Tuesday, January 26, 2010

Novamente: o que se vê e o que não se vê

Vou seguir firme no meu intento de divulgar os princípios liberais, tudo aquilo que os chapolins do Fórum Socialista Mundial deploram. Eles seguem lá marchando contra o bom senso e eu seguirei aqui, impávido colosso, em defesa das liberdades individuais. Queria entender, aliás, por que essa reunião da insensatez organizada recebe uma cobertura tão generosa da grande imprensa que a insensatez organizada fecharia na primeira oportunidade que tivesse, enquanto o Fórum da Liberdade - também em Porto Alegre - segue a cada ano passando em brancas nuvens pelos jornais... Deve ser a isenção jornalística, sabe? Vida que segue. Vou tentar fazer um resumo rápido da lição dada pelo economista francês Frédéric Bastiat sobre aquilo que se vê e aquilo que não se vê. Como se vê, a França não dá ao mundo apenas professores de confusão mental, muita gente com a mente clara e objetiva sai de lá também. "Maniqueísmo!" Maniqueísmo, aparentemente, é quando a pessoa tenta dar nome às coisas, quando a pessoa faz um julgamento, algo que os professores de confusão mental franceses acham muito errado, sabe? Onde já se viu fazer julgamentos? O único julgamento permitido por esses grandes pensadores é contra o capitalismo e os EUA, todos os outros julgamentos estão proibidos. Mas voltando ao grande Bastiat (veja que os julgamentos também podem ser favoráveis), o seu o que se vê e o que não se vê trata dos efeitos de determinada política econômica no longo prazo e os custos de oportunidade de uma medida que favoreça algum grupo específico no curto prazo. Esse conceito foi muito bem explorado pelo jornalista econômico Henry Hazlitt no seu "Economia numa única lição", que pode ser baixado aqui (http://www.ordemlivre.org/Henry+Hazlitt+Economia+numa+unica+licao). Por exemplo, o salário mínimo. Não, eu já desisti há muito tempo de tentar agradar todo mundo, fica tranquilo. O aumento do salário mínimo é comemorado como uma grande política social (socialista) do governo. Claro, quanto mais as pessoas ganharem, melhor. Concordo com isso, mas o efeito que não se vê do salário mínimo é o aumento do desemprego e a informalidade. Se o empregado não der um retorno de mais de mil reais em produtividade (500 reais, mais encargos), ele simplesmente não vai ser contratado. Ou seja, a conquista social (socialista) do salário mínimo coloca mais da metade da mão de obra ou no desemprego ou na informalidade. Isso é o que não se vê na, dizem, avançada legislação trabalhista brasileira que é, veja você, herança do ditador Getúlio Vargas que, por sua vez e nunca é demais lembrar, se inspirou na Carta del Lavoro de Mussolini. Não é tudo muito lindo? Outro exemplo: os industriais brasileiros se reúnem com seus lobbies (FIESP e etc) e pressionam o governo ($$$) pra que se "protejam os empregos da indústria nacional". Então o governo, sempre muito camarada, impõe barreiras de importação, poupando a indústria brasileira da concorrência e preservando aqueles empregos. Isso é o que se vê. Os sindicatos e os industriais daquela categoria específica soltam fogos por ter garantida, na prática, uma reserva de mercado. O que não se vê é que todo esse subsídio é feito às custas dos consumidores que terão que pagar mais caro por aqueles produtos. Se economizassem ali, poderiam ser criados outros empregos acolá. Não apenas vão pagar mais caro como terão produtos de qualidade inferior. Como a economia mista em que vivemos é um campo fértil pra tomada do estado pelos grupos de pressão, dá pra aplicar o ensinamento de Bastiat a cada lei que não seja válida para todos. Cada capitulação da legislação a esse ou aquele lobby joga por terra a igualdade perante a lei e beneficia uns às custas de todos os outros. Mas por que isso acontece sem muita oposição? Porque os benefícios são concentrados e visíveis (o que se vê), enquanto os malefícios são espalhados e invisíveis (o que não se vê).

7 comments:

Anonymous said...

Sol, uma bela reformulação tarifária - que interessa a todo mundo including consumidores e nada ao governo - resolveria um monte de problemas sérios que a gente tem, incluindo emprego, incluindo mão de obra qualificada, incluindo indústria brasileira, incluindo deficit orçamentária, incluindo infraestrutura, etc.
Uma simples penada e helás! (mas aí por onde entram os por baixo do pano?) Abs Fred

Anonymous said...

A revista Carta ultimamente deu pra ver tudo de bom no governo. Até quando é ruim arrumam um jeito de virar bom. A revista Caros Amigos idem. Tudo bem, é ideologia.
Peraí, mas tudo é ideologia quando não é economia. Alguém compra um quilo de açucar de Cuba? Compram milhares de milhões de bonequinhas chinesas ao custo posto fábrica de 0,00006 centavos de ien. Os benefícios são visíveis,os malefícios invisíveis. Abs, Fred.

Anonymous said...

É o bom e velho alcool. Super safra, as usinas com alcool a dar com o pau, oba, o preço da gasolina (25% alcool) vai diminuir? Bicas. O preço do barril desceu pra caramba, super oferta, oba, a gasolina vai diminuir de preço? Bicas. Todo subsidio é feito às custas dos consumidores.
Subsidio ideológico, então, nem se fala. (Eu ia falar, mas pintou um job, sabe, Sol?) Abs, Fred.

sol_moras_segabinaze said...

:-)

Eduardo Pinha said...

Caro Sol,
Primeiro, o que você tem contra o uso de parágrafos? Eles existem pra facilitar a leitura e entendimento de um texto.

Segundo, sou totalmente contra a tua argumentação sobre o salário mínimo. Ele tem que existir e não pode ser demasiadamente baixo. E isso é bom pro mercado e pro capitalismo em geral (aumenta o poder de compra do povo e assim o mercado consumidor). A carga tributária que incide sobre tudo nesse país, incluindo os salários, é um outro problema.
Certas regulamentações (como o salário mínimo) existem pra equilibrar assimetrias econômicas (entre os indivíduos que oferecem seu trabalho e os empresários que querem contratar). Devido a essas assimetrias nem toda troca é mutuamente benéfica. Se levarmos seu argumento às últimas consequencias até o trabalho escravo justificável, porque para o cara que não tem o que comer trabalhar em troca de pão e água seria uma troca justa e mutuamente benéfica.
Vamos combinar uma cerveja um dia desses?
abraço, Pinha

sol_moras_segabinaze said...

Aí que tá, o estabelecimento do salário mínimo não aumenta salário de ninguém. Quer dizer, tem pessoas que recebem benefícios atrelados ao salário mínimo, mas mesmo esse aumento é ilusório, você nunca ouviu os aposentados dizendo que se aposentaram ganhando 10 salários mínimos e agora só recebem 3?

A lei do salário mínimo é contraproducente porque não respeita as leis econômicas, é uma arma populista do governo pra comprar o apoio de alguns setores da sociedade. A maioria, como está demonstrado pela realidade das ruas, fica no desemprego ou na informalidade.

É aquele tipo de lei que parece boa, mas no fim das contas não é.

Quanto à cerveja, eu topo.

:-)

sol_moras_segabinaze said...

O que difere um indivíduo livre de um escravo, aliás, é que um indivíduo livre tem a liberdade de se demitir do trabalho e procurar uma alternativa melhor se quiser, são coisas muito diferentes.