Por trás de discursos políticos, há invariavelmente uma agenda secreta que é disfarçada com clichês e chavões que atuam como um véu escondendo o real significado das palavras. O 4o Congresso do PT, que começa hoje, lança as propostas do Campo Majoritário e segue na mesma toada do 3o Congresso, realizado anos atrás, que falava do tal "Socialismo Petista" (http://www.youtube.com/watch?v=nHTXtPwTT9U). Este vídeo oficial do partido, aliás, é a todo momento retirado do ar, porque o povo do PT é honesto e gosta de deixar as coisas claras. Ao programa: Intensificação dos assentamentos e apoio técnico aos trabalhadores sem terra. Aqui se vê a aliança com o MST que é temperada com a demonização do agronegócio. Os tais assentamentos contam com subsídios generosos do governo em todo o processo e mesmo assim não conseguem produzir nem pra própria subsistência. Já o agronegócio deixa os alimentos mais baratos e comanda o superávit na balança comercial brasileira, mas é aquela coisa, ele reproduz a "lógica do lucro" e isso é muito feio. Bonito é depredar propriedade alheia em nome da "causa". Construção de consenso para aprovar a jornada de trabalho de 40 horas. Ou seja, o povo sindicalizado vai trabalhar menos e o desemprego e a informalidade vão aumentar mais. Como diria o Roberto Campos, o PT não gosta de trabalhadores, gosta de funcionários públicos e, eu acrescentaria, sindicalizados. O resto pode ficar fugindo do rapa no camelódromo. Implementação da Consolidação das Leis Sociais. Não sei o motivo de tantas iniciais maiúsculas, deve ser pra dar um ar de respeito a algum tipo de populismo demagógico. É O Coronelismo Oficial Do Papai Lula Na Letra Da Lei Maiúscula. Continuidade à crescente nacionalização da exploração e da produção do pré-sal. "O petróleo é nosso!", eles gritam, segurando um retrato de Getúlio Vargas numa mão e uma bandeira vermelha na outra. Realmente, o petróleo é deles, o resto paga a conta. Medidas que promovam a democratização da comunicação social no país. "Democratização", na língua desses caras, significa "controle pelo governo". Odeiam a Globo, a VEJA e, na verdade, qualquer um que não se curve ao partido. Usam da propaganda oficial pra fortalecer os puxa-sacos e enfraquecer a pouca oposição que resta, mas isso não é o suficiente. O modelo de expropriações de Chávez faz muito sucesso, mirando sempre na Granma do vizinho. Abertura dos arquivos e implementação da Comissão da Verdade, para esclarecimento público dos casos de tortura, assassinatos e desaparecimentos políticos no Brasil. A Comissão da Verdade (olha as maiúsculas orwellianas de novo aí) vai mirar num dos lados do confronto (os militares) e esquecer o outro lado que dizia lutar pela democracia e liberdade mas que, na realidade (minúscula), lutava mesmo era pelo comunismo. O respeito pelo significado das palavras não é o forte dessa turma. Fortalecimento do Estado e sua democratização, mediante a constituição de um serviço público de alta qualidade. Isso, vamos aprofundar esse estatismo burocrático contratando mais centenas de milhares de aspones do partido. Fortalecimento da participação popular, com ênfase nas conferências nacionais para subsidiar políticas públicas. Funciona assim: o PT convoca os seus sindicatos, ONGs e demais movimentos socialistas pra discutirem como concentrar ainda mais poder no governo e justifica o arbítrio da hora dizendo que "o povo foi consultado". Fortalecimento das empresas estatais e do planejamento estratégico da economia, ampliando as atuais funções do Ministério da Planejamento. Ou seja, a arrogância fatal dos planejadores vem com tudo, em ritmo de Gosplan. Isso não vai dar certo, como nunca deu, mas não importa, quando as pessoas perceberem a merda em que o país se enfiou com o PT, o estrago já vai estar feito. Criação de uma indústria da Defesa, junto com países vizinhos. Aqui o Olavo de Carvalho pode dizer que tinha razão, não é mesmo, Foro de São Paulo? Essa aliança entre bolivarianos explícitos e implícitos deve contar com o auxílio de outros aliados "democráticos" do naipe de um Irã ou de uma Rússia. Diga-me com quem tu andas e eu nunca mais usarei a segunda pessoa do singular. Assembleia Constituinte, por meio de plebiscito, para promover reforma política democrática. Isto é, a Constituição conto de fadas de 1988 não está boa o suficiente pros delírios totalitários do PT, há ainda muitas restrições ao socialismo do século 21, precisamos seguir o exemplo do companheiro Chávez e aprofundar a nossa "democracia". Isso aí, gente, é Dilma presidente, chora cavaco.
Thursday, February 18, 2010
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6 comments:
O pior é a irracionalidade desse pessoal.
Ok, eles fazem um programa chavista. Metade fica feliz, a outra metade vira adversária, o país empobrece e mais dia menos dia os caras viram motivo de piada na Newsweek, pouco antes de caírem do poder.
O Brasil tem imprensa forte e economia diversificada. É muito difícil transformar isso na Venezuela.
Espero que a Dilma seja mais Lula do que José Dirceu, ou seja, que ela fique bravateando para esse povo e no fim faça menos assentamentos que o FHC.
Parabéns, Sol!
Está tudo aí: você traduziu e resumiu muito bem o que esses caras pensam.
:-)
Excelente. Conciso. Melhor que isso só se vc desenhasse. Uma vez comecei a analisar o programa do PSOL, mas parei com medo de ter que analisar as relações capital-trabalho na Idade da Pedra.
Viu que um texano imbecil "se revoltou" contra o imposto de renda e jogou o avião particular dele contra o prédio da receita federal americana?
Quer vale quanto que 1 (um) idiota terrorista liberal será mais exemplificado do que centenas de milhares de envios conscientes de "infideles" ao paredón?
Sol, perdoe-me pela repetição, mas tenho experiência com o povo MST.
É como diz o pessoal do interior: pega um cara do MST e dá uma enxada e um saco de semente na mão dele pra ver o que eles fazem. Quando o MST arrebanha (um termo latifundiário) gente no interior, é sempre pessoal no desvio, a quem ninguém quer dar emprego porque não sabe fazer nada, doido por uma bocada, que permita uma graninha pra cachaça no fim do dia. Estou exagerando. Tem muito oportunista também.
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