"A influência que Fidel Castro exerce sobre a intelligentsia só pode ser descrita como mágica, o que torna qualquer avaliação pública de seu regime por esses iluminados completamente despida de lógica. A saber: Ele encarcerou e torturou a uma taxa maior do que Stalin e se recusa (diferentemente da África do Sul do apartheid, do Chile de Pinochet e da Nicarágua de Somoza) a permitir que a Anistia Internacional ou a Cruz Vermelha inspecionem suas prisões. Não obstante, Cuba ocupou a cadeira do Comitê de Direitos Humanos da ONU, e quando de sua visita a Nova York como o palestrante principal em 1995, a revista Newsweek aclamou Castro como "O Ticket Mais Quente de Manhattan", e a Time disse que ele era "A Celebridade de Manhattan", em referência ao enxame de pessoas da alta sociedade que o rodeavam e bajulavam pedindo autógrafos. Sua constituição ordena 2 anos de prisão para qualquer um que seja ouvido fazendo uma piada qualquer sobre ele. Não obstante, Jack Nicholson e Chavy Chase constantemente cantam-lhe glórias." (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=260).
Tuesday, March 31, 2009
O verdadeiro Che Guevara 2
"Em um famoso discurso em 1961, Che denunciou o "espírito de rebeldia" como sendo algo "repreensível". "A juventude deve abster-se de questionar de modo ingrato as ordens governamentais", ordenou Guevara. "Ao invés disso, ela deve se dedicar completamente aos estudos (marxistas), ao trabalho (para o governo) e ao serviço militar (para matar os desobedientes)." E ai daqueles jovens "que ficarem acordados até tarde da noite e chegarem atrasados para o trabalho (forçado pelo governo)". Os jovens, escreveu Guevara, "devem aprender a pensar e a agir como uma massa única". "Aqueles que escolherem o próprio caminho" (como deixar o cabelo crescer e ouvir música imperialista iaque) seriam denunciados como "dejetos" e "delinquentes". Em seu famoso discurso, Che Guevara até mesmo jurou "fazer com que o individualismo desapareça de Cuba! É criminoso pensar como indivíduos!""
O verdadeiro Che Guevara
"A mais popular versão da camiseta e do pôster de Che, por exemplo, ostenta o slogan "Lute Contra a Opressão" sob sua famosa face. Essa é a face de um homem que fundou um regime que encarcerou mais de seu próprio povo do que Hitler e Stalin, e que declarou que "o individualismo deve desaparecer!". Em 1959, com a ajuda dos agentes soviéticos da GRU, o homem celebrado naquela camiseta ajudou a fundar, treinar e a doutrinar a polícia secreta cubana. "Sempre interrogue seus prisioneiros à noite", ordenava Che a seus capangas. "A resistência de um homem é sempre menor à noite". Hoje, um mural com o retrato de Che - o maior do mundo - adorna o Ministério do Interior, que é o quartel-general da KGB cubana - a polícia secreta treinada pela STASI. Nada poderia ser mais apropriado." (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=260).
145
Yoda
Os posts abaixo foram inspirados num documentário do GNT que mostrava um herdeiro da Johnson & Johnson questionando a opulência em que a sua família vivia em contraste com os mais pobres. "Pobres" dos EUA, que seriam classe média por aqui. O herdeiro entrevistava pessoas com aquele papo de impostos progressivos e welfare state. Chegou a falar com o Milton Friedman, um pouco antes do Nobel morrer, dizendo que "não estou defendendo o socialismo, mas..."; no que o brilhante velhinho, pequeno e enrugado como o Yoda, replicou: "mas é exatamente isso o que as suas propostas representam: socialismo. Não tente mudar o significado das palavras". O que os anticapitalistas não notam, ou não querem notar, é que pra uma Johnson & Johnson se manter no mercado, ela precisa oferecer os melhores produtos pelo menor preço. Isso, por si só, faz bem a todos, inclusive aos pobres. Fazer mais com menos, massificar um bem, tornar necessidade o que antes era um luxo, todas essas coisas são realizadas pelos empreendedores demonizados pela propaganda socialista e estatista. E essa riqueza não é um dado eterno, se ela não for usada pra servir da melhor maneira o consumidor, ela pode passar pra alguém mais eficiente. O problema é que o sistema atual está longe de premiar os acertos e punir os erros. Vivemos um intervencionismo corporativista em que os vencedores e perdedores são definidos pela autoridade estatal, pela máfia dominante que conseguiu convencer a maioria das suas boas intenções num concurso de popularidade, simpatia e falsidade.
Monday, March 30, 2009
144
143
Sunday, March 29, 2009
Melodia EP
Démonstration Vù - Barão do Rio Branco - The Stranger - 1988 - Melodia (www.myspace.com/enseadaespacial).
Saturday, March 28, 2009
142
Um acinte, obviamente. Como é que pode um empresa, depois de contratar, querer demitir? Contratou, tem que manter o funcionário até a morte. É como um contrato de filiação. Assinou a CLT, é compromisso pra vida toda. Os petistas contratam uma diarista pra vida toda? Um barbeiro pra vida toda? Na primeira indigestão ou suíça mal feita, o petista teria que engolir seco. Paciência se ele ficou insatisfeito. A contratação de um serviço é um compromisso até a cova, doa a quem doer. Contratar alguém é como ter um filho.
Friday, March 27, 2009
O caminho do totalitarismo
Um regime totalitário é apoiado ou tolerado pela maioria. E ele só é derrubado quando a opressão chega num nível em que nem os seus supostos beneficiários aguentam mais. O Muro cai e então se faz um mea culpa. "Poxa, como é que deixamos a coisa chegar nesse ponto?!" Os que antes eram desqualificados como "paranóicos" - "traidores da Pátria" - são redimidos, mas os que ficaram no caminho não voltam mais. "O nosso líder queria tanto o nosso bem, como é que a gente ia saber que aconteciam todas essas barbaridades?!" Tanto trocaram liberdade por segurança que terminaram sem as duas. Tanto acreditaram na justiça social que terminaram injustiçados pelo socialismo. A culpa era dos ricos. A culpa era dos brancos de olhos azuis. A culpa era dos ricos brancos de olhos azuis. "Não se preocupe, o nosso governo vai cuidar disso, todos vão ser iguais." Mas o plano não funciona, ele nunca funciona, e o Muro cai. Só que ser livre é difícil, dá trabalho. De modo que se esquece de como as coisas eram e alguém começa a falar novamente o que as pessoas, com os seus ressentimentos e inseguranças, querem ouvir. Um estado totalitário não surge do nada, surge da submissão gradual da maioria ao poder constituído, ao líder iluminado que vai nos vingar daqueles que achamos, ou fomos doutrinados a achar, que nos prejudicaram.
Reféns do governo
"O pior é o que acontece com a liberdade. Nós somos reféns do governo. Somos todos criminosos e só estamos à solta devido a “vista grossa” do governo. A qualquer momento podemos ser presos, do nada, porque lá atrás, sem nem lembrar, matamos um periquito rosa do bico curvo em um passeio no parque com a família ou porque oferecemos R$20,00 para aquele menino de rua que fica pedindo esmola na frente da lojinha limpar a calçada. Isso para não falar em outros exemplos. Sempre o governo terá algo com que te incriminar. Basta você incomodá-lo (ou incomodar quem está no poder), que ele lhe prenderá, lhe perseguirá como em qualquer regime totalitário, com a diferença de que estará fazendo isso sob o rótulo da “legalidade”, “dentro da lei e da justiça”, “do estado de direito”. É a forma mais cruel e efetiva de totalitarismo. É uma obrigação dos liberais denunciar esse estado de coisas." (http://depositode.blogspot.com/).
140
Wednesday, March 25, 2009
Sexo 2
Sexo
Interrompendo a overdose Radiohead, não pude deixar de reparar no respeitável número de pessoas que vão lá no Google digitar "Cristianismo e Capitalismo" e acabam aqui num textinho antigo: (http://sol-moras-segabinaze.blogspot.com/2008/08/cristianismo-e-capitalismo.html). Não acredito em deus, alma, inferno e nem acho que a Bíblia seja guia pra alguma coisa, tamanhas as suas contradições. Mas, para ser justo, não vou fazer parte do coro que vem condenando a igreja católica nas últimas semanas por causa de suas recomendações em 2 assuntos: AIDS e aborto. Por mais natural que seja o ato sexual, sempre existe o momento em que se decide passar do pensamento à ação, e ignorar isso é tirar do indivíduo o seu livre-arbítrio e tratá-lo como um animal escravo de seus instintos mais primitivos. Ninguém é obrigado a transar e o sexo, mesmo com camisinha, tem conseqüências. No caso da AIDS, não há dúvida de que um comportamento promíscuo aumenta as chances de contágio. Não é moralismo, é lógica. O aborto é mais complicado e o caso da menina de Recife que causou esse escarcéu não foi de sexo voluntário, foi estupro. Acho então que o aborto se justifica, por mais que isso doa o coração. Mas não crucifico a igreja nesse assunto porque o aborto não pode mesmo ser banalizado. Vi ontem novamente o "Juno" e aquela menina bonitinha fez a coisa certa. Não se achava em condições de criar aquela vida, deu à luz e à quem desejava muito aquela criança. Todos nós já fomos fetos.
Tuesday, March 24, 2009
A dinâmica na platéia de um show de rock
Você quer ver o show, mas não está sozinho. Milhares de pessoas estão a sua volta, num curto espaço, cada uma com personalidades e interesses diferentes dos seus. Vai dar conflito, obviamente. Os muito fãs não vão se satisfazer em ver o show de longe, então enfrentam a multidão. Alguns nem são fãs, mas encaram a muvuca mesmo assim - seja pra acompanhar a namorada ou pelo motivo que for - mas chega uma hora em que o fanático histérico ao lado vai começar a incomodar a pessoa que está ali apenas cumprindo tabela e vice-versa. Há também problemas entre os fanáticos. O camarada que não pára de falar, que exagera na histeria, que puxa palmas fora do tempo ou canta músicas sussuradas pelo vocalista a plenos pulmões desafinados, muita coisa conspira contra. Mas como cercear esse descontrole de emoções? Estamos num show de rock, caramba! E a batalha por espaços? Você, lá na frente, guarda posição como se estivesse num forte reagindo à invasão inimiga. Alguém tenta ultrapassar a sua barreira inexpugnável forçando uma barra e você resiste: "Aqui não, violão!" Mas a pessoa é insistente e, nessa hora, ou você cede ou o bicho pode pegar. Um dilema e tanto. Mas há compensações também. Em São Paulo, por exemplo, a platéia puxou espontaneamente um coro, afinado e no tempo, de "Paranoid Android" que pegou a banda de surpresa, fazendo o grupo acompanhar a cantoria visivelmente emocionado. Um momento, entre outros, que compensou os inevitáveis contratempos que acontecem no meio de uma multidão.
Monday, March 23, 2009
Como desaparecer com a urina completamente
Só mesmo o Radiohead pra me fazer controlar a bexiga. Como é de conhecimento de todos, estar numa boa posição num show lotado de rock não é tarefa fácil, e eu não podia me dar o luxo de ir e voltar ao banheiro no meio daquela multidão. Marquei então posição e lá permaneci por mais de duas horas, impávido colosso, no meu latifúndio de 1/2 metro quadrado. Era o suficiente. A urina, como que por encanto, desapareceu como a versão número 1 do vapoorizer do filme do Jack Black e Ben Stiller. Momento mágico 1. Um pouco antes do show começar, tava lá eu meio tenso por causa do perrengue que foi chegar na tal Chácara do Jockey. Táxis caros em São Paulo, trânsito parado e chuva. Depois de assistir de longe os caras do Kraftwerk jogando Tetris, me encaminhei junto com a senhora pra muvuca. Mas faltava alguma coisa, uma substância gregária que desse um reset nos problemas e aprofundasse as sensações. Gritei então bem alto: "MEU REINO POR UM DOIS!" Mais uma vez, como que por encanto, um anjo na minha frente sacou um saquinho, apertou a parada, dividiu comigo, desapareceu na multidão e o espetáculo começou. Momento mágico 2.
Friday, March 20, 2009
Os recursos naturais
Os recursos naturais cantados em prosa e verso pelo nacionalismo não seriam mais do que, nas palavras de Roberto Campos, "cadáveres geológicos" caso não houvesse a tecnologia pra transformá-los em riqueza. O petróleo do Oriente Médio, por exemplo, não foi descoberto pelos nômades árabes. Eles nem desconfiavam da sua existência. Foi preciso que os capitalistas exploradores do Ocidente criassem o conhecimento e as ferramentas necessárias pro "ouro negro" vir à tona. Tão logo as empresas começaram a prospectar o óleo que os árabes nem sabiam existir, lá foram os nacionalistas desses países pré-iluministas reivindicar o seu quinhão. Primeiro trataram de taxar a exploração. Como isso não era o suficiente pros sheiks, no momento seguinte desapropriaram os campos, num processo que culminou com a criação da OPEP, o maior cartel planetário. Então alguns dos camaradas que viviam pra lá e pra cá em cima de camelos de repente se tornaram milionários. Alguns deles, porque a maioria continuou pobre. Aqui, "o petróleo é nosso", mas os seus reais proprietários, os políticos e funcionários da Petrobras, mantêm os preços nas alturas mesmo com o valor do barril no mercado internacional lá embaixo. Recursos naturais não servem pra muita coisa se não forem transformados em riqueza acessível ao consumo pela livre-iniciativa e competição.
Thursday, March 19, 2009
135
Do Fabio Marton (http://nottupy.blogspot.com/): "Os pobres são criminalmente, mas não moralmente responsáveis, os ricos o são moralmente, mas não criminalmente."
Falando com Löis Lancaster 3
"Sol, na verdade esse papo deveria estar rolando ao vivo, porque muitas das coisas que eu coloquei deram margem a interpretações que levaram a conclusões sobre conclusões... não há outro jeito."
Esse risco existe, mas discussões ao vivo também são complicadas, porque as emoções muitas vezes tiram o foco do principal, que são as idéias. Então a pessoa fica tentada a "ganhar" o debate no grito e, nesse ponto, eu tiro o meu time de campo, apesar de ter uma voz bem potente também. haha
"E ao vivo, eu poderia te interromper e retificar, e vice-versa. Só vou ser sucinto quanto às principais questões: 1 - Não, eu não acredito na consciência individual ('não acreditar' aí não no sentido de dizer que não existe, mas no de dar crédito, dar fé). Ela é um fantoche que acha que é o titereiro."
Quem seria então o titereiro?
"E não estou dizendo com isso que há determinismo - como pode haver determinismo se há acaso? - há partes nossas, não conscientes, que junto com o acaso modificam o curso das coisas. E a própria consciência também modifica - mas nunca da maneira que achou que modificaria, porque está imersa no tempo - no acaso."
Somos então consciência e inconsciência presos no tempo-espaço e sujeitos ao acaso. Não temos controle sobre tudo, concordo. Isso, repito, não tira de nós a possibilidade de agir no limite das nossas circunstâncias.
"Há muitas evidências de que outras pessoas também existam, raciocinam e ajam. Mas não há nenhuma evidência de que esse processo seja gerado, mantido e controlado primordialmente pela consciência. É aí que está a sua fé na consciência - você acha que sim."
Mas Löis, o que você está querendo dizer? Que eu não devo dar ouvidos a mim mesmo? Ao que os meus sentidos me alertam e a minha razão contextualiza?
"2 - As leis da natureza são ilusões enquanto são vistas como eternas pela consciência, quando são apenas formulações históricas para fenômenos que podem ser agrupados e interpretados das mais diversas maneiras."
A lei da gravidade não é uma formulação histórica, como se estivesse sujeita à interpretações. Podem existir maneiras melhores que outras de explicar o fenômeno, mas é um fato que independe do que eu ou você sentimos ou achamos do assunto. A realidade existe.
"3 - Você não falou da coerção do inconsciente. Queria sua opinião sobre como fica o livre-arbítrio em relação ao inconsciente descoberto pela psicanálise e suas consequências - o ato falho, o sintoma etc."
Todas essas coisas estão, digamos, no pacote da nossa existência. Consciente e inconsciente dão pistas o tempo todo de como proceder pra sobrevivermos da melhor maneira possível de acordo com os nossos próprios valores. Você não se considera responsável pelos seus atos? Ou eles são meros reflexos de coisas fora do seu controle? Quando você tá lá tocando o trombone, não é você quem está no comando?
Esse risco existe, mas discussões ao vivo também são complicadas, porque as emoções muitas vezes tiram o foco do principal, que são as idéias. Então a pessoa fica tentada a "ganhar" o debate no grito e, nesse ponto, eu tiro o meu time de campo, apesar de ter uma voz bem potente também. haha
"E ao vivo, eu poderia te interromper e retificar, e vice-versa. Só vou ser sucinto quanto às principais questões: 1 - Não, eu não acredito na consciência individual ('não acreditar' aí não no sentido de dizer que não existe, mas no de dar crédito, dar fé). Ela é um fantoche que acha que é o titereiro."
Quem seria então o titereiro?
"E não estou dizendo com isso que há determinismo - como pode haver determinismo se há acaso? - há partes nossas, não conscientes, que junto com o acaso modificam o curso das coisas. E a própria consciência também modifica - mas nunca da maneira que achou que modificaria, porque está imersa no tempo - no acaso."
Somos então consciência e inconsciência presos no tempo-espaço e sujeitos ao acaso. Não temos controle sobre tudo, concordo. Isso, repito, não tira de nós a possibilidade de agir no limite das nossas circunstâncias.
"Há muitas evidências de que outras pessoas também existam, raciocinam e ajam. Mas não há nenhuma evidência de que esse processo seja gerado, mantido e controlado primordialmente pela consciência. É aí que está a sua fé na consciência - você acha que sim."
Mas Löis, o que você está querendo dizer? Que eu não devo dar ouvidos a mim mesmo? Ao que os meus sentidos me alertam e a minha razão contextualiza?
"2 - As leis da natureza são ilusões enquanto são vistas como eternas pela consciência, quando são apenas formulações históricas para fenômenos que podem ser agrupados e interpretados das mais diversas maneiras."
A lei da gravidade não é uma formulação histórica, como se estivesse sujeita à interpretações. Podem existir maneiras melhores que outras de explicar o fenômeno, mas é um fato que independe do que eu ou você sentimos ou achamos do assunto. A realidade existe.
"3 - Você não falou da coerção do inconsciente. Queria sua opinião sobre como fica o livre-arbítrio em relação ao inconsciente descoberto pela psicanálise e suas consequências - o ato falho, o sintoma etc."
Todas essas coisas estão, digamos, no pacote da nossa existência. Consciente e inconsciente dão pistas o tempo todo de como proceder pra sobrevivermos da melhor maneira possível de acordo com os nossos próprios valores. Você não se considera responsável pelos seus atos? Ou eles são meros reflexos de coisas fora do seu controle? Quando você tá lá tocando o trombone, não é você quem está no comando?
Wednesday, March 18, 2009
134
Falando com Löis Lancaster 2
"Caro Sol: Em contaposição a isso que você chama de "ordem espontânea e natural", eu acredito no princípio da causa eficiente (em contraposição à causa mecânica e à causa final). Pelo princípio da causa eficiente, tudo que acontece é natural, não aconteceria se não fosse."
Isso me parece razoável.
"Como o capitalismo, o corporativismo é natural, e a resistência ao capitalismo são naturais."
O corporativismo se torna natural quando o estado se mete onde não devia. Claro que ele é um reflexo da vontade da maioria, mas a própria maioria que hoje acha que é função do estado distribuir cartas pode mudar de idéia amanhã.
"Portanto, ser "natural" não é um bom critério para definir uma ética. Mas eu compreendo porque você acredita que é. Você tem fé numa causa final, fé em que há um crivo transcendental para determinar boas e más ações."
Não diria "transcendental", mas existe um fim nessa minha missão sim, a defesa das liberdades individuais.
"Esse crivo seria a racionalidade, na figura do Senso Comum e do Bom Senso. As pessoas seriam livres quando sua responsabilidade as ensinasse a conviver racionalmente com os outros. Repare que eu digo FÉ. Provavelmente você acha que isso não tem nada a ver com religiosidade, mas tem. Resumindo, você tem fé na consciência. Concordo quando diz que é iluminista. Quanto a mim, não posso acreditar na consciência depois de Marx, Nietzsche e Freud."
Como assim? Você não acredita na consciência individual? A fé não seria a crença sem evidência? Há muitas evidências de que eu existo, raciocino e ajo. Há muitas evidências de que outras pessoas também existam, raciocinam e ajam. Não estamos aqui conversando?
"O pensamento é empurrado, ele não é atributo de uma consciência toda-poderosa que lança mão dele quando bem entende. Essa consciência é um dos finais - e um beco sem saída - de uma longa sequência de relações, das quais ela só capta uma mínima parte. E diz que essa parte somos NÓS. E a consciência não se dá bem com a mudança nem com o acaso, que são a essência do tempo. Por isso cria a ilusão de que há coisas eternas - externas, como as leis da natureza e internas, como a alma imortal."
Eu não acredito em alma, muito menos imortal. Se o pensamento é "empurrado", então aparentemente não temos livre-arbítrio e somos meras peças de um jogo onde não apitamos nada. E as leis da natureza por acaso são "ilusões"? Se você pular de um precipício, você não vai se espatifar no chão? Todo esse raciocínio me parece tirar do indivíduo o seu poder de ação, num determinismo meio imobilista.
"O conhecimento que a consciência preconiza é baseado nessa ilusão de permanência, e puramente utilitário. Bergson vai mostrar que essa ilusão é necessária ao homem para AGIR sobre o mundo, mas de nada vale para realmente COMPREENDÊ-LO."
Mas Löis, o que a ciência e os filósofos fazem além de tentar compreender o mundo? Claro que nunca o compreenderemos completamente, mas qual seria a alternativa? Jogar a toalha e voltar pras cavernas?
"Aqui eu o convido a ler "O Pensamento e o Movente", que explora profundamente várias provas disso que acabei de citar. Não vou me demorar nesse ponto para não me estender demais. O que se segue disso é que a consciência é baseada na utopia da fixação e do controle absoluto. Ela não consegue lidar bem com a mudança nem com o acaso. E eu entendo o capitalismo como uma decorrência da consciência na sua luta por dominar o mundo para agir sobre ele em proveito próprio. O corporativismo segue pelo mesmo caminho."
Talvez eu não esteja compreendendo bem o seu ponto - por um ruído de comunicação e não por uma impossibilidade de compreensão (hehe) -, mas me parece o contrário, o socialismo que tenta dominar a natureza humana, controlá-la e modificá-la pra criar um "novo homem". É a tal "arrogância fatal" de que falava Hayek.
"Aprofundemos o que você quer dizer com "agradar" o cliente: o comerciante, se quiser prosperar e permanecer no negócio, vai ter interesse em ILUDIR o cliente, gastando o mínimo necessário para que ele ACHE que recebeu o máximo. Isso se chama Gestão: o máximo de clientela com o mínimo de esforço."
Eu não acho que esteja sendo iludido quando peço uma caipirinha no Boteco Salvação. Eu sei que ela vai custar 5 e 50, vai ser feita com Velho Barreiro num copo grande cheio de limão e gelo. Eu compro se eu quiser. O que você chama de "gestão" me parece uma regra universal do comportamento humano: as pessoas querem passar de um estado menos satisfatório pra um mais satisfatório, segundo os seus próprios critérios. Conseguir mais com menos faz parte dessa lógica, algo que se aplica a todos nós. Fazer uma camisa antes da industrialização demandava um esforço enorme. Com a mecanização, se conseguiu fazer muito mais camisas com muito menos esforço. E a não ser que você prefira a escassez à abundância, não há outra saída.
"Prolongando essa equação, temos a situação ideal para o comerciante, qual seja: nem a ilusão se salva, porque o cliente TEM de comprar naquela loja quando não há nenhuma outra."
Aonde que o cliente "TEM" que comprar naquela loja? Por que não haveria outra loja? Monopólios só se sustentam com a interferência e cumplicidade do governo.
"Você tem todos os clientes sem esforço nenhum. Por isso o corporativismo é a consequência lógica do capitalismo. O contrário (prolongando a equação ao extremo oposto) é que seria o paraíso do cliente: a gratuidade - o esforço máximo do comerciante para o cliente receber a mercadoria DE GRAÇA. Em sua casa, ainda por cima."
Como é que as coisas seriam "de graça"? Não existe nada de graça, tudo tem um custo. Por que o comerciante se esforçaria se não recebesse nada em troca? Os países comunistas se esqueceram que as pessoas são individualistas, não se sacrificam pelo "bem comum" imposto pelos outros e foi o que se viu: escassez, miséria generalizada e nenhuma liberdade.
"Nem eu trato mal prostitutas. Nem os comerciantes. (Aí entra uma questão: quem são comerciantes, as prostitutas ou os cafetões?) Apenas os trato como eles me tratam: sabendo que eles não dão a mínima pra mim, não me iludo com essa história de "o cliente tem sempre razão" e coisas do gênero. Trato eles na ponta da faca. E rio quando eles se dão mal, é mais uma fonte de alegria inocente e pura nesse mundo. Adorei ver a "Casa e Video" agonizando como uma barata no DDT. É como assistir ao show de minha banda preferida."
O comerciante não é diferente do, sei lá, jornalista que vende a sua força de trabalho no mercado. Ele oferece um serviço e é pago por isso. Caso as pessoas não valorizem o seu serviço, o camarada vai à falência ou perde o emprego. Se você abrisse uma loja, você trabalharia pra agradar ou iludir os seus clientes?
"Você não comentou meu exemplo do 9,99, mas vou comentar o seu da loja de instrumentos."
Não comentei porque, honestamente, não entendi o exemplo.
"Como eu disse anteriormente, a consciência não é a pessoa. É uma parte muito pequena dela. Assim, não vou te dizer que o comerciante é a pessoa, mas um modo de agir. Todo mundo encarna modos de agir - é pai numa situação, amigo na outra, filho em outra, patrão, empregado... então."
Ok.
"Partindo desse pressuposto, há uma parte do comerciante que não é regido pela consciência. Essa parte, emotiva, intuitiva, artística e criadora, não merece meu preconceito. No calor do momento, fui muito genérico e caricato quando falei do preconceito aos comerciantes. Me corrijo dizendo que o que deve ser mal visto são as práticas comerciantes das pessoas. E há pessoas que não são perfeitas como comerciantes. O sentimento, a emoção e a intuição interferem na inteligência e no utilitarismo, fazendo com que elas não prosperem em sua profissão, criando trustes e cartéis e ficando arquimilionários. Em suma, são seres humanos comuns, regidos pelo senso comum: são tão inteligentes quanto emotivos."
Tudo bem, todos temos limitações, isso não altera o fato de que todos somos, de alguma maneira, comerciantes de nós mesmos. O comércio não é um fim em si mesmo, ele é um meio das pessoas atingirem os seus objetivos. O dinheiro também não é um fim em si mesmo, ele é um meio de adquirir coisas que valorizamos. E, repetindo, trustes e cartéis são práticas garantidas pelos governos. A OPEP é o maior exemplo.
"O seu "de forma voluntária, sem nenhuma coerção" não dá conta desses seres humanos complexos. E a coerção do inconsciente? Da gestalt? Do acaso? Toda vontade parte de forças insondáveis do meio do caos. Há todo um lado da pessoa que não é regido pela consciência, nem afetado pela ânsia de dominar em proveito próprio."
Não temos controle sobre o acaso. A única garantia na vida é que vamos morrer. Não temos onisciência ou onipotência, realmente, mas isso não nos impede de agir no limite das nossas possibilidades.
"Da pessoa enquanto ela não é comerciante - o cara que vende instrumentos geralmente entende de instrumentos, logo deve gostar de música, talvez até toque um instrumento - dessa parte eu não desgosto, e tenho até uma certa simpatia pelo cara estar conseguindo driblar a necessidade de vender algo, lidando com um ramo de que gosta. O problema é essa necessidade."
Eu também gostaria que a vida fosse isenta de necessidades, mas não é.
"Eu queria estar tocando com esse cara, ou falando de música com ele, e sabendo que ele está falando comigo porque gosta da conversa, e não porque quer me vender alguma coisa. São duas visões opostas, percebe?"
Não são não, Löis. Ele está ali na loja vendendo um baixo porque tem gente querendo comprar um baixo. São interesses convergentes. E nada impede que vocês virem amigos. Eu mesmo fiz vários amigos na época em que trabalhava na Spider vendendo CDs.
"O formato "banda" de interação é basicamente anti-comercial: as pessoas se reúnem para tocar, se um não pode pagar o ensaio os outros pagam, o importante é o prazer de estar criando algo em conjunto. Se esse prazer é cooptado pelo prazer individual de virar um popstar, aí já é outro departamento."
As pessoas se reúnem aí de maneira voluntária, nenhum problema com isso.
"Mas o lado de comprar e vender, esse lado quer que eu haja conforme o figurino. Por exemplo, quanto menos eu ficar jogando conversa fora depois de já ter comprado, melhor para o comerciante que existe nessa pessoa. Por isso eu só converso com o vendedor DEPOIS que comprei a mercadoria - aí eu sei se ele é um bom sujeito ou não, se o que está predominante nele naquele momento quer a minha vida ou a minha morte."
Se comprar a mercadoria X ou Y é uma questão de vida ou morte, por que você continua comprando? Não lhe parece um risco muito grande?
"Grande abraço e longa vida às diferenças, Löis."
Abraço forte
Isso me parece razoável.
"Como o capitalismo, o corporativismo é natural, e a resistência ao capitalismo são naturais."
O corporativismo se torna natural quando o estado se mete onde não devia. Claro que ele é um reflexo da vontade da maioria, mas a própria maioria que hoje acha que é função do estado distribuir cartas pode mudar de idéia amanhã.
"Portanto, ser "natural" não é um bom critério para definir uma ética. Mas eu compreendo porque você acredita que é. Você tem fé numa causa final, fé em que há um crivo transcendental para determinar boas e más ações."
Não diria "transcendental", mas existe um fim nessa minha missão sim, a defesa das liberdades individuais.
"Esse crivo seria a racionalidade, na figura do Senso Comum e do Bom Senso. As pessoas seriam livres quando sua responsabilidade as ensinasse a conviver racionalmente com os outros. Repare que eu digo FÉ. Provavelmente você acha que isso não tem nada a ver com religiosidade, mas tem. Resumindo, você tem fé na consciência. Concordo quando diz que é iluminista. Quanto a mim, não posso acreditar na consciência depois de Marx, Nietzsche e Freud."
Como assim? Você não acredita na consciência individual? A fé não seria a crença sem evidência? Há muitas evidências de que eu existo, raciocino e ajo. Há muitas evidências de que outras pessoas também existam, raciocinam e ajam. Não estamos aqui conversando?
"O pensamento é empurrado, ele não é atributo de uma consciência toda-poderosa que lança mão dele quando bem entende. Essa consciência é um dos finais - e um beco sem saída - de uma longa sequência de relações, das quais ela só capta uma mínima parte. E diz que essa parte somos NÓS. E a consciência não se dá bem com a mudança nem com o acaso, que são a essência do tempo. Por isso cria a ilusão de que há coisas eternas - externas, como as leis da natureza e internas, como a alma imortal."
Eu não acredito em alma, muito menos imortal. Se o pensamento é "empurrado", então aparentemente não temos livre-arbítrio e somos meras peças de um jogo onde não apitamos nada. E as leis da natureza por acaso são "ilusões"? Se você pular de um precipício, você não vai se espatifar no chão? Todo esse raciocínio me parece tirar do indivíduo o seu poder de ação, num determinismo meio imobilista.
"O conhecimento que a consciência preconiza é baseado nessa ilusão de permanência, e puramente utilitário. Bergson vai mostrar que essa ilusão é necessária ao homem para AGIR sobre o mundo, mas de nada vale para realmente COMPREENDÊ-LO."
Mas Löis, o que a ciência e os filósofos fazem além de tentar compreender o mundo? Claro que nunca o compreenderemos completamente, mas qual seria a alternativa? Jogar a toalha e voltar pras cavernas?
"Aqui eu o convido a ler "O Pensamento e o Movente", que explora profundamente várias provas disso que acabei de citar. Não vou me demorar nesse ponto para não me estender demais. O que se segue disso é que a consciência é baseada na utopia da fixação e do controle absoluto. Ela não consegue lidar bem com a mudança nem com o acaso. E eu entendo o capitalismo como uma decorrência da consciência na sua luta por dominar o mundo para agir sobre ele em proveito próprio. O corporativismo segue pelo mesmo caminho."
Talvez eu não esteja compreendendo bem o seu ponto - por um ruído de comunicação e não por uma impossibilidade de compreensão (hehe) -, mas me parece o contrário, o socialismo que tenta dominar a natureza humana, controlá-la e modificá-la pra criar um "novo homem". É a tal "arrogância fatal" de que falava Hayek.
"Aprofundemos o que você quer dizer com "agradar" o cliente: o comerciante, se quiser prosperar e permanecer no negócio, vai ter interesse em ILUDIR o cliente, gastando o mínimo necessário para que ele ACHE que recebeu o máximo. Isso se chama Gestão: o máximo de clientela com o mínimo de esforço."
Eu não acho que esteja sendo iludido quando peço uma caipirinha no Boteco Salvação. Eu sei que ela vai custar 5 e 50, vai ser feita com Velho Barreiro num copo grande cheio de limão e gelo. Eu compro se eu quiser. O que você chama de "gestão" me parece uma regra universal do comportamento humano: as pessoas querem passar de um estado menos satisfatório pra um mais satisfatório, segundo os seus próprios critérios. Conseguir mais com menos faz parte dessa lógica, algo que se aplica a todos nós. Fazer uma camisa antes da industrialização demandava um esforço enorme. Com a mecanização, se conseguiu fazer muito mais camisas com muito menos esforço. E a não ser que você prefira a escassez à abundância, não há outra saída.
"Prolongando essa equação, temos a situação ideal para o comerciante, qual seja: nem a ilusão se salva, porque o cliente TEM de comprar naquela loja quando não há nenhuma outra."
Aonde que o cliente "TEM" que comprar naquela loja? Por que não haveria outra loja? Monopólios só se sustentam com a interferência e cumplicidade do governo.
"Você tem todos os clientes sem esforço nenhum. Por isso o corporativismo é a consequência lógica do capitalismo. O contrário (prolongando a equação ao extremo oposto) é que seria o paraíso do cliente: a gratuidade - o esforço máximo do comerciante para o cliente receber a mercadoria DE GRAÇA. Em sua casa, ainda por cima."
Como é que as coisas seriam "de graça"? Não existe nada de graça, tudo tem um custo. Por que o comerciante se esforçaria se não recebesse nada em troca? Os países comunistas se esqueceram que as pessoas são individualistas, não se sacrificam pelo "bem comum" imposto pelos outros e foi o que se viu: escassez, miséria generalizada e nenhuma liberdade.
"Nem eu trato mal prostitutas. Nem os comerciantes. (Aí entra uma questão: quem são comerciantes, as prostitutas ou os cafetões?) Apenas os trato como eles me tratam: sabendo que eles não dão a mínima pra mim, não me iludo com essa história de "o cliente tem sempre razão" e coisas do gênero. Trato eles na ponta da faca. E rio quando eles se dão mal, é mais uma fonte de alegria inocente e pura nesse mundo. Adorei ver a "Casa e Video" agonizando como uma barata no DDT. É como assistir ao show de minha banda preferida."
O comerciante não é diferente do, sei lá, jornalista que vende a sua força de trabalho no mercado. Ele oferece um serviço e é pago por isso. Caso as pessoas não valorizem o seu serviço, o camarada vai à falência ou perde o emprego. Se você abrisse uma loja, você trabalharia pra agradar ou iludir os seus clientes?
"Você não comentou meu exemplo do 9,99, mas vou comentar o seu da loja de instrumentos."
Não comentei porque, honestamente, não entendi o exemplo.
"Como eu disse anteriormente, a consciência não é a pessoa. É uma parte muito pequena dela. Assim, não vou te dizer que o comerciante é a pessoa, mas um modo de agir. Todo mundo encarna modos de agir - é pai numa situação, amigo na outra, filho em outra, patrão, empregado... então."
Ok.
"Partindo desse pressuposto, há uma parte do comerciante que não é regido pela consciência. Essa parte, emotiva, intuitiva, artística e criadora, não merece meu preconceito. No calor do momento, fui muito genérico e caricato quando falei do preconceito aos comerciantes. Me corrijo dizendo que o que deve ser mal visto são as práticas comerciantes das pessoas. E há pessoas que não são perfeitas como comerciantes. O sentimento, a emoção e a intuição interferem na inteligência e no utilitarismo, fazendo com que elas não prosperem em sua profissão, criando trustes e cartéis e ficando arquimilionários. Em suma, são seres humanos comuns, regidos pelo senso comum: são tão inteligentes quanto emotivos."
Tudo bem, todos temos limitações, isso não altera o fato de que todos somos, de alguma maneira, comerciantes de nós mesmos. O comércio não é um fim em si mesmo, ele é um meio das pessoas atingirem os seus objetivos. O dinheiro também não é um fim em si mesmo, ele é um meio de adquirir coisas que valorizamos. E, repetindo, trustes e cartéis são práticas garantidas pelos governos. A OPEP é o maior exemplo.
"O seu "de forma voluntária, sem nenhuma coerção" não dá conta desses seres humanos complexos. E a coerção do inconsciente? Da gestalt? Do acaso? Toda vontade parte de forças insondáveis do meio do caos. Há todo um lado da pessoa que não é regido pela consciência, nem afetado pela ânsia de dominar em proveito próprio."
Não temos controle sobre o acaso. A única garantia na vida é que vamos morrer. Não temos onisciência ou onipotência, realmente, mas isso não nos impede de agir no limite das nossas possibilidades.
"Da pessoa enquanto ela não é comerciante - o cara que vende instrumentos geralmente entende de instrumentos, logo deve gostar de música, talvez até toque um instrumento - dessa parte eu não desgosto, e tenho até uma certa simpatia pelo cara estar conseguindo driblar a necessidade de vender algo, lidando com um ramo de que gosta. O problema é essa necessidade."
Eu também gostaria que a vida fosse isenta de necessidades, mas não é.
"Eu queria estar tocando com esse cara, ou falando de música com ele, e sabendo que ele está falando comigo porque gosta da conversa, e não porque quer me vender alguma coisa. São duas visões opostas, percebe?"
Não são não, Löis. Ele está ali na loja vendendo um baixo porque tem gente querendo comprar um baixo. São interesses convergentes. E nada impede que vocês virem amigos. Eu mesmo fiz vários amigos na época em que trabalhava na Spider vendendo CDs.
"O formato "banda" de interação é basicamente anti-comercial: as pessoas se reúnem para tocar, se um não pode pagar o ensaio os outros pagam, o importante é o prazer de estar criando algo em conjunto. Se esse prazer é cooptado pelo prazer individual de virar um popstar, aí já é outro departamento."
As pessoas se reúnem aí de maneira voluntária, nenhum problema com isso.
"Mas o lado de comprar e vender, esse lado quer que eu haja conforme o figurino. Por exemplo, quanto menos eu ficar jogando conversa fora depois de já ter comprado, melhor para o comerciante que existe nessa pessoa. Por isso eu só converso com o vendedor DEPOIS que comprei a mercadoria - aí eu sei se ele é um bom sujeito ou não, se o que está predominante nele naquele momento quer a minha vida ou a minha morte."
Se comprar a mercadoria X ou Y é uma questão de vida ou morte, por que você continua comprando? Não lhe parece um risco muito grande?
"Grande abraço e longa vida às diferenças, Löis."
Abraço forte
Tuesday, March 17, 2009
133
Intervenção na poupança
Vejo que agora o governo vai usar de artifícios pra fazer a poupança render menos que os títulos governamentais. "Não poupem, companheiros e companheiras, financiem a dívida do governo!" Então depois daquela lenga-lenga sobre diminuir os juros - sem fazer as reformas estruturais que o país precisa, é claro - os caras baixam a bodega e, ao notar que a grana do governo ia secar, começam a inventar macaquices heterodoxas. Imagine só, estimular a poupança... Nem pensar! Daqui a pouco começam a dizer que a produção antecede o consumo e que os juros devem ser decididos no mercado... Que ousadia! Os juros são um fenômeno natural, na medida em que todos preferem o dinheiro agora que depois. Quanto maior o risco de calote, maiores os juros. E cada intervenção acaba gerando mais intervenção num ciclo sem fim, com perda de eficiência e ganho de burocracia. Recomendo fortemente aos que se interessam pelo assunto um livrinho do Mises chamado "Intervencionismo". É curto, claro e objetivo, sem estatísticas, gráficos ou econometria, apenas lógica e relações de causa e efeito. Ainda conta com os comentários sobre a realidade brasileira do tradutor e falecido presidente do Instituto Liberal, Donald Stewart Jr. (http://www.4shared.com/file/30023681/c53bf34/Ludwig_Von_Mises_-_Intervencionismo_-_livro_completo.html?dirPwdVerified=825adf79).
132
Falando com Löis Lancaster
"Quanto à minha visão, eu diria que sou keynesiano. Acho que a cupidez do ser humano deve ser 'peitada' em algum nível. Se a ambição é natural, a luta contra ela é tão antiga quanto. Deus, o Estado, a Corporação, a Padaria da Esquina, a Família, o Sujeito são ficções necessárias para o controle do mundo, mas nada têm a ver com o CONHECIMENTO do mundo."
É justamente o poder de controle do governo em atividades privadas e voluntárias que eu combato.
"E o capitalismo é todo baseado na fixação e no controle absoluto."
Muito pelo contrário. O capitalismo, não o corporativismo vigente, é uma ordem espontânea, natural. É o que acontece quando as pessoas são livres pra perseguir os seus próprios objetivos, arcando com as conseqüências dos seus atos. Liberdade e responsabilidade.
"Eis porque acho que os comerciantes deveriam ser mal vistos. Deveriam ser alvo de preconceito e lapidação; afinal, é tão óbvio que o comerciante não se importa com você, só com o seu dinheiro! A loja diz que põe as mercadirias em "promoção" e marcam no preço "9,99". Se o seu amigo pega seu carro emprestado, espicaça com ele e diz que deu uma "batidinha", você pode confiar nessa pessoa?"
Mas Löis, o comerciante, se quiser prosperar e permanecer no negócio, vai ter todo o interesse em agradar o seu cliente. Você volta pra uma loja onde foi mal atendido? Volta a comer num restaurante que te deu uma indigestão? A competição faz os serviços melhorarem naturalmente.
"Você pode retrucar que não vivemos sem comerciantes. Também não vivemos sem prostitutas, e olha como elas são tratadas. Como os comerciantes deveriam ser. Já dizia JC: "tem de vir o escândalo, mais ai daquele por intermédio de quem vier o escândalo"."
Eu não trato mal prostitutas e nem acho que comerciantes e prostitutas são diferentes, na medida em que ambos oferecem um serviço demandado pelas pessoas. Você tem raiva do cara que te vende um, sei lá, baixo? Você queria um baixo, ele queria vender um baixo e os dois entraram num acordo de forma voluntária, sem nenhuma coerção. Qual o problema com esse processo?
"O capitalista quer o meu dinheiro, não quer ser afetado pela minha alma criadora e ctítica. Se não quer minha alma, quer a minha morte. E eu quero a morte de quem quer a minha morte."
Como é que o vendedor da Show Point quer a sua morte? Ele só quer que você compre o baixo que você mesmo quer comprar. Os interesses se encontram e as duas partes ficam satisfeitas. Se não ficassem, por que fariam a troca? O liberalismo deixa as pessoas livres pra se expressarem da maneira que quiser, contanto que não invadam o espaço dos outros. Eu e você somos livres pra exercer a nossa criatividade (não exercemos?), só não podemos impô-la à força e nem temos a garantia de que vamos conseguir viver disso. Isso depende do valor que os outros vão dar pro nosso trabalho. Qual seria a alternativa? Um planejamento central no estilo soviético?
"E outra: acho que você está sendo ingênuo por achar que a livre iniciativa não comanda a política: sempre comandou, mesmo nas ditaduras de direita ou esquerda. Querer que esse esquema funcione às claras é não compreendê-lo em seu cerne. Corruptos e empresários liberais pertencem ao mesmo time."
Löis, o meu discurso é todo nesse sentido, de acabar com o conluio entre governo e empresas. Mas como é que se vai acabar com isso com as pessoas pedindo pro governo controlar tudo? Só vai aumentar essa simbiose até o sistema entrar em colapso como entrou agora. A realidade, cedo ou tarde, se impõe. "Empresários liberais" são uma raridade. Eles querem o estado protegendo os seus negócios da concorrência. O sistema é uma joint venture entre os políticos e os seus bróders do setor privado. Como eu disse, o estado tem que se separar da economia, como se separou da religião.
"Por outro lado, concordo com você sobre as questões de coitadinhos com cotas. Um regime de exceção não se anula com mais exceções. Também concordo que todo mundo deveria ser mais adulto. É isso, companheiro. Acho que devíamos criar o "Underground Connection" aqui na web, hehehe""
Adoraria isso. Anos atrás, escrevi um textinho falando de um projeto pra um programa de TV: "DINÂMICA UNDERGROUND". O Rodrigo Lariú daria um ótimo Lucas Mendes. Vou botar pilha num cara que eu conheço que trabalha no Canal Brasil. Honrado com a sua presença. Ab
É justamente o poder de controle do governo em atividades privadas e voluntárias que eu combato.
"E o capitalismo é todo baseado na fixação e no controle absoluto."
Muito pelo contrário. O capitalismo, não o corporativismo vigente, é uma ordem espontânea, natural. É o que acontece quando as pessoas são livres pra perseguir os seus próprios objetivos, arcando com as conseqüências dos seus atos. Liberdade e responsabilidade.
"Eis porque acho que os comerciantes deveriam ser mal vistos. Deveriam ser alvo de preconceito e lapidação; afinal, é tão óbvio que o comerciante não se importa com você, só com o seu dinheiro! A loja diz que põe as mercadirias em "promoção" e marcam no preço "9,99". Se o seu amigo pega seu carro emprestado, espicaça com ele e diz que deu uma "batidinha", você pode confiar nessa pessoa?"
Mas Löis, o comerciante, se quiser prosperar e permanecer no negócio, vai ter todo o interesse em agradar o seu cliente. Você volta pra uma loja onde foi mal atendido? Volta a comer num restaurante que te deu uma indigestão? A competição faz os serviços melhorarem naturalmente.
"Você pode retrucar que não vivemos sem comerciantes. Também não vivemos sem prostitutas, e olha como elas são tratadas. Como os comerciantes deveriam ser. Já dizia JC: "tem de vir o escândalo, mais ai daquele por intermédio de quem vier o escândalo"."
Eu não trato mal prostitutas e nem acho que comerciantes e prostitutas são diferentes, na medida em que ambos oferecem um serviço demandado pelas pessoas. Você tem raiva do cara que te vende um, sei lá, baixo? Você queria um baixo, ele queria vender um baixo e os dois entraram num acordo de forma voluntária, sem nenhuma coerção. Qual o problema com esse processo?
"O capitalista quer o meu dinheiro, não quer ser afetado pela minha alma criadora e ctítica. Se não quer minha alma, quer a minha morte. E eu quero a morte de quem quer a minha morte."
Como é que o vendedor da Show Point quer a sua morte? Ele só quer que você compre o baixo que você mesmo quer comprar. Os interesses se encontram e as duas partes ficam satisfeitas. Se não ficassem, por que fariam a troca? O liberalismo deixa as pessoas livres pra se expressarem da maneira que quiser, contanto que não invadam o espaço dos outros. Eu e você somos livres pra exercer a nossa criatividade (não exercemos?), só não podemos impô-la à força e nem temos a garantia de que vamos conseguir viver disso. Isso depende do valor que os outros vão dar pro nosso trabalho. Qual seria a alternativa? Um planejamento central no estilo soviético?
"E outra: acho que você está sendo ingênuo por achar que a livre iniciativa não comanda a política: sempre comandou, mesmo nas ditaduras de direita ou esquerda. Querer que esse esquema funcione às claras é não compreendê-lo em seu cerne. Corruptos e empresários liberais pertencem ao mesmo time."
Löis, o meu discurso é todo nesse sentido, de acabar com o conluio entre governo e empresas. Mas como é que se vai acabar com isso com as pessoas pedindo pro governo controlar tudo? Só vai aumentar essa simbiose até o sistema entrar em colapso como entrou agora. A realidade, cedo ou tarde, se impõe. "Empresários liberais" são uma raridade. Eles querem o estado protegendo os seus negócios da concorrência. O sistema é uma joint venture entre os políticos e os seus bróders do setor privado. Como eu disse, o estado tem que se separar da economia, como se separou da religião.
"Por outro lado, concordo com você sobre as questões de coitadinhos com cotas. Um regime de exceção não se anula com mais exceções. Também concordo que todo mundo deveria ser mais adulto. É isso, companheiro. Acho que devíamos criar o "Underground Connection" aqui na web, hehehe""
Adoraria isso. Anos atrás, escrevi um textinho falando de um projeto pra um programa de TV: "DINÂMICA UNDERGROUND". O Rodrigo Lariú daria um ótimo Lucas Mendes. Vou botar pilha num cara que eu conheço que trabalha no Canal Brasil. Honrado com a sua presença. Ab
Monday, March 16, 2009
Isso pode até chocar alguns...
“O principal credo dos planejadores centrais mundiais parece ser a ilusão de que, ao facilitar o acesso ao crédito, as pessoas pegarão dinheiro emprestado para sair comprando coisas e essa gastança irá estimular a produção e o emprego, o que magicamente fará a economia crescer. Trata-se de uma ideia graciosa e simples, mas que não tem nada em absoluto a ver com o real funcionamento de uma economia. Os chefes de governo e seus assessores econômicos não entendem que o consumo só é possível se houver produção, e que o crédito só existirá se houver poupança. Só que, para haver poupança, é preciso postergar o consumo. E sobre isso nenhum político quer falar.” - Peter Schiff (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=250).
Extra! Extra!
Ainda leio jornal. Ele chega de manhã e não resisto. É como uma oração matinal laica, um choque de realidade depois de sonhar com tartaruguinhas e outras simbologias mais óbvias de um heterossexual. Muitas coisas me espantam no noticiário do O Globo. A parte de economia é especialmente irritante, porque não se tenta entender os motivos dos fenômenos, ao invés disso, discute-se os sintomas ad nauseam com os "especialistas" abusando do economês pra coisa continuar numa névoa eterna, como se os efeitos não se originassem de causas perfeitamente identificáveis. A recessão então vira uma obra do Espírito Santo, e o governo, o principal causador da crise, é encarado como a solução do problema. A parte, digamos, geopolítica também é de amargar. Numa mesma página estão o casal K querendo amordaçar a imprensa oposicionista, o Chávez militarizando os portos e aeroportos - "estamos radicalizando a revolução" - e os seus amiguinhos bolivarianos limitando a liberdade de expressão em seus respectivos feudos. Uma imprensa preocupada com a verdade ligaria as peças desse quebra-cabeça autoritário e contextualizaria pro leitor: "Olha aqui gente, esses presidentes esquerdistas são todos aliados, seu modelo ideal é a tirania cubana, não aceitam a discordância e os seus países vão empobrecer caso insistam nesta merda. Controle de preços, expropriações e estatizações nunca funcionaram em lugar algum e as suas conseqüências nefastas estão todas previstas pela ciência econômica. Não deixamos isso claro porque a redação está cheia de ignorantes militantes que ainda acham o socialismo uma idéia lindinha e perfeitamente defensável. Obrigado e volte sempre".
Friday, March 13, 2009
131
Paulo Coelho
Acabei de ler a biografia do Paulo Coelho escrita pelo Fernando Morais. Mesmo não escondendo o seu marxismo em diversos momentos, tenho que admitir a competência do biógrafo em retratar os seus personagens. Paulo Coelho, ao contrário, é bem apolítico, tendo já votado tanto em FHC quanto em Lula, rejeitando em momentos diversos o comunismo ("tenho medo de perder as minhas propriedades") e, em menor grau, o capitalismo. O que salta aos olhos no livro é a obsessão do "Mago" com o sucesso na literatura. E não era um sucessinho que ele almejava, o alvo era o sucesso planetário. Com esse projeto revelado num diário - falar isso em voz alta poderia aumentar a sua fama de "maluco" - o parceiro do Raul Seixas conseguiu realizar o seu objetivo. Seus pais o internaram 3 vezes num sanatório, antes dele se envolver com todos os tipos de drogas, esoterismos e pactos com o demônio. Desesperado pela fama, foi desonesto ao assinar um livro sobre vampirismo sem ter escrito uma única linha. O seu estouro como escritor, no entanto, só aconteceu depois que ele redescobriu a fé católica. Li o "Diário de um Mago" na época e simpatizei com o cara, principalmente quando percebi a crítica cultural brasileira metendo o pau. Qual o segredo do êxito do Paulo Coelho? Se eu soubesse, também já estaria milionário, mas posso dar um palpite. Ele escreve o que as pessoas querem ler, histórias edificantes onde os sonhos se realizam, onde cada um pode se identificar como um "guerreiro da luz" lutando contra todas as probabilidades até realizar a sua "lenda pessoal".
Impostos, inflação ou endividamento?
Leio que o governo estuda a possibilidade de rever os aumentos dados ao funcionalismo público. Se isso é verdade, está claro que a marolinha virou uma onda de respeito. Pro governo aliado da CUT fazer essa desfeita com o seu grupo de pressão favorito, é porque a coisa tá feia. Não é surpresa. Enquanto a bolha criada pelo Banco Central americano colocava os preços das commodities nas alturas, o presidente e a sua turma aumentavam os gastos de custeio com generosidade, deixando todos os que gravitam em torno do estado satisfeitos: "O Lula não só faz justiça social como não esqueceu de nós, companheiros de longa data!" Pois essa lua-de-mel pode acabar. Ou o governo segura as pontas ou vai sobrar mais uma vez pra população bancar essa conta, seja com aumento de impostos, inflação ou endividamento. Como o que importa pros políticos é se manterem no poder, suspeito que a saída escolhida seja a do endividamento que hipoteca o futuro pra salvar a eleição presente. Aumento de inflação e de impostos dão muito na cara e as aparências devem ser mantidas. Mas é só uma conjectura, um palpite de alguém já meio calejado com as artimanhas demagógicas dos políticos, efeitos colaterais previsíveis do jogo democrático.
Thursday, March 12, 2009
O corporativismo
O corporativismo é um comportamento natural, uma auto-defesa presente em todos os grupos. "Vou proteger o meu colega pra ele me proteger também". O problema é quando a própria lei estimula isso. Quando o ex-diretor-geral do senado foi afastado do cargo, os funcionários da casa lhe fizeram uma grande homenagem pelos serviços prestados. Claro, mesmo que fosse um escroque, ele poderia ser generoso com os seus colegas na concessão, entre outras coisas, de horas extras não prestadas. A grana não era dele, era do "contribuinte". Quando a lei exige que a pessoa faça parte de uma guilda pra exercer uma profissão, como a OAB por exemplo, os seus membros vão se fechar cada vez mais pra dificultar a entrada de novos membros. Obviamente que isso vem embalado com "a preocupação com a qualidade do serviço prestado", mas acaba sendo mesmo mais uma reserva de mercado. A exigência do diploma pro exercício de algumas profissões não passa disso e é só um serviço se popularizar pra se iniciarem os apelos pela "regularização da profissão", vindos de pessoas que já exercem essa atividade e querem limitar ao máximo a concorrência, seja na astrologia, na psicanálise e, li outro dia, até no trabalho de DJ. O burocratismo presente nas relações de trabalho no Brasil não surge do nada, surge da legislação que protege corporações em detrimento da competição e dos consumidores.
Wednesday, March 11, 2009
Mercantilismo nacionalista 3
Mas por que os interesses dos agricultores, industriais e banqueiros são mais importantes pros políticos que os dos consumidores? Primeiro porque não existe um GPC, um Grupo de Pressão dos Consumidores. Não são filiados à CUT e nem ao menos têm uma cara. Segundo porque, como grupo, não contribuem pras campanhas dos políticos, ao contrário dos demais grupos organizados. Os industriais da FIESP - a caricatura favorita do que seja um "liberal" pros socialistas - colaboram alegremente com todos os candidatos viáveis nas eleições. Não querem briga com quem mantém os seus negócios vivos e livres da competição. Então o corporativismo prevalente tanto aqui como nos EUA passa por "capitalismo liberal", e quando esse sistema dá tilt, não é o estado e as suas ligações com o setor privado que é colocado contra a parede, é o próprio livre-mercado inexistente que vai pro banco dos réus da opinião pública, intoxicada pela mídia também em conluio constante com o poder. Quer dizer, os tentáculos do governo compram todas as consciências pra deixar tudo como está e o camarada que não tem a menor idéia do que está acontecendo acaba pagando o pato.
Mercantilismo nacionalista 2
"Com o advento da crise econômica, voltou à baila o protecionismo, incrementado pela esdrúxula cláusula buy american, colocada no “pacote de estímulo” recentemente embrulhado pelo Governo Obama. Uma das coisas mais complicadas — e muitas vezes inúteis – que existem é explicar às pessoas que políticas protecionistas são nocivas para qualquer país, tanto econômica quanto socialmente. A maior dificuldade talvez resida na crença, altamente difundida, de que os interesses dos produtores são mais importantes do que os dos consumidores. A indústria, os serviços ou a agricultura nacionais são, via de regra, motivo de preocupação geral, principalmente por parte dos políticos, dos burocratas e da imprensa, enquanto os consumidores são colocados em segundo plano. A concorrência externa é vista amiúde como deletéria à saúde econômica dos países, já que, segundo o senso comum, ela desestimula a produção nacional e, conseqüentemente, coloca em risco os empregos e os salários dos trabalhadores locais. Limitados por uma visão míope e de curto prazo, a grande maioria não percebe que o preço que paga a mais por um produto nacional protegido é dinheiro que deixa de irrigar outras atividades e empreendimentos que estariam prosperando, não fosse a interferência da lei, como tentaremos explicar adiante." - João Luiz Mauad (http://www.ordemlivre.org/?q=node/514).
Mercantilismo nacionalista
"Mercado é bom quando as coisas dão certo. Quando tudo degringola, lá vão os liberais atrás da ajuda do papai estado." Segue por aí boa parte dos argumentos contra o laissez-faire. Confundem, mui convenientemente, empresários com liberais. Empresários, com poucas exceções, não são fãs do liberalismo, pelo contrário, querem o estado dando subsídios através do BNDES e protegendo seus negócios da concorrência externa através das tarifas de importação. Gostam do nacionalismo mercantilista das "políticas industriais" com a desculpa de proteger os empregos. Esse foco do governo no produtor esquece do consumidor, que é obrigado a pagar mais caro pelos produtos. Claro que o Lula abre o berreiro quando outros países usam desse mesmo expediente, barrando os produtos nacionais com vantagens comparativas. Mas o governo brasileiro é, comparativamente, mais protecionista que a maioria. Uma abertura comercial, mesmo que unilateral, beneficiaria a maioria da população e prejudicaria alguns produtores. Um emprego perdido num setor seria reposto em outro com vantagem. O Brasil não precisa produzir tudo o que consome e ganharia mais ao se concentrar naquilo em que é realmente eficiente. O custo de vida diminuiria sensivelmente e os "vencedores" e "perdedores" não seriam mais decididos em Brasília ou nos corredores do BNDES.
Tuesday, March 10, 2009
130
Reparem, brasileiros e brasileiras, na recorrência dos verbos anunciar, dizer e falar no texto abaixo. São sinônimos, minha gente, usados para não cansar quem lê, meus caros, além de evidenciar a minha intimidade com o vernáculo, meu povo, e a observância dos mais básicos procedimentos redacionais, companheiros e companheiras.
O subprime brasileiro
O Lula anuncia que vai construir 1 milhão de casas até o fim do seu mandato. Quer dizer, os contribuintes vão bancar, mas falar isso tiraria do ungido a imagem de multiplicador de pães. A candidata do PT já está nos jornais anunciando que quem não tiver condições de pagar não vai precisar pagar. Ou seja, o governo vai dar a casa de graça. Quer dizer, o governo não dá nada que não tenha tirado antes ou vá tirar depois, mas falar isso é obra de estraga prazeres. Algo similar aconteceu nos EUA, com as semi-estatais do setor imobiliário tendo que bancar por lei as casas de pessoas sem condições de comprar esses imóveis. Deu no que deu. Aqui neste país tão original, os governantes inovaram: as pessoas não vão nem precisar pagar. As casas vão surgir do éter e quem discordar vai direto pro rol dos traidores insensíveis da pátria. Quando o maravilhoso plano da moradia de graça pra todos não funcionar - e não corre o menor risco de funcionar - os especuladores e neoliberais estarão aí pra servir, como sempre, como bodes expiatórios. O lance é anunciar intenções, as eleições tão logo ali.
Esses fundamentalistas são looouuuucos!
Óbvio que o primeiro iluminismo nos países islâmicos deve partir de seus próprios habitantes, sem imposições de fora pra dentro. Ao mesmo tempo, fica difícil ter uma política de não-intervenção total quando os camaradas estão lá construindo uma bomba atômica com a intenção declarada de varrer um país do mapa. Como é que fica? Deixa os caras bombardearem Israel pra, só depois, reagir? Uma política de não-intervenção se afina com a filosofia da não-agressão, mas quem garante que os fanáticos religiosos vão ser assim tão nobres e racionais? Se o Hamas, patrocinado pelo Irã, ainda não conseguiu destruir Israel, não foi por falta de tentativa ou vontade, mas por falta de um poderio militar que superasse o dos israelenses. O que esses camaradas fariam caso tivessem uma bomba atômica? Esperariam o OK da ONU? Do Obama? Do Osama? De Allah? Complicado.
Monday, March 09, 2009
129
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