Uma das dificuldades de se debater política é a falta de uma conceituação clara das palavras, de se estabelecer de maneira objetiva o que se está dizendo. Sem isso, as discussões ficam vagando perdidas num espaço etéreo, contribuindo pro disse-me-disse emocional que inviabiliza de antemão um debate que não trate apenas dos fins pretendidos, mas dos meios utilizados pra alcançar esses fins. Claro que todo mundo diz querer um mundo melhor, mais feliz, cheio de paz e prosperidade, mas boas intenções e demonstrações ostensivas de bom mocismo não resolvem o problema. Nos EUA não é diferente, as duas principais forças políticas são chamadas de "progressives" e "conservatives", mas ora bolas, quem no Brasil vai querer ser identificado como um "conservador"? Quase todo mundo aqui é "progressista", mesmo não tendo muita idéia do que seja isso, queremos todos "progredir", não é verdade? Então os "progressives" ficam lá no Partido Democrata tentando estatizar o que puderem da economia americana enquanto apóiam legislações especiais pras minorias e toda aquela agenda que aqui no Brasil é identificada como sendo "de esquerda". O socialismo é "progressista", entenderam? Os "conservatives" ficam lá no Partido Republicano tentando, sem muita convicção, barrar a estatização da economia americana enquanto falam em Deus, em espalhar a democracia mundo afora e toda aquela agenda que aqui no Brasil é identificada como sendo "de direita". Só que há uma terceira força em expansão que advoga a separação do estado da economia e rejeita a noção de minorias e demais grupos de pressão em nome do individualismo, os "libertarians". Esse grupo é relativamente novo e ainda não é plenamente reconhecido ou compreendido pelo mainstream, porque a sua filosofia vai claramente contra diversos interesses estabelecidos. A revista New Yorker fez uma reportagem a respeito cheia de erros e o articulista Jeff Riggenbach, do think tank Mises Institute, condensou algumas das confusões conceituais mais comuns em relação aos "libertarians". Libertarianism is a variety of conservatism; libertarians are, you might say, the most extreme conservatives. São radicais por levarem a sério as suas convicções, mas são - de alguma maneira - aliados dos "progressives" em alguns temas, como a descriminalização das drogas, coisa que os "conservatives" nem querem ouvir falar. We live in what is still, essentially, a free-market society. A few trivial regulations have been placed on big corporations in this society, after great and usually futile struggles by well-meaning men and women who hoped to protect the poor and defenseless from these rapacious corporations, but in the main, the free market is what we see around us. Isso é tido como um dado da realidade, como o pôr do sol ou a mudança das estações, mas não há livre-mercado nos EUA, há um arranjo entre corporações e o governo mais parecido com o fascismo e também conhecido como crony capitalism. Os "progressives" fazem uma confusão danada aí, porque culpam as malvadas corporações ao mesmo tempo em que absolvem o seu amado governo, que comanda essa simbiose. O governo tem o monopólio da força, nunca esqueça disso. Conservatives, who include libertarians, are working through such institutions as Fox News, the Tea Party movement, and the Republican Party to change government policy in an even more free-market direction. Conservatives want to cut back the pitiful handful of regulations the well-meaning men and women have managed to impose on big corporations; they want to cut back the few pitiful programs well-meaning men and women have managed to set up to ameliorate the misery of the poor. Essas pessoas que querem restaurar o capitalismo nos EUA são identificadas por aqui como sendo "ULTRA-CONSERVADORAS-DA-EXTREMA-DIREITA", rótulo não apenas pejorativo como mentiroso. Que "ULTRA-CONSERVADORES" são esses que querem acabar com o FED, o cartel que controla os bancos e o dinheiro americano? Que "ULTRA-CONSERVADORES" são esses que querem acabar com a "guerra contra as drogas"? É justamente o contrário, o que não surpreende, dada a inversão nossa de cada dia. Libertarians want to end these regulations and programs altogether. They want to do these evil things because they want the rapacious big corporations to have complete freedom to grind everyone else under their evil heel. These rapacious big corporations want free-market policies because free-market policies will guarantee them bigger profits. Pense bem, quem é que se beneficia com todas essas regulações e impostos que os "progressives" tanto adoram? Uma grande corporação ou uma pequena empresa entrando agora no mercado? Todo esse intervencionismo é como uma reserva de mercado garantida pelo governo, porque uma grande empresa tem a capacidade de contratar contadores pra dar conta de toda essa burocracia e advogados pra encontrar brechas na legislação. Empresários estabelecidos não apóiam políticas laissez-faire, eis outra confusão comum, a de que empresários apreciam a concorrência estimulada por um capitalismo desregulado. Viram como o presidente da FIESP conclamou o governo a criar mais 2 BNDES's e a acabar com as importações? Minha gente, é preciso definir, entender e respeitar os conceitos, a confusão só interessa a quem quer misturar alhos com bugalhos pra que o status quo não seja ameaçado. Fight the power. (http://mises.org/daily/4717)
Monday, September 20, 2010
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