Júlio, há uma confusão aí. É claro que todos fazemos juízos de valor, a todo momento. Mas você há de convir que as preferências são subjetivas. Não existe um juiz universal arbitrando o que é bom ou ruim. Ainda bem.
Sem falar que ninguém obriga ninguém a gostar disso ou daquilo.
Por isso que desqualificar o mercado por si só é um erro. O mercado é um processo, não é um ente autocrático que determina o que vai ou não vai vender. Quem determina o sucesso comercial de algo são os consumidores, que julgaram que aquele produto valia mais do que o seu suado dinheirinho.
Lembre-se também que as demandas são infinitas, mas os recursos são escassos.
A propaganda pode criar um desejo, mas este não cria uma necessidade, que por sua vez não gera um direito. Deu pra entender?
Além disso, não se pode dissociar o consumo do próprio ambiente que o circunda. Se o que vende é "baixa literatura", isso é conseqüência de um estado de coisas maior. Mas repare que mesmo na Europa e nos EUA, o que mais vende normalmente não é o que mais agrada à crítica especializada. Isso me parece um fenômeno universal.
Sem contar que muito do que hoje é considerado "alta literatura" não vendeu nada em sua época - e o tempo tratou de dar valor. Então me parece natural que as "massas" busquem uma leitura mais "fácil". Isso não obriga crítico nenhum a gostar da Bruna Surfistinha.
"A discussão sobre a função social da arte é antiga. Tão antiga! desde que o capitalismo tomou posse da vida da gente, estabeleceu valores, criou o que a gente chama hoje de classe média. Então artistas (incluindo aqui todas as formas de arte) ficaram meio que sem saber se entravam na dança do valor capital ou se escondiam na torre de marfim."
Não tenho nenhum reparo ao texto da Paula, exceto essa parte, que considero fundamental. O capitalismo não foi algo que surgiu do nada e arbitrariamente "estabeleceu valores". O capitalismo é um sistema natural e espontâneo, que reflete as preferências e necessidades dos indivíduos. Esse processo vem se aprimorando desde o escambo, escorado nas trocas voluntárias, no dar e receber.
E qual a razão de me concentrar nisso?
Porque o perigo dessa discussão do que é "bom" ou "ruim" é algum ente "superior", o estado, se arrogar o direito de decidir o que deve ou não ser publicado, o que deve ou não ser consumido, o que deve ou não receber alguma espécie de subsídio - isso sempre às custas dos demais.
O estado deve se manter fora dessa equação tanto na literatura como na arte em geral. A espontaneidade da criação não deve ser submetida a critérios políticos, ao sabor da autoridade da ocasião com acesso aos recursos públicos e aos mecanismos de coerção. Não vi ninguém aqui falando disso, mas pra mim esse é um aspecto crucial da discussão.
Não tenho nenhum reparo ao texto da Paula, exceto essa parte, que considero fundamental. O capitalismo não foi algo que surgiu do nada e arbitrariamente "estabeleceu valores". O capitalismo é um sistema natural e espontâneo, que reflete as preferências e necessidades dos indivíduos. Esse processo vem se aprimorando desde o escambo, escorado nas trocas voluntárias, no dar e receber.
E qual a razão de me concentrar nisso?
Porque o perigo dessa discussão do que é "bom" ou "ruim" é algum ente "superior", o estado, se arrogar o direito de decidir o que deve ou não ser publicado, o que deve ou não ser consumido, o que deve ou não receber alguma espécie de subsídio - isso sempre às custas dos demais.
O estado deve se manter fora dessa equação tanto na literatura como na arte em geral. A espontaneidade da criação não deve ser submetida a critérios políticos, ao sabor da autoridade da ocasião com acesso aos recursos públicos e aos mecanismos de coerção. Não vi ninguém aqui falando disso, mas pra mim esse é um aspecto crucial da discussão.
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