Sunday, April 01, 2007

Nelson Rodrigues - 01 de abril de 2007


Então é aquilo. O cabra não concorda com determinada coisa e logo exclama com um chopp na mão: "As autoridades têm de tomar alguma providência!!" Esse autoritarismo quase involuntário, que pretende medir o mundo com a régua de suas emoções, acaba por criar uma cultura reivindicacionista, onde proliferam grupos de pressão e lobbies atrás de privilégios e "direitos" às custas dos demais. Essa é a própria essência do "capitalismo" brasileiro. Desde empresários sedentos por protecionismos e subsídios até estudantes "conscientes" atrás de meia-entradas e passes-livres, todos querem uma casquinha patrocinada pelas "otoridades".
Eu fiquei na calçada vendo a passeata passar com esta obsessão de ver um preto. Apenas um. Já me satisfaço com um preto. O que vi foi o Arnaldo Jabor, meu diretor que dirigiu o filme “Toda a Nudez Será Castigada”, chupando chicabom. E quando ele deixava de lamber o chicabom dizia “participação, participação, participação” e depois dava outra lambida no picolé.
Lógico que algumas reinvidicações são justas e podem, a grosso modo, ser resumidas numa frase: "A liberdade de um termina quando começa a do outro". Quando um liberal diz que o estado deve proteger a vida, a liberdade e a propriedade, é disso que ele tá falando. Mas o conceito de justiça predominante entre a intelligentsia brasileira é mais amplo e se escora, principalmente, na aversão à realidade objetiva e ao seu bode expiatório: o capitalismo.
Não sei se me entende: mas quando o homem se faz grupo, multidão, maioria, unanimidade, torna-se um idiota no meio de idiotas. Não estarei insinuando nenhuma novidade se afirmar que nunca houve uma multidão inteligente.
Quando os integrantes do partido no poder foram pegos comprando o Legislativo, não se viu uma viva alma dos famigerados grupos de pressão (CUT, UNE, MST, PC do B, PSTU, P-SOL, etc) protestando nas ruas contra o PT. São cúmplices. Poucos também se mostraram indignados com a marca de 50 mil assassinatos por ano. Esse recorde não comoveu a "sociedade organizada". Mas bastou o presidente da maior nação capitalista do mundo desembarcar no Brasil, em busca de acordos comerciais benéficos pra ambos os lados, pra uma penca de jovens luditas, auto-denominados "progressistas", tocarem a zorra em todo o país com suas bandeiras vermelhas de sangue do socialismo e de seu herdeiro natural: o ecologismo radical.
Verdade, o aquecimento global CAUSADO PELO HOMEM não é nenhum consenso no meio científico e esse documentário do Channel 4 inglês confirma isso. Mas o que são os fatos perto da ânsia em deter o monopólio da virtude? Seria bom - interrogação - desenvolver fontes de energia menos poluentes? Claro que sim. De lambuja ainda diminuiria o poder de déspotas do Oriente Médio e da América do Sul. O problema todo é criminalizar o progresso em nome de um "humanismo" que deixou como herança 150 milhões de mortos no século passado. Ecologistas radicais e esquerdistas são assim, unha e carne. O socialismo "científico" não funcionou e não funcionará jamais - uma vez que ignora a natureza humana e a lógica econômica - só sendo "aplicável" através da tirania e da opressão. Enquanto a intelectualidade brasileira não admitir isso com todas as letras e em voz alta, nada feito, continuaremos patinando na mediocridade.
Ainda ontem dizia o Otto Lara Resende: — "O cinema é uma maneira fácil de ser intelectual sem ler e sem pensar". Mas não só o cinema dá uma carteirinha de intelectual profundo. Também o socialismo. Sim, o socialismo é outra maneira facílima de ser intelectual sem ligar duas idéias.
OK, imagino que a maioria absoluta das pessoas que se declaram de esquerda, ou se identificam com os postulados esquerdistas, seja bem-intencionada. Sem dúvida nenhuma. No entanto, o que essas pessoas parecem não compreender é que foi justamente o tão demonizado "capetalismo" que elevou o padrão de vida a níveis nunca antes imaginados, com abundância de alimentos e bens a preços cada vez menores. Graças também à ciência e aos "gananciosos" laboratórios farmacêuticos, a expectativa de vida aumentou tremendamente. E é justamente o acúmulo de capital (poupança) que torna isso tudo possível. O capitalismo é um processo que favorece a criação, a inovação e as trocas voluntárias, valorizando o mérito e os consumidores. Isso, claro, num ambiente favorável à livre-iniciativa, o que NÃO é o caso do Brasil. O sistema é perfeito? Não, mas o ser humano é perfeito?
A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na antipessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento.
E os pobres? Ficam melhor sob o capitalismo, mesmo esse "capitalismo de estado" praticado por aqui. Qualquer pessoa humilde hoje possui celular e televisão. A obesidade é um problema maior que a desnutrição. De fato, viver não é um picnic. Não existe um estado de abundância natural, então se você quer consumir, tem antes que produzir. Ou ser ajudado por alguém que produza, i.e., trabalhe. Ou, em último caso, receber alguma bolsa do governo, o que me parece razoável. Mas é crucial que o estado garanta uma economia livre do excesso de regulações, impostos e reservas de mercado que travam o fluxo das oportunidades. Toda essa burocracia asfixiante é exercida em nome dos "direitos" dos trabalhadores de carteira assinada, porque a maioria tá mesmo é respirando o ar da informalidade. Ou desempregada. Não é à toa a febre dos concursos. Só que é impossível todos serem funcionários públicos - quem cria riqueza e paga essa conta é a iniciativa privada. Enfim, aquele meu blá blá blá de sempre.
Não me obriguem a colocar uma tabuleta com a inscrição – ironia – nas minhas coisas. Se o comunista é esquerdista, é libertário, então sou “reacionário”.

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