Friday, May 09, 2008

Impressões


A dinâmica de poder Da mesma maneira que a sociedade construiu o estado com o poder que ele tem hoje, a sociedade também pode diminuir a esfera da sua atuação. Também não parece razoável atribuir à democracia (maioria) a palavra final sobre todo e qualquer assunto. Certas liberdades devem estar ao alcance de todos. Concordo que os processos de mudança devem se dar da maneira mais orgânica possível, sem revoluções drásticas baseadas em purismos ideológicos.

1964
Não dá pra ter certeza do que aconteceria não houvesse o golpe militar. A história de Jango e seus aliados podia apontar uma aproximação com os comunistas, mas não dá pra prever como isso se daria de fato num país grande e complexo como o Brasil. Os jovens idealistas que entraram depois na luta armada perseguiam outros modelos que não a democracia. Seus ídolos (Che, Mao, Trotsky, etc) eram todos comunistas e dizer que lutavam pela democracia é falsificar a história em proveito próprio, como o caso das indenizações ilustra bem. Talvez fosse melhor que os militares não tivessem se metido. Talvez a predominância da mentalidade esquerdista não fosse tão profunda como é hoje. Não dá pra saber, só dá pra especular.

A marcha da maconha
Sem falar na liberdade de expressão, vou repetir aqui o argumento crucial na defesa da legalização das drogas: o meu corpo me pertence e tenho o direito de consumir o que eu quiser, desde que eu não invada o direito dos outros. Esse é o principal motivo, o indivíduo é um fim em si mesmo, não um meio sacrificável em prol do projeto coletivo que seja. Temos de ter a liberdade de fazer as próprias escolhas e arcar com as suas conseqüências. O limite é a natureza e o direito dos demais. Se os traficantes vão perder uma fonte de renda, beleza. Se vão passar a cometer outros crimes, que a política de segurança se torne efetiva, com menos impunidade. A legalização inclusive facilitaria o trabalho da polícia, que poderia se ocupar dos crimes efetivamente com vítimas. Reclamam dos 50 mil assassinatos por ano no Brasil, mas não percebem que boa parte dessa matança é efeito colateral da legislação, do confronto da polícia tentando enxugar gelo combatendo o tráfico à disputa entre os próprios traficantes pelos pontos de venda. Sem falar na corrupção. A guerra anti-drogas está perdida, sustentando-se num autoritarismo moral "pro nosso próprio bem". Eu não sou súdito do estado e nem de nenhuma igreja pra me conformar com tal situação.

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