Wednesday, July 08, 2009

Arte conceitual e comercial 3

A arte também é uma forma de lidar com a morte, não é óbvio? Um dia a gente tá aqui e no outro desaparece, mas aquilo que se produziu permanece, pelo menos por um tempo. A produção de uns certamente dura mais do que a de outros, não dá pra prever, só especular. Certo mesmo é o desejo de, oh céus!, permanência. Van Gogh vendeu um quadro em vida e hoje é esse fenômeno, tanto pela pintura como pelo exemplo aos milhares de artistas desconhecidos que se sentem confortados pela possibilidade do mesmo acontecer com eles. "Ah, estou muito à frente do meu tempo..." A morte também potencializa a glória porque o morto não suscita mais a inveja e deixou de ser concorrência. Os suplementos literários são exemplos de como a morte atrai as teses e os holofotes, é Machado pra lá, Guimarães pra cá e se os novos não prestarem a devida reverência aos cânones estabelecidos pela crítica, nada feito, vão pro escaninho do anonimato. Mas quem realmente acredita no que faz não se abala, há um sentido de missão ali que supera a falta de reconhecimento. E são esses camaradas que depois alteram os antigos modelos e fazem a roda da expressão girar. O que importa é a relação da pessoa com a sua consciência, o resto é detalhe.

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