Thursday, July 09, 2009

Discutindo com um cineasta brasileiro

O trágico é que quando os jornais vão falar na meia-entrada, dão mil voltas mas não mencionam a única saída justa: A SIMPLES EXTINÇÃO DESSE PRIVILÉGIO. O "direito" do estudante em pagar meia corresponde ao dever dos outros pagarem mais. "Direitos" exercidos às custas dos demais não são direitos, são privilégios. Nenhum empresário consegue se manter no negócio se não tiver lucro. Condenar o lucro é coisa de ideologia ultrapassada. Quem não precisa se preocupar com isso são os cineastas que conseguem patrocínio governamental a fundo perdido e o próprio governo, que se ficar endividado é só jogar títulos no mercado e aumentar os juros. Se o cinema X não der lucro, vai fechar e virar outra Igreja Universal. Aliás, aproveitando o gancho dos Leonardos, eis aí outro efeito colateral de leis estúpidas: o incentivo à desonestidade. "Barbárie capitalista"? Muito pelo contrário, vivemos numa era de estatismo galopante, onde nada anda sem o carimbo de algum político ou burocrata. Quem vai definir qual é o "lucro saudável"? Vamos reviver a Gosplan em terras tupiniquins? Falsificação é a conseqüência natural de uma lei demagógica que tenta agradar a um grupo de interesse específico (UNE - PC do B). Não cabe a mim, a você ou ao governo dizer como um empresário deve conduzir o seu negócio, isso é uma mentalidade típica de países socialistas, aquelas maravilhas, sabe? Mais uns anos de PT no poder e talvez esse tipo de coisa aconteça. Vamos torcer. No meu caso, contra. Sobre os ingressos mais baratos nos CCBBs da vida, isso acontece por um motivo simples: tais lugares são subsidiados, de uma maneira ou de outra, pelo estado. Sei, então a solução é criar uma reserva de mercado pro cinema na mesma linha da reserva de mercado pra informática de uns anos atrás? Aquilo deu super certo, como todos sabem. As pessoas, atenção porque isso pode surpreender a alguns, realmente preferem, na média, filmes americanos aos brasileiros. Quem pode culpá-las? Mas não é paternalizando o cinema brasileiro que ele vai se desenvolver. Muito menos cobrando mais caro porque os estudantes têm o "direito" a pagar meia e os cineastas têm o "direito" de serem patrocinados a fundo perdido. Isso sai do imposto que o pobre paga no feijão, sabia? Pode usar o nome de comunista, socialista, petista, bolivariano, não importa, você quer o estado determinando os caminhos da economia e o que as pessoas podem ou não podem fazer. Isso é autoritário. Sobre a crise mundial, acabei de escrever um textinho tentando mostrar que a culpa não é do "capitalismo" (mero sistema de trocas), mas da intervenção do GOVERNO americano, principalmente através da manipulação da taxa de juros pelo FED. Sobre a "falta de opção" com a quantidade de filmes de Hollywood em cartaz, isso é tratar o outro como um mentecapto sem condições de fazer escolhas por si mesmo sobre o destino do seu rico e suado dinheirinho. É o autoritarismo "do bem". Aliás, qual tirania não tinha lindas intenções por trás tentando justificá-la?

4 comments:

José K said...

Texto muito bom. Concordo com 99%. Só acho que a definição de "capitalismo" como mero sistema de trocas está muito ampla. Há uma certa unanimidade que o "capitalismo" é um fenômeno do século XIX (ou, no máximo, século XVI, se incluirmos o mercantilismo como subgênero). Ora... sistema de trocas deve existir desde os tempos da caverna. Se for isso, então, "capitalismo" é mais amplo, até, que o termo "comércio", pois este já é um subgênero de um sistema de trocas. Só isso que eu não concordo.

José K said...

Texto muito bom. Concordo com 99%. Só acho que a definição de "capitalismo" como mero sistema de trocas está muito ampla. Há uma certa unanimidade que o "capitalismo" é um fenômeno do século XIX (ou, no máximo, século XVI, se incluirmos o mercantilismo como subgênero). Ora... sistema de trocas deve existir desde os tempos da caverna. Se for isso, então, "capitalismo" é mais amplo, até, que o termo "comércio", pois este já é um subgênero de um sistema de trocas. Só isso que eu não concordo.

sol_moras_segabinaze said...

Pois é, acho que o capitalismo é mesmo uma evolução do escambo, um sistema de trocas que ficou complexo com o desenvolvimento da civilização.

Mas o dar e receber é, na essência, o mesmo.

Raphael Moras de Vasconcellos said...

Estou lendo "Ayla - abrigo de pedra" o último romance arqueológico da série da Jean Auel na idade da pedra. Muito legal. Lá ela discute, de forma superficial e romanceada, os primórdios do sistema de trocas. O homem prefere coisas bem feitas a coisas mal feitas, apesar de saber que a utilidade não depende da beleza. Um cesto bem feito vale menos que um cesto bem feito E bonito, porém vale muito mais que um cesto mal feito. Um cesto sem utilidade não vale nada. Na maioria das vezes se percebe rapidamente o valor que algo tem imaginando-se o quanto de tempo e esforço foram necessários para se chegar ao resultado. Isso já acontecia na idade da pedra. Ignorância não era uma benção, o conhecimento era muito valorizado. Não podemos esquecer também da dificuldade das diferentes sociedades em aceitar novidades, a inércia. Também é facilmente comprovável que nem sempre o conhecimento apresentado leva à aceitação imediata, e isso talvez seja um fator inerente ao homem que não se pode simplesmente condenar. També já foi útil na evolução durante os numerosos milênios entre rastejar na lama e caminhar na lua. Os americanos não criaram esse hoax, é só assistir os caçadores de mitos (http://www.youtube.com/watch?v=5taIxlNA_Lw e http://www.popularmechanics.com/science/air_space/4279691.html).