Tuesday, September 21, 2010

O welfare state e a xenofobia

Como previsto pela lógica econômica, o welfare state europeu está promovendo uma escalada da xenofobia. A reportagem do O Globo, um primor de desinformação, anuncia que o resultado das eleições na Suécia "abalou os pilares da tolerância e consolidou uma guinada à direita no maior ícone europeu da social-democracia." Isso quer dizer que, no dicionário político do repórter (a matéria não é assinada), a esquerda representa a "tolerância" e a direita representa a "intolerância". Sei. Primeiro a reportagem avisa que a EXTREMA-DIREITA-ULTRA-CONSERVADORA-RUN-TO-THE-HILLS ganhou da esquerda boazinha, mas logo depois esclarece que "a direita sueca parece ter caminhado para o centro em seu discurso". Tá confuso o repórter, mas a coisa não é complicada de entender. O que é o welfare state? É um sistema em que o governo tenta garantir um mínimo de "bem-estar" ao cidadão, mesmo que ele não trabalhe ou tenha uma fonte de renda. Essas garantias são bancadas pelos impostos sobre o setor produtivo e o arranjo funciona se esses gastos não excederem a receita. Acontece que essa alta carga tributária acaba tirando a competitividade das empresas ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas recebendo os benefícios. Essa encruzilhada contábil se complica ainda mais quando chega muita gente de fora atrás desse "bem-estar", quem não quer receber sem trabalhar? Se esses imigrantes (100 mil por ano) têm muitos filhos e se recusam a assimilar os costumes locais, a bomba está armada, a conta não fecha mais. Aí os benefícios diminuem - "temos que apertar os cintos" - e a frustração generalizada vai buscar bodes expiatórios. "Se eu for eleito, vou limitar a entrada dos muçulmanos pra que os filhos legítimos desta terra mantenham o seu estilo de vida." Voilá, o welfare state, que prometia almoço grátis, agora fecha as portas.