Tuesday, March 30, 2010

Jabor e a falta de sentido

"Não sou psicólogo, mas vejo que, mesmo na alegria desmedida do narcisismo de 'mídia', mesmo nas celebrações de celebridades egoístas, a psicopatia é o sintoma do século que começa". Diagnóstico radical, não? As pessoas buscam os holofotes por inúmeras razões, seja pelo "narcisismo" ou pela vontade de passar uma mensagem ainda maior que elas mesmas. O próprio Jabor começou a fazer cinema e buscar os holofotes porque queria transformar o Brasil através do socialismo. Ficou desiludido porque viu o seu sentido ir por água abaixo, mas ainda não se tocou que existem outros sentidos que fazem realmente sentido dando sopa por aí. "A toda hora não vemos o show voraz da busca pelo poder, justificando qualquer crime?" O discurso altruísta (socialista) que o Jabor não consegue abandonar é a raiz desses fins que justificam os meios. Desqualificar o ego é contraditório à busca pelo sentido, porque somente a consciência individual é capaz de estabelecer um sentido, sentidos coletivos "justificam qualquer crime" porque os indivíduos se transformam em instrumentos sacrificáveis pra realização daquele ideal coletivista. "Essa anomalia cresce num mundo onde só existe interesse pelo próximo quando ele dá lucro." Será que esse discurso anti-lucro também não dá lucro? O PT passou toda a sua existência condenando o lucro e agora tá aí, lucrando como nunca. Mas há que se fazer uma distinção entre o lucro que se dá através da produção e das trocas voluntárias e o lucro que se dá através do roubo e dos privilégios políticos. Condenar o lucro como princípio é sintoma certo de confusão mental. "Ter alma dá prejuízo". O que é ter "alma"? Essa separação entre corpo e alma serve pros místicos de toda ordem terem controle sobre as pessoas que, mais uma vez, se vêem reféns do julgamento dos representantes divinos que dizem ter acesso ao que não existe.

2 comments:

Haemocytometer said...

"Somente a consciência individual é capaz de estabelecer um sentido" - bobagem. Os sentidos não são estabelecidos nem por um indivíduo nem pela coletividade; são criados entre as relações (que são anteriores a seus termos) e o acaso.

A consciência individual é como o marido traído: sempre o último a saber, mas pra não parecer tão imbecil, diz que sabia o tempo todo.

Dito isso, concordo com sua pontuação sobre a incoerência do Jabor: condena a egolatria mas faz a mesma coisa. Aliás, faz pior, pois se acha a palmatória do mundo.

Raphael Moras de Vasconcellos said...

O sentido só é dado pelo indivíduo, como aliás todo pensamento é individual. Ninguém pensa e conclui em coletivo. Transferir para o coletivo a responsabilidade dos atos e conclusões é tirar o os direitos e as responsabilidades dos indivíduos.

Passar para o coletivo o privilégio da sabedoria e da decisão é relativizar a própria existência. É se eximir da responsabilidade. É como tentar se ancorar nos outros para evitar se sentir sozinho ou inseguro.