Tuesday, May 20, 2008

Arte e estado 2


Então, o Rodrigo Lariú (http://mmrecords.com.br/) me contou da controvérsia no mundo do rock alternativo sobre os subsídios dados pelo governo aos produtores de festivais musicais.

Se há uma lição econômica crucial em tempos de estatismo é a de que qualquer política tem 2 efeitos: aquele que se vê e aquele que não se vê. O que se vê é o incremento de uma determinada cena musical, com o governo dando uma força. O que não se vê é que esses recursos escassos foram retirados de toda a sociedade e foram parar na mão da burocracia estatal, que decidiu então o seu destino de acordo com os seus critérios políticos.

Sob a lógica fria da economia, não é uma alocação eficiente de recursos. É compreensível que poucos artistas consigam público o suficiente pra se sustentar num país como o Brasil. É difícil em qualquer lugar. Além do descompasso entre a oferta e a demanda, é um perigo toda a atividade cultural de um país se tornar estado-dependente. Outro dia mesmo, a capa do Segundo Caderno era o Luís Carlos Barreto anunciando que o seu próximo filme seria sobre a história do atual presidente. Ora, um filme patrocinado pelo governo sobre o dono da chave do cofre tem alguma chance de não ser uma exaltação?

Isso não é arte, é propaganda. Não se trata de personalizar uma crítica em A ou B, mas de apontar os problemas de uma cadeia de incentivos que desestimula a independência e a contestação próprias da arte.

Ou o cão morde a mão de quem o alimenta?

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