Monday, April 05, 2010
A diferença entre o capitalismo e o socialismo segundo um socialista
Essa imagem já é famosa e muito disseminada entre os eleitores do PSOL e adjacências no Brasil. Veja que na representação do socialismo, o governo vermelho rouba o dinheiro do camarada azul. Faz isso em nome dos pobres, mas o pobre recebe somente a raspa do tacho, é só ver o orçamento de qualquer prefeitura e perceber que a maior parte dos recursos roubados do camarada azul vai pro pagamento do pessoal que trabalha ou trabalhou pro governo vermelho. Já na representação do capitalismo, o governo vermelho com dinheiro rouba o camarada azul sem dinheiro, o que motiva a seguinte questão: se o camarada azul não tem dinheiro, o que é que o governo vermelho está roubando? "A sua dignidade!" Controle as suas chantagens emocionais, eleitor do PSOL e adjacências, e concentre-se na lógica do processo. O que acontece é que o capitalismo leva a culpa pelo corporativismo que comanda as relações entre o governo e a iniciativa privada. Sim, não há capitalismo de fato, mas uma mistura entre capitalismo e socialismo, e o eleitor do PSOL e adjacências convenientemente se esquece de quem tem o monopólio da coerção e, por isso mesmo, comanda esse processo: o seu amado governo vermelho. O camarada azul é a iniciativa privada sem conexões políticas, sem subsídios do BNDES ou patrocínios estatais. É ele o verdadeiro explorado na luta de classes entre consumidores (governo) e pagadores (iniciativa privada) de impostos (coerção).
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20 comments:
Tavares, você percebe que essa conceituação de "capitalismo sem corporativismo", ou "capitalismo puro", é puramente utópica e inviável na prática, certo? Até porque os capitalistas NÃO QUEREM isso.
Não interessa o que os "capitalistas" querem, interessa o que é certo e justo. Se os "capitalistas" (quem seriam esses?) não querem isso, parece que você e os estatistas querem isso menos ainda com esse discurso fatalista e, francamente, derrotista.
Aliás, Lois, você é um eleitor do PSOL e adjacências? Suspeito que sim.
Quem são os capitalistas? Os que lucram com o corporativismo - por uma estranha coincidência, as pessoas físicas e jurídicas que detêm as maiores contas bancárias do mundo. Que detêm os bancos, inclusive.
E que acham isso certo e justo. E que encaram sua riqueza, construúda a partir da relação promíscua com os Estados, como uma prova indiscutível de que eles estão certos e do lado da justiça.
Sou contra o corporativismo tanto quanto você, mas não sou ingênuo. Não é pela fé cega no "indivíduo" que vamos mudar as coisas. Perceber isso é o primeiro passo para uma discussão construtiva, que realmente tenha potencial de mudar algo.
Sim, continue, por favor. Me diga onde começa a discussão construtiva, estou curioso.
A sua suspeita mostra que sua capacidade de julgamento está seriamente prejudicada pelo maniqueísmo. Não sou socialista, comunista, capitalista, e nunca votei no PSOL. Por razões utilitárias escolho um partido ou outro quando vou votar, porque o sistema aqui é o de voto personalista. O voto mais 'ideológico' que já dei na vida foi quando, no plebiscito sobre a forma de governo no Brasil, escolhi a Monarquia. Portanto, não venha com essa de argumentar ad hominem comigo.
A discussão construtiva começa com você deixando de lado essa ironia defensiva e o maniqueísmo surdo. Em seguida, releia o que eu escrevi e diga VOCÊ, a partir de um entendimento dos meus argumentos, de onde podemos partir.
Pô Lois, perguntar se você vota no PSOL não é ad hominem. Pergunto porque fico curioso de verdade com o que você pensa e você não me dá pistas o suficiente... Sei que você gosta de desqualificar os comerciantes e a consciência individual. Como gosto que as coisas façam sentido, faço perguntas pra entender.
Lois, você sabe de onde partem os meus pressupostos: liberdade individual, ou seja, liberalismo e individualismo. Estou falando as coisas de maneira clara e objetiva. A meta é diminuir ao máximo o uso da força nas relações sociais. Não tem nada de místico ou confuso no que defendo.
Não é perguntando em qual partido eu voto que você vai entender minha argumentação.
O ad hominem se estende até aí - se eu 'desqualifico' a consciência individual, você acha que uma definição de "quem eu sou" - ainda mais a partir de escolhas partidárias! - vai te ajudar a entender alguma coisa?
Já te expliquei quem são minhas referências - Bergson, Nietzsche, Deleuze, Foucault. Leituras atentas (porque não são autores fáceis), debates comigo em cima dessas leituras, isso sim poderia ajudar.
Ao invés de debater autores, prefiro debater princípios. Os autores servem pra esclarecimento e especulação, mas cabe à (olha ela aí) consciência individual fazer a síntese dessas influências pra que a filosofia não fique restrita ao que Fulano ou Sicrano queria dizer. A teoria serve, penso eu, pra auxiliar ou nortear a ação, a prática, caso contrário o negócio fica muito solto e longe da realidade.
Pensando bem, dá pra diagnosticar uma coisa em comum com todos esses caras que você citou: um certo desprezo pela razão, pela capacidade lógica e cognitiva do homem. O Bergson , por exemplo, fala de um "intuicionismo", não que eu despreze o poder da intuição, mas veja essa passagem, sim, da wikipedia, corrija se ela estiver enganada: "Bergson foi o expoente da linha de filosofia intuicionista, assim chamada porque afirma constituir o verdadeiro conhecimento não nos conceitos abstratos, do intelecto racionalmente, mas na apreensão imediata, na intuição, como é evidenciado pela experiência interior." Acho que essa linha de pensamento se contradiz automaticamente. Como é que o camarada vai desqualificar a lógica e a razão usando justamente a lógica e a razão? Como é que o camarada vai desqualificar a consciência individual sem usar a consciência individual? São questões pertinentes, ou não?
Cara, pela wikipédia fica difícil, sério. A Intuição em Bergson não é a "intuição" do senso comum. Bergson mesmo fala que hesitou muito e só usou essa palavra na falta de uma melhor.
E ele não desqualifica a lógica e a razão (mais ou menos equivalentes ao conceito bergsoniano de Inteligência), pois elas são a base do nosso sucesso como espécie humana.
O problema é que a consciência é RESULTADO, e para funcionar como funciona precisa criar a ficção de que ela é ORIGEM. Assim rodamos em círculos e conseguimos apenas agir sobre o mundo, não compreendê-lo.
E essa "apreensão imediata" é um processo complexo que ele descreve ao longo de várias obras. Esse processo inclui o plano da virtualidade (em oposição à possibilidade), e o chamado MOVIMENTO RETRÓGRADO DO VERDADEIRO - que de início dá um nó na cabeça pra compreender.
Sem contar que no último livro que escreveu, Bergson repotencializa o papel criativo da inteligência na forma do "instinto artificial" da Fabulação, criador de mitos, religiões e arte.
Enfim, é todo um plano conceitual, no qual você tem que entrar pra compreender as relações entre os conceitos. Não é em comentários de blog nem pela wikipédia que isso vai acontecer.
Sugiro a gente se encontrar pra conversar ao vivo na casa do Sidnei. Vários encontros. Pra mim domingo à noite é uma boa.
Vamos conversar no Sidney sim, só marcar. Ab
Aí perdeu a graça.... : (
Como é que eu, no Juá, vou ter acesso a isso, hã, hã???
Já tinha me esquecido como é bom ler seus textos!
Curtos e presisos.
Faz um e-book.
Abç,
Sofia
;-)
Um e-book, é uma idéia mesmo. Beijo
Bergson é um faz tudo que tem lá em Barretos. Filosoficamente falando, claro.
Um ótimo post, um dos melhores, até porque não participei dele! Sério. Gostei muito mesmo. Abraços, Fred.
:-)
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