Thursday, April 30, 2009
Sobre não se levar a sério
Li hoje o Ruy Castro, tremendo biógrafo, dizendo que o Pasquim entrou em decadência porque começou "a se levar a sério demais". Esse é um diagnóstico comum quando o trabalho de alguém já não agrada como antes: "Ih, o camarada tá se achando a última jujuba do pacote..." Então quem foi um dia exaltado começa a ser escaneado. Mas não há jeito de se executar bem uma tarefa se ela não for levada a sério. Mesmo um galhofeiro como o Jerry Lewis acreditava no que fazia como sendo a coisa mais importante do mundo. Muitos comediantes, aliás, surpreendem os desavisados com a postura séria que têm fora do ofício. A diferença entre "se levar a sério" e "se levar a sério demais" é a subjetividade de quem julga. Quando se faz algo com que o camarada se identifica, o trabalho é sério. Quando se afasta daquilo que o julgador dá valor, ele tá "se levando a sério demais". No caso do Pasquim, aquela oposição da esquerda festiva ipanemense ao regime militar soava irreverente, o timing era perfeito. Quando o regime caiu e os caras continuaram defendendo o socialismo direto dos bares "burgueses", a coisa ficou meio caricata e rançoza. Eu levo o que eu faço na maior seriedade do mundo e acredito no que digo como se fosse a própria verdade revelada, o que não é o mesmo que dizer que ela esteja escrita em pedra. Se as evidências contrárias forem muito fortes, faço um mea culpa, refaço o meu plano de ação e continuo escrevendo como se o futuro da humanidade dependesse disso.
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6 comments:
quem está se levando a sério demais é o próprio Ruy Castro, aparentemente. Leu os comentários dele sobre a marcha da maconha? tsc tsc tenho dó de quem se baseia nas opiniões destas pessoas... dos ´formadores de opinião´.
Bom te ver por aqui, Feijão.
Não li não. O que ele dizia?
Isso é parecido com o uso da palavra "pretensioso", não? Pretensioso é quem fracassou em sua pretensão. Quem foi pretensioso e deu certo é grandioso.
Podicrê, Fabio.
Aliás, a sua recomendação trouxe bastante gente pra cá.
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