Wednesday, February 03, 2010

Pós-brancos

Rolam por aí alguns movimentos radicais contra o açúcar, dizendo que ele tem o mesmo poder de acabar com o fígado que o etanol, que ele é o responsável pelo atual surto de obesidade e, resumindo a paróquia, é um veneno. Não tenho ressalvas a fazer, concordo inteiramente na condição de consumidor de caipirinhas bem doces. Veneno duplo. Morte lenta. Frase curta. Mas é bom que dói. No fígado. Nas mucosas. Você entendeu. Como colocam açúcar até no sal - fica mais gostoso - é difícil escapar. Ou você vai nos adoçantes que sempre me pareceram muito artificiais ou parecer pra mim não faz do adoçante uma parada artificial. Uma energia rápida, um carvão sequinho e docinho alimentando a caldeira da metabolização. Pois é, saiu assim de primeira - caldeira da metabolização. O uso desse travessão teve um trabalho "intelectual" maior do que o da "caldeira da metabolização". O uso das aspas também, revela alguém com senso autocrítico apurado. Tipo, e os hífens? Há escassez de hífens e abundância de açúcar. Mas é tão bom... "O hífen?" Claro, dá pra comer e beber o hífen... Nem o hífen e nem as reticências. Ninguém reparou que não existem palavras na língua portuguesa que terminam em "n"? Não estou falando de nomes próprios, né, Suéllen? Por que com o hífen é diferente? Não sei, os Sideritos devem ter alguma coisa a ver com isso e com a conspiração do açúcar também. Mas é tão bom, sabe? Eu sei que os moderados acham esses alertas ridículos, mas será que não é possível que um dia proíbam o consumo de açúcar como proibiram o consumo de maconha e Sideritos? "O consumo de açúcar está sobrecarregando o sistema público de saúde." Ah, seu fiscal, eu só quero botar um pouquinho na caipirinha, vai... Um sachêzinho daqueles que vocês obrigaram os bares e restaurantes a usar com mensagens de otimismo, sabe? Como um biscoito da sorte ocidental, uma diabetes ou a sua edificação de volta. Seria 10, bicho peralta. Por que só o açúcar? Cadê a farinha? Aquela do pão mesmo, não se assuste, a outra continua dando jaula. Eu gosto é do gasto e se eu gosto do gasto eu tenho que citar de quem é a frase. Outro branquinho que satisfaz também é deletério pra saúde: o sal. Óbvio que eu não estou questionando o uso da palavra "deletério" ou esses fatos, eu mesmo quando consumo essas coisas percebo os efeitos no meu corpo. Depois de algumas décadas de vida você começa a entender as relações de causa e efeito entre o que você consome e o funcionamento do seu organismo. Aliás, curto a palavra "sachêzinho". Massa. Tem farinha. Show. Tem farinha também. Você tá compreendendo? Então se não vamos proibir, vamos ao menos controlar a ingestão de açúcar, farinha e sal, você sabe que incha e não está sugerindo que seja criada uma agência do governo pra cuidar dessa situação, está? Ó, longe de mim demandar tal burocracia, caro leitor, quem escreve "caro leitor" merece levar porrada? Não, digo figurativamente e fulgurativamente que não e que "fulgurativamente" nem é uma palavra, fala sério.

5 comments:

Anonymous said...

Não falem em hífen perto da Yang. O Xexéu - Xexéo? - gosta que se enrosca. De hífen e de sacanear a Yang. Que gosta de notoriedade. Que
parece gostar da Yang. Mas estou derivando de branquinha. O açucar.
Fruta tem. Fruta sem double sense.
O excesso de açucar é metabolizado como gordura. Que faz mal. Quase tudo faz mal. Flatulência bovina afeta a camada de ozônio. Uma vez tive um acesso de pânico, sonhei que iria faltar ar. Que não é uma coisa legal de faltar. Pode faltar a Yang, que a gente até fica feliz.
Dá até pra faltar açucar e caipinha. Ar não dá. Já pensou?

Anonymous said...

Sachê tem a maior pinta de ser palavra japonesa.

Anonymous said...

Sideritos, creio eu, estão em todos os lugares. Inclusive naquelas partículas subatômicas que passam pelo corpo da gente. Para mim tenho.

Anonymous said...

No começo de São Paulo, ainda no século 16, os colonos exportavam açucar feito de rosas. Era um açucar cor de rosa que era laxante.
E marmelada. Eram famosas as marmeladas paulistanas. Tudo exportado em caixetas de madeira.
A mulher do Fernão Dias, o das esmeraldas, quando ele estava na pindaiba - que é um termo de língua geral que significa vara de pescar - vendeu toda a produção de marmelada em caixa pra ajudar o marido,que estava doente em Vapabuçu. Agora tenho reunião onde derramarei mais um pouco de minha
cultura inútil, para o deleite dos basbaques de plantão.

Anonymous said...

Sol, gostei do "Ó". Ele é diferente do "Oh", muito comum em poesia e quando a prosa fica meiga.