Thursday, September 10, 2009

O livre mercado (propriedade privada)

Nada do que falei anteriormente (trocas voluntárias, concorrência e sistema de preços) seria possível não fosse a propriedade privada. Esse conceito sofre diversos ataques - tanto do governo quanto de parte da opinião pública - porque não é corretamente compreendido. A propriedade privada nada mais é do que o nosso corpo e o que a gente produz e ganha com ele. Abandonar a propriedade privada em prol do coletivo é como assinar um atestado de escravidão. Se você não é um fim em si mesmo, é um meio pros fins dos outros. Sem autonomia sobre si mesmo, você não é capaz de se engajar em trocas voluntárias (outros vão decidir o que é bom pra você), não é capaz de concorrer a nada (dependendo do que esses outros acham que você merece) e nem pode vender ou comprar nada (a sua propriedade não te pertence). Não se espante com os ataques e as relativizações do PT à propriedade privada, eles são socialistas e é isso mesmo o que os socialistas fazem. A maioria, num primeiro momento, pode achar isso bacana, afinal, imagina que o governo só está mexendo com os grandes empresários e latifundiários, como se fosse pecado ter dinheiro e terras. Mas até mesmo essa maioria, com o passar do tempo, vai percebendo que a sua propriedade - e, portanto, a sua liberdade - também está sendo gradualmente cerceada. Quando isso acontece, se dão conta da burrada que fizeram legitimando o discurso reparatório que prometia tirar de uns pra dar pra outros, que, na prática, deixa os reparadores e os seus amigos com a maior parte do bolo, enquanto o resto tem que se contentar com as sobras.

6 comments:

José K said...

O que mais me fascina é o fato de que as pessoas não conseguem perceber que toda propriedade é privada. O que é "público", nada mais é do que um eufemismo para as propriedades privadas de entes chamados 'união', 'município', 'estado' e demais autarquias. Propriedades privadas de abstrações que, exatamente por serem abstrações, não podem exercer seu direito de propriedade diretamente. Continuando na ilusão, as pessoas acreditam que estas propriedades são do "povo", quando, na verdade, são propriedades daqueles que se apropriam -- através de subterfúgios -- destas entidades, assim como de seus orçamentos.
É como um carro de uma empresa -- uma pessoa jurídica. Esta empresa não pode usar o carro para ir à praia, ao cinema, ao zoológico, etc.. É claro que quem usa esse carro são os diretores da empresa e seus delegados. Assim, como quem usa os carros do senado, dos tribunais, etc., são os senadores, desembargadores, etc.. Teoricamente, deveriam utilizá-los para o que a lei determina, mas... quem fiscaliza? Teoricamente, os diretores da empresa que tem o carro deveriam usá-lo para o fim social da empresa e, daí, temos outro absurdo em nossa Constituição -- a função social da propriedade.
Ora... O que é uma função social de uma propriedade? Para mim, a função social de meu carro e levar-me aos lugares que pretendo ir, a da minha cueca é manter minhas partes íntimas afastadas da minha calça, da minha comida, alimentar-me. Mas se eu quiser usar a minha cueca na cabeça? Não posso? Se quiser colocar o carro na minha sala de estar para enfeitá-la? Não posso? E estes são apenas os exemplos mais grotescos! Porém, se os nossos Juízes -- estes "Deuses" mortais (e talvez, eles nem acreditem que sejam mortais) -- decidirem interpretar mais extensivamente este conceito? Como a nossa lei é sujeita a mil interpretações, de acordo com o momento, o bom humor e a composição dos tribunais, poderemos acabar num regime kolhkhoziano, onde toda propriedade tenha que servir ao "povo", ao "social", ao "bem-comum", à "vontade geral". Considerando que, como afirmou John Lock, que a propriedade começa pela vida, corpo e liberdade, para tornamo-nos escravos "de jure" e não apenas "de facto", só precisamos de um presidente louco, apoiado por Supremo Tribunal conivente. A brecha está aí... E precisamos alertar-nos disso.

sol_moras_segabinaze said...

Muito bem dito.

sol_moras_segabinaze said...

Ou ditto. haha

Anonymous said...

acho muito dígno andar com cueca na cabeça.

sol_moras_segabinaze said...

Nem uso mais cueca.

João said...

Certamente, mais digno do que levar dólares escondidos na cueca...