Friday, February 05, 2010
Não vi e não gostei: Avatar
Grandes efeitos especiais, cores mesmerizantes que fazem valer o enredo politicamente correto que coloca o homem capitalista como o vilão da porra toda. Não, os seres azuis vivem em harmonia em suas tribos subordinadas à mãe Gaia, essa natureza benevolente que só existe na cabeça dos ambientalistas de miolo mole. Umas horas numa mata selvagem e esse culto à floresta e os seus seres elementais vai pra cucuia, um ecossistema cheio de intrincadas cadeias alimentares. Os azulões estão lá em paz sem maltratar a mãe natureza enquanto seguem as ordens do pajé, o Papai Smurf que manda e desmanda porque tem a sabedoria dada pelo direito divino dos verdes. Já o homem que usa a natureza em seu benefício é o malvado que tenta acabar com esse equilíbrio onírico, como ousam cortar uma árvore, meu deus do céu!? Pra quê criar calçadas e ruas se poderíamos, com vantagem, nos locomover entre os cipós e as jacas? Ficaríamos muito mais fitness, pense nisso. O homem que corre atrás do lucro é mau, bom é o que corre atrás do prejuízo. Afinal de contas, não fazemos parte da natureza, essa é que é a realidade. Somos intrusos nesta linda bola azul que serpenteia em loop no sistema solar. Umas pestes que tiveram o infortúnio de desenvolver a razão quando era muito mais romântico se basear em instintos, como um jacaré, uma mula sem cabeça ou uma Smurfette ninfomaníaca. Enquanto isso, os smurfs do James Cameron nos ensinam o caminho pra reverter essa maldição: retornem à floresta, corram atrás do prejuízo e abram mão do conforto, uma necessidade criada pela propaganda burguesa que só nos afasta da nossa essência perdida há milênios, quando saímos da copa das árvores direto pruma mansão em Beverly Hills.
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14 comments:
Pelos meus cálculos, essa ode á natureza custou um milhão de árvores em crédito de carbono, considerando o que se gastou de pepel ao redor do mundo para promove-lo. Naturalmente os caras pagaram créditos de carbono, aposto que sim. Americano não dá mole nessas coisas.
Sol, nós fazemos parte da natureza tanto quanto o câncer faz parte do organismo em que habita.
James já foi encher o saco dos espíritos do Titanic, agora que encher o saco dos urbanos.
Ele é o pequeno principe do politicamente correto.
Gaia quer dizer alegre, feliz, quase gay. A raiz deve ser a mesma.
"Sol, nós fazemos parte da natureza tanto quanto o câncer faz parte do organismo em que habita."
Eu sei que você sabe que foi uma ironia.
Sim, claro.
Nomes de filmes do seu post:
Essência Perdida; Alguma Mansão de Beverly Hills; Os Seres Azuis; Direito Divino; Os Cipós e as Jacas; O Homem que Corre Atrás do Lucro: A Linda Bola Azul e
A Smurfette Ninfomaníaca
Vou lançar os sideritos em circuito coloquial pra ver o que rola. Tipo "desde que os sideritos saíram do Afeganistão", ou "os sideritos bancários internacionais"
ou "você sabe, os sideritos eram uma corrente filosófica présocrática..." ou "isto obviamente é coisa desses sideritos da esquerda". Rola.
O Fred comanda, fala sério.
Embora a estética toda lembre os Smurfs, acho que a mensagem se aproxima mais dos Ursinhos Carinhosos, não?
Até onde eu sei, quem popularizou a expressão "não vi e não gostei" foi osvald de andrade, a quem todo mundo chama de Ôsvald, com ô, o que está errado: o certo é Osváld. É desses maneirismos que grassam no país. Atualmente os maneirismos são "enfim" (conheço uma moça que fala assim: "conversei com o cliente, enfim, eles querem uma coisa mais forte, enfim, com personalidade, enfim..." e também "paradigma","desenhar um planejamento", essas coisas de gente que acha que falar palavrinha da moda é sinal de inteligência. Enfim.
Sol:
Olha que coisa curiosa: http://www.youtube.com/watch?v=vzcmLkJcZ28
É uma propaganda eleitoral do Jânio, de 1985. Naquela época, ainda existiam uns gatos pingados que, de vez em quando, metiam o pau nos artistas que não queriam largar as tetas do estado.
A lista tem Milton Nascimento, Beth Carvalho, Gilberto Gil e o indefectível Chico Buarque. Quem tiver bons olhos que me ajude a fazer a lista completa dos inveterados bezerrões.
Este país precisa ser desmamado.
Perfeito, Solano, Perfeito!
Não é que não deveriamos ter descido das árvores. O grande erro foi ter subido nelas, nem deveríamos ter saído do oceano, o melhor era ter continuado nossa pacífica existência unicelular.
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