Tuesday, February 23, 2010

Naomi Klein e Thom Yorke


Tava lendo sobre o Radiohead e fiquei sabendo que o Thom Yorke gostou muito do livro "No Logo" da Naomi Klein, chegando inclusive a pensar em chamar o "Kid A" de "No Logo". Já conhecia por alto o que essa canadense bonitinha pensava, mas resolvi investigar um pouco mais. Não, não vou ler as suas 490 páginas, vou confiar no resumo da wikipedia porque o tempo é escasso. (http://en.wikipedia.org/wiki/No_Logo) O negócio se divide em 4 partes: No Space The book discusses how brand names such as Nike or Pepsi expanded beyond the mere products which bore their names, and how these names and logos began to appear everywhere. As this happened, the brands' obsession with the youth market drove them to further associate themselves with whatever the youth considered "cool". Veja só que pecado inominável: as marcas querem parecer cool e vender os seus produtos! É realmente um acinte, ainda bem que a Naomi Klein não tem nenhum interesse em parecer cool com essa retórica antiglobalizante. Klein argues that large multinational corporations consider the marketing of a brand name to be more important than the actual manufacture of products; this theme recurs in the book and Klein suggests that it helps explain the shift to production in Third World countries in such industries as clothing, footwear, and computer hardware. As empresas levam as suas fábricas pros países do Terceiro Mundo pra baixar os seus custos, claro, mas veja só que efeito colateral interessante (isso se você tem a real intenção de ajudar os mais pobres): os salários que a Nike paga aos seus operários na Malásia são maiores do que os que eles recebiam antes dos terríveis exploradores aparecerem. A Naomi Klein quer salvá-los disso, ela quer que eles ganhem o mesmo que um operário americano. É muito boazinha, mas não entende como funciona a economia, suas boas intenções parecem bastar. No Choice This section also discusses the way that corporations merge with one another in order to add to their ubiquity. On a more sinister note, it allows greater control over their image. ABC News, for instance, is allegedly under pressure not to air any stories that are overly critical of Disney, its parent company. Other chains, such as Wal-Mart often threaten to pull various products off of their shelves, forcing manufacturers and publishers to comply with their demands. This might mean driving down manufacturing costs, or changing the artwork/content of things like magazines or albums, so they might better fit with Wal-Mart's image of family friendliness. Qual é o problema da Wall Mart baixar os seus custos pra atender a um certo perfil de consumidor? Ela não quer que as pessoas mais pobres tenham acesso às coisas? E se a ABC não publica histórias críticas à Disney, a CBS, NBC, CBS, a FOX e outras continuam tendo a liberdade de publicar essas histórias. Essa votaria feliz no Chávez e na Dilma, certeza. No Jobs In this section, the book takes a darker tone, and looks at the way in which manufacturing jobs are being moved from local factories to foreign countries, and particularly to places known as export processing zones. Within these zones there are no labor laws, leading to dire working conditions. Sim, exatamente por causa das amadas labor laws da Naomi Klein que esses empregos foram pra onde foram, porque os custos não estavam mais compensando os investimentos. Novamente: os países que recebem essas fábricas ficam menos pobres com elas, isso a Naomi Klein não fala. Pra ela, a Nike tá explorando o povo malaio. Vocês progressistas não são bonzinhos? Fiquem então desempregados pro povo malaio prosperar. All of this is set against a backdrop of massive profits and wealth being produced within the corporate sector. Tem uma crítica que a Naomi podia fazer às corporações, mas não faz: a associação, ou melhor, o conluio entre elas e o estado. Só que aí a Naomi ia ter que ir na raiz dos problemas e ela prefere ficar surfando na superfície, falando mal do liberalismo e posando de defensora dos frascos e comprimidos. No Logo Klein concludes by contrasting consumerism and citizenship, appropriately opting for the latter. É meiga demais pra ignorar. Veja aqui a criação da dicotomia entre "consumismo" e "cidadania". Tipo, ou o cara compra um tênis da Nike ou é um cidadão consciente que, sei lá, anda descalço. Sandálias de couro 100% nacionais devem estar liberadas, eu imagino. Só que essas sandálias também custam dinheiro e fazem o lucro dos seus fabricantes. Que confusão... Por via das dúvidas, é melhor andar descalço se você quer ser um bom cidadão. O Thom Yorke não nota essas contradições, tá ocupado demais fazendo músicas maravilhosas. Então eu retribuo todos os grandes momentos que ele e o Radiohead me proporcionaram tentando abrir os seus olhos.

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