Wednesday, May 08, 2013
J.F. dos Santos, Luana Piovani, Tyra Banks e Dr. Oz
Já se entende, a essa altura do campeonato, que a guerra cultural travada pela esquerda não se resume à velha luta de classes - burgueses X proletários - e engloba todo e qualquer potencial conflito capaz de gerar um controle maior sobre os grupos considerados opressores e exploradores. Um dos fronts usados nessa campanha é um tipo de feminismo em que a igualdade perante a lei não é o suficiente e enxerga a mulher como um ser oprimido e explorado pelo patriarcado. O homem (heterossexual e, de preferência, branco) é o vilão e a história nessa narrativa parece movida por grupos estanques com comportamentos uniformes ao invés de indivíduos com as suas próprias escolhas e circunstâncias. Uma das formas de expressão desse feminismo é o politicamente correto, um filtro ideológico em que certas verdades inconvenientes são substituídas por platitudes, eufemismos e inversões mais confortáveis pra sensibilidade contemporânea. Dois casos nos últimos dias me chamaram a atenção. 1: um texto do Joaquim Ferreira dos Santos em que ele - responsável pela coluna reduto do politicamente correto carioca - vinha com aquele papo cheio de lirismo de que as mulheres não deviam se preocupar com as suas celulites, que os homens não reparam nisso e tatatá. Esse texto foi fartamente compartilhado - onde já se viu, um homem preferir uma mulher magra a uma gorda, isso é opressão, mulher que se exercita pra ficar com menos celulite está se submetendo ao patriarcado, ao padrão de beleza imposto pelo capital etc e tal. A Luana Piovani - apresentadora do Superbonita que não é exatamente famosa por reprimir os pensamentos - respondeu o seguinte ao texto do JFS: “Sugestão declinada. Teremos sim programa para como se livrar delas. Precisamos de audiência e ninguém vai assistir a um pgm que incentive a inércia no duvidoso. Incentivamos a sua melhor versão. Todos temos!" Legal ler mais alguém do mainstream artístico questionando esse enaltecimento do menor denominador comum do pensamento PC. Ué, existe mesmo um certo padrão de beleza (que é menos imposto e mais natural do que esse feminismo imagina) e quem se interessa e se esforça - seja do grupo que for - pode aproximar-se dele ou mesmo alcançá-lo, por que não?, isso vale pra homens e mulheres. 2: mudando de canal, parei no programa do doutor Oz, um médico que ia sempre no programa da Oprah "You Go, Girl!" Winfrey. O doutor mostrava a história de um casal em que a mulher ganhou 30 quilos logo após o casamento. O marido tava insatisfeito (a esposa também, chegou a chorar) e eu imaginei que o objetivo da reportagem fosse encontrar uma maneira de fazê-la emagrecer. Aí volta pro estúdio com o casal, o doutor Oz e a Tyra Banks conversando e descubro que eu havia me enganado, o objetivo não era o emagrecimento da mulher, o objetivo era fazer com que o homem se envergonhasse de querer que a sua mulher perdesse peso. "Você quer que ela perca peso pro seu próprio prazer ou pra saúde dela?", o Oz perguntou, no que ele respondeu "não, doutor, só estou pensando na saúde dela", e a Banks então ameaçou: "você se dispõe a passar pelo detector de mentiras?".
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