Friday, February 13, 2009

13 de julho de 2001

UMA NOITE DE QUINTA Lá está a seleção do Felipão, muito esforçada, com a guerra particular entre o Jardel e a bola. São irreconciliáveis, tais como o Conde e o César, o Veloso e o Tolentino. ZAP Vera Loyola, muito despenteada, tem vários girassóis cenográficos ao redor. Ela conversa com seu convidado, um underwear designer. "Você cuida da roupa total do presidente? Digo, você escolhe as cuecas do nosso presidente?", ela pergunta, cheia de malícia. Ele nega essa informação, mas ressalta que a do Chiquinho Scarpa é ele quem escolhe. Que bom. A próxima atração é gastronômica, com o garçom distribuindo pãezinhos da padaria Biruta, propriedade de Vera. Os convidados aprovam, mastigando o santo carboidrato ao som samba-rock de Bebeto. Vera tem cartas na mão, e anuncia que o próximo convidado "vai estourar em questão de dias". Tem visão a Vera, não podemos negar. O barbudo Jarbas Mariz azeita seu sambalanço, nos distraindo das cores que iluminam o palco. Os anunciantes seguem o padrão, destacando-se o "Baile da Águia", que tem a ave em letras banhadas de sangue. Deve servir como algum tipo de metáfora em relação ao imperialismo americano. "Sou mais Vera Loyola", canta a abertura. Do nada, surgem modelos a flanar pela passarela. Uma foto gigantesca de Vera Loyola parece assombrar as jovens, muito nervosas com o BG de Maurício Manieri. Vera não nos explica o motivo daquele entra e sai. Vida que segue, essa é a moral da história. O próximo quadro, "Você estende o tapete para quem?", tem Leci Brandão como convidada. Muito original a idéia, com Leci "estendendo o tapete" para o samba e para a "marrom" Alcione. Leci Brandão é combativa, então não "estende o tapete" para o preconceito. Percebo a semelhança do programa da Vera com o da Galisteu quando vejo um marinheiro de luvas brancas fazendo as vezes de Zé Pedro. A favor de Vera, está o fato do seu microfone não ser pintado de branco. Não fica estético, e a Vera entende de moda. Depois do segmento tapete, Leci nos brinda com um pout-pourri de Martinho da Vila. Esse medley dura exatamente uma eternidade, enquanto os convidados assistem a tudo sentados entre os cachorrinhos da Vera, que se esfregam felizes da vida. ZEP Fui ouvir, então, o Galvão narrar uma falta cobrada pelo Juninho Pernambucano, que provou ter boa mira e acertou bem na mão do pequeno goleiro mexicano. ZIP E lá vão as manecas a desafiar a cara sorridente da Vera. Usam azul, isso eu percebi. O marinheiro de luva branca coloca Jamiroquai, imaginando ser isso sinônimo de uma sofisticação descontraída. Vera nos apresenta finalmente o estilista. É Rogério Figueiredo, um "bordador". O criador discorre sobre haute-couture, modelos belgas e Icarius, enquanto Vera arregala ainda mais os olhos. Ela se refastela no momento em que ele se refere a uma de suas obras, um "bordado com cristal, lapidado em oito partes". Ela mostra que o seu vestido também tem cristais, azuis como as roupas do Roberto Carlos. Ela agradece e apresenta a última atração, a banda de forró Bicho do Pé. O grupo é animado e faz a Vera se empolgar, instigando os convidados a também rastarem o pé. Leci disfarça, "sou do samba, pô", enquanto o desenhista de cuecas acompanha, com a cabeça, o compasso pé-de-serra. A música termina e é hora da Vera dizer adeus. Antes, uma palavrinha com o grupo: "Vocês são forrozeiros universitários?". "Somos", é a resposta. O repertório de perguntas de Vera se esgota, assim como o tempo do programa. Tudo termina com closes nos verdadeiros astros do show: os cachorros, os tapetes e os pãezinhos. A música que ilustra os créditos finais nos lembra do valor de Vera Loyola: "Eu sou mais a Vera, que vive com o dinheiro do seu pão." Era isso ou o "olé" dos mexicanos.

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