Wednesday, February 03, 2010
As visões sobre a sucessão do governo Lula
O povo mais radical à esquerda considera a administração Lula "neoliberal", porque não é possível que o presidente dos trabalhadores suba ao poder e não saia expropriando propriedades a 3 por 4 como se o Brasil fosse a Rússia de 1917. Votam no PCO, no PSTU ou no PSOL, o partido do socialismo ou liberdade. O povo da esquerda moderada gosta do Lula e da sua preferência pelo social (socialismo), compreendendo que a utopia igualitária não se materializa de uma hora pra outra. É necessário todo um trabalho de desarmamento das resistências pra que o Partido (era o PCB, agora é o PT) domine de vez todas as instâncias de poder da sociedade. Eles invariavelmente já estão inseridos na administração pública, de onde atuam pra manutenção e aprofundamento do status quo petista. Consideram o programa de direitos humanos do PT bem razoável e votam na Dilma numa boa. O povo de centro não tem nada contra o estado determinando isso ou aquilo, mas de alguma maneira suspeita dessa ânsia louca de poder do PT, preferindo o estatismo mais brando representado pelo PSDB. Os moderados estão certos de que qualquer radicalismo é deletério, a não ser que esse radicalismo seja eleito pela maioria. O tipo de pessoa que só agora, depois de 10 anos, começa a chegar à conclusão de que o Chávez é nefasto pra Venezuela. O povo da direita moderada não tem um candidato à presidência e normalmente tem vergonha de dizer que defende o capitalismo liberal num país que, segundo o ungido, "graças a Deus só tem candidatos de esquerda". Vota no Serra tapando o nariz por ser a opção "menos pior". E o povo mais radical à direita não enxerga diferença entre o totalitarismo petista e o autoritarismo tucano e anuncia aos 4 ventos que vai votar nulo ou não vai votar at all. "É só pagar 3 reais nos Correios". E enfrentar uma fila gigantesca, bem maior do que a da zona eleitoral. Tuff choice, man.
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11 comments:
"à presidente", com crase, não dá.
No belo recanto do Humaitá, em magnífica paragem chamada Largo do Sol, coisa pra happy few, reza a lenda que rolará inolvidável festa junina. Está longe, eu sei, mas tamos aí nesse pirão!!!
Valeu, João Pasquale, nem tinha me tocado ou revisado.
Vai rolar sim, aguarde coordenadas.
Acho que Dilma é invencível. Vi este reveillon em Buzios. Havia um milhão de pessoas C e D (categorização apenas para simplificar, sem preconceito, etc)
se divertindo à não mais poder. Esse pessoal nunca antes teve acesso à coisa de bacana. Migraram de Saquarema pra Cabo Frio, de Cabo Frio pra Buzios. Bruta up grade. Ninguém vai querer perder essa boquinha anual. O mesmo do pessoal que compra carro pagando 120 real de prestação, ou que faz cruzeiro pagando 87 de prestação.
A vida deles mudou pra valer. O que sobra pra gente é uma certa dor de corno - falo por mim - de ver que o governo do "ignorante" não foi um fracasso, longe disso.
Claro. Temos mensalões, MST, senadoras petistas rotweiller, tudo isso irrita, mas é do jogo.
Dilma vem aí, Sol, com aquela insolência típica de quem agora é patrão, vide o "minha filha" na famosa coletiva. O Brasil é deles, Sol, e estão querendo de volta.
A maneira petista de fazer política está hoje nos jornais: no recadastramento do Bolsa Família há
a informação de que a Bolsa pode mudar com um novo governo ano que vem. Tudo pelo poder.
Essa eleição vai ser uma sujeira como nunca antes se viu na história deste país. E se o Serra ganhar, pode esperar, os sindicatos e movimentos socialistas vão fazer de tudo pra sabotar o seu governo.
Não fiz psquisa a respeito, Sol,mas
tenho para mim que o MST só invade terra em São Paulo e ou estado da oposição. Isto já é movimento socialista boicotando governo. É de se ver a Juventude Petista bradando contra o mensalão do DEM
(justíssimo, by the way)e nunca se
viu a mesma Juventude bradando revoltada contra, aspas, o chefe da maior quadrilha especializada em desviar dinheiro público, fecha aspas. O Governo Companheiro deu mais de 100 milhões de reais para a gangue rural. Isso dinheiro contabilizado.É como eu sempre digo, Sol; o País é deles, e já nos viram.
Excelente post, Sol. Excelente.
Acrescento duas coisas:
1. Você descreveu muito bem o que divide os direitistas moderados e os radicais: o voto em Serra. Os moderados pensam que é preciso evitar o pior, e não ficar conjecturando alternativas "poéticas" de resistência, como o voto nulo. Já os radicais declaram que pensar em votar em Serra é um indício claro de trairagem, de contaminação socialista mais ou menos inconsciente por parte dos moderados. Não sei, não, mas acho que esse pessoal mais radical está sendo mais olavista que o próprio Olavo, que chegou a escrever um artigo chamado "Votem no chuchu!" durante as últimas eleições. Também não me lembro de ninguém ter se levantado, em 2005, para pedir votos para Luciano Bivar e José Maria Eymael, de direita, embora excêntricos, que mal saíram do traço. Se um dos dois voltar a ser candidato, vamos ver todo esse fervilhar na blogosfera confluir para eles, pelo menos como protesto, no primeiro turno? Improvável: tem muita gente que só quer ficar lendo Chesterton ou Mises no banheiro e não fazer nada.
2. A cultura blogueira cunhou o neologismo "liberal-conservador", que foi gerado por algum wishiful thinking, se é que não foi feito para enganar trouxas. Liberais e conservadores viveram às turras durante todo o século XIX, enquanto o jacobinismo reciclado por Marx ainda não se tornava a Hidra de mil cabeças que é, obrigando-os a ficar do mesmo lado, tempos depois. Os conservadores sempre foram mais ciosos daquilo que os liberais poderiam considerar uma espécie de "função moralizadora do estado", sendo, assim, tachados de coletivistas e liberticidas. Já os conservadores sempre consideraram os liberais demasiado amorais, dispostos a defender a circulação de coisas que poderiam ser ruinosas a um certo conceito de civilização. Se surgir uma frente de direita no Brasil com alguma representatividade, a lua-de-mel "liberal-conservadora" vai para o beleléu.
Que erro feio eu cometi! É wishful thinking.
Boas colocações, Solano.
Alto o nível dos comentaristas.
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