"Sol, na verdade esse papo deveria estar rolando ao vivo, porque muitas das coisas que eu coloquei deram margem a interpretações que levaram a conclusões sobre conclusões... não há outro jeito."
Esse risco existe, mas discussões ao vivo também são complicadas, porque as emoções muitas vezes tiram o foco do principal, que são as idéias. Então a pessoa fica tentada a "ganhar" o debate no grito e, nesse ponto, eu tiro o meu time de campo, apesar de ter uma voz bem potente também. haha
"E ao vivo, eu poderia te interromper e retificar, e vice-versa. Só vou ser sucinto quanto às principais questões: 1 - Não, eu não acredito na consciência individual ('não acreditar' aí não no sentido de dizer que não existe, mas no de dar crédito, dar fé). Ela é um fantoche que acha que é o titereiro."
Quem seria então o titereiro?
"E não estou dizendo com isso que há determinismo - como pode haver determinismo se há acaso? - há partes nossas, não conscientes, que junto com o acaso modificam o curso das coisas. E a própria consciência também modifica - mas nunca da maneira que achou que modificaria, porque está imersa no tempo - no acaso."
Somos então consciência e inconsciência presos no tempo-espaço e sujeitos ao acaso. Não temos controle sobre tudo, concordo. Isso, repito, não tira de nós a possibilidade de agir no limite das nossas circunstâncias.
"Há muitas evidências de que outras pessoas também existam, raciocinam e ajam. Mas não há nenhuma evidência de que esse processo seja gerado, mantido e controlado primordialmente pela consciência. É aí que está a sua fé na consciência - você acha que sim."
Mas Löis, o que você está querendo dizer? Que eu não devo dar ouvidos a mim mesmo? Ao que os meus sentidos me alertam e a minha razão contextualiza?
"2 - As leis da natureza são ilusões enquanto são vistas como eternas pela consciência, quando são apenas formulações históricas para fenômenos que podem ser agrupados e interpretados das mais diversas maneiras."
A lei da gravidade não é uma formulação histórica, como se estivesse sujeita à interpretações. Podem existir maneiras melhores que outras de explicar o fenômeno, mas é um fato que independe do que eu ou você sentimos ou achamos do assunto. A realidade existe.
"3 - Você não falou da coerção do inconsciente. Queria sua opinião sobre como fica o livre-arbítrio em relação ao inconsciente descoberto pela psicanálise e suas consequências - o ato falho, o sintoma etc."
Todas essas coisas estão, digamos, no pacote da nossa existência. Consciente e inconsciente dão pistas o tempo todo de como proceder pra sobrevivermos da melhor maneira possível de acordo com os nossos próprios valores. Você não se considera responsável pelos seus atos? Ou eles são meros reflexos de coisas fora do seu controle? Quando você tá lá tocando o trombone, não é você quem está no comando?
Thursday, March 19, 2009
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