Monday, June 03, 2013

Desigualdade e diversidade

Outro dia li um panfleto de um poeta carioca em que ele começava dizendo-se um "anarquista convicto" pra logo depois clamar pela restauração do poder do estado, que deveria então controlar isso, aquilo e mais aquilo outro pra promover essa ou aquela agenda. Ele provavelmente não viu nenhum problema nessa contradição, liricamente treinado que deve ser na arte dialética. Queria o governo usando o monopólio da força pra impor aquilo que ele considera importante, mas não queria perder a aura libertária, abraçando então impossibilidades tipo "socialismo e liberdade". Essa falta de rigor lógico não veio do nada, a revolta contra a lei da identidade (A = A) não começou ontem e nem vai terminar amanhã, ainda mais quando é subvencionada pela educação oficial (que não é boba e quer mais "anarquistas convictos" pedindo mais intervenção governamental). Um dos pretextos mais usados atualmente pra uma maior concentração de poder no estado é a promoção da igualdade - (material, sexual, racial, etc e tal) - com a desigualdade desempenhando nessa narrativa o papel de grande vilã pelo que acontece de errado no mundo. "Queimou uma dentista porque ela só tinha 30 reais na conta? Fruto da desigualdade social. Matou alguém por causa de um celular? Desigualdade. Vamos então equalizar todos na marra pra finalmente sermos felizes e solidários". O curioso é que, ao mesmo tempo em que querem acabar à força com a desigualdade, tecem loas emocionadas à diversidade, como se diversidade e desigualdade não fossem praticamente sinônimos. Já o indiquei aqui antes, mas esse livro dá boas pistas pra quem quiser entender que - por trás dessa cacofonia paradoxal de conceitos, intenções e práticas - existe um método: (http://www.stephenhicks.org/wp-content/uploads/2009/10/hicks-ep-full.pdf). 

No comments: