Wednesday, August 29, 2007

O caminho do meio


Quem quer que esteja participando do debate de idéias e defenda um ponto de vista claro e objetivo, normalmente se depara com a seguinte objeção:
"Você está sendo radical, o melhor caminho é o do meio."
Isso também é discutível, mas vamos supor que seja verdade.
De fato, toda discussão política se trava em torno das atribuições do estado, um extremo defendendo a sua completa ausência (anarquismo), e o outro extremo postulando a estatização total dos meios de produção (socialismo).
Não sei de nenhuma experiência anarquista moderna de grandes proporções, de modo que não existem meios de avaliar como isso se desenvolveria na prática.
Em relação ao socialismo, temos sim vários exemplos, alguns ainda em funcionamento, como as ditaduras de Cuba e Coréia do Norte.
Isso já bastaria pra deixar claro que o liberalismo clássico (http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_clássico), por exemplo, não é o "extremo" do que quer que seja.
Muitas pessoas têm o receio de que sem a "mão visível" do estado, a "mão invisível" do mercado irá oprimir os mais fracos. É um medo natural, ainda mais compreensível se levarmos em conta a bem-sucedida campanha difamatória empreendida pelos estatistas contra o diabólico "neoliberalismo".
Pois os liberais acreditam que o estado deva existir justamente pra defender os indivíduos da coerção. Acreditam no axioma da não-agressão, sendo o estado necessário pra coibir e punir quem atenta contra a vida, liberdade e propriedade alheias.
"Mas a propriedade é um roubo!"
Bem, como a intenção aqui é chegar num hipotético "caminho do meio", vamos relativizar então o conceito de propriedade, já que os impostos vão realmente servir pra manutenção da segurança. Algum dos moderados aí discorda?
"E saúde e educação?"
Existem modos do estado suprir esses serviços sem que ele precise gerir escolas e hospitais. O cheque-educação proposto por Milton Friedman, e implantado com sucesso na Suécia, faz justamente isso: o estado, com o dinheiro dos impostos, fornece um cupom que dá a chance aos pais da criança de escolherem a melhor instituição privada de ensino pro seu filho.
O mesmo esquema poderia ser feito na Saúde.
Liberdade de escolha e concorrência, pra um maior acesso às oportunidades.
Dessa maneira, com o trinômio Educação, Saúde e Segurança, imagino que esse "caminho do meio" estaria minimamente contemplado. Parece razoável, não?
O problema é que ainda estamos muito distantes desse modelo, com o estado se arvorando a empresário e controlando toda a atividade produtiva, travando o desenvolvimento com regulações, subsídios e reservas de mercado.
Quem está no poder prefere manter o povo no cabresto, comprando votos com as bolsas e sacrificando as liberdades individuais em nome da "justiça social", nada mais que o velho e surrado socialismo de sempre que tanto sangue derramou no século 20.
Se você realmente acredita que o "caminho do meio" é o melhor, lute então pra diminuir e racionalizar o estado brasileiro que, do jeito que está configurado, desperdiça recursos escassos com uma corrupção desvairada e uma castração das trocas voluntárias que beiram a insanidade.

Viva Zé Rodrix


2 dias após publicar o texto abaixo, vejo no "Gente Boa" do "O Globo" o depoimento do Zé Rodrix, que se demitiu da direção da peça "Rei Lagarto" ao saber que a produção contaria com os incentivos fiscais da Lei Rouanet.
Fiquei sinceramente emocionado com a tal carta, uma poderosa declaração de princípios de alguém que sabe o perigo de se misturar arte e governo. Um trecho:
"Não acredito que o dinheiro de TODOS deva servir para patrocinar a aventura pessoal de ALGUNS, e, quando isto se configura, saio fora. Investimento deve ser feito com dinheiro real que não prejudique o essencial do país. Impostos devem ter fim específico, e o sustento da arte não é, a meu ver, uma dessas essencialidades. Sempre fui um artista que não se privilegiou de nenhum tipo de ligação com estados e governos, em nome de minha própria liberdade."

Monday, August 27, 2007

Ministério da Cultura


Artistas, produtores e lobistas numa simbiose parasitária com o poder estatal.
"Nos dê verba que vamos aprofundar a mentalidade coletivista, vamos enaltecer o nacionalismo ufanista, a ignorância e o coitadismo anticapitalista".
E ai de quem propor a repartição dos subsídios com o pessoal do esporte!
"Não, o povo tem que receber Saneamento Básico, mas também cultura..." (Ouvi isso outro dia do Jorge Furtado).
E os gramscianos voluntários e involuntários nos cadernos culturais deturpam tudo: as pessoas não vão ver "Os Simpsons" por causa da GENIALIDADE da série, mas "por conta da máquina da propaganda hollywoodiana!"
Ou seja, pros luminares e defensores do cinema nacional bancado pelos "contribuintes", a QUALIDADE dos filmes americanos é menos importante do que "a lavagem cerebral imperialista!"
Socialistas são assim: autoritários que imaginam que a sua escala de valores deva reger a humanidade, tudo isso com o dinheiro alheio.
É realmente uma piada.
Que diacho de arte é essa que depende do governo pra existir?! Isso não é arte, é locupletação travestida de "cultura".
"Uma pessoa muito querida e próxima sintetiza existencialmente, a meu ver, muito do que há de errado nesse país. Típica jovem urbana intelectualizada, "cabeça", ela acredita de boa-fé que o socialismo de esquerda representa os interesses do povo, e que o PT representa o socialismo de esquerda. Esses axiomas estão tão arraigados em seu espírito que eu raramente perco tempo discutindo política com a moça. Numa dessas raras discussões, porém, a conversa enveredou para a área cultural. Ela e seus amigos acham perfeitamente natural que o Estado subvencione o cinema nacional. Eu protestei, é claro, argumentando que os recursos que o Estado confere aos cineastas são tomados via impostos dos pobres, aos quais não é indagado se gostariam de contribuir para as glórias da sétima arte ou se prefeririam gastar seu dinheiro em outras coisas. A réplica continha uma falácia econômica e uma falácia artística. A primeira consistia no fato de que os subsídios "geram empregos" para o pessoal do cinema. Sim, claro, mas deixam de criar empregos nas áreas em que os pagadores de impostos teriam consumido ou investido. A segunda falácia residia num suposto direito do povão de receber arte do governo. Mesmo que fosse assim, respondi, o povão não costuma assistir os filmes pedantes e chatos que nossos cineastas "cabeça" produzem. De sorte que o governo está fornecendo a arte errada ao povão, ou, mais exatamente, está pagando com o dinheiro do povão uma arte empolada e aborrecida feita por intelectuais de esquerda para intelectuais de esquerda, todos de classe média. Não creio ter sido muito convincente, mas quem sabe consegui infiltrar uma dúvida no sistema de falácias que enevoa a mente da minha interlocutora. Tomara."
Os cadernos culturais se ouriçam, afinal os filmes brasileiros estão com as salas vazias.
"Como reverter esse quadro? Ninguém vai ver a nova alegoria do Fulano de tal!?"
Tire o estado da jogada e verão aí sim um cinema espontâneo, vivo, que não depende do carimbo de nenhum burocrata pra existir.
O autoritarismo é uma tara: a pessoa se imagina com o poder total na mão, o poder de determinar o rumo das coisas através do deus-estado, e fica inebriada com essa onisciência, certa de que o seu "gosto" é o "melhor" pros outros.
Um liberal é mais humilde, não tem a intenção de IMPOR NADA a ninguém.
Eis aí uma diferença clara entre duas visões de mundo conflitantes.
Não é função do estado determinar qual "cultura" vai ser produzida com o dinheiro dos outros, Glauco.
Deixe o povo, o MERCADO, determinar o que vai ser bem sucedido ou não.
Subsídios estatais são INJUSTOS, pois favorecem apenas grupos de interesse bem organizados ÀS CUSTAS DOS DEMAIS.
Quando um cidadão paga 16 reais pra ver a nova bomba semi-novelística da nossa Sétima Arte - que custou X milhões (cinema é caro...) - ele está pagando 2 vezes: nos impostos que bancam essa impostura, e no ingresso, que ainda conta com a demagógica lei da meia-entrada...
Você quer ser tutelado pelo estado, e ainda fica nessa pose revolucionária...
"Eu não quero impor nada a ninguém, só quero que exista espaço para todos. Creio que todas as manifestações culturais merecem existir e são importantes para a riqueza da humanidade. Se formos deixar na mão do mercado, o que não der lucro irá desaparecer. Isso é autoritário. "
Porra Glauco, tenho aqui vários textos, CULTURA, que bem poderiam virar um livro bancado pelo estado! Reivindico o meu butim, A FUNDO PERDIDO!
Ah, também gravo umas músicas malucas aqui, CULTURA, acho que merece também uma verba... A FUNDO PERDIDO!
Ou a minha manifestação artística não merece uma parte do seu imposto?
"Uai, vai procurar um edital e submete um projeto!!"
Ah, então pro Glauco, o autonomista autoritário, o estado deve bancar TODA a cultura, DESDE QUE ela seja previamente aprovada pelo burocrata com acesso aos cofres públicos.
Entendi.
Essa é a receita pra produção de uma arte estéril e comprometida com os donos do poder.
O que esperar de um país com esse tipo de mentalidade?

Thursday, August 23, 2007

O vídeo do PT


Algumas partes do vídeo do PT:
"Não há democracia sem socialismo, e não há socialismo sem democracia".
É o Opinião Popular (http://opiniaopopular.blogspot.com/) sem tirar nem pôr:
"O socialismo que queremos se decidirá por todo o povo, (isto é, o Partido)..."
"Para acabar com o capitalismo e implantar o socialismo é preciso uma mudança radical, os trabalhadores precisam transformar-se em classe hegemônica e dominante no poder de estado (isto é, o Partido)..."
"Com a queda do muro de Berlim e o colapso da União Soviética, o PT reafirma a sua crença na democracia como visão ESTRATÉGICA de tomada do poder pelo povo (isto é, o Partido)..."
Ou seja, o compromisso do PT com a democracia é eventual, até conquistar o poder total com muita demagogia, aparelhando e corroendo as instituições democráticas por dentro, como fazem os camaradas Chávez e Morales.
Vejam lá, os caras combatem inclusive a social-democracia. E dá-lhe complexo de vira-lata:
"A luta dos povos latinos contra o imperialismo!"
E eles próprios falam do Foro de São Paulo.
Por que será que a mídia ignora esse fato?
Será porque a mídia, em sua maioria, é PETRALHA?
"O Foro é uma articulação política que pretende construir uma nova civilização..."
Mao e Stálin na veia!
E depois dizem que quem denuncia isso é paranóico...

Monday, August 20, 2007

A "tirania" dos empresários

"É a empresa que decide o que produzir, onde vender, o salário, os benefícios, as condições de trabalho, etc, etc."

Errado, Glauco.

Como diria Mises (foto), as pessoas não bebem whisky porque existem destilarias, existem destilarias porque as pessoas bebem whisky.

E outra, o salário não é arbitrariamente decidido pelo empregador, ele é um preço, resultado do encontro entre a oferta e a demanda.

Se o cidadão quer consumir, e ele não só quer como precisa, ele deve produzir, ou ser ajudado por alguém que produza.

Ou, em último caso, receber uma bolsa do governo num programa de renda mínima. Se esse programa é desejável na questão dos incentivos, aí é outra discussão.

Os empresários não "obrigam" ninguém a beber Coca-Cola ou usar jeans.

O whisky surgiu, as pessoas o apreciaram e por isso existe essa DEMANDA. Não é algo empurrado de cima pra baixo. É uma troca.

Propaganda pode até criar um desejo, mas este não gera uma necessidade, que por sua vez não se transforma num direito, dá pra você perceber?

Você confunde tudo.

O que parece ser a "visão da esquerda": conspiradores criam produtos que são impostos coercitivamente para o consumo de terceiros. O terceiro não tem escolha. É obrigado, por uma "mão invisível", a consumir Windows, Coca Cola, etc. Sua demanda é artificial, ele não deseja isso, é o "sistema" que aliena sua cabeça para consumir aquilo.

O que parece ser a "visão da direita": empresários têm uma expectativa do que os consumidores efetivamente desejam. Abrem um negócio procurando satisfazer os desejos dos consumidores em troca de lucro. Se não conseguem satisfazer, não conseguem continuar no mercado.

Bom. Sou adepto da "visão da direita".

É isso aí, Roberto.

E é só dar uma olhadinha nos resultados que a visão predominante de "esquerda" produziu e os resultados que a visão predominante de "direita" produziu pra ver quem tem razão.

Ignorar a realidade e focar numa utopia é delírio autoritário travestido de "humanismo".

Qual a "tirania" que um empresário exerce, Glauco?

Ele usa a sua poupança e o seu conhecimento pra organizar os fatores de produção de modo a atender as demandas dos indivíduos. Existem inúmeros riscos no caminho: a concorrência, a falta de interesse dos consumidores, o excesso de regulação, o governo...

Ele empregou diversas pessoas, movimentou a economia e, se tudo funcionar, vai ter um lucro, que é o seu salário.

Se nada funcionar, vai falir e botar a sua viola no saco.

Qual o pecado?

Friday, August 17, 2007

A Venezuela já pode se considerar uma ditadura?


"Chávez também tem controle da Suprema Corte, de toda a burocracia federal, das estatais de petróleo e infra-estrutura e de quase todos os governos estaduais -- só dois têm oposicionistas no poder. Segundo Lara, o projeto de Chávez "garante ao povo o máximo de felicidade possível"."
E essa frase panglossiana mostra que a Venezuela é uma ditadura socialista que não perde o senso de humor!
Espero sinceramente que os EUA não intervenham militarmente na Venezuela. Isso daria mais argumentos pra radicalização ideológica e o Brasil provavelmente entraria ainda mais fundo no estatismo anticapitalista.
Chávez vai cair de podre, no dia em que o petróleo desvalorizar e a população se cansar do seu autoritarismo.
Mas vão sofrer muito até lá, e o rescaldo será duríssimo.
"Sol, concordo. Mas isso pode durar anos... vide Fidel, que mesmo sem petróleo e sem mesada da URSS, continua tiranizando os pobres cubanos..."
Sim Rodrigo, é uma tragédia o que acontece por lá. Mas levando-se em conta que o demente foi ELEITO, uma intervenção só traria mais ressentimento.
Questão realmente delicada.
No mais, estou de acordo com Ron Paul e demais libertários com a sua política de não-intervenção.
"Sol e Consta
Como eu disse, uma intervencão militar americana na Venezuela será relâmpago, algo mais parecido com o Panamá em 1989, quando o americanos depuseram e prenderam Noriega. Os americanos não precisariam ocupar a Venezuela como ocorreu no Iraque.
Além disso, a queda de Cháves terá um efeiito dominó óbvio pois a grande maioria de seus aliados no continente DEPENDEM dele economicamente, como Cuba, por exemplo.
Com ou sem intervencão dos EUA o anti americanismo cafajeste dos deslumbrados com o chavismo continuará do mesmo jeito. A diferenca é que, com Chávez fora do caminho, esse anti -americanismo volta para seu lugar de sempre : o folclore político... "
Alfonso, por mais tentadora que seja a idéia de se derrubar Chávez e conseqüentemente enfraquecer outros tiranos e projetos de tiranos, me parece que essa intervenção seria contraproducente se não houver um CLAMOR POPULAR dos próprios venezuelanos.
Uma decisão de cima pra baixo, sem o apoio de uma maioria interna, poderia transformar esse "folclore político" em algo ainda mais real do que infelizmente já é.

Sunday, August 12, 2007

Será que vão conseguir piorar a constituição?


Reinaldo Azevedo sobre os índios
Antropologia da danação
Leia reportagem de Leonardo Coutinho na VEJA desta semana. Tribos brasileiras ainda praticam o infanticídio. O texto traz histórias de arrepiar. Impressionante é que tal prática, acreditem, é tolerada por antropólogos e indigenistas da Funai (Fundação Nacional do Índio) sob o argumento de que impedi-la corresponderia a interferir na cultura dos índios. Treze etnias ainda eliminam as crianças que apresentam alguma deficiência. Segundo levantamento da Fundação Nacional de Saúde, só os ianomâmis mataram, entre 2004 e 2006, um total de 201 crianças. O que dizer desses “especialistas” que se calam diante da morte? Seu relativismo cultural os torna cúmplices de homicídio.
Comunidade Economia Brasileira
"LEI Nº 6.001 - DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973
... Art.6º Serão respeitados os usos, tradições costumes das comunidades indígenas e seus efeitos, nas relações de família, na ordem de sucessão, no regime de propriedade nos atos ou negócios realizados entre índios, salvo se optarem pela aplicação do direito comum.
Logo,sacrificar crianças,pode,dado que é um costume indígena e tem de ser respeitado."
E daí que está na lei? Tem milhares de leis equivocadas por aí.
Essa idealização romântica do índio não corresponde à realidade.
Harro, não me referi a você na idealização, mas sim na questão da lei.
"O que os índios fazem entre eles é problema deles."
Mais ou menos. Então eles fazem negócios com o "mundo exterior", são praticamente tutelados pelo estado e não têm nenhuma conta a prestar pelos seus atos?
Podem, como o Paulinho Paiakan, estuprar alguém (não indígena aliás) e permanecerem inimputáveis?
Questão complicada essa.
Então, pra você, só é crime quando a estuprada é não-indígena?
Mas e se ela for indígena, mas "aculturada", o pajé continua com passe livre pra estuprá-la?
Quem vai traçar essa linha? O povo da FUNAI?
Da mesma forma que é uma violência a infibulação do clitóris em algumas comunidades islâmicas, é uma violência um índio ser inimputável quando atenta contra o outro.
Ninguém deveria ter o direito de iniciar agressão a quem quer que seja, seja na cultura que for.

Saturday, August 11, 2007

2 sites libertários


Tradução do http://acao-humana.blogspot.com/ de um livro de Murray Rothbard:
For a New Liberty, The Libertarian Manifesto - Chapter 2: Property and Exchange.
O credo libertário repousa sobre um axioma central: que nenhum homem ou grupo de homens pode ter o direito de agredir uma pessoa ou sua propriedade. Isto pode ser chamado de axioma de não agressão. Agressão, por outro lado, é definida como a iniciação do uso, ou a ameaça de violência física contra qualquer pessoa ou contra a sua propriedade. Agressão é consequentemente sinônimo de invasão.
Se nenhum homem pode agredir outro homem; se, em resumo, todos têm o direito absoluto a serem livres de qualquer agressão, então, desde já, isso implica que o libertário luta firmemente pelas conhecidas “liberdade civis”: a liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, e de participar também nos chamados “crimes sem vitimas”, como, por exemplo, a pornografia, o desvio sexual e a prostituição (que os libertários não consideram como crimes, em absoluto, já que crime é definido como uma violenta invasão a pessoa ou sua propriedade). Além disso, ele considera o serviço militar obrigatório como escravidão em escala maciça. E, já que a guerra, especialmente a guerra moderna, envolvida em massacre de civis, o libertário considera tais conflitos como assassinatos em massa, e, consequentemente, totalmente ilegítimos.
Mais outro de Rothbard no Libertyzine:
Por que ser Libertário?
(...) É nossa opinião que o desenvolvimento de um movimento libertário e uma dedicação de vida à liberdade só podem ser baseados em uma paixão pela justiça. Sobre ela deve estar nosso maior impulso, nossa armadura que nos defenderá de todas as tempestades futuras, não a busca por dinheiro fácil, por um passatempo intelectual ou o frio cálculo de ganhos econômicos. E, para ter uma paixão pela justiça, devemos ter uma teoria do que é justiça e do que é injustiça — em resumo, um conjunto de princípios éticos de justiça e injustiça que não podem ser fornecidos pela economia utilitária. É porque vemos o mundo exalar injustiça que somos impelidos a fazer tudo o que podemos para alcançar um mundo no qual estas e outras injustiças serão erradicadas.

Friday, August 10, 2007

A economia informal


Trecho do livro "Liberdade para a América Latina" de Álvaro Vargas Llosa:
Para quem acredita na liberdade, não há fenômeno na América Latina contemporânea mais poderoso do que o desenvolvimento de uma economia informal ou subterrânea. Muito se escreveu sobre ela, muita admiração foi dedicada a ela, e ainda as políticas públicas não aprenderam a lição. Deveria ser realmente chamada economia de sobrevivência, porque de fato inclui milhões de pessoas no mundo todo que obtém meios de sobrevivência fora da proteção da lei porque fazer negócios dentro dos trâmites é muito caro, ou muito complicado, ou simplesmente impossível obter todas as autorizações, licenças, lidar com governos locais, estaduais, federais. Além disso, estar dentro das regras da economia oficial não garante sucesso para os que não conseguem controlar o aparato político que decide sobre o futuro de todos os empreendimentos.
Se estima que a economia informal possua o valor de 5 trilhões de dólares no mundo todo, aproximadamente metade da economia americana. Embora todas as nações possuam economia informal, nos países ricos ela representa na média uns 15% do total de bens e serviços produzidos, enquanto em economias sub-desenvolvidas esta cifra chega em pelo menos um terço de toda a produção. Como a informalidade significa falta de direitos de propriedade claros e incontestáveis, a insegurança e o risco são bastante altos. Com incapacidade de poupar, sem acesso ao mercado de crédito, seguros, e outras instituições associadas à economia formal, a produtividade é muito baixa. É uma atividade intensa em mão-de-obra, e não em capital, já que os fardos da ilegalidade evitam essa transição. Embora apenas um terço da produção venha de atividades informais, o setor emprega em muitos países muito mais do que um terço da população. O mercado informal é simplesmente o último recurso de sobrevivência dos pobres.
Habitação, transporte, manufatura, comércio (através de vendedores de ruas e 'camelódromos') e outras atividades onde os produtores informais dispendem seu tempo contabilizam 60% das horas trabalhadas no Peru. O emprego informal totaliza a metade de todos os empregos no México e paga 40% dos salários na Argentina, e envolve mais brasileiros do que o total empregado no setor formal e no setor público.
Não há nada de novo na atual existência da economia informal. Na ascenção do ocidente séculos atrás se passou exatamente o mesmo fenômeno, com milhões de pessoas produzindo e trocando bens e serviços de acordo com regras espontâneas que foram sendo desenvolvidas de acordo com a necessidade. Em seu famoso livro "A Descoberta da Liberdade", Rose Wilder Lane atribui ao contrabando e ao "jeitinho" a sobrevivência do comércio sufocado pelo planejamento econômico desde o princípio dos tempos. Ela celebra o comércio ilegal intenso no qual a américa colonial participou contra a vontade da coroa. A maior parte do comércio realizado nas colônias antes da revolução era ilegal, assim como era o caso do comércio colonial da América Latina, onde fenômenos como a ocupação ilegal de terras estão presentes desde o século 16.
Ao contrário do que acontece na América Latina, nos países ricos as instituições se adaptaram às massas há séculos atrás, permitindo o capitalismo deslanchar.
A prosperidade não chega à América Latina porque uma economia onde a maioria das pessoas é forçada a fazer negócios fora da proteção da lei com um terço da produtividade dos que estão dentro do sistema estará sempre condenada a baixas taxas de crescimento real, a uma disparidade cada vez maior de riqueza, e ressentimento social.
Mais um conflito gerado pelo excesso de regulação.
Os "de dentro" se agarrando aos "direitos adquiridos" com a cumplicidade da república sindical que nos governa, e os "de fora" alijados de qualquer garantia ou proteção.
A "justiça social" dessa gente é manter as guildas privilegiadas e distribuir bolsas como forma de perpetuação no poder.

Thursday, August 09, 2007

Nome aos bois


Não tem muita alternativa, gente que defende comunismo, das duas uma: ou é por ignorância ou é por má-fé.
E o método é invariavelmente o mesmo: monopoliza-se fins sem se preocupar em debater os meios. Então a criatura se sente bem, "nobre", em alardear intenções sem se preocupar em casar os seus sonhos com a realidade. Acho que essa definição é influência do Rodrigo Constantino... rs
E o pior: ignoram a experiência histórica com a consciência tranqüila - "Quando alguém tão bom quanto eu estiver com o poder total, a justiça virá à Terra".
Um negócio realmente maravilhoso.
A maioria entra nessas viagens mesmo por uma ignorância bem intencionada, incapazes de olharem pra si mesmos e perceberem que o socialismo É escravidão, na mesma medida em que o capitalismo É liberdade.
Mas se comportam como crianças mimadas, como os "homens-massa" de Gasset, usufruindo dos confortos e liberdades que a humanidade atingiu sem se dar o trabalho de compreender o que permitiu tais avanços.
Outros não são ignorantes ou ingênuos, mas sim enroladores e mistificadores profissionais, que sabem muito bem o que estão fazendo ou defendendo. Aí o problema é outro, provavelmente de honestidade intelectual. E o que é "honestidade intelectual"? É não fingir que sabe o que não sabe, e nem fingir que não sabe o que sabe. Acho que essa definição é influência do Olavo de Carvalho... rs
Paulo, me fale dos desafios reais da sociedade brasileira, por favor. E como eles se encontrariam com a tal da "propriedade coletiva"?
A social-democracia escandinava, que você citou, apesar do seu welfare possui uma imensa liberdade econômica se comparada ao Brasil. Vá no site do Heritage e comprove. E estão se liberalizando cada vez mais, a última eleição na Suécia é um exemplo.
Portanto, falando de Brasil, o desafio real é tirar o máximo possível o estado das costas da atividade produtiva, diminuindo a burocracia e as regulações, mesmo que se mantenha algumas características do estado social.
Já seria um avanço.
Paulo, comunismo é "cachorro morto" uma pinóia!
Todo dia lemos opiniões, normalmente com viés favorável, de hipócritas como Veríssimo, Saramago, Niemeyer, Leonardo Boff, Chico Buarque e outros menos votados defendendo o comunismo.
Sem contar que estamos sendo governados por um partido com uma militância e uma história que não negam essa suspeição. José Dirceu, Tarso Genro, Dilma Rousseff, tudo marxista. Só não implantam aqui algo como o que Chávez vem fazendo ali porque o Brasil não é a Venezuela. Ainda.
Se fazer de "cachorro morto" é uma bela tática de prestidigitação intelectual. Dar nome aos bois é um bom modo de esclarecer as coisas.
O autoritarismo está no cerne do socialismo, e essa turma que nos governa é socialista de corpo e alma.

Crítica ao governo Lula


Homo Cordialis, tô contigo na sua crítica, mas não posso concordar quando você coloca a direita e a esquerda num mesmo saco. Ainda mais se formos considerar a "direita" como algo que seja próximo de um liberalismo, coisa que passou longe daqui, como sabemos.
GRAMSCISMO INVERTIDO
Essa nivelação não serve aos que, como você, querem acabar com os nós que travam o crescimento brasileiro. Deve-se bater sim na esquerda, que por definição quer sempre mais regulações, controles e impostos.
Essa esquerda, marxista ou não, é quem dá sustentação teórica e moral pro autoritarismo assistencialista que estamos vivendo. Desmoralizar essa impostura é uma tarefa urgente e permanente.
"Direita é igual a liberalismo SOL? Eu jurava que essa afirmação era uma ofensa, um injúria inaceitável para os liberais (sem aspas)."
Não foi o que eu disse, Artur. Esse é um problema de conceituação.
Prefiro diferenciar ESTATISTAS de LIBERAIS.
Esse é o debate, com as suas devidas graduações.
O problema é que "direita" no Brasil é associada ao coronelismo e aos militares, que são na verdade estatistas, sempre querendo algum privilégio às custas dos demais.
Como os esquerdistas.
Tem também os conservadores, que gostam do estado na hora de impor a sua agenda moral.
Liberais vão por outro lado, defendendo as liberdades individuais e a igualdade perante as leis.
"Concorda então que o liberalismo nunca foi uma força política de relevo no país?"
Concordo, mas isso não significa que essa situação vá durar pra sempre.
O jogo está em movimento.
E até um governo como o do PT tem que tomar eventuais medidas liberais, se quiser ter um mínimo de saúde financeira pra continuar com o seu assistencialismo sindical.
Sim Homo Cordialis, o estado brasileiro, do jeito que está configurado, é irracional.
Mas além do fisiologismo e do corporativismo, do estado como um fim em si mesmo, ele se alimenta sim de ideologias, que fornecem o arcabouço moral e teórico a esse estado de coisas.
Se a maioria das pessoas tem a impressão de que o socialismo é bom e justo, e de que o liberalismo é mau e injusto, qual a chance de se alterar esse círculo vicioso?
Por isso que a luta no campo das idéias é tão importante.
"Os liberais brasileiros não acreditam na democracia representativa? Como pretendem ser mais influentes nos processos decisórios no país, se continuam sem representantes?"
Artur, tanto acreditam na dinâmica democrática que estão aqui tentando mostrar, com argumentos, a superioridade econômica e moral do liberalismo.
Apelam à razão, com fatos históricos que corroboram com a tese.
Liberalismo trata de evolução, não de revolução.

Wednesday, August 01, 2007

LIBERAR AS DROGAS! UMA PROPOSTA IDIOTA!


O argumento principal pela legalização é o direito ao nosso próprio corpo, sem o qual nenhum outro direito é possível.
Pois é Johann, como ficariam os diabéticos viciados em açúcar?
O Waldemar pode ser bem intencionado, mas é autoritário. Aliás, o que tem mais por aí é gente assim, que imagina que o mundo deva ser regido pela sua escala de valores.
Waldemar, com a legalização vão existir impostos sobre a comercialização. Esse dinheiro pode bancar a recuperação dos viciados que voluntariamente queiram ser cuidados.
Sou homem, Waldemar. rs
Você tem o direito de propor o que quiser, mas eu tenho o direito de achar a sua proposta estúpida.
Por que esse fundo à parte das drogas? Não faz sentido separá-las de outras coisas que também fazem mal à saúde e sobrecarregam o sistema de saúde pública.
Gordura em excesso faz mal à saúde. Vamos colocar os usuários de óleo, margarina e manteiga nesse fundo também?
E o que dizer dos biscoitos? E a farinha de trigo? Um veneno! rs
Se bem que já estão tentando criminalizar a gordura trans... Melhor nem dar idéia... rs
Percebe a sinuca de bico?
O importante é que as informações estejam disponíveis e que cada um use do seu livre-arbítrio, arcando com as conseqüências dos seus atos.
Você pergunta: existe um modo "saudável" de usar drogas? Ué, o cara pode usá-las recreativamente sem se tornar um escravo delas, tendo uma vida produtiva, certamente que sim. Existem milhares de exemplos.
Waldemar, quando alguém, por exemplo, transa sem camisinha, contrai AIDS e usa o sistema de saúde pública, todos estamos pagando por isso.
Quando alguém se entope de açúcar a vida inteira, desenvolve diabetes e usa o sistema de saúde pública, todos estamos pagando por isso.
O mesmo valeria para as drogas. Qual a diferença?
Os impostos servem pra isso. A não ser que você questione a própria existência de um sistema público de saúde. Aí é outra discussão.
Waldemar, quem está dando voltas aqui é você. Os argumentos estão aí, se as drogas fazem mal à saúde, diversas outras coisas também fazem e nem por isso têm um fundo à parte.
Imagino que você leia Reinaldo Azevedo, com esse seu papo de "baladaboa". Também leio, e gosto quando ele bate no PT e na esquerda, mas ele, como você, é um carola que deixa a lógica de lado quando o assunto é um tabu pra sua religião.
Respeite a lógica, Waldemar, se a droga faz mal, outras coisas também fazem.
"Ok. Então vamos todos pagar pelo mal uso que outros fazem de seu corpo."
Maravilha Waldemar, sem ironia, acho promissor quando alguém chega em um debate com uma posição e tem a grandeza de mudar de opinião se confrontado com argumentos sólidos. Muito bom.
"Agora, e os outros casos. P. Ex. da pessoa que sob influência de droga psicoativa cometer crimes, ou causar prejuízo?"
Quando alguém atenta contra a vida, a liberdade e a propriedade alheias, aí sim o estado deve intervir e punir quem cometeu a infração.

O que você faria?


Um think tank liberal já existe, o Instituto Millenium: http://www.institutomillenium.org/
A reversão da hegemonia esquerdista não está ainda no horizonte. A intelectualidade socialista vem se formando há décadas e chegou ao nível atual também por causa da ditadura militar, que durou tempo demais sendo francamente estatista, entregando de bandeja a vitória moral aos comunistas.
É ler qualquer caderno cultural ou ver terroristas recebendo indenizações milionárias pra perceber isso. Os verdadeiros "vencedores" do golpe de 64 foram os esquerdistas agora no poder.
E está cristalizado no imaginário coletivo brasileiro: o socialismo é o "bem", o liberalismo é o "mal".
O "povo" pode até ser conservador em sua maioria, mas se acostumou às políticas demagógicas e acabar com esse ciclo vicioso vai ser difícil. A não ser que uma imensa crise aconteça (difícil e indesejável) e as reformas estruturais finalmente saiam do papel.
No Brasil é tudo do estado, pro estado e pelo estado. O paralelo entre o "peronismo" e o "varguismo" faz realmente sentido.
Não existe uma sede de liberdade de fato, e o conceito de isonomia perante as leis é letra morta diante da "luta de classes e raças". O que existe são pessoas e corporações defendendo os próprios interesses e reivindicando que o monopólio da coerção as beneficie às custas dos demais.
Resta aos liberais o combate no campo das idéias, num "gramscismo" invertido pra tentar, aos poucos, mudar esse quadro.