Thursday, September 24, 2009

Sobre a inflação

"Se o governo emite novo dinheiro e o gasta, digamos, em clipes para papel, não se verifica um simples aumento do "nível de preço", como diriam os economistas não pertencentes à Escola Austríaca. Na realidade, em primeiro lugar, aumentarão as rendas dos produtores, depois, subirão os preços dos clipes, logo em seguida os preços dos fornecedores da indústria de clipes, e assim por diante. Assim, um aumento da oferta de moeda, que altera os preços relativos, pelo menos temporariamente, pode também redundar numa alteração permanente de rendas relativas. Mises conseguiu também demonstrar que um dos primeiros achados de Ricardo e de seus primeiros discípulos, por muito tempo esquecido, era absolutamente correto: afora o uso industrial e de consumo do ouro, um aumento da oferta de moeda não proporciona benefício social de espécie alguma. Isto porque, ao contrário do que acontece com fatores de produção como a terra, o trabalho e o capital, cujo aumento ocasionaria uma maior produção e uma elevação do padrão de vida, um aumento da oferta de moeda pode apenas reduzir seu próprio poder de compra, sem que aumente a produção. Se todos tivessem o dinheiro que possuem no bolso ou na conta bancária magicamente triplicado do dia para a noite, a sociedade nada ganharia com isso. Mises mostrou, contudo, que o grande atrativo da "inflação" (um aumento da quantidade de moeda) é precisamente que nem todos se apossam do novo dinheiro ao mesmo tempo e no mesmo grau; ao contrário, o governo, seus fornecedores favoritos e os beneficiários de seus subsídios são os primeiros a receber o novo dinheiro. Estes têm sua renda acrescida antes que muitos preços subam, ao passo que os desafortunados membros da sociedade, que recebem o novo dinheiro por último ou que, na condição de pensionistas, não o recebem de maneira alguma, saem perdendo, porque os preços dos artigos que compram sobem antes que recebam um maior rendimento. Em suma, o atrativo da inflação está em permitir que o governo e outros grupos na economia se beneficiem, silenciosa e efetivamente, às custas de grupos da população desprovidos de poder político." - Murray Rothbard (http://www.libertarianismo.com/livros/LVM-Oessencialvonmises.pdf).

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