Tuesday, February 17, 2009

07 de agosto de 2002

Dez anos atrás me apresentei ao exército. Tinham cinco oficiais no exame médico. "Tirem a roupa!", gritou o que parecia ser o líder. Um outro anotava as nossas medidas, e os três que restavam ficavam ali assistindo, como se aquilo fosse uma espécie de espetáculo. "Tua mãe não te dá o que comer não?", "Esse daí em compensação... Parece um navio!", "Tu é tísico, tá morrendo e tem que ir já pro hospital tomar injeção de soro no rabo.", "Você tem vermes?", "Que homem peludo você é, parece até o Toni Ramos!", "Sinto te informar meu jovem, mas você vai precisar de um belo de um alongamento pra essa tua piquinha." Presenciar isso e ficar horas em pé numa fila com o sol na lata. Foram essas as contribuições do exército brasileiro para a minha formação como "homem" e "cidadão". Estão discutindo por aí a abolição da obrigatoriedade do serviço militar. Podem contar comigo. senso de engajamento de quem já andou muito por essa estrada da vida O coração é uma bomba. o uso de imagens de duplo sentido é uma das marcas do meu trabalho Recados que deixei afixados no portão do meu vizinho: "Seu cachorro não pára de latir! Ser seu vizinho é o inferno na Terra!", "2:30 da manhã e o seu gigantesco animal a plenos pulmões... Que alegria!", "Tenho vontade de quebrar a sua janela.", "100 horas ininterruptas de latidos altíssimos. Deve ser um novo recorde. Parabéns!", "Vou matar o seu cachorro!", "Vou matar você também!". aqui eu desenvolvo a prática da liberdade poética com fins dramáticos Fizeram mais filmes sobre o Conde Drácula do que sobre Jesus Cristo. discutir tótens estabelecidos usando um cinismo estudado é um dado importante na minha trajetória Todo mundo ri no cinema quando o mestre Yoda aparece pra lutar contra o Conde Dokoo. mostro versatilidade ao incluir o universo pop como um dos meus interesses Artificialismo disfarçado de profissionalismo. perseverei com garra no intento de definir o espantoso programa "Fama"

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