Thursday, April 30, 2009

Sobre não se levar a sério

Li hoje o Ruy Castro, tremendo biógrafo, dizendo que o Pasquim entrou em decadência porque começou "a se levar a sério demais". Esse é um diagnóstico comum quando o trabalho de alguém já não agrada como antes: "Ih, o camarada tá se achando a última jujuba do pacote..." Então quem foi um dia exaltado começa a ser escaneado. Mas não há jeito de se executar bem uma tarefa se ela não for levada a sério. Mesmo um galhofeiro como o Jerry Lewis acreditava no que fazia como sendo a coisa mais importante do mundo. Muitos comediantes, aliás, surpreendem os desavisados com a postura séria que têm fora do ofício. A diferença entre "se levar a sério" e "se levar a sério demais" é a subjetividade de quem julga. Quando se faz algo com que o camarada se identifica, o trabalho é sério. Quando se afasta daquilo que o julgador dá valor, ele tá "se levando a sério demais". No caso do Pasquim, aquela oposição da esquerda festiva ipanemense ao regime militar soava irreverente, o timing era perfeito. Quando o regime caiu e os caras continuaram defendendo o socialismo direto dos bares "burgueses", a coisa ficou meio caricata e rançoza. Eu levo o que eu faço na maior seriedade do mundo e acredito no que digo como se fosse a própria verdade revelada, o que não é o mesmo que dizer que ela esteja escrita em pedra. Se as evidências contrárias forem muito fortes, faço um mea culpa, refaço o meu plano de ação e continuo escrevendo como se o futuro da humanidade dependesse disso.

Wednesday, April 29, 2009

A dinâmica de um almoço grátis roqueiro

Nunca tinha ido, velho desse jeito, a um Open Bar. Quando me convidaram pra inauguração da nova Drinkeria Maldita em Copacabana - com "bebida e comida liberadas" - ligou uma luzinha na minha cabeça: "Como assim? É só chegar e ir pegando a caipirinha?" Desconfio quando a esmola é grande. Mas lá fui eu com os meus ao novo empreendimento dos camaradas do Grupo Matriz. O Zé, um dos donos, tava na porta e foi logo avisando: "Tá um caos." De graça, nego é capaz de querer até injeção na testa. Óbvio, o lugar tava lotado, com algumas celebridades e várias semi-celebridades. O bar, como era de se esperar, parecia a bilheteria do Maracanã em dia de final. Pessoas conhecidas pela classe eram vistas equilibrando 3 copos de destilados no meio da multidão e os garçons que surgiam com os salgadinhos eram atacados pela turba do rock. Claro que não existe almoço grátis, a coisa era um investimento pras pessoas conhecerem o lugar e voltarem depois pagando. Mesmo com a falta de modos de alguns (eu incluído), o evento foi um sucesso, mas me deu mais um exemplo de que aquilo que é de todo mundo, não é de ninguém; de que a base da civilização é mesmo a propriedade privada. Quando você paga pelo que consome, você pesa custos e benefícios que só você mesmo, na sua subjetividade e no seu bolso, pode avaliar. De "graça", a confusão vira a norma.

Tuesday, April 28, 2009

Pela privatização da Amazônia

"Se permitirmos a privatização dos parques e reservas nacionais, como se pode garantir que eles continuarão a existir ou que eles sequer estarão disponíveis? No mercado (ou, da mesma maneira, sob domínio governamental), não existe nada garantido. Em uma economia de mercado, há a tendência de se igualar a oferta à demanda. Empresários descobrem desejos não atendidos, fornecem-nos e lucram com essa discrepância. A única "garantia" de que haverá maçãs no longo prazo é que as pessoas ainda estarão demandando maçãs. À medida que os desejos forem mudando, empresários irão descobrir outras oportunidades e maneiras de satisfazer esses novos desejos. Para aqueles que dizem que o mercado não pode garantir nada, o mesmo se aplica ao estado. Nesse caso, não há quaisquer garantias também. Pelo menos no livre mercado sabemos que se as pessoas valorizam suficientemente os parques, as reservas e as florestas, a busca por lucro por parte dos proprietários e empreendedores será direcionada à satisfação dessa meta. E como é que isso pode ser "garantido" pelo estado? Esperando que os ecologistas estejam no poder? Se fosse assim, teríamos que ter carpinteiros no poder se quiséssemos ter cadeiras; e para que tivéssemos computadores, analistas de sistemas e programadores teriam que chefiar o estado também. Como se vê, essa linha de raciocínio é ilógica. Ademais, nunca devemos sucumbir ao desafio socialista de "como X funcionará sob um livre mercado?" É tentador tentar responder a essa pergunta. E parte do problema é que, se não há um mercado, então ninguém realmente foi capaz de tentar. Além disso, na ausência do socialismo, haveria competição para satisfazer as demandas não atendidas. Existiria uma multidão de pessoas para resolver problemas. As coisas passariam a ser reais, ao invés de simples teorizações acadêmicas. Se a produção de sapatos fosse feita nos moldes socialistas, estaríamos curiosos para saber como eles seriam produzidos, quem iria produzi-los e como eles seriam distribuídos. Quanto eles iriam custar? Quais as cores e tamanhos que seriam feitos? A proteção da natureza não é um serviço diferente. Ao invés de perguntar quem iria fazer tal serviço (no futuro), a pergunta correta é: por que é o estado que deve fazer isso (agora)?" Manuel Lora (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=89).

Os pobres e a chantagem emocional

Quem não se sente diminuído com a pobreza? Os pobres, certamente, se sentem ainda mais, mas não há pessoa com um mínimo de empatia que se conforme com a miséria alheia. Isso é ponto pacífico. O que se debate é o melhor meio de se resolver ou atenuar essa condição. É bom lembrar, pelo bem da verdade, que a pobreza é o estado natural da humanidade. Desde os homens das cavernas que a luta contra a escassez é inglória, e não é porque uma parte conseguiu superar o flagelo há bem pouco tempo que a pobreza está definitivamente superada e que basta vontade pra que o reino da abundância se instale na Terra. A criação de riqueza obedece a alguns requisitos básicos que não são seguidos, ou são fortemente obstruídos, por políticas bem intencionadas que não funcionam, a não ser para os que as advogam. Os políticos, por exemplo, discursam como procuradores dos pobres: "Se eu for eleito, vou diminuir a desigualdade social e todos vão ter isso, aquilo e aquilo outro." BULLSHIT! Usam os pobres como chantagem emocional e, uma vez lá, tratam primeiramente dos próprios interesses e dos que bancaram as suas campanhas. O que sobra da pilhagem é usado com os mais carentes pra perpetuar a noção de que os políticos realmente pensam neles. Uma imagem fala mesmo mais do que mil palavras, clique na foto. Política é isso. As vossas excelências barram a criação de riqueza com impostos e regulações estrambólicas e, pra saírem bem na foto, dão esmolas como se fossem bons samaritanos. A esquerda é mestre nisso e Lula a sua personificação mais perfeita. (http://www.imil.org.br/blog/os-pobres-e-a-chantagem-emocional/).

Frases de Robert A. Heinlein 3

If you happen to be one of the fretful minority who can do creative work, never force an idea; you'll abort it if you do. Be patient and you'll give birth to it when the time is ripe. Learn to wait. It may be better to be a live jackal than a dead lion, but it is better still to be a live lion. And usually easier. Masturbation is cheap, clean, convenient, and free of any possibility of wrongdoing — and you don't have to go home in the cold. Never appeal to a man's "better nature." He may not have one. Invoking his self-interest gives you more leverage. Peace is an extension of war by political means. The truth of a proposition has nothing to do with its credibility. And vice versa. There are hidden contradictions in the minds of people who "love Nature" while deploring the "artificialities" with which "Man has spoiled 'Nature.'" The obvious contradiction lies in their choice of words, which imply that Man and his artifacts are not part of "Nature" — but beavers and their dams are. Throughout history, poverty is the normal condition of man. Advances which permit this norm to be exceeded — here and there, now and then — are the work of an extremely small minority, frequently despised, often condemned, and almost always opposed by all right-thinking people. Whenever this tiny minority is kept from creating, or (as sometimes happens) is driven out of a society, the people then slip back into abject poverty. I now define "moral behavior" as "behavior that tends toward survival." I won't argue with philosophers or theologians who choose to use the word "moral" to mean something else, but I do not think anyone can define "behavior that tends toward extinction" as being "moral" without stretching the word "moral" all out of shape.

Frases de Robert A. Heinlein 2

Morals — all correct moral laws — derive from the instinct to survive. Moral behavior is survival behavior above the individual level. Correct morality can only be derived from what man is — not from what do-gooders and well-meaning aunt Nellies would like him to be. I will accept the rules that you feel necessary to your freedom. I am free, no matter what rules surround me. If I find them tolerable, I tolerate them; if I find them too obnoxious, I break them. I am free because I know that I alone am morally responsible for everything I do. Progress doesn't come from early risers – progress is made by lazy men looking for easier ways to do things. A "critic" is a man who creates nothing and thereby feels qualified to judge the work of creative men. There is logic in this; he is unbiased — he hates all creative people equally. A competent and self-confident person is incapable of jealousy in anything. Jealousy is invariably a symptom of neurotic insecurity. A society that gets rid of all its troublemakers goes downhill. Beware of altruism. It is based on self-deception, the root of all evil. Does history record any case in which the majority was right? History does not record anywhere at any time a religion that has any rational basis. Religion is a crutch for people not strong enough to stand up to the unknown without help. But, like dandruff, most people do have a religion and spend time and money on it and seem to derive considerable pleasure from fiddling with it. I don't trust a man who talks about ethics when he is picking my pocket. But if he is acting in his own self-interest and says so, I have usually been able to work out some way to do business with him.

Frases de Robert A. Heinlein

One can judge from experiment, or one can blindly accept authority. To the scientific mind, experimental proof is all important and theory is merely a convenience in description, to be junked when it no longer fits. To the academic mind, authority is everything and facts are junked when they do not fit theory laid down by authority. Man is not a rational animal, he is a rationalizing animal. Take sex away from people. Make it forbidden, evil. Limit it to ritualistic breeding. Force it to back up into suppressed sadism. Then hand the people a scapegoat to hate. Let them kill a scapegoat occasionally for cathartic release. The mechanism is ages old. Tyrants used it centuries before the word 'psychology' was ever invented. It works, too. The death rate is the same for us as for anybody... one person, one death, sooner or later. I also think there are prices too high to pay to save the United States. Conscription is one of them. Conscription is slavery, and I don't think that any people or nation has a right to save itself at the price of slavery for anyone, no matter what name it is called. We have had the draft for twenty years now; I think this is shameful. If a country can't save itself through the volunteer service of its own free people, then I say: Let the damned thing go down the drain! I would say that my position is not too far from that of Ayn Rand's; that I would like to see government reduced to no more than internal police and courts, external armed forces - with the other matters handled otherwise. I'm sick of the way the government sticks its nose into everything, now.

Monday, April 27, 2009

Os neoreacionários

E por acaso o PT chegou ao poder pregando o "caminho do meio"? Pelo contrário, era contra "tudo isso que está aí" e assim concentrou a insatisfação dos que não entendiam muito bem o que estava acontecendo mas desconfiavam que aquilo que rolava no poder não cheirava bem. A hegemonia da esquerda não foi alcançada com apelos por moderação, era luta de classes pra lá, anti-imperialismo pra cá e hoje esses conceitos são repetidos como se fossem a mais pura expressão do bom senso. "Como assim você não é de esquerda?" Me perguntam, com sincera surpresa, quando dou minhas opiniões por aí. Até nos jornalões, quando se quer desqualificar alguém, vem a terrível acusação: "É de direita!" Agora mesmo o Lula veio se dizer satisfeito com os prováveis candidatos à próxima eleição presidencial: "É muito bom perceber que todos os candidatos são progressistas, de esquerda." Em mais uma inversão, o ungido chama de "progressistas" todos aqueles que se recusam a fazer qualquer reforma estrutural no status quo. São, na realidade, os neoreacionários, os neoconservadores se agarrando à propaganda e aos agrados aos grupos de interesse mais influentes pra manter tudo como está. Mas a farra do dinheiro fácil acabou, a arrecadação vai diminuir e o bicho vai pegar.

Friday, April 24, 2009

159

Ao mesmo tempo em que se recebe mensagens encorajadoras do tipo "corra atrás dos seus sonhos" ou "você é do tamanho dos seus sonhos", você também percebe que a realização desses sonhos não é algo simples, que não basta ter vontade. Raça não é o suficiente pra fazer um grande time de futebol, os caras precisam saber jogar. Você tem que ter vontade, talento e sorte. Sem sorte não se atravessa nem a rua. Sei lá, pode cair um cofre na sua cabeça. Esta desculpa antecipada disfarçada de auto-ajuda é um oferecimento do barbudo da foto, a primeira figura que aparece no Google Images ao se digitar "Guru".

158

Esse é o problema, as minorias ficam na mão das maiorias. Isso lá é critério ético? Se a maioria decidir escravizar a minoria, isso é justo? Então até onde vai a democracia? Até o momento em que são atingidos os direitos das minorias, ora bolas. É um equilíbrio tênue, temos que admitir. Mas vou controlar a minha vontade de colocar uma foto do democrata Chávez e apelar, novamente, pra um tipo de populismo muito mais maneiro.

O Congressozinho e o Liberalzinho

Óbvio que há muito o que se moralizar no Legislativo. Li outro dia que é um dos Congressos mais caros do mundo, protegido que está pela distância de Brasília da opinião pública. Aliás, que idéia de jerico a construção dessa cidade: "Vamos sediar o poder no meio do nada, não é genial?" Sim senhor JK, só assim ocorre a integração do país. Aumenta-se a dívida pública e isola-se as vossas excelências da pressão das ruas. Pensando bem, talvez isso tenha um lado bom, já que a "pressão das ruas" virou quase um monopólio da esquerda. Mas isso poderia mudar se uma tomada de consciência liberal acontecesse, não é mesmo? Difícil, liberais são individualistas demais e em quantidade de menos. Como juntar um grupo de interesse que quer acabar com a parceria entre o poder e os grupos de interesse? Há deputados demais, assessores demais e lobistas demais. Pelo país, há prefeituras demais e vereadores demais em cidades com recursos de menos. Então o Executivo fica com muito poder, porque é ele quem repassa dinheiro pras prefeituras e pode governar através de medidas provisórias, com a troca de favores entre as vossas excelências garantindo que a vontade do ungido seja feita. Mas quem reclama disso? Uns poucos indivíduos que aparentemente não se importam em ficar dando murro em ponta de faca na internet. A maioria aplaude e pede bis.

Thursday, April 23, 2009

157










A ANAC, sempre pensando no melhor para os consumidores, decidiu que as companhias aéreas agora podem baixar o preço das tarifas. Daqui a pouco a loucura neoliberal chega ao ponto de se instituir uma concorrência verdadeira no setor. Assim não dá!
Não, não, não, malandro. Fumar só entre as 4 paredes da sua casa. Um cachimbo às vezes é só um cachimbo, mas quem manda nos estabelecimentos soy yo, el gobierno.
Si, si, si, uma economia saudável é construída nos gabinetes da burocracia. Pilhando os exploradores para melhor servi-lo, nobre eleitor.
Luxo pequeno-burguês se combate assim, arrochando na bomba de gasolina. Além do mais, compañero, contribuímos na luta contra o aquecimento global. Cidadania é isso aí.

Me engana que eu gosto

Mesmo no meio da desmoralização que vem sofrendo o Legislativo, o Gabeira cantou uma bola boa. A mídia e os artistas lambem as botas do Executivo porque é lá que está o dinheiro, é de lá que vem os maiores anunciantes do Brasil, é de lá que vem a grana que mantém a classe artística de bico fechado, satisfeita que está com os patrocínios e subsídios das estatais. O Legislativo não patrocina nada, nunca vi um filme bancado pela Câmara dos Deputados. Nunca vi uma página anunciando os feitos do Senado Federal. Então os formadores de opinião estão felizes no bolso do PT. Por que questionar? Une-se o útil ao agradável: apóia-se um presidente popular e ainda se recebe os dividendos da pilhagem governamental. Tudo, obviamente, "pela cultura" e "pela informação". Por isso que a privatização das jóias da coroa nem entra em pauta, mesmo com todos os escândalos e ingerências políticas que elas sofrem. Por que isso acontece? Porque a maioria acredita, ou é levada a acreditar, que o governo é essencialmente bom, que é justificável ele ter essa margem de manobra. Sim, vamos dar mais poder ao Lula e ao PT, eles querem o nosso bem, minha gente.

Wednesday, April 22, 2009

Justiça Social é a cabeça do meu Tao

Do ungido brasileiro para o ungido americano sobre o pitoresco venezuelano: "Você tem que entender, companheiro Obama, que o Chávez é um homem de bem". Um dos maiores méritos do petismo é o de alargar ainda mais os limites do cinismo. Falam as maiores barbaridades com a cara limpa de quem tem a certeza de que a maioria vai comprar esse discurso do menor denominador comum. "Não tem nenhuma freira por aqui". Claro, não se faz um omelete (justiça social) sem que se quebre alguns ovos (corrupção e mentira). O problema é que a ladainha da "justiça social" não é questionada, entronizada que está no imaginário coletivo como o máximo da superioridade moral. Então o debate fica limitado aos privilégios auto-cedidos pelo Congresso, como se esse fosse o grande problema do Brasil. Na verdade, esse foco e a recente proposta do também pitoresco senador Cristovam Buarque de acabar com o Legislativo são perigosos na medida em que - sem o Congresso pra ao menos dividir a pilhagem governamental - se concentraria ainda mais poder no Executivo, tudo o que a máfia petista deseja. Mais eficiente ainda seria questionar a própria existência de Brasília, a maior renda per capita do país. Por que será? Deve ser o resultado da tal "justiça social".

Friday, April 17, 2009

156

Pra essa flor delicada, o meu discurso é contra a solidariedade. Claro, ela só lê o que alimenta a sua patologia desbocada. Quero mais é que todo mundo se ajude e construa uma sociedade livre e próspera. Não passa pela sua cabeça (dela, a flor delicada) que o estado talvez não seja o melhor modo de se realizar essa solidariedade. Pelo contrário, ele destrói riqueza, cria ressentimentos e enriquece uns poucos às custas dos demais. Saindo o estado um pouco das costas da sociedade, mais riqueza seria criada, a cooperação fluiria melhor e a solidariedade teria os incentivos e os meios pra acontecer naturalmente, de forma voluntária. Desenhei bonitinho pra você, florzinha de delicadeza?

Escola de Chicago X Escola Austríaca

"Até o início dos anos 1960, quase todo mundo parecia acreditar que as regulamentações governamentais faziam o que se esperava que fizessem: impedir que os consumidores fossem explorados pelas empresas. Até que que um economista de um metro e noventa da Universidade de Chicago, George J. Stigler, percebeu que ninguém havia tentado medir o verdadeiro efeito das leis e regulamentações. Ele começou a medir e descobrir que as regulamentações ou não tinham efeito nenhum, ou tinham o efeito oposto ao pretendido. Stigler então construiu o argumento revolucionário de que as regulamentações governamentais eram o resultado de lobby de grupos de interesses que queriam restringir a concorrência, elevar os preços, e obter uma posição privilegiada que não conseguiriam num mercado aberto." (http://www.ordemlivre.org/textos/561) Não vou - e nem tenho subsídios pra isso (haha) - entrar na briga entre o pessoal de Chicago e a Escola Austríaca, mas a parte em negrito não corresponde à verdade. Muito antes de Stigler, Mises já havia explicitado isso no seu "Intervencionismo" em 1940. Essa confusão acontece provavelmente porque Stigler evidenciou a contraproducência das regulações em números, enquanto Mises utilizou apenas a lógica pra demonstrar que elas têm o efeito oposto ao pretendido. A Escola Austríaca vai no âmago das questões, é radical no melhor sentido da palavra, enquanto o pessoal de Chicago é mais pragmático. Se complementam, os "austríacos" indo nos fundamentos, os "chicaguistas" atuando na conjuntura.

Thursday, April 16, 2009

Mises em 1931

"O sistema econômico capitalista, que é o sistema social baseado na propriedade privada dos meios de produção, é hoje rejeitado unanimemente por todos os governos e partidos políticos. Mas nenhum acordo similar foi feito em relação a qual sistema econômico deve substituí-lo no futuro. Muitos, embora nem todos, veem o socialismo como o objetivo final. Eles teimosamente rejeitam o resultado do exame científico da ideologia socialista, o qual demonstrou a impossibilidade econômica do socialismo. Eles se recusam a aprender com os experimentos socialistas da Rússia e de outros países europeus. Entretanto, considerando-se o objetivo da atual política econômica, há um completo acordo entre as partes. A finalidade é um arranjo econômico que supostamente deve representar uma solução conciliatória, um "meio-termo" entre socialismo e capitalismo. Não há a intenção de abolir a propriedade privada dos meios de produção. A propriedade privada poderá continuar existindo, embora sendo regulada, dirigida e controlada pelo governo e por outros agentes do aparato coercivo do governo. Com relação a esse sistema intervencionista, a ciência econômica demonstra com indiscutível lógica que ele é contrário à razão; que essas intervenções, que objetivam moldar o sistema, jamais poderão cumprir os objetivos que seus proponentes esperam alcançar, e que cada intervenção terá consequências inesperadas e indesejáveis." (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=268).

Wednesday, April 15, 2009

155







A popularidade de Lula declina. A estatal "estratégica" é então chamada para ajudar.
A gasolina fica mais cara. "Essa elite branca de olhos azuis pode deixar os seus carrões na garagem, companheiro."
Mas presidente, se as pessoas não andarem de carro, não vai sobrar dinheiro pra você fazer o seu populismo. "Ih, agora você me quebrou. Vou pedir ajuda pro meu amigo Obama."
O meu populismo é mais maneiro.

Barão do Rio Branco 4

www.myspace.com/enseadaespacial

Tuesday, April 14, 2009

Peter Schiff Analogies

154

Claro que isso aqui é desabafo e autopromoção. Claro que autopromoção não tem hífen. Claro que hífen termina com "n". Claro que eu devia colocar as aspas no n. Claro que mão.

O monopólio no transporte

Jogo futebol todas as segundas no Forte do Leme. Somente uma linha da Amigos Unidos faz o trajeto da minha casa até lá, o famigerado 592. Isso não acontece por acaso, o monopólio da linha é uma concessão do poder público. Já que o 592 não dá conta da demanda, logo apareceram as vans - que não têm autorização - pra cobrir esse vácuo. Ontem, após esperar no ponto por uns 10 minutos, lá veio a van. Como havia um policial nas redondezas, a van não parou onde eu acenei, avançando uns 15 metros. Chegando lá, o trocador se desculpou: "Foi mal, se a gente parasse ali atrás o policial iria nos multar ou extorquir". Maravilha. Eu mesmo não gosto de vans, onde se corre o risco de se ouvir músicas evangélicas e onde o espaço é exíguo, mas eu não queria chegar atrasado, fazer o quê? Na volta, mais uma prova do mal que a falta de concorrência faz. A trocadora com voz de gralha estava com as filhas no ônibus. Com a maior tranqüilidade, as crianças rabiscavam o coletivo com uma caneta hidrocor. A mãe, que tagarelava irrelevâncias sem parar, percebia tudo, mas não dava um pio a respeito. Se houvesse competição na linha, os 592 não estariam depredados e sujos como estão. Se você tem o monopólio do negócio, qual a motivação em prestar um bom serviço? Basta ter bons contatos com o estado, agradar quem determina os preços não submetidos ao mecanismo de oferta e procura e carregar como gado os pobres coitados que dependem do serviço. 592, mais um sucesso da parceria público-privada. [som de descarga]

Monday, April 13, 2009

O que causou a crise?

A VEJA tem mandado os seus exemplares aqui pra casa na esperança de que assinemos a revista. Nenhuma chance. Não que ela não seja melhor que as suas concorrentes, mas porque se tornou irrelevante com a internet como alternativa de informação. As Páginas Amarelas desta semana trazem o Francis Fukuyama com a seguinte chamada: "O liberalismo é o caminho". Concordo, o problema na entrevista são algumas observações do americano que, se compreensíveis quando vindas de leigos confundidos pela propaganda, são lamentáveis pra um cientista político defensor das liberdades individuais. Como qualquer adversário do liberalismo, Fukuyama diz que o motivo da crise foi a "falta de regulação". É o mantra repetido ad nauseam pelos intervencionistas ávidos por uma espécie de governo mundial. O que causou a crise, além da legislação demagógica do subprime, foi a política expansionista do Banco Central americano, que manteve as taxas de juros artificialmente baixas por muitos anos, num processo insustentável que veio a estourar agora há pouco. Já repeti isso milhões de vezes, mas a verdade nunca é redundante. Além disso, os bancos se arriscaram nas alavancagens com a certeza de que seriam resgatados pelo governo caso as coisas dessem errado, o que aconteceria cedo ou tarde. Então o que falta não é mais poder pros burocratas controlarem algo, o mercado, que é complexo demais pra ser planejado, o que falta é uma moeda forte, lastreada em alguma commoditie pra evitar a sua manipulação política, e um sistema que premie os acertos e puna os erros. Capitalismo sem falência não é capitalismo, é compadrio com o dinheiro alheio. No sistema atual, castiga-se os pagadores de impostos de hoje e de amanhã em nome do conluio entre os políticos e os seus grupos de pressão favoritos.

Thursday, April 09, 2009

Arte não é propaganda

Continuando com a vassalagem de artistas e jornalistas ao governo, hoje na capa do Segundo Caderno do O Globo se discutia o novo modelo da Lei Rouanet. Ao invés das próprias empresas escolherem o projeto que iriam descontar no imposto de renda, agora é o próprio ministério quem vai escolher os agraciados. A coisa se dará por conselhos (essa gente adora uma burocracia, é mais cargos pra distribuir) compostos por 50% de gente do ministério e 50% de pessoas da "sociedade civil", ou seja, petistas e esquerdistas dos mais variados graus. A própria matéria era quase um press release das intenções do ministro Juca Ferreira, que dizia "não amar o Estado e não ter nenhuma intenção de estimular o dirigismo cultural". O cinismo dessa gente devia ser objeto de estudos psiquiátricos. Então a matéria ouvia 3 "representantes da classe" (esquerdista vê o mundo como um conflito de classes): Roberto Frejat, Fernanda Torres e Cildo Meirelles. Nenhum dos 3 tinha uma crítica ao projeto, como se esperaria de uma reportagem, não diria isenta, mas que contemplasse ao menos o contraditório. Nada. A Fernanda Torres dizia que "o dinheiro é público e o governo tem mesmo o direito de direcioná-lo", o Cildo Meirelles também aplaudia a coisa mas ficou preocupado porque "o atual governo é bem intencionado, mas e se o projeto cair nas mãos do inimigo?", e o Frejat eu nem lembro bem o que dizia, porque a minha irritação com a matéria e o projeto já estava, nessa altura, nas nuvens. Artista submisso ao poder constituído não é artista, é propagandista.

Wednesday, April 08, 2009

Entre o autoritário e o totalitário

Agora o José Serra passou uma lei proibindo os estabelecimentos privados de terem uma área pra fumantes. Ou se fuma na rua ou em casa. Quem não cumprir a lei, pode receber uma multa de até 3 milhões de reais. Ou seja, a propriedade virou uma concessão do estado. "É pro nosso próprio bem". Conversa fiada, as pessoas têm o direito de fazer o que quiserem com o próprio corpo. "Mas e o fumante passivo?" É só não entrar na área destinada aos fumantes, ué. A perda das liberdades começa assim, aos poucos, gradativamente em nome do famigerado e invencível "bem comum". Quando a gente se der conta, não vai poder nem mijar sem a permissão do Big Brother. Se eu quiser fazer um estabelecimento pros fumantes, eu não posso, o governo não deixa. E é esse autoritário que vai disputar a presidência com o PT, o Partido Totalitário. Tamo mal na fita. E a culpa é do santificado "povo", que se deixou levar pela propaganda politicamente correta e não pensa duas vezes antes de trocar a sua liberdade por uma suposta segurança garantida pela máfia dominante, o governo.

Tuesday, April 07, 2009

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A mídia ama o Obama.
Corretor egoísta de Wall Street acordando para mais um dia de trabalho.
O estouro da bolha. Não se preocupem, Obama tem a solução.
Entre mortos, feridos e arranhados, salvaram-se todos.

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O problema não é o sacrifício por si só. Você se sacrificar voluntariamente por alguém é uma coisa. Outra, bem diferente, é você ser obrigado por lei a se sacrificar por alguém que você nem conhece. Isso não é altruísmo, é escravidão. E o resultado desse altruísmo forçado se chama socialismo. Sim, vou continuar falando disso. Não, não estou otimista. Sim, a minha vida é boa. Não, ela não é perfeita. Sim, ninguém perguntou nada. Não, eu não me importo. Sim, ela parece o Bill Gates. Não, nem tanto.

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Ou então nada disso acontece, o Serra ganha a próxima eleição, esquece o seu passado esquerdista e as suas idéias heterodoxas cepalinas, moraliza a gestão pública, os indicadores da economia melhoram de forma sustentável, as pessoas páram de culpar o neoliberalismo e a ameaça vermelha (haha!) se esvai como dentes-de-leão. Oh yeah, I believe in miracles! It's more fun, don't you think?

Monday, April 06, 2009

O socialismo petista

Este é só o vídeo institucional do partido no poder (http://www.youtube.com/watch?v=VNPjm0qfByc), onde se diz claramente que o objetivo é a instalação do socialismo no Brasil. Parece pouco? Vamos lá: há mais de 20 anos que o Foro de São Paulo foi fundado por Lula e o PT com o objetivo, declarado em alto e bom som, de "recuperar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu." Volta e meia se reúnem, com Chávez, Morales, Corrêa, os irmãos Castro e toda essa bela fauna. Ainda não é o suficiente? Pois bem, no início do mandato houve vários projetos autoritários como a ANCINAV, com o intuito de controlar o conteúdo veiculado na mídia e no cinema. Esse projeto voltou agora com a mudança da Lei Rouanet, em que o próprio ministério vai escolher os projetos. Ou seja, dirigismo cultural na veia, que não se aplica só nesse sentido, mas na forma como as estatais (as jóias da coroa) direcionam os seus patrocínios a favor dos amigos do rei (Lula). Conivência com o MST. Politização da Polícia Federal. Aprofundamento do conluio entre empresários e governo, pra satisfação de ambos e insatisfação dos que pagam a conta (consumidores e "contribuintes"). TV estatal. Nenhuma privatização e nenhuma reforma. Cultura anticapitalista. Estímulo da luta de classes (ricos vs pobres) e luta de raças (brancos vs negros) com o intuito de concentrar mais poder: "Dividir para conquistar". Culto ao estado, locomotiva do crescimento (yeah, right...). Enfim, se o que falei aqui e o vídeo não dizem nada pra você, é porque você acha o socialismo um ideal muito lindinho e considera bacana esse caminho da servidão.

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Surpresa na ONU: Rússia e China recusam qualquer sanção sobre a Coréia do Norte atômica e nuclear. O secretário do PC chinês adverte: "Temos que respeitar a soberania dos povos." A marionete de Putin reforça: "Se Israel pode dominar a tecnologia nuclear, por que os que estão alinhados conosco não podem?" Chávez, direto de Caracas, reforça o coro: "Se é contra os imperialistas, contem comigo!" Então a ONU, esse bastião da democracia, deixa quieto e passa para a próxima pauta.

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Após séculos de submissão ao capetalismo excludente, finalmente o Brasil tem reconhecida a sua enorme influência universal sob o firme comando de nosso-guia-timoneiro. Um operário, um retirante, um sindicalista [lágrimas nos olhos], um petista, um cutista, um emessetista, um socialista. Difícil segurar tanta emoção! Brasil, agora sim, depois de 500 anos de exploração, um país de todos! Em breve nos cinemas pela lente desinteressada dos Barretos, mais um sucesso da parceria público-privada. [som de descarga]

Friday, April 03, 2009

O "bem comum" justifica até o genocídio

"O secretário da Fazenda paulista, Mauro Ricardo Costa, afirmou ontem que achou "pouco" a condenação de Eliana Tranchesi, dona da Daslu, a 94 anos e seis meses de prisão, e disse que quem sonega "deveria ser pregado na cruz"" (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u545244.shtml). Tornada realidade a declaração do nobre burocrata que vive dos impostos pagos pela iniciativa privada, não sobraria nem uma viva alma despregada da cruz neste país. Qualquer um que comprasse um dogão na esquina deveria ser pregado na cruz. Qualquer um que pagasse por uma pilha-palito no camelô deveria ser pregado na cruz. Claro, o secretário está defendendo o dele coberto pelo manto invencível do "bem comum", mas as maiores barbaridades da história aconteceram tendo justamente o "bem comum" como justificativa moral. Baixar os impostos que fazem o Brasil estar na rabeira da liberdade econômica e do desenvolvimento, nem pensar. Eles são destinados ao "bem comum", com os políticos e burocratas sendo meros instrumentos isentos de interesses próprios na sua distribuição. São santos benevolentes, madres Teresas que mostram pra esses ricos egoístas e gananciosos como é que se faz justiça social.

É brincadeira!

Ainda não me aprofundei nos pormenores, mas o governo quer mudar a lei de incentivo à cultura. Pra pior, naturalmente. Se antes os patrocinadores escolhiam um projeto e abatiam uma parte do imposto de renda, agora é o próprio Ministério da Cultura que vai decidir quem vai ser contemplado pelo subsídio. Ou seja, cresce ainda mais a ingerência do estado na produção cultural. No Jornal Nacional de ontem, ao ser perguntado se a nova lei aumentaria o controle estatal sobre a cultura, o ministro Juca Ferreira mostrou porque faz parte do governo mais cínico da história deste país: "Não, não aumenta não."

Economia numa única lição

"A economia é mais assediada por falácias que qualquer outro estudo conhecido pelo homem. Tal fato não é acidental. As dificuldades inerentes ao assunto seriam, em todo o caso, bastante grandes; são, entretanto, mil vezes multiplicadas por um fator insignificante na física, matemática ou medicina: alegações especiais de interesse egoístico. Conquanto qualquer grupo tenha interesses econômicos idênticos aos de todos os demais, cada um tem também, conforme veremos, interesses opostos aos de todos os outros grupos. Enquanto certa política governamental procuraria beneficiar todo mundo a longo prazo, outra política beneficiaria apenas um grupo, à custa dos demais. O grupo que se beneficiasse com esta política, tendo nela interesse direto, achá-la-ia plausível e pertinente. Contrataria os melhores cérebros que pudesse conseguir, para dedicarem todo o tempo na defesa de seu ponto de vista. E acabaria convencendo o público de que o caso é justo ou o confundiria de tal modo que se tornaria quase impossível formar, sobre ele, um juízo claro. Além desses infindáveis argumentos relacionados ao interesse próprio, há um segundo fator principal que todos os dias semeia novas falácias. É a persistente tendência de os homens verem somente os efeitos imediatos de determinada política ou seus efeitos apenas num grupo especial, deixando de averiguar quais os efeitos dessa política a longo prazo, não só sobre esse determinado grupo, como sobre todos os demais. É a falácia de menosprezar consequências secundárias. Nisso talvez esteja toda a diferença entre a boa e a má economia. O mau economista vê somente o que está diante de seus olhos; o bom economista olha também ao seu redor. O mau percebe somente as conseqüências diretas do programa proposto; o bom olha, também, as conseqüências indiretas e mais distantes. O mau economista vê somente quais foram ou quais serão os efeitos de determinada política sobre determinado grupo; o bom investiga, além disso, quais os efeitos dessa política sobre todos os grupos." - Harry Hazlitt (http://www.ordemlivre.org/files/hazlitt-economianumaunicalicao.pdf).

Wednesday, April 01, 2009

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Gosto mais de editar do que escrever. Você escreve no momento em que sente que precisa dizer algo. Aquilo vem com uma carga de emoção que afrouxa a adjetivação. Então a coisa vira um discurso veemente involuntariamente. A intenção original era soar como um fleumático cientista inglês de argumentação fria e racional.

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Because linear conversation is overrated. And because every social networking site should have a place for randomness. Also: waffles. Porque a chuva caiu a árvore em cima da grade. E porque não faz mesmo muita diferença. Also: popsicle on mustard.

O mito da educação cidadã

Há uma grande distância entre a educação formal, obrigatória e controlada pelos MECs da vida e aquela que surge espontaneamente através da vivência, da internet e da família. Convenhamos, as escolas, como são hoje, são mamutes ineficientes, trambolhos autoritários que sobrevivem apenas por causa das leis que obrigam o camarada a passar por toda essa via-crucis desde o primário até as fábricas de diploma que o habilitam a fazer parte de alguma guilda. Acabe com a obrigatoriedade do comparecimento e do diploma e esse sistema cai por terra como a implosão bem-sucedida de um prédio. Mas mesmo com todos os instrumentos disponíveis, isso não vai acontecer tão cedo. Primeiro que desmontar essa rede estabelecida não acontece de uma hora pra outra e contraria muitos interesses. Depois que o governo não vai abrir mão de ter o controle do currículo, onde ele incute nos alunos o conformismo com o estado e a ojeriza ao mercado. São tantas formas de doutrinação - embaladas sempre em belos discursos altruístas - que é impossível fugir de uma generalização. Então as pessoas são proibidas de aprender em casa, sozinhas ou com um tutor. Ou você estuda num estabelecimento reconhecido pelo MEC ou nada feito. Ou você se submete ao currículo do MEC ou nada feito, vai ser um excluído. Não aquele excluído de almanaque que rende votos na demagogia populista, mas um excluído dos privilégios que o governo oferece a quem aturou anos de lavagem cerebral travestida de direito obrigatório do cidadão.

A política é chata

Mais do que o conformismo frente ao governo, o que mais me incomoda no brasileiro em geral é essa postura anti-intelectual aliada com a sensação de se estar acima do debate político. "Ah, discutir política, que coisa chata!" Não se tenta compreender os fenômenos, tudo cai na vala do "é assim mesmo" ou "é um absurdo". Muitos não percebem, mas até essas posturas são políticas. Parece que se menospreza o conhecimento, as relações de causa e efeito, pra se lavar as mãos e se sentir absolvido das coisas indesejáveis que acontecem em volta. Então o debate objetivo, que trata de coisas palpáveis do dia-a-dia, é desqualificado como "ideologia" no pior sentido da palavra, ao contrário do politicamente correto que norteia as demonstrações de bom-mocismo das pessoas lindas e maravilhosas. Se os fundamentos da prática não são questionados, resta aos "intelectuais" se perderem em estruturalismos e desconstrucionismos, tentando esvaziar os conceitos e as palavras de seus significados, relativizando tudo em nome de um multiculturalismo que eles admiram de uma distância bem segura.