Wednesday, March 12, 2008

Aos carentes (de educação)


A maioria das políticas aplicadas atualmente pelo governo brasileiro são justificadas em nome dos pobres, ou da "justiça social". Existem diversas teorias corroborando com essas práticas, ontem li John Rawls e parte da sua Teoria da Justiça, por exemplo, e considero que grande parte das pessoas que advogam a interferência do estado pra dirimir as "desigualdades" agem de boa-fé, pensando no melhor pra todos.


Mas essa noção do estado como condutor supremo da vida em sociedade, que eu mesmo não escapei na adolescência, é justamente a principal causa do nosso subdesenvolvimento. Senão vejamos o tamanho da interferência estatal nas nossas vidas e o seu resultado, pra exemplificar, na educação:

No Brasil o estado determina, através do MEC, todo o currículo escolar, todas as fases que o aluno deve passar, proibindo-o inclusive de estudar por conta própria (homeschooling), já que é preciso ter certificados e diplomas pra se exercer qualquer profissão. Isso, na prática, corresponde a uma reserva de mercado e tem o apoio, claro, de todos os sindicatos de classe, não por acaso ligados à CUT e ao PT. O corporativismo é tão arraigado que a OAB inclusive conseguiu a façanha de ser citada na constituição de 88.

O estado também constrói e mantém (mal) toda uma rede de escolas e universidades, com o ensino superior levando a maior parte do orçamento, em mais uma literal inversão de valores.

O resultado é um ensino de baixa qualidade (os testes internacionais provam essa realidade, com o Brasil invariavelmente na lanterna), com um currículo engessado, professores desmotivados e uma massa enorme de diplomados que o mercado é incapaz de absorver.

Como solução, um defensor do estado interventor clamaria simplesmente por mais recursos pra área, sem perceber que os incentivos é que estão errados.

Um liberal vai defender a privatização desse serviço. Os pobres não vão ficar na mão. O estado daria vales pros alunos carentes, que poderiam escolher a instituição privada de sua preferência, e bolsas pra universidade dos estudantes mais promissores. O currículo seria livre, estimulando a concorrência, a eficiência e a inovação. Esse sistema já é uma realidade de sucesso em países como a Suécia e em alguns estados americanos, não é uma tese maluca e radical sem qualquer base empírica.

Ou alguém acha que a educação brasileira vai bem do jeito que está?

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