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Tuesday, December 20, 2011
A natureza e o princípio de não-agressão
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Thursday, December 15, 2011
50 mil homicídios por ano no Brasil
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Wednesday, December 14, 2011
"Os brasileiros gostam de pagar mais caro"
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Tuesday, December 13, 2011
Platão < Aristóteles
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Monday, December 12, 2011
A liberdade sexual
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Thursday, December 08, 2011
Caco, Aristóteles e Miss Piggy
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Thursday, September 22, 2011
As guerras dos EUA
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Tuesday, September 13, 2011
A corrupção
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Monday, August 22, 2011
Os ricos
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Thursday, August 18, 2011
O trabalho "escravo"
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Monday, August 15, 2011
O welfare state
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Thursday, July 28, 2011
A "teologia" do indivíduo
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Wednesday, July 06, 2011
"Dinheiro é religião", segundo um astrólogo
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Curioso com o que os astros tinham a dizer a meu respeito, fiz anos atrás uma leitura do meu mapa com uma astróloga. Mesmo não acreditando realmente naquilo, a sessão foi até emocionante, porque reafirmava de alguma maneira a visão idealizada que eu tinha de mim mesmo. Se aquilo me deixava bem na fita, também não pude deixar de pensar que a astróloga pode ter usado os meus preconceitos a respeito de mim mesmo pra que eu saísse satisfeito da consulta. Se eu demorasse mais duas horas pra sair de dentro da minha mãe, a minha personalidade seria diferente? Então por mais que ser leonino com ascendente em áries e lua em escorpião tenha dado uma espécie de validade externa ao que eu gosto de pensar sobre mim mesmo, não consigo acreditar em astrologia assim como não acredito em Deus, numerologia, tarô ou no misticismo esotérico que for. A posição dos astros, a soma das letras do meu nome, o homem invisível, nada disso é capaz de determinar quem eu sou ou o que penso, porque tenho uma certa margem de ação - dentro das minhas limitações e circunstâncias - pra mudar de opinião e atitude caso eu esteja realmente disposto a isso. Eis que esbarro então com esse pequeno texto do Oscar Quiroga, um astrólogo bem conhecido, dizendo que "dinheiro é religião", acompanhe: "O Deus dinheiro está com os dias contados." O dinheiro é um meio de troca e só acaba no dia que a humanidade acabar. Se um plantador de tomates faz uma consulta com o Oscar Quiroga, ao invés de ser pago com uma caixa de tomates, o Quiroga vai ser pago com dinheiro. O dinheiro representa a produção e a venda de tomates pelo fazendeiro, e o que acontece ali é uma relação entre um produtor de leituras astrológicas e um produtor de tomates, com o dinheiro mediando essa troca. "O Ocidente adora atacar os países cujos Estados são regidos por livros sagrados, porém, se observasse com mais atenção seu próprio umbigo, perceberia que por aqui também se faz o mesmo." É bom mesmo as pessoas discutirem as guerras, assim como é imperativo discutirem o modo como os governos manipulam as suas moedas, mas daí a comparar o dinheiro com a religião vai uma distância intergaláctica. "Pelo Deus dinheiro e seus complexos rituais e dogmas tudo se faz, tudo se sacrifica, promovendo miséria, ignorância e preconceito tal qual ocorre nos países em que os livros sagrados servem de base para as leis da civilização." Como é que o "Deus dinheiro" do Quiroga promove a miséria, a ignorância e o preconceito? Mais capaz da falta de dinheiro (produção e troca) promover essas coisas. "O dinheiro, tal qual os dogmas religiosos, não admite questionamento, impõe seu poder sem fornecer explicações nem lógica." Claro que admite questionamento, você é a prova disso. E o dinheiro, por si só, não impõe nada, quem impõe algo, além do governo (esse sim o impositor que as pessoas deviam questionar), é a estrutura da realidade. Se o Quiroga quiser comer - e ele não só quer como precisa - alguém tem que produzir essa comida. A pessoa que produziu essa comida também precisa comer, e o dinheiro serve pra facilitar essa cadeia de produção que coloca a comida na mesa. Culpar o dinheiro pelos males do mundo é um buraco negro no raciocínio maior que o sistema solar. "O dinheiro é uma religião que hoje em dia não tem mínima contenção na forma de leis ou regras, pode tudo, é a maior forma de autoritarismo nunca antes vista na história humana." Não me surpreende que esse texto tenha sido indicado por um socialista. Será que o Quiroga é ateu em relação ao "Deus dinheiro" quando recebe o salário do Estadão? Aliás, salário tem esse nome porque o sal era usado justamente como dinheiro (moeda de troca) na época do império romano. (http://www.estadao.com.br/horoscopo/)
Monday, June 27, 2011
David Mamet e os jornais
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Monday, June 20, 2011
A diferença da discussão política
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Se eu sou Flamengo e você Botafogo, tudo bem, cada um com seu cada um. Se eu gosto de chillwave e você de death metal, beleza, good luck with that. Se eu assisto reality shows e você nem liga a TV, vida que segue. Agora, se eu acho que o governo tem que ser assim e assado e você considera que ele tem que ser assim, assado, cozido e grelhado, essa diferença vai ter uma outra natureza, porque vai envolver o uso da força. Não sou obrigado a torcer pelo Flamengo, a ouvir chillwave ou a assistir Keeping Up with the Kardashians, mas sou obrigado a obedecer as regras impostas pela mão visível do governo e pelo documento invisível chamado contrato social, quer eu queira ou não. Nenhum problema se você gosta da banda X, do cineasta Y ou do escritor Z, a coisa muda de figura se você acha que o governo deve patrociná-los. Não que não se possa discutir o mérito desses artistas, mas essa discussão vai ficar no terreno subjetivo e o seu gosto não vai interferir diretamente no meu. Se essa sua preferência, no entanto, vier acompanhada do subsídio do governo, ela vai interferir sim no exercício do meu gosto, porque eu vou ter menos meios de exercê-lo, já que uma parte foi desviada à força pra patrocinar X, Y ou Z. Ou se governa igualmente pra todos ou a política vira uma guerra entre grupos de pressão pelo controle da máquina capaz de tirar de um pra dar pra outro. Então a igualdade de todos perante a lei vira uma ficção substituída pela mobilização de pequenos grupos organizados atrás de privilégios às custas da grande massa desorganizada. Quando a religião andava misturada com o governo, ter uma crença diferente da oficial ou não ter uma religião at all podia te causar muitos problemas com o poder, mas quando a civilização finalmente separou a religião do governo, o camarada passou a poder ser espírita, protestante, macumbeiro ou o que quer que seja, a sua opção espiritual se transformou num assunto pessoal ao invés de ser um assunto estatal. Como as pessoas ainda assumem que é papel do estado (e dos políticos) conduzir a economia (e a cultura em geral), o que seriam diferenças estéticas ou éticas se transformam numa briga de foice e martelo pra ver quem vai (tentar) impor os seus valores aos outros.
Tuesday, May 31, 2011
A maconha e as ideologias
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Friday, May 27, 2011
Green peace, war on mankind 3
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"Sol, parece programa da Regina Casé, mas quando a gente está escrevendo estas poucas linhas você sabe quantos hectares estão sendo desmatados? Quinhentos por dia. Multiplica por dez mil metros..." O novo código preserva, pelo menos no papel, 70% dos chamados biomas, sobrando 30% do território pras atividades humanas. Se é essa a proposta que deixou os ambientalistas furiosos, quem é que não está sendo razoável? "Sol, pergunta pro pessoal de Itaunas, no Espírito Santo, o que eles acham dessa cascata de maré enchendo." Ninguém constrói as suas casas perto do mar esperando vê-las engolidas pela natureza, o que não é o mesmo que dizer que esse evento foi causado por X (ação do homem) ou Y (ação do homem). "Sol, o problema é que dá pra consorciar hortifrutis com floresta, mas e a ganância de derrubar aquela tralha toda e vender no mercado negro?" O mercado negro acontece, por definição, quando o governo lança restrições à atividade econômica. Foi assim com a Lei Seca nos EUA e é assim com a atual guerra contra as drogas. O Greenpeace, a WWF, a Fundação Ford e todas essas ONG's podiam deixar de fazer lobby em Brasília pra manter as florestas brasileiras virgens à força e podiam, com esse dinheiro economizado, comprar grandes extensões de terra, cercá-las e mantê-las intocadas do jeito que eles querem. "Dá pra criar boi estabulado, aproveitando esterco pra plantação ou biodigestor, mas dá trabalho. O que os pessoal não quer é trabalho." Se esse esquema não tem como competir com outros esquemas de maior escala, o que fazer? Proibir a criação extensiva de gado? O caminho pra essa produção mais "ecologicamente correta" passa mesmo por esses selos de consumo "verde" ou "consciente", em que as pessoas aceitam pagar um pouco mais por isso. É assim com o boi estabulado assim como com qualquer outro produto raro e diferenciado. "Jogar um cigarro no mato seco é sempre mais fácil, e sempre dá pra botar a culpa na combustão espontânea. Depois solta a boiada no capoeirão e não se fala mais nisso." Olha o que eu li por aí nas minhas pesquisas: "Quando uma floresta, primária ou secundária, é derrubada para o plantio de alimentos, caso o agricultor não tenha condições de utilizar um maquinário altamente caro, não há outra coisa a fazer a não ser colocar fogo na área. Além de ser uma forma muito prática de limpar uma área para plantio, o fogo traz outro benefício: as cinzas. Estas elevam a fertilidade de um solo ácido. As cinzas são um material alcalino, portanto diminuem a acidez dos solos e fazem com que seja eliminada a nocividade de certos elementos, como o alumínio, por exemplo." "Sol, eles desmatam para satisfazer as necessidades deles mesmos. Não tem ninguém que fica pedindo pra hortifruticultor desmatar para plantar roça de batatinha." Isso é muito bom pra ilustrar a metáfora do Adam Smith sobre a "mão invisível": ninguém pediu pro agricultor plantar roça de batatinha, ele o fez por interesse próprio, claro, mas esse interesse próprio acaba - como efeito colateral - beneficiando todas as outras pessoas por aumentar a oferta de alimentos e diminuir os seus preços. "Sol, se o governo não determina isso de cima para baixo não tinha mais floresta amazônica." Grande parte da floresta amazônica já pertence ao governo e é nas barbas dele que acontecem os desmatamentos. "Vai por mim, Sol, se não tem Lei Seca nego sai doidão do buteco dando porradão de carro e matando gente que tá chegando em casa de cara limpa." O abuso de uns não deveria tolher o uso de todos. O problema é de impunidade, que tem a ver com o esvaziamento da responsabilidade individual, que tem a ver com a tutela governamental. Ao invés de punir de antemão todas as pessoas que bebem uns chopps ou umas taças de vinho e continuam perfeitamente capazes de guiar os seus carros com segurança, podia-se começar a punir com agravante quem causa acidentes embriagado ou dirige de forma agressiva e ameaçadora, mas isso ia dar mais trabalho e ia render menos multas. "Caramba, se com o Governo enchendo o saco a realidade ambiental brasileira é essa pouca vergonha de gente fazendo o que quer na terra dele, imagina sem." O governo, do jeito que está configurado, é o problema e não a solução. "Sol, o homem chegou por último nesse vale de lágrimas e detonou o planeta." A vida não é só sofrimento, vamos combinar. "Não quero que matem todo ser humano mas que pro planeta seria melhor, isso não tem a menor dúvida." O planeta não tem consciência pra saber o que é ou não é melhor pra ele, esse é um julgamento humano. "Agora que a gente sabe após breves cinco milhões de anos como construir uma civilização (embora devamos considerar que em muitas regiões brasileiros isso está muito longe de acontecer) é hora de usar essa expertise (palavra que odeio) pra fazer as coisas bem feitas." Toda discussão construtiva vai nesse sentido de melhorar as coisas. "Eu também mato uma porrada de mosquito, parada e por mim tudo quanto é mico estrela poderia ir pro beleléu - sem falar nos pardais, maravilhosa contribuição lusitana à Terra Brasilis - mas não acho bacana ficar matando onça só por esporte." A tendência é que a própria pressão social diminua a prática desse tipo de "esporte". "Você conhece coisa mais grave na categoria perverter a ordem outrora pacífica e idílica do que jogar uma bomba atômica no atol de Mururoa, no paraíso do Pacífico Sul?" O homem não é um anjo, senão seria chamado de "anjo" e não de "homem". Anjos não existem, homens existem. Se a humanidade avançou a tecnologia a ponto de criar uma arma dessas, o que vai se fazer? Proibi-las - regra que criminosos, por definição, não respeitam muito - ou cuidar pra que não se criem situações de conflito em que exista a chance delas serem usadas? "Bicho come bicho por sobrevivência, mas só um bicho mata outro bicho para botar a cara empalhada na parede da sala, como peça de decoração. Não conheço nada mais perverso do que matar por esporte e expor a morte por ostentação." Adoro certos animais e considero desprezível quem maltrata ou mata os bichos por diversão, o caminho é mesmo o da denúncia, do boicote social. "O homem também não vive um dilema moral ao matar um bicho pra botar a pele no chão, como peça decorativa. E deveria viver." Antigamente, uma pele de animal tinha diversas utilidades práticas pro homem, como se aquecer, por exemplo. Hoje em dia com o surgimento de outros materiais isso não é mais necessário (pelo menos nas sociedades mais industrializadas), então a pressão social e o avanço da civilização cuidam pra que isso aconteça cada vez menos.
Thursday, May 26, 2011
Green peace, war on mankind 2
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Wednesday, May 25, 2011
Green peace, war on mankind
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Monday, May 23, 2011
Página 26 do Mundo
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Thursday, April 07, 2011
Camelo e o "fundamentalismo materialista"
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Monday, March 14, 2011
O senso comum e o bom senso
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Wednesday, February 23, 2011
A liberdade de um termina quando:
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Wednesday, February 09, 2011
Comentários sobre o Roberto Campos
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Quando comecei a acompanhar o debate político, o Roberto Campos era o vilão favorito dos nacionalistas e socialistas, que o chamavam de Bob Fields, "lacaio do imperialismo", "vassalo do FMI" e "entreguista", entre outros nomes depreciativos. Mesmo eu não tendo muita noção do que tava acontecendo, essa campanha de desmoralização tinha efeito sobre mim, que identificava aquele senhor com tudo o que havia de errado no mundo. Claro, eu era apenas uma criança influenciada pelo ambiente e é mesmo complicado escapar da doutrinação nessa fase. Quando o mito da superioridade moral da esquerda sucumbiu aos meus olhos e me encaminhei pra uma visão mais liberal das coisas, comecei a acompanhar os artigos do Bob Fields e finalmente percebi o seu valor. Fiquei então curioso pra ler o seu livro de memórias - muito elogiado pelo Paulo Francis na época do lançamento - porque o homem não era apenas um liberal, mas um liberal que viveu o poder por mais de meio século e desenvolveu, ao longo dessa experiência, um ceticismo cada vez maior em relação à benevolência e eficiência do governo. "O século do coletivismo foi talvez o mais violento da história humana. Eclodiram duas guerras mundiais. Realizaram-se dois grandes experimentos de engenharia social, visando ambos a criação de um homem novo e superior: o homo aryanus e o homo sovieticus. Somados os expurgos e conflitos em vários continentes, o experimento socialista terá liquidado talvez 50 milhões de pessoas. O nazi-fascismo, com a II Guerra e o holocausto, sacrificou cerca de 45 milhões de pessoas. E nenhum desses experimentos de engenharia social logrou mudar permanentemente os homens. Houve apenas um temporário eclipse da razão e da compaixão." Você deve estar acostumado aos apelos em nome do bem comum, da comunidade, da nação, da pátria et cetera, mas quantas vezes ouviu falar das maravilhas do individualismo? É natural colocar o próprio interesse em primeiro lugar, mas reconhecer isso ainda é uma espécie de tabu. Não estou dizendo que a pessoa só pensa nela mesma, estou dizendo que a pessoa pensa primeiro nela e depois nos outros, use a própria experiência pra comprovar essa parte do seu instinto de sobrevivência. Você até se sacrifica pelo outro, mas faz isso quando o outro significa algo pra você. Somente o reconhecimento da individualidade de cada um é capaz de promover uma justiça livre de preconceitos de cor, raça, classe ou do que quer que seja. Sei que estamos inseridos num contexto de influências mútuas, mas a responsabilidade - pro bem ou pro mal - tem que ser individual. Responsabilizou-se grupos ao invés de indivíduos ("proletários" X "burgueses", "arianos" X "judeus") e foi a violência que se viu. Só o indivíduo pensa, só o indivíduo age. Só o indivíduo faz o bem, só o indivíduo faz o mal. Se aconteceram e acontecem tragédias inspiradas em alucinações coletivistas do naipe de um nazismo ou de um comunismo, é porque não se respeitou as diferenças entre as pessoas e não se reconheceu cada uma delas como fins em si mesmas (individualismo). "Nesse fim de século ressurgem tendências liberais sob a forma do capitalismo democrático. Este se baseia na convicção de que somente através do mercado se alcança a opulência, enquanto que para a preservação da liberdade o instrumento fundamental é a democracia." Depende da democracia, né? Se for uma em que as liberdades individuais são resguardadas pela lei e não são objeto de voto pela maioria, pode-se concordar com o que o Roberto Campos diz. Caso isso não aconteça - o que é mais provável e comum - o que impediria A de se juntar a B pra roubar ou matar C de forma "democrática"? "Conciliar o mercado, que é o voto econômico, com a democracia, que é o voto político, eis a grande tarefa da era pós-coletivista." Beleza, o problema é que ainda nem superamos a era coletivista, o Campos não viveu o suficiente pra testemunhar a ascensão do socialismo do século 21 através da democracia; ou os venezuelanos, bolivianos e equatorianos não votam? Votam sim, e segundo o Lula esses países "têm democracia até demais". "Sobrava confiança nos keynesianos dos anos 30 e 40 quanto à capacidade governamental de administrar o pleno emprego através da sintonia fina. Os desapontamentos viriam no pós-guerra, quando as políticas keynesianas, casualmente eficazes no combate à recessão, trouxeram prolongados períodos de pressão inflacionária." Se você se endivida pra construir uma ponte ligando o nada ao lugar nenhum, você pode até criar alguns empregos, mas esse gasto não vai ser eficiente e você vai ter agora uma dívida a pagar. Como o governo tem o poder de criar dinheiro do nada, ele tem todos os incentivos pra quitar ou rolar esse passivo através do aumento da base monetária, ou seja, inflação. "Somente nos anos 70, o keynesianismo, como doutrina, seria temporariamente desbancado pelo monetarismo." Temporariamente mesmo, porque as políticas econômicas dos principais países hoje em dia (incluindo os EUA) com seus "estímulos", endividamentos e inflação "pra gerar emprego" ainda são keynesianas. "John Kenneth Gailbraith nota, pitorescamente, que Hitler foi um predecessor pouco honorável do keynesianismo, utilizando maciçamente déficits orçamentários, a partir de 1933, para atenuar o desemprego." There you go, nacional-socialistas, o keynesianismo é uma teoria sem pé nem cabeça convenientemente usada por qualquer governo que não queira o mercado livre e queira controlar a economia sem estatizar completamente os meios de produção. "Apesar de se julgar uma secular meritocracia, o sistema de seleção para a carreira eclesiástica premia às vezes a mediocridade e o conformismo." Isso surpreende alguém ou as religiões se tornaram de repente amigas do inconformismo inovador? "Dirigida inicialmente por Ricardo Cravo Albim, a Embrafilme foi depois sujeita a grande descontinuidade administrativa, com suspeitas, periodicamente averiguadas, de malversação de fundos, através de alguns empréstimos descriteriosos a grupos privilegiados, quase todos, por sinal, cultores da temática do cinema novo." Não me diga... Esse pessoal queria "denunciar o sistema" usando o dinheiro do sistema a fundo perdido, claro. Fazem isso até hoje e não é surpresa a pressão gigantesca que um ministério (que nem deveria existir) como o da cultura sofre da "classe artística", por si só um sintoma de coletivismo; ou os artistas pensam todos da mesma maneira? "Minhas divergências com Gudin e Bulhões nos anos 50, muito comentadas na época, diminuíram rapidamente à medida que adquiri maturidade intelectual e experimentei desilusões quanto à eficácia do serviço público." Demorou, mas abalou. O serviço público simplesmente não tem os incentivos pra ser eficiente, porque os seus recursos são obtidos à força e a competição só acontece na hora das eleições, quando as pessoas podem então escolher qual das máfias - também conhecidas como partidos - vai ter acesso ao butim. "Cheguei mesmo - horresco referens - à tolice, que Gudin nunca me perdoou, de escrever o seguinte: 'As objeções de Hayek e Von Mises sobre a irracionalidade dos preços e de fatores nas economias planificadas teriam sido destruídas, em grande parte, pela análise de Barone, Taylor e Lange.' Nada disso aconteceu. Demoraria algum tempo, mas no fim das década de 80, com a queda do Muro de Berlim e o colapso do marxismo, verificou-se que as objeções dos liberais austríacos às economias planificadas, proferidas na década de 20, eram absolutamente válidas e incrivelmente proféticas." A lógica pode demorar, mas prevalece. O problema é que aquele papo de que "o que se aprende com a história é que não se aprende com a história" tem um fundo de verdade e não importa pra muita gente que o experimento socialista do século 20 tenha fracassado miseravelmente, a "superação do capital" continua na ordem intelectual do dia como um tema respeitável. "O máximo que se pode dizer é que Getúlio Vargas explorava um nacionalismo oportunista, antes que ideológico. Chamei-o de pragmático preconceituoso porque tinha uma visão falsa dos méritos relativos do investimento direto, em contraste com empréstimos e financiamentos." Os governantes querem o controle dos investimentos pra que os recursos passem pelas suas mãos e eles possam então fazer os seus negócios (malversações políticas ou monetárias). O lance é que muitas pessoas não enxergam nenhum problema nisso, só lamentam e criticam quando não são elas - ou a máfia a que pertencem - que controlam o processo. "Essa parte do pensamento de Vargas, que atribui os obstáculos ao desenvolvimento à ação das 'forças ocultas' foi depois acentuada por Leonel Brizola, que, por cerca de 30 anos, transformou as 'perdas internacionais' em bode explicativo do fracasso do desenvolvimento brasileiro." Cultuarem até hoje um socialista como o Brizola e um ditador como o Vargas mostra como o coletivismo ainda domina o debate nacional e ajuda a entender o vai-não-vai do Brasil rumo ao desenvolvimento. Vai, não vai, agora vai, não foi, fica pra próxima, quando "os outros" deixarem.
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