha uma outra parada muito maneira que eu ia falar, mas esqueci. Claro que tem patrulha pra tudo, cê acha que na época do Elvis não rolava patrulha, na época dos Beatles não rolava patrulha? P-A-T-R-U-L-H-A. Patrulha do Espaço, não vou me esquecer de você, com suas navezinhas meio Jetsons, porque a Patrulha do Espaço precisa de portabilidade e mobilidade, como um anúncio de celular. Claro que somos acidentes esperando pra acontecer, isso é genial, porra. Imagina a probabilidade daquele espermatozóide penetrar naquele óvulo? Estamos acontecendo. It's gonna be a glorious day. Não, só vou escrever aqui coisas que aperfeiçoem a sociedade brasileira, nada dessas veleidades pessoais, se controle, homem. "Na vida privada temos o direito à diferença. Na vida pública, o propósito da organização social é a igualdade de todos perante a lei." Isso é o que se vê? O que se vê e o que não se vê, mais um pouco e rola uma concretude poética. "A vida privada se constitui em torno do reconhecimento da diferença e da liberdade de cada um em construir seus próprios valores. Uma pessoa pode achar mais importante ganhar dinheiro, e outra estudar. O resultado é que elas certamente serão desiguais no estilo de vida e, naturalmente, na quantidade de bens que irão amealhar." Alguém digitou "compare fascismo com o liberalismo" no Google e foi parar no meu saite. Desista, amigo. Claro que a TV é um instrumento pra se chegar à verdade, ela não é a verdade, sei que todos aqui entendem essa diferença. Diminuiu, mas... Veja como é curioso o sobe e desce dessa palavra "Diminuiu". Como eu ia dizendo, rolava uma coisa meio "odeio TV" um tempo atrás, ainda rola mas diminuiu, porque - eis a minha teoria - os comunistas e simpatizantes associavam a TV à TV Globo, dona da maior audiência. Então os comunistas e simpatizantes chegaram ao poder e trataram de encher de dinheiro público a emissora do Edir Macedo pra tentar competir e quebrar o "monopólio" da TV Globo. Comunistas e simpatizantes, como se sabe, só aceitam um tipo de monopólio e não gostam de competição, aliando-se então aos evangélicos, o que só faz crescer em mim a crença de que nos encaminhamos pra uma nova Renascença. Putz, e aquele início de Exit Music (for a film) que fica só o Thom no violão e o cara no seu cangote tentando cantar junto no seu ouvido? E puxando palma fora do tempo? É a Patrulha da Platéia, se esforçando pra tornar melhor essa experiência, distribuindo shhs desde a Blitz no Canecão em 1984. Tá bom, né?, já escreveu demais. Não, o show não acabou. I do not / understand / what it is / I've done wrong. Pensa mais um pouquinho que você entende. This one is for Franz Kafka... He's dead, but, anyway... We love you!... Shhh! "Ator, para mim, tem que dar a bunda." Tratava com a mesma dureza as mulheres, mas era compreensiva com os travestis. "As pessoas têm de ter paciência com as ‘meninas', entender que elas querem ser femininas e por isso não é fácil bancar a ativa diante da câmera." É, amigo, num tá fácil pra ninguém.

Wednesday, September 15, 2010

Sobre o Projeto Vênus 3

"Uma economia baseada em recursos é um sistema onde todos os bens e serviços estão disponíveis sem o uso de dinheiro, crédito, escambo ou qualquer outro sistema de débito ou servidão." Uma parada meio mágica - tudo está disponível pra todos - isso deve contrariar algumas leis da física, não é possível. "Todos os recursos tornam-se patrimônio comum de todos os habitantes, não de apenas uns poucos selecionados." Sei. E quando eu e o meu vizinho quisermos o mesmo recurso, como é que faz? Aliás, que mal lhe pergunte, quem produz esses recursos? "A premissa sobre a qual esse sistema é baseado é a de que a Terra seja abundante em recursos." Entendi, um apartamento vai se materializar - PUF! - na minha frente do nada, os recursos são abundantes. "A sociedade moderna tem acesso à tecnologias de ponta e pode disponibilizar comida, vestimenta, moradia e assistência médica." Qual "sociedade moderna" não disponibiliza essas coisas? O Afeganistão? O Gabão? "Através da provisão de uma economia projetada de forma eficiente, todos podem desfrutar de um elevadíssimo padrão de vida com todas as amenidades de uma sociedade altamente tecnológica." Economia projetada por quem? Por você, Jacque Fresco?

Sobre o Projeto Vênus 2

Meses atrás, dois amigos me falaram, no mesmo dia, do Projeto Vênus. Aquilo era coincidência demais e lá fui eu tentar entender do que se tratava. Selecionei algumas declarações do líder do movimento, Jacque Fresco, e tentei demonstrar que toda aquela retórica contra o dinheiro e a ganância era apenas uma reedição tecnologizada do velho e mau comunismo. Pra minha surpresa, esse texto tem sido muito acessado e alguns adeptos chegam a mandar mensagens reclamando que eu não posso dar um veredicto sobre o movimento baseado somente nessas declarações do seu líder, que eu tenho que me aprofundar no assunto coisa e tal. Discordo disso, se o camarada diz que o lucro é a raiz de todo mal, já sei que a coisa não presta, mas decidi pesquisar um pouco mais. Foi quando descobri que, não apenas o Projeto Vênus tem simpatia pelo comunismo, como tem no ambientalismo uma das suas principais bandeiras. What a fucking surprise... Repararam na quantidade de comunistas que se bandearam nos últimos tempos pro ambientalismo? Claro, controlar os outros no modo soviético pega mal hoje em dia, tem que se encontrar uma maneira melhor de castrar o ser humano, e o meio-ambiente é a bola da vez. É o comunismo sustentável, não basta mais você entregar a sua vida à comunidade, agora você tem que se sacrificar também pelo meio-ambiente, que não tem advogado e não pode se defender. "O Projeto Vênus foi fundado na ideia de que a pobreza, o crime, a corrupção e a guerra são causadas pelas neuroses e escassez criadas pelo sistema econômico vigente, que é orientado ao lucro e que reprime o progresso de tecnologias benéficas à sociedade." Dá vontade de chamar de "idiota" quem escreve um negócio desses, mas sou educado. A escassez não é criada "pelo sistema econômico vigente", a escassez é uma realidade da existência, independente de capitalismos ou comunismos. Estabelecer um sistema que crie os incentivos e mecanismos necessários pra lidar com esse fato deveria ser o objetivo de qualquer um que valorize a própria vida e a dos outros, mas pra isso é preciso estudar economia e compreender que todo mundo quer ter "lucro", quem quer ter "prejuízo" é um suicida em potencial. "Fresco teoriza que a progressão da tecnologia, se esta fosse continuada para além do limite do que é lucrativo, fará com que mais recursos estejam disponíveis para mais pessoas, produzindo uma abundância de produtos e materiais." Crazy talk, "para além do que é lucrativo", what the hell does that mean? Sem lucro, tecnologia nenhuma é continuada. É o lucro, ou a perspectiva de lucro, que faz avançar o progresso tecnológico. Como se produz abundância através do prejuízo, tem como me explicar isso, seu Fresco? Depois escrevo mais a respeito, a coisa é divertida.

Tuesday, September 14, 2010

Tapa na cara 3

Se consolidou ao longo da história uma grande confusão conceitual, a identificação automática da moral com a religião. ["ó deus-macaco, eu te reverencio com todo o meu louvor", diz o homem de fé] Então o camarada que não acredita em Deus faz, por associação, de tudo pra também desacreditar a moral, como se ela fosse algo arbitrário que servisse apenas pra submetê-lo a uma autoridade invisível capaz de castigá-lo por toda a eternidade. ["falaram que você era o divino e eu acreditei"] Não são necessários 10 mandamentos pra saber que matar, roubar e enganar são atos imorais e, portanto, errados. ["mas fiquei meio em dúvida, porque por aqui cultuam também os elefantes, as vacas e até os ratos... por que escolhi o macaco?"] Por quê? ["era o deus de preferência dos meus pais, deve ser isso... ou não, sei lá", o homem de fé raciocina] Porque você não quer ser morto, roubado ou enganado, não precisa de Deus nenhum pra chegar a essa conclusão. ["meu deus-macaco tem umas regras meio malucas, espero que ele não perceba essa dúvida no meu coração", o homem começa a questionar a sua fé] Se você só não faz essas coisas por medo de um eventual castigo divino, qual o valor então das suas ações? ["talvez o deus-elefante tenha mais a ver comigo, esse meu deus é parecido demais com os homens, tem alguma coisa errada..."] Você não está sendo correto porque quer que os outros também sejam corretos com você, mas porque teme a autoridade invisível. [o macaco tenta então intervir: "uh, uh, uh... ah, ah, ah..."] Se você não respeita a própria capacidade de entender o que é certo ou errado, por que respeitaria essa capacidade nos outros? [o homem reacende a sua fé: "finalmente um som divino do meu deus, mas não compreendo o que ele quer dizer..."] Eis uma raiz das guerras santas, a desqualificação da consciência individual e a consequente supremacia dos representantes terrenos das autoridades invisíveis. ["eu imploro, ó deus-macaco, me dê mais algum sinal..."]

Monday, September 13, 2010

Tapa na cara 2

Tava passeando pelo twitter e avisaram que um blogueiro progressista muito progressista tava respondendo umas perguntas no seu Formspring. [o boneco se arruma todo empertigado pra naitchi] Sou curioso, não tem jeito, e fui lá ver o que ele pensava da vida. [o boneco pode ser meio afrescalhado, mas gosta de bonecas] Uma pessoa então perguntou como o blogueiro se definia filosoficamente e lá pelas tantas ele respondeu que a política determinava a moral. ["vou pegar várias com a minha mão meio Playmobil"] Ou seja, pra esse comunista, quem quer que se aposse do poder tem o direito de impor a moral a ser seguida (menos quando são os adversários, aí essa receita perde a legitimidade, coisas da dialética). ["não sei se você notou, mas sou uma evolução mais realista dos Playmobis", ele esclarece] Não acreditam em princípios universais válidos pra todos, por isso usam de dois pesos e duas medidas, condicionando tudo ao jogo de poder. ["vários filés plastificados na área hein...", o boneco constata satisfeito ao chegar na buatchi] Levando isso ao extremo, se 50% + 1 dos eleitores decidirem que é moral (e nesse caso, legal) mulheres louras darem tapas, do nada, em homens com cabelo lilás, voilá, está justificada a agressão. [avistou então uma boneca loura de vestido rosa, ficou excitado e foi lá passar um lero] É a mentalidade do uso da força em ação, se a gangue X tiver o controle do aparato de coerção, os outros que aguentem, a política determina a moral (e nesse caso, a lei). ["minha deusa, o que você acha da gente se unir num só coração?"] Porque a moral pode ser um conjunto de princípios abstratos, mas é ela que, em última instância, deve orientar a lei e não o contrário. ["antigamente tinha mais mistério e romance, vou te contar...", a boneca lamenta, tentando afastar o boneco inconveniente] Se uma lei não encontra correspondência com a moral correta, ela vai ser constantemente desrespeitada, gerando um ciclo de culpa e corrupção. ["pára com esse doce que eu sei que você quer também...", o boneco insiste] A moral - como as relações - tem que ser voluntária, se for forçada não é mais moral, mas apenas uma simulação covarde e sem convicção. ["boneca, você acha que me engana com esse vestidinho rosa de piranhona? Romance, sei... Vem cá me dar um pouquinho desse mel..."]

Friday, September 10, 2010

Tapa na cara

"Ah, essa moral fica aí me castrando, não há nada que prove a necessidade de uma moral, seu moralistinha de meia tigela reacionária." [o homem já passou por poucas e boas, se aproximando dos seus 60 anos um tanto desiludido com as mulheres] O que é a moral? "Moral deriva do latim mores, que significa 'relativo aos costumes'" ou então "conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada." [tinha decidido nunca mais dar trela pra elas, não quer mais se sentir fragilizado, "já passei dessa fase", diz pra si mesmo] Então a moral fala de como a gente deve agir em determinada circunstância, em relação a nós mesmos e em relação aos outros. [mas a solidão de vez em quando aperta, "eu me basto", diz sem muita convicção] A moral não pode ser algo arbitrário ou sem sentido, porque dela depende a própria sobrevivência da humanidade, sua prosperidade ou decadência. [o homem está estabilizado financeiramente, mas sente - lá no fundo - que falta alguma coisa] Sei que soa meio apocalíptico, mas é isso mesmo. [então num desses momentos de vazio existencial, ele encontra uma mulher jovem e bonita (pelo menos essa é a sua primeira impressão)] Porque a moral existe pra promover a convivência civilizada entre as pessoas, pelo menos este é o ideal de quem valoriza a vida. [então o homem vence a sua resistência interna alimentada por algumas experiências traumáticas e começa a se encontrar com essa mulher] Quem não valoriza a vida (da boca pra fora) e quer instalar o caos e a confusão vai desqualificar esse esforço, mas essas pessoas estão em desvantagem porque o sangue quer viver, todos os nossos instintos clamam pela sobrevivência. ["por que você não vem morar comigo?", ele pergunta depois de algumas semanas quentes com a mulher] O lance é estabelecer que princípios são esses que vão reger a moral e como chegar até eles. [a convivência e a rotina revelam um outro lado da mulher, "ela tem que tomar tarja preta, tadinha..."] Através da religião (revelação divina)? [deus do céu, por essa o homem não esperava, aquela mulher doce de outrora fica agora controlando os seus horários, logo os dele, orgulhoso lobo solitário] Ou através da razão (consciência individual)? ["tive uma reunião que foi até mais tarde, querida...", mas ela não acredita e, num acesso de fúria depois de esquecer a medicação, retalha todos os ternos do homem] Há um motivo que faz ser errado eu chegar e dar, do nada, um tapa na sua cara e ele não serve apenas pra te proteger, serve pra proteger todos nós. ["me bate se tu é homem!", ela provoca]