Friday, March 12, 2010

As idéias têm consequências

Leio o jornal todas as manhãs e ele sempre me dá assunto. Na capa do Segundo Caderno está o Arnaldo Bloch entrevistando o Sílvio Tendler. Falam de utopias, um eufemismo pro comunismo que Tendler defendeu a vida toda. Não mencionam o nome porque hoje em dia pega meio mal, mas também não há nenhuma autocrítica do tipo "a gente acreditava, mas a idéia se mostrou uma merda". Quer dizer, o Tendler diz que "nos anos 60 se comemorava a revolta cultural chinesa até se descobrir nos 80 que foi um massacre federal". A revolta cultural foi um movimento de cima pra baixo imposto pelo Partido Comunista chinês que deixou sei lá quantos milhões de mortos em nome da construção de um "novo homem". O comunismo matou mais do que o nazismo e continua sendo considerado um humanismo, é ou não é revoltante? Reparem que são poucos os esquerdistas de hoje que ainda falam em "comunismo", mas todo aquele aparato teórico marxista continua passeando incólume por aí como se nada tivesse acontecido e ainda fosse uma filosofia respeitável. Não é, o socialismo não foi uma tragédia por causa de um desvio dos homens no poder, foi uma tragédia porque subordinava o indivíduo ao coletivo e isso nunca vai funcionar porque o homem não é um cupim ou uma massa moldável de acordo com os interesses do partido. Disso não falam, cercam o lourenço com nostalgia e passam pro próximo assunto. No caso, uma adaptação pro cinema de um livro de um rabino que explora uma outra maluquice: a separação entre corpo e alma. Depois de tecer loas aos cultuadores da força (os comunistas), é a vez dos cultuadores do sobrenatural (os religiosos).

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