Wednesday, December 09, 2009

Verdades alcançáveis pelo Paul Krugman

Talvez eu seja ingênuo, mas estou otimista em relação às discussões climáticas que começaram a acontecer em Copenhague. Mau sinal. O presidente Obama agora diz que pretende discursar no último dia da conferência, o que sugere que a Casa Branca acredita em progressos reais. Pois é, o Obama se elegeu discursando aquelas platitudes bem intencionadas e contraditórias que fazem a alegria da garotada "progressista" (nota: o Jabor é o rei das aspas, nem tente desafiá-lo). Também é animador ver países em desenvolvimento - como a China, maior poluidora do planeta - concordando, pelo menos em princípio, de que devem fazer parte da solução. Que meigo. Pois se prepare, Krugman, o que a China fala não se escreve, ainda mais se a coisa for contra os seus interesses. Claro que, se tudo for bem em Copenhague, os suspeitos de sempre vão enlouquecer. "Suspeitos" de quê? De questionar a escatologia da hora? Vamos ouvir que o aquecimento global é uma conspiração científica, como é o caso dos e-mails roubados que mostram, bem, mostram que os cientistas são humanos também, mas deixa para lá. Pérola. Se os dados que fazem a ciência são varridos pra debaixo do tapete, não se está mais fazendo ciência, não é, humano Krugman? Também vamos ouvir reclamações de que as políticas de combate às mudanças climáticas vão destruir empregos. Não se trata apenas disso, mas beleza. Aliás, notaram como o "aquecimento global" de repente virou "mudança climática"? So sweet, man. A verdade, porém, é que reduzir as emissões dos gases do efeito estufa é algo tão possível quanto essencial. A verdade, porém, é que reduzir as emissões dos gases do efeito estufa vai apenas empobrecer o mundo e concentrar poder em organismos como a ONU. Estudos sérios já provaram que podemos atingir altos níveis de redução com pequenos impactos na economia e no crescimento. É mesmo? "Estudos sérios" em que dados são varridos pra debaixo do tapete? E a crise financeira não é uma razão para esperarmos mais - na verdade, um acordo em Copenhague provavelmente vai ajudar a recuperação da economia. Que cara de pau. Demonstre, Krugman, que menos atividade econômica resulta em mais atividade econômica. Peça ajuda aos universitários ou ao Mister M. E por que você deve acreditar que a redução das emissões é possível? É claro que é possível, só não é desejável se você quer que as pessoas melhorem de vida. Primeiramente porque incentivos financeiros funcionam. É mesmo? Ações em torno do clima, se acontecerem, vão ter a forma de créditos de carbono: os negociadores terão que comprar permissões para cobrir suas emissões de gases do efeito estufa. Tipo, todas as pessoas que têm carro vão ter que comprar os tais créditos de carbono? Aliás, vão comprar de quem? Quem é o "dono" da atmosfera? Eles só poderão aumentar seus lucros se queimarem menos CO2 - e esse é o motivo para acreditar que todos serão criativos para encontrar formas de fazer isso. Mais uma vez o bode expiatório é o maldito "lucro". O mesmo lucro que o Krugman tenta ter ao tirar as suas economias do Brasil. A verdade é que conservadores que preveem um caos na economia se tentarmos combater as mudanças climáticas estão traindo os seus princípios. "Conservadores"? Que eu saiba, a economia americana segue as receitas keynesianas do doutor Krugman há várias décadas. Quem tem alguma coisa a "conservar" então? Eles garantem acreditar que o capitalismo é infinitamente adaptável, que a mágica do mercado pode lidar com qualquer problema. Não há "mágica" alguma no mercado, gafanhoto. "Mágica" é acreditar que os juros podem ser zerados sem nenhuma consequência. Mas por alguma razão eles insistem que o modo crédito de carbono - um sistema especificamente criado para usar a força do mercado para vencer o problema ambiental - não vai funcionar. O problema todo, Krugman, é que não há nenhum "problema ambiental", não na dimensão que vocês estão pintando. A Terra esfria e esquenta independentemente da ação humana, este é o ponto. Quanta arrogância desses humanos, não? Bem, eles estão errados, mais uma vez. Sei. A polêmica em torno da chuva ácida nos anos 90 foi uma espécie de ensaio para o que está acontecendo agora. Choveu ácido? Aonde? Na época, a extrema-direita renegou a ciência. A "extrema-direita"... Que expressão - essa sim mágica - pra desqualificar a oposição de antemão, não é não? Grupos bradavam que qualquer tentativa de limitar emissões traria grandes danos à economia. Não é uma questão apenas econômica, gafanhoto. Um dia você entende. Mas os EUA foram em frente, com um sistema de créditos para o dióxido de enxofre. Pois é, quem vai ser a favor de ENXOFRE na atmosfera? Lembra o inferno, né? Funcionou, permitindo um corte substancial a um custo abaixo do previsto. Ou talvez tudo não tenha passado de um grande desperdício de tempo e energia. Limitar as emissões de gases do efeito estufa vai ser uma tarefa muito mais difícil e complexa - mas podemos nos surpreender como isso pode ser fácil à medida em que começarmos. Por que este senhor está sempre à frente das piores causas e tem sempre o apoio da mídia chic? O orçamento do Congresso estimou que, em 2050, os limites das emissões propostos pela legislação atual reduziriam o PIB entre 1% e 3,5%. Previsões do Congresso? Passo. Se dividirmos a diferença, o resultado é que o custo da limitação das emissões retardaria o crescimento anual nos próximos 40 anos em um vigésimo de um ponto percentual. Cadê aquele cara que disse que o corte das emissões estimularia a economia? Não é muito. Pode não ser muito, mas crescer menos não significa crescer mais. E se a experiência com a chuva ácida for tomada como referência, o custo real pode ser ainda menor. Quem pode ser a favor da terrível chuva ácida, não é mesmo? Mais poder pra ONU então. Então vamos torcer para que o meu otimismo em relação a Copenhague seja justificado. Me inclua fora dessa. Um acordo salvaria o planeta por um preço que podemos pagar - e isso nos ajudaria nesse momento desagradável da economia. Olha a presunção desses caras... Eles acham mesmo que condenar a economia a voltar ao seu nível de produção da década de 90 vai "salvar o planeta". Não vai, vai apenas diminuir a prosperidade dos países ricos e impedir que os países pobres enriqueçam.

1 comment:

Anonymous said...

Tá inspirado, hein?