
Monday, June 27, 2011
David Mamet e os jornais

Monday, June 20, 2011
A diferença da discussão política

Se eu sou Flamengo e você Botafogo, tudo bem, cada um com seu cada um. Se eu gosto de chillwave e você de death metal, beleza, good luck with that. Se eu assisto reality shows e você nem liga a TV, vida que segue. Agora, se eu acho que o governo tem que ser assim e assado e você considera que ele tem que ser assim, assado, cozido e grelhado, essa diferença vai ter uma outra natureza, porque vai envolver o uso da força. Não sou obrigado a torcer pelo Flamengo, a ouvir chillwave ou a assistir Keeping Up with the Kardashians, mas sou obrigado a obedecer as regras impostas pela mão visível do governo e pelo documento invisível chamado contrato social, quer eu queira ou não. Nenhum problema se você gosta da banda X, do cineasta Y ou do escritor Z, a coisa muda de figura se você acha que o governo deve patrociná-los. Não que não se possa discutir o mérito desses artistas, mas essa discussão vai ficar no terreno subjetivo e o seu gosto não vai interferir diretamente no meu. Se essa sua preferência, no entanto, vier acompanhada do subsídio do governo, ela vai interferir sim no exercício do meu gosto, porque eu vou ter menos meios de exercê-lo, já que uma parte foi desviada à força pra patrocinar X, Y ou Z. Ou se governa igualmente pra todos ou a política vira uma guerra entre grupos de pressão pelo controle da máquina capaz de tirar de um pra dar pra outro. Então a igualdade de todos perante a lei vira uma ficção substituída pela mobilização de pequenos grupos organizados atrás de privilégios às custas da grande massa desorganizada. Quando a religião andava misturada com o governo, ter uma crença diferente da oficial ou não ter uma religião at all podia te causar muitos problemas com o poder, mas quando a civilização finalmente separou a religião do governo, o camarada passou a poder ser espírita, protestante, macumbeiro ou o que quer que seja, a sua opção espiritual se transformou num assunto pessoal ao invés de ser um assunto estatal. Como as pessoas ainda assumem que é papel do estado (e dos políticos) conduzir a economia (e a cultura em geral), o que seriam diferenças estéticas ou éticas se transformam numa briga de foice e martelo pra ver quem vai (tentar) impor os seus valores aos outros.
Subscribe to:
Posts (Atom)