Tuesday, February 07, 2012

Dois pesos e duas medidas

Um dos símbolos da justiça é uma mulher de olhos vendados que não quer saber quem praticou o ato porque - pelo menos na teoria - todos são iguais perante a lei. Acontece que, nos julgamentos cotidianos diários do dia-a-dia, dificilmente se vê a pessoa usando esse princípio isonômico e o mais comum mesmo é o juízo obedecer o seguinte critério: isso vai me beneficiar ou prejudicar? Um exemplo: na hora de comprar, as pessoas gostam da competição - quem não quer ter mais opções a preços baixos? Agora, na hora de vender, a competição já não é tão atraente assim - quem quer ser pressionado pela concorrência a trabalhar mais por menos? Esse conflito acaba gerando uma pressão pela liberalização do que se compra e cartelização do que se vende, na forma de regulações, exigências de diplomas e outros protecionismos pra restringir a competição. A tendência vai ser então a formação de grupos de interesse pra reivindicar privilégios de quem tem o privilégio de outorgar privilégios. Essa "guerra de todos contra todos" é ótima pro governo - quanto mais normas, taxas, exceções, burocratizações e dependência, mais poder ele vai ter, mais "legitimidade" ele vai adquirir aos olhos desses grupos que se imaginam particularmente beneficiados. Essa impressão - consciente ou inconsciente - é crucial pra que as pessoas não se toquem da hipocrisia fundamental do sistema: o governo que tem o monopólio da justiça supostamente isonômica é ele mesmo o principal violador da isonomia, o maior propagador do dois pesos e duas medidas. As pessoas não podem roubar, o governo pode e chama isso de "taxação". Os agentes estatais têm foro especial e são julgados por outros agentes estatais. Quem trabalha pro governo tem estabilidade no emprego, quem paga essa conta, não. Ou seja, uns são - por lei - mais "iguais" que outros. Se quem tem o dever de aplicar a justiça é ele mesmo incapaz de ser justo, não devia ser surpresa o predomínio entre as pessoas dessa moral de conveniência.

1 comment:

João said...

Agora há pouco, no ato pró-greve da PM, vi uma foto de um bundão que, pela cara, dava para ver que não era PM nem bombeiro (sabe aquela cara burra metida a telectual profundo de esquerdista?)


Aí, fui ler o cartaz que o imbecil segurava, tava escrito "Somos todos Pinheiro (como essa gente gosta de uma frase feita, não?), Somos todos bombeiros e policiais"

E ainda falava em Constituição.

Gozado o cara, não? Pois quando os policiais cumpriam ordem judicial para acabar com uma invasão (ilegal), ele era contra.

Quando militares fazem uma greve, logo, indo contra a lei, é a favor.

Pelo double standard citado, esse comentário vai também para esse post.