Friday, April 09, 2010
O jogo do bicho
O estado determinou que o jogo de bicho é ilegal porque a máfia maior não gosta de concorrência, só ela pode explorar a jogatina através das suas loterias. Isso não impediu que pequenas máfias se formassem e disputassem entre si os pontos e todas as outras atividades que vêm a reboque da ilegalidade. Agora mesmo houve um atentado digno da Camorra contra um dos herdeiros do Castor de Andrade na Barra da Tijuca. O alvo estava no seu carro cercado de seguranças, todos policiais militares, what a surprise. O que acontece é que o jogo do bicho é uma contravenção que conta com a vista grossa das autoridades porque as próprias autoridades se beneficiam da situação através da corrupção que essa zona cinzenta incentiva. E de alguma maneira isso interessa aos próprios contraventores, porque sem a legalidade e a competição o setor fica limitado aos que já têm a conivência dos policiais e delegados incluídos na sua folha de pagamento. Isso não difere do que acontece com as drogas, pergunta pra um traficante se ele apóia a legalização. Então em nome da moralidade hipócrita temos o pior dos mundos: um jogo que o povão gosta proibido pelas autoridades que se unem aos contraventores pra manter a roda girando na base da corrupção e da violência.
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2 comments:
"pergunta pra um traficante se ele apóia a legalização"
O mais próximo disso que já responderam a um amigo meu foi "tem que legalizar... e deixar na mão de quem tá vendendo"
Quer dizer, concorrência legal é tudo o que a bandidagem não quer, assim como Al Capone também odiou o fim da Lei Seca.
Agora, assim como o jogo do bicho e o tráfico de drogas não são AS causas da ultraviolência carioca, sua legalização também não seria o fim da mesma - vide as milícias, que não fazem uma coisa nem outra.
O ponto é a permissividade com que se deixou quadrilhas dominarem favelas e bairros pobres - e sempre com um discurso pobrista, que irônico, não?
Mas aí já se abre para outro lance
Abs
"O mais próximo disso que já responderam a um amigo meu foi "tem que legalizar... e deixar na mão de quem tá vendendo""
É o discurso MV Bill.
A legalização dos crimes sem vítimas pode não acabar com a violência, mas com certeza ela diminuiria, assim como a corrupção, que não deixa de ser também uma espécie de violência.
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