Wednesday, December 09, 2009

O que causa a corrupção?

Mais uma vez um escândalo de corrupção toma conta do noticiário. Como agora o episódio não envolve diretamente o PT, ele é amplificado por aquelas imagens dos "movimentos sociais" invadindo - com as suas bandeiras vermelhas - os gabinetes dos nobres parlamentares clamando por justiça, só faltando a guilhotina pro enredo ficar completo. Desconfio que esse esquema foi armado pela PF do PT pra neutralizar a carta do mensalão na próxima eleição - "todos são iguais!" - mas não é disso que quero falar. Por que acontece a corrupção? Alguns diagnósticos se concentram na questão moral e na impunidade. Sem dúvida, se os humanos não fossem humanos e, em vez disso, fossem santos cumpridores de quaisquer que sejam as regrinhas estabelecidas por estes mesmos santos, tudo não passaria de um desvio moral contornável com apelos emocionais, "porque tudo isso que está aí é uma vergonha!". Será que o Fulano de Tal que se esgoela contra os corruptos faria diferente se estivesse numa posição de poder? A impunidade realmente cumpre um papel determinante, mas o que esperar de um sistema em que o corporativismo é a regra e a regra é determinada pelos tais santos, os políticos que só dizem pensar no "bem comum"? Eles não se aguentam, pensam tanto no "bem comum" que a cabeça dá tilt e como resultado do revertério passam a acreditar que "se a farinha é pouca, o meu pirão primeiro". Nada disso, na minha opinião, vai acabar com a corrupção. A corrupção é norma em todas as instâncias governamentais e os casos que são revelados fazem parte da politicagem da disputa pelo poder. O que causa a corrupção é um negócio chamado intervenção estatal - em que se cria dificuldades pra se vender facilidades. Se a única forma de um negócio andar é com a aprovação de um político ou de um burocrata, pode ter certeza de que vai haver corrupção, que vai ser diretamente proporcional ao grau de intromissão do estado. Entes privados não se corrompem, fazem trocas mutuamente benéficas. "Os políticos corruptos também!". Sim, com recursos públicos, eis uma enorme diferença. Esperar que fiscais e agentes do governo usem o seu poder discricionário pelo "bem comum" ilustra a contradição de achar que a "ganância dos homens" deve ser freada dando muito poder aos políticos, não apenas "gananciosos" como os outros homens, mas investidos de todos os instrumentos pra exercer essa "ganância" em grande escala com o dinheiro alheio.

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