Thursday, July 01, 2010
Sobre os libertários 4
Claro que a "luta de classes" entre pagadores e consumidores de impostos não é tão preto no branco assim. Os funcionários públicos podem ser consumidores líquidos de impostos, mas o empresário que recebe crédito subsidiado consome e paga. Quem trabalha na iniciativa privada paga, mas também consome quando usa algum serviço público, nem que seja a rua. Não se trata de cair num maniqueísmo apontando o dedo pra X ou Y, buscando um bode expiatório pra aliviar a culpa. Trata-se de tentar compreender como o poder é exercido, se é justo usar os recursos de uns pra beneficiar outros. Se a maioria se torna o critério de justiça, os políticos vão usar esse poder pra se manter no poder, distribuindo benesses de acordo com critérios eleitorais. Então o Brasil se torna o país das bolsas - Bolsa-Família pro pobre e Bolsa-BNDES pro rico. Quem fica no meio dessa equação acaba se vendo numa intrincada rede de perdas e ganhos sem saber ao certo se está ganhando ou perdendo. Não basta separar o estado da economia, como querem os libertários, porque se a maioria não concorda com isso, a mudança seria insustentável. Por isso que, mais do que a luta política em si, interessa aos libertários a luta das idéias, porque são elas que acabam determinando o curso da história. Se o estado paternalista e assistencialista é hoje consagrado como uma espécie de deus laico - esperança e refúgio dos cidadãos - é porque as pessoas foram levadas a acreditar que ele, de modo geral, as beneficia. Isso, no entanto, não está escrito na pedra e pode mudar. Mais posts a respeito.
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