Tuesday, April 29, 2008
Arte e estado
Escorado na eterna busca da "identidade nacional" com o dinheiro alheio, rola no Congresso um projeto de lei (petista, é claro) que determina que 20% da programação das TVs por assinatura seja composta de conteúdo nacional. Claramente um projeto autoritário, que se mete indevidamente numa relação voluntária entre assinantes e operadoras.
Muitas pessoas reclamam da "falta de qualidade" dos produtos culturais brasileiros, mas poucas percebem que isso é resultado em grande parte da intromissão do estado, que sob o manto bem intencionado da "promoção da cultura nacional", sinaliza com incentivos equivocados aos produtores e artistas.
Qual o risco que um cineasta corre se o seu filme já entra em cartaz pago pelos subsídios? Isso cria um incentivo no sentido de agradar mais aos burocratas com a chave do cofre do que ao público. E daí que o filme custou 10 milhões e ninguém foi assistir? O negócio já está pago pelo "contribuinte", que não foi consultado se gostaria de dar o seu rico dinheirinho, por exemplo, ao novo delírio anticapitalista do filho do banqueiro Walter Salles (Freud explica).
O mesmo se dá no teatro. Recebem patrocínios a fundo perdido e acham pouco. E lá vão alguns atores e produtores à Brasília fazer lobby, agora querendo que o estado pague salários a atores e técnicos de companhias teatrais durante todo o ano. Sim, privilégios. "Direitos" exercidos às custas dos demais não são "direitos", são privilégios.
O lobby do teatro e do cinema é forte, e tava demorando pra música entrar no baile. Eis que vejo então nos jornais parte da turma reunida com o Ministro da Educação, reivindicando o ensino obrigatório de música nas escolas. Ulá-lá.
Enquanto o MEC monopolizar as bases da educação, coisas deste tipo não vão acabar. E enquanto as pessoas enxergarem no estado o solucionador de todos os problemas, reais ou imaginários, o tacão estatal vai permanecer crescendo, e com ele a passividade e a submissão ao poder constituído.
Isso não é arte, é propaganda.
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