Friday, August 21, 2009

Um bar não é um lugar público 4

"E regressar a 1933 é regressar a um mundo que desprezava a liberdade individual com especial ferocidade. A lei antifumo cumpre esse propósito. Proibir o fumo em lugares fechados, como bares ou restaurantes, é um ataque à propriedade privada e à liberdade de cada proprietário decidir que tipo de clientes deseja acolher no seu espaço. O mesmo raciocínio aplica-se aos clientes, impedidos de decidir livremente onde desejam ser acolhidos. Mas o melhor da lei vem no policiamento. Imitando as piores práticas das sociedades fechadas, a lei promove a delação como forma de convivência social. Por telefone ou pela internet, cada cidadão é convidado a ser um vigilante do vizinho, denunciando comportamentos "desviantes". Isso não é regressar a 1933. É, no mínimo, um regresso à Rússia de 1917. Se juntarmos ao quadro uma verdadeira "polícia sanitária" que ataca à paisana, é possível concluir que o espírito KGB emigrou para o Brasil. Finalmente, lembremos o essencial: os extremismos políticos só sobrevivem em sociedades cúmplices, ou pelo menos indiferentes aos extremistas. Será São Paulo esse tipo de sociedade? Parece. A última pesquisa Datafolha é sinistra: a esmagadora maioria dos paulistas (88%) aprova a lei antifumo. Só 10% se opõem a ela. Só 2% lhe são indiferentes. Mais irônico é olhar para os fumantes: depois de anos e anos de propaganda e desumanização, eles olham-se no espelho, sentem o clássico nojo de si próprios e até concordam com a lei (77%). Razão tinha Karl Kraus quando afirmava, na Viena de inícios do século, que o antissemitismo era tão normal que até os judeus o praticavam. Péssimo presságio." - João Pereira Coutinho (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=358).

4 comments:

João said...

Revolução Cultural

Anonymous said...

A questã é que fabricar cigarro é o verdadeiro crime. Fabricar não. Permitir a fabricação de uma substância sabidamente cancerígena, que as pessoas desfrutam porque se viciam como se fosse um crack qualquer, é um acinte. O proibido é a maconha! Que não mata ninguém. Alguém postou uma frase do Rubem Braga: quem quiser que se fume. Mas não é bem assim. Tem gente que não consegue parar e é suficientemente imbecil pra começar. Fumei uns 30 anos. Peguei uma outra doença grave. O médico falou pra mim: para de fumar ou morre. Parei. Um tio meu teve um pulmão retirado por câncer, amigos meus morreram de câncer tabagístico, há uma grande bancada no Senado a soldo da indústria - ou representante da indústria, que é um eufemismo calhordíssimo - que toca a trombeta toda vez que alguém proíbe ou dificulta o ato de fumar.
Qual a porcentagém da população que fuma? 17%. Então em 17% de bares, restaurantes e afins permitir-se-ia fumar. O não fumante iria se quisesse, claro, não seria obrigatório fumar. Cada um respeita o espaço do outro guardadas as devidas proporções populacionais. Não é honesto?

Anonymous said...

Sol, este assunto dá pano para mangas, como se dizia no tempo em que se fumava em qualquer lugar.
Acho a proposta acima honesta.
Proibição proporcional de acordo com a população fumante. Por outro lado qualquer brechinha que signifique proibição é uma porta entreaberta para a legislação arrombar a porta, aí entramos numa outra discussão, que é a obediência cega, ou aceitamente cego da legislação. Discussão sobre direito é algo que existe há uns 3 mil anos, ou mais, de quando mesmo é o código de Hamurabi?
Mas é honesta porque meio termo, e o em cima do muro não deve ser norteador de todo tipo de legislação. Meio termo porque não proíbe totalmente o cigarro, nem libera absolutamente o cigarro.
Nem lá nem cá. abraços, fred

José K said...

E se as pessoas quiserem se matar? Não pode não? É pecado? Vai pro inferno? Do jeito que o mundo tá ficando, não vai precisar nem mais de inferno... Vai voltar para cá, mesmo! Só que alguns anos mais a frente, quando o Big Brother (de Orwell, não da Globo) tiver instalado-se completamente!