Tuesday, April 29, 2008

17


Edgar Allan Poe ou Arthur Conan Doyle?
Sempre confundo.
Sempre profundo.

Arte e estado


Escorado na eterna busca da "identidade nacional" com o dinheiro alheio, rola no Congresso um projeto de lei (petista, é claro) que determina que 20% da programação das TVs por assinatura seja composta de conteúdo nacional. Claramente um projeto autoritário, que se mete indevidamente numa relação voluntária entre assinantes e operadoras.

Muitas pessoas reclamam da "falta de qualidade" dos produtos culturais brasileiros, mas poucas percebem que isso é resultado em grande parte da intromissão do estado, que sob o manto bem intencionado da "promoção da cultura nacional", sinaliza com incentivos equivocados aos produtores e artistas.

Qual o risco que um cineasta corre se o seu filme já entra em cartaz pago pelos subsídios? Isso cria um incentivo no sentido de agradar mais aos burocratas com a chave do cofre do que ao público. E daí que o filme custou 10 milhões e ninguém foi assistir? O negócio já está pago pelo "contribuinte", que não foi consultado se gostaria de dar o seu rico dinheirinho, por exemplo, ao novo delírio anticapitalista do filho do banqueiro Walter Salles (Freud explica).

O mesmo se dá no teatro. Recebem patrocínios a fundo perdido e acham pouco. E lá vão alguns atores e produtores à Brasília fazer lobby, agora querendo que o estado pague salários a atores e técnicos de companhias teatrais durante todo o ano. Sim, privilégios. "Direitos" exercidos às custas dos demais não são "direitos", são privilégios.

O lobby do teatro e do cinema é forte, e tava demorando pra música entrar no baile. Eis que vejo então nos jornais parte da turma reunida com o Ministro da Educação, reivindicando o ensino obrigatório de música nas escolas. Ulá-lá.

Enquanto o MEC monopolizar as bases da educação, coisas deste tipo não vão acabar. E enquanto as pessoas enxergarem no estado o solucionador de todos os problemas, reais ou imaginários, o tacão estatal vai permanecer crescendo, e com ele a passividade e a submissão ao poder constituído.

Isso não é arte, é propaganda.

Thursday, April 17, 2008

VISUAL EP



A música sobre o nada 1 - 1956 - Not so rational - An image of god - O mundo perdido - Audio Book

Friday, April 11, 2008

Hedonismo tropical ou parece um jacaré

"Bom, não é pra menos - Pelé, Gisele Bundchen, seleção, Guga (ainda respeitadíssimo, principalmente na França), Robinho, Kaká e Cia, Bossa Nova, Carnaval e o que o Itamaraty chama de 5 S - summer, samba, soccer, sand, simpathy and sex."
Descriminalize a maconha e acrescente um outro "s" nessa lista: smoke. A legalização do jogo poderia entrar nesse baile também.

Sério, aí reside a grande vocação carioca, o turismo do prazer.

Thursday, April 10, 2008

Diálogo


Se você quer consumir, e você não só quer como precisa, você tem antes que produzir. Ou ser ajudado por alguém que produza.

Toda discussão política e ideológica tem essas questões como pano de fundo. Um diz que a liberdade só existe com a responsabilidade. Isto reflete a autonomia e a independência como um ideal. Mas aí o outro questiona:

- "E quem não conseguir produzir?"
- "Ah, problema da pessoa."
- "Mas e se as circustâncias a levaram a esse estado de não-produção?"

- "Ah, ela ainda pode contar com a caridade voluntária..."

- "Discordo, aí o estado deve sim intervir, tirando dos mais ricos pra distribuir pros mais pobres."

- "Isso é roubo institucionalizado."

- "E os roubos através dos séculos que formaram as atuais propriedades?"

- "O que aconteceu no passado não pode nortear o presente. Do contrário, uma guerra de todos contra todos nunca teria fim."

- "Nós já vivemos uma guerra de todos contra todos: o empregador explora o empregado, o branco explora o negro, o homem explora a mulher, o mais forte explora o mais fraco."
- "Coitadismo, vitimismo..."

- "Darwinismo social, neoliberal..."

- "As relações devem ser voluntárias, do contrário, não aconteceriam."

- "E eu ter que trabalhar é algo voluntário?"
- "Se não houver ninguém usando de força pra te obrigar a trabalhar, então é voluntário."

- "Mas se eu não trabalhar, eu e meus filhos podemos morrer de fome. Que 'troca voluntária' é essa?"

- "Antes das leis dos homens, existe a lei da natureza que nos obriga a comer e respirar pra sobreviver."

- "Mas não se pode equiparar o ser humano com os outros animais."

- "Sem dúvida, o homem pode fazer as suas escolhas usando a razão, e agir de acordo se quiser passar de um estado menos satisfatório pra um mais satisfatório."

- "E o contrato social? E a solidariedade? O ser humano não é uma ilha!"

- "Sim, mas solidariedade obrigatória é uma contradição em termos."

- "Então pra você quem não consegue produzir tem mais é que morrer de fome?"

- "Não mesmo, basta você ver que os países com menos 'solidariedade' compulsória são também os com maior caridade voluntária e menos fome."
- "Ah, conversa fiada equiparar os países desenvolvidos com os subdesenvolvidos explorados durante séculos. Você tá é defendendo algum interesse de classe, hipócrita!"
- "E você tá é querendo o monopólio da virtude, hipócrita!"
- "Outra cerveja?"

- "Tô dentro, meu camarada."

Tuesday, April 08, 2008

16

Ae galera, é a hora da verdade, todo o nosso esforço nesses 365 dias que antecederam este grande momento vão se materializar agora, não tem choro nem vela, vamos ver quem tem garrafa pra vender, quem tem café no bule!
É o que eu sempre digo: NO PAIN NO GAIN!
Sempre respeitando as demais agremiações.
Gostaria de aproveitar a ocasião e agradecer a todos, desde o pessoal do apoio na quadra e nos ensaios, os ritmistas, as mulatas passistas e a nossa diretoria, que não se intimidou com os falsos profetas e seguiu atendendo os desejos dos consumidores dos jogos (a contravenção não pode ser monopólio estatal!), não deixando que nada faltasse neste momento tão decisivo do bloco de baco. Sem falar na nossa comunidade, presente na alegria e na tristeza. A todos vocês, o meu MUITO OBRIGADO!
Relembrando agora, numa corrente pra frente, todo mundo junto, o nosso querido grito de guerra:
[content suppressed]
É isso aí!
Chooooora!

Friday, April 04, 2008

15


"Você não tem controle sobre os seus atos porque a sua genética assim determinou. Ou então: você não tem controle sobre os seus atos porque as circustâncias do seu meio não lhe permitem qualquer escolha."

Não determinam, mas influenciam, claro. E essas
limitações e circunstâncias são usadas como justificativas pra intervenção do estado.

Mas pra rolar o social / tem antes que ralar o real.

Yo!

Tuesday, April 01, 2008

Máximas sobre o individualismo


Um conceito deturpado, confundido com um egoísmo venal, sem consideração ou empatia com o próximo. Not at all. Todos são individualistas, cada um a seu modo. É da natureza humana, algo inerente à sobrevivência. Mesmo o ser mais abnegado em ajudar o outro é um individualista. Ele faz o que faz por uma escolha. A não ser que se acredite em algum tipo de determinismo:

"Você não tem controle sobre os seus atos porque a sua genética assim determinou. Ou então: você não tem controle sobre os seus atos porque as circustâncias do seu meio não lhe permitem qualquer escolha."

Anule o ego e o que sobra? Um não-indivíduo. E como alguém que não tem ciência de si próprio é capaz de ajudar os outros? É o indivíduo que raciocina e diferencia o certo do errado que é capaz de agir e melhorar as coisas que imagina importantes de serem melhoradas.

O indivíduo é um fim em si mesmo, não um fim sacrificável. Sua existência não é uma concessão do estado e só se é livre quando existe a oportunidade tanto de errar quanto de acertar. E é nesse processo de tentativa e erro que a pessoa aperfeiçoa a razão, seu instrumento básico de sobrevivência.

Isso não inviabiliza as associações. Pelo contrário, o auto-interesse estimula a cooperação, o dar e receber materializado nas trocas voluntárias, que não se baseiam apenas em dinheiro. Você que está lendo acha razoável a declaração de que o seu corpo lhe pertence? Então o corpo é a sua primeira propriedade, ele é seu e através dele você interage com o ambiente.

Um indivíduo ciente de si mesmo é também alguém ciente dos outros. Respeita os outros da mesma maneira que gostaria de ser respeitado. Não cria regras que não possam ser seguidas por todos, inclusive por ele. Não faz com os outros o que não gostaria que fizessem com ele. É livre pra perseguir os seus objetivos, mas assume as conseqüências dos seus atos. Karma is a funny thing. O que vai, volta. E por aí vai.

Todos estão livres de contradições? Não mesmo. Mas isso não impede um esforço sincero pra aparar as próprias arestas. É importante saber onde se está errando, e isso só é possível com o auto-conhecimento obtido através da razão.

Quem escraviza o indivíduo são os autoritarismos e totalitarismos, que o reduzem a uma mera peça da engenharia social. Individualismo é voluntarismo, é a crença no ser humano e na sua capacidade de pensar e agir por conta própria, sem entidades ditatoriais ou sobrenaturais criadas por outros seres humanos lhe dizendo o que pode ou não pode fazer, sendo limitado apenas pela natureza e pelo direito dos demais.