Wednesday, July 08, 2009
As favelas 2
“(…) Acho que a salvação do Rio é a especulação imobiliária. As encostas são os lugares mais caros para se viver em qualquer lugar do mundo. Quem vive em favelas deveria ser bem indenizado pelo terreno para mudar para outro lugar. Claro que a maioria das pessoas que mora lá é honesta. Mas é um esconderijo para o mundo do crime e das drogas.(…)” Felipe Camargo, ator, em entrevista para a Revista IstoÉ de 08/07/2009 (http://oburricodebalaao.wordpress.com/2009/07/07/especulacao-imobiliaria-ou-politica-social/). Por vias que não subscrevo, o homem falou algo sensato. Claro que a simples menção da "especulação imobiliária" faz gelar as espinhas anticapitalistas, mas essa é a conseqüência lógica da instituição da propriedade privada como ordenadora da ocupação da cidade. Lugares valorizados são mesmo mais caros, assim como os melhores assentos num avião são também mais caros. Ok, o valor é subjetivo e alguém pode preferir a vista de um outro prédio ao invés do horizonte da praia, mas essa não é uma tendência. Isso não deve ser imposto, basta dar títulos de propriedade - com seus direitos e deveres - aos moradores que a coisa naturalmente se desenvolve. Até hoje alguns lamentam que não existam mais casas na Vieira Souto ou na Atlântica, mas as pessoas que moravam ali preferiram vender suas propriedades às construtoras. Estabeleça gabaritos e regras razoáveis pra ocupação urbana que o mercado racionaliza o uso dos recursos escassos. Sobre "o mundo do crime e das drogas", bastaria legalizá-las. Ou alguém já ouviu falar nos assassinatos da "Guerra contra a cachaça"? Legalize já as favelas e as drogas.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
9 comments:
por esta eu não esperava, Sol! Esta idéia é abominável, e seu correlato é o que este (e antigos) governos fazem (fizeram) com a amazônia: criando incentivos muito claros para a grilagem. Quando nosso presidente-desdedado passou por aqui para inaugurar obra do pac, falou a mesma coisa. O ratão endinheirado pensou: taí, vou pagar algum fodido para morar na favela por mim. Quando aparecer este titulo de propriedade ele será meu. É assim com tudo, pq nesta porra não há regras. Ou melhor, elas existem até o dia seguinte, quando mudam de acordo com o vento (o peido de quem está no poder). Neste assunto sou lacerdista. é remover, pagando indenização (esta sim justa), com título de propriedade para a nova casa, e não para a antiga.
O problema da Amazônia é o mesmo, não há propriedade privada, a terra é do governo, ou seja, de todo mundo, ou seja, de ninguém e é aí que o desmatamento acontece sem nenhuma trava.
Se "nesta porra" não tem regras ou elas não levam em consideração a realidade (o que concordo contigo), que elas mudem e se tornem efetivas.
O que não dá é o sistema atual, essa seca pimenteira onde ninguém é responsabilizado por nada e a violência é banalizada dessa maneira.
Tenho reservas com a remoção indiscriminada porque isso envolve violência e certamente vai haver uma grita muito forte contra.
Mas pode ser uma boa se as próprias pessoas da favela concordarem em receber a tal indenização.
Acho difícil. Questão delicada mesmo.
"Sobre "o mundo do crime e das drogas", bastaria legalizá-las."
Será??
http://oburricodebalaao.wordpress.com/2009/02/11/da-nao-legalizacao-das-drogas/
abraço.
Um imposto alto demais certamente estimularia um mercado negro. Mas isso nem se compararia à violência e corrupção que acontecem com a atual proibição.
Aliás, obrigado pelo link.
A diferença é que pra comprar um tênis ou um DVD pirata, a pessoa não precisa arriscar a própria vida na boca, nem ser preso em flagrante, nem lidar com essa cultura do "contato", da incerteza da qualidade do produto que está comprando. Um paralelo: seria como chegar na Uruguaiana de olhos vendados, pegar um DVD do Emílio Santiago quando você queria uma expansão do Office e ainda pagar mais caro.
O "contato" na verdade já funciona como uma espécie de imposto informal. O bagulho diretamente da mão de um traficante é metade do preço. Se fosse legalizado, com certeza a maioria das pessoas ia preferir pagar o imposto do governo e não ficar à mercê dessa roleta russa, tendo certeza da qualidade do produto que está comprando. Fora isso, vai ser como cigarro e bebidas: vão ter sempre ter mais caros e mais baratos, pra todos os bolsos.
E digo mais, posso estar errada mas acho que mesmo quem é mais pobre, quando se trata de drogas não quer nem cigarro/bebida falsificada (perguntem aos seus porteiros, empregadas etc). Pode até comprar o mais barato (Derby ao invés de Marlborão, Itaipava ao invés de Bohemia, 51 ao invés de Absolut), mas geralmente preferem o original. Fora que essa não é a camada da população que sustenta o tráfico, mas esses comments já estão muito grandes.
p.s.: sim à remoção das favelas nas encostas!
Muito bem dito. Paulinha? hehe
Pablita = Paula?
Análise perfeita :) Eu acho óbvio que ainda vai haver comércio ilegal, mas não chegará nem perto da situação que vivemos hoje, pela simples falta de consumidores. Além da tal roleta-russa de qualidade, com certeza a praticidade na aquisição fará com que o produto legal seja mais consumido que o "pirata". O texto no link postado ali em cima é interessante, mas não acerta a realidade mais provável por causa disso.
Post a Comment