Wednesday, September 30, 2009

Um erro de Rothbard

Não subscrever a visão filosófica cor-de-rosa do libertarianismo de Nozick não é o mesmo que assinar embaixo de tudo o que Rothbard escreveu. Tanto ele quanto Mises, Rand e outros não carregam a Verdade Revelada e cometem erros como na declaração abaixo de Rothbard: Aplicando nossa teoria ao relacionamento entre pais e filhos, o que já foi dito significa que os pais não têm o direito de agredir seus filhos, mas também que os pais não deveriam ter a obrigação legal de alimentar, vestir ou educar seus filhos, já que estas obrigações acarretariam em ações positivas compelidas aos pais, privando-os de seus direitos. Uma das maiores diferenças entre os liberais e os socialistas é que temos, de um lado, um discurso frio e racional, esclarecendo causas e efeitos. De outro, uma retórica quente e emocional, obstruindo a lógica causal com sentimentalismos que falam ao coração. Mas, acho que nesse caso específico, o Rothbard está errado independentemente da abordagem. Os pais devem ser os responsáveis legais dos seus filhos, como não? O duro é estabelecer até quando. Me parece que alguns liberais evadem a liberdade e responsabilidade quando chega a hora de ter filhos. Então defendem o aborto e a falta de responsabilidade pela vida que se gerou. O filho não foi obra do Espírito Santo, foi gerado pela ação da própria pessoa.

Nozick em negrito

A terminologia da arte filosófica é coercitiva: Argumentos são mais poderosos e melhores quando eles são decisivos, argumentos forçam você a uma conclusão, se você acredita nas premissas você tem que ou é obrigado a acreditar na conclusão, alguns argumentos já não têm tanta força, e assim por diante. Um argumento filosófico é uma tentativa de convencer alguém de alguma coisa, ele querendo ou não querendo ser convencido. Se eu exemplifico um argumento a favor da gravidade (tipo segurar uma maçã e depois soltá-la), não importa se o outro quer ou não ser "convencido", o argumento é verdadeiro independentemente da sua opinião. A realidade existe. Um argumento filosófico eficiente, um argumento forte, obriga alguém a se convencer. Por que os filósofos estão determinados a obrigar os outros a se convencer de coisas? Porque é melhor viver da verdade do que da mentira. "Melhor" porque o que é verdadeiro favorece a vida. "O sangue escolhe viver". Não só favorece a vida da própria pessoa como a vida daqueles que a cercam. Esta é uma boa maneira de se comportar frente a alguém? Eu acho que não podemos aperfeiçoar as pessoas dessa maneira. Argumentação filosófica, tentando convencer alguém de alguma coisa, ele querendo ou não querendo ser convencido, não é, como eu venho defendendo, uma boa maneira de se comportar frente a alguém. A filosofia, sendo entendida como a "busca pela verdade", não se trata de um concurso de boas maneiras. Se os fatos mostram que A é verdade e B é mentira, o meu bom-mocismo diplomático não vai ajudar ninguém, ao contrário, vai fazer o erro e as suas conseqüências perdurarem. (http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=36) Aliás, bonitão o Nozick, parecia um ator de cinema. Claro, qualquer um pode ser ator de cinema, você entendeu.

Entre Rothbard e Nozick

Uma das coisas que me incomodam no mundo acadêmico é o modo, digamos, recreativo com que alguns encaram as idéias, como se todas elas tivessem o mesmo valor e a discussão fosse apenas um passatempo a que os intelectuais se dedicam, como um hobby remunerado. Não, idéias têm conseqüências e essa dissociação entre discurso e prática é falsa. Como o mainstream acadêmico é essencialmente estatista - o cão não morde a mão que o alimenta - o anarquismo é visto como uma teoria exótica que deve ficar limitada justamente às especulações feitas diretamente das torres de marfim em que se encerram esses intelectuais. Então, como apontou o professor Hoppe na introdução do livro "A Ética da Liberdade" de Rothbard, o libertarianismo suave e confuso do "Anarquia, Estado e Utopia" de Robert Nozick caiu como uma luva pras discussões estéreis da academia que não apontavam um caminho diferente. Sem princípios claros que norteiem uma ética, tudo vira um mero jogo de palavras em que não há o certo e o errado, o verdadeiro e o falso. Não é de surpreender, portanto, a popularidade do livro de Nozick e o relativo ostracismo da obra de Rothbard. Óbvio que isso não é uma condição permanente, já que fica cada vez mais clara a importância de uma teoria libertária consistente com a idéia de que somos donos de nossos próprios corpos, com todas as implicações lógicas que esse fato traz. (http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=36)

Tuesday, September 29, 2009

A pinimba com a VEJA 2

A revista, além de não seguir a cartilha esquerdista (herege!), comete o pecado de ser popular, vendendo mais que as concorrentes (todas alinhadas ao consenso e, portanto, recebedoras de anúncios governamentais). Então essas pessoas - jornalistas, roqueiros e artistas aparentemente antistablishment - não perdem uma chance de meter o malho na VEJA. Claro, se elas estão do lado do "bem", quem está na oposição está do lado do "mal". Como considero que exista realmente o certo e o errado, eu nem discordo desse conflito, mas atente pra uma diferença: um liberal respeita a liberdade de expressão (se não respeita, não é um liberal), não o faz da boca pra fora dependendo das circunstâncias políticas. O mesmo se pode dizer dos neosocialistas? Really? Pense bem... Mais um pouquinho... Você, querido amigo eleitor do Lula, coloque a mão na consciência e raciocine, por favor. Conseguiu? Lembre-se das reportagens da VEJA que ajudaram a derrubar o Collor. Putz, agora o Collor é aliado... Como é que faz? A verdade é que a esquerda carnívora no poder só vem admitindo a oposição - mesmo que branda - como uma concessão tática, porque o Brasil não é a Venezuela e nem Cuba. Já tentaram colocar o cabresto na imprensa com o Conselho de Jornalismo e não conseguiram. Mais uns anos de PT no poder e essas barreiras civilizacionais aos delírios justiceiros podem cair. Se aquele ditado do "diga-me com quem andas..." tem um fundo de verdade, o que você diria dos amigos do Lula? (http://sol-moras-segabinaze.blogspot.com/2009/09/politica-externa-do-pt.html) São realmente companheiros da liberdade de expressão?

A pinimba com a VEJA

Vou escrever isso assumindo que todos os que se posicionam politicamente o fazem de boa-fé, e defendem o que defendem porque acreditam que essa posição é a melhor pra todos. Eu também já fui de esquerda, votei no PT e sei como é que são essas coisas. Elas realmente acreditam que a pobreza vai ser resolvida - ou atenuada - com políticas de esquerda, dando poder ao governo de tirar de uns pra dar pra outros. Estão convictas de que o estado tá aí pra isso mesmo: interferir na vida econômica a favor dos menos favorecidos. Os fins justificam os meios. O que fez eu me afastar dessa visão foi tomar conhecimento de como funciona a economia e do histórico dessas políticas. Sim, concentração de poder resulta em tirania e a única equalização de renda possível é na miséria, com os justiceiros sociais separando pra si a maior parte do bolo que míngua a cada dia. Se o leitor de esquerda não acredita, eu posso demonstrar isso aqui novamente. Mas por que estou falando de novo nisso...? Ah sim, a reiterada demonização da revista VEJA. Veja (rárá), eu não concordo com a linha dessa revista, moderada demais pro meu gosto. Não sou fã do Diogo Mainardi, mas vejo valor, nacionalismo regressivo é pra ser sacaneado mesmo. Gosto do Reinaldo Azevedo, ainda que discorde da carolice antiliberal dele em alguns pontos. Tem que ter gente pra desafiar o consenso mesmo. O caso é que a esquerda carnívora O-D-E-I-A a VEJA e, se dependesse dela, a revista estaria proibida de circular. Isso não seria exatamente uma novidade no modus operandi dos neosocialistas, não é verdade?

Thom Yorke solo

Ô loco, meu. Esse é fera, quem sabe faz ao vivo. Ô Caçula, mais do que nunca hein. Exatamente às dezessete horas e trinta e sete segundos, em nome de Fininvest, um beijo lá pra Beatriz do Fórum de Ipanema. OOOOOOOOOOLOCO ÉÉÉÉÉÉ ENTÃO (http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/thom-yorke-monta-nova-banda-com-flea-e-brasileiro/)

Monday, September 28, 2009

Sob o álcool 13

Vergonha de qualquer pessoa que fica tentando agradar desesperadamente. Mas esse pudor (vaidade, orgulho etc) é um problema, quem não agrada o outro tá fudido. Quem não agrada os outros tá fudido e mal pago.

Sob o álcool 12

Os meios de dissuasão da Lei Seca e da não-impunidade. O que seria mais efetivo? Os dois. Ah porra, zero de álcool é álgool digno do Talibã.

Sob o álcool 11

Toda a desconfiança com os empresários. Toda a confiança com os fiscais e burocratas. Não existem absolutos, tirando a vontade soberana do povo, é claro.

Sob o álcool 10

Catálogo dos barulhos dos vizinhos. Não só dos ruídos como dos odores também.

Sob o álcool 9

Tantas regras e regulações deixam todos reféns do estado. É só andar na linha, meu camarada. Quem não deve, não teme.

Sob o álcool 8

As pessoas são capazes de se entender. Não é o que diz a quantidade de litígios na Justiça do Trabalho. Culpa da legislação fascista. Se é o que Vossa Excelência diz...

Sob o álcool 7

Falaram por aí - e não foi nenhum crente vermelho de raiva - que a Ayn Rand fazia o "teste do sofá" e que passaram pelo seu crivo o Greenspan, o Rothbard e o Friedman. Não sei se é verdade, mas ela realmente transpirava sexualidade.

Sob o álcool 6

"Qualquer economista de respeito recomendaria esta política". Tradução: qualquer economista do Partido Democrata recomendaria esta política.

Sob o álcool 5

Obama na TV: "Estatização da saúde vai baratear os custos". Bom, uma coisa são as pessoas optarem pela saúde pública num cálculo de custo e benefício. Outra, bem diferente, é... deixa pra lá.

Sob o álcool 4

Thom Yorke falando contra as corporações. Eu também não gosto da formação de corporações favorecidas pela lei, mas desconfio que a bronca do meu ídolo não passa por aí.

Sob o álcool 3

Saco de lixo, sabão em pó e varal. Atribuições domésticas, nada que vai mudar o curso da humanidade como os posts anteriores.

Sob o álcool 2

Lula, personagem da Praça é Nossa. Sim, pronto e acabado. Mas qual é a originalidade disso? Já deve ter um cara o imitando lá no banco da Praça.

Sob o álcool 1

A Bíblia é tipo um Senhor dos Anéis que as pessoas levaram a sério demais. Analogia terrível de efeito irresponsável. Mesmo porque nunca li o Senhor dos Anéis e ronquei durante os filmes.

Friday, September 25, 2009

Tuite um filme 11

#tuiteumfilme #br "Eu quero saber quem foi que desenhou caralhinhos voadores na parede do banheiro?"

Tuite um filme 10

#tuiteumfilme #br Noiva virgem é estuprada pelo marido. Pra se vingar, fica seca com ele e molhada com homens que nunca viu na vida.

Tuite um filme 9

#tuiteumfilme #br Homem, prestes a morrer, pede que um bancário o beije na boca. Feito o favor, o bancário vira suspeito de assassinato.

Tuite um filme 8

#tuiteumfilme #br Homem puritano e viúvo jura ao seu filho que nunca terá uma outra mulher, mas se apaixona por uma prostituta.

Tuite um filme 7

#tuiteumfilme #br Casal compra um espelho que os induz ao sexo selvagem, junto com outros convivas full swap. Classificação livre.

Tuite um filme 6

#tuiteumfilme #br Menina vive numa ilha com o pai possessivo. Pra se libertar do jugo paterno, passa a desenvolver uma relação com o vento.

Tuite um filme 5

#tuiteumfilme #br "Porra, caralho, puta que o pariu, ninguém vai comer o meu cu não!"

Tuite um filme 4

#tuiteumfilme #br Rainha egípcia se materializa na praia do Diabo no Arpex e dialoga com o Falabella. Filme de arte.

Tuite um filme 3

#tuiteumfilme Dois homossexuais enrustidos decidem matar um colega pra provar que são mesmo machos. O tiro sai pela culatra.

Tuite um filme 2

#tuiteumfilme Panaca tenta fazer gracinha e erra na concordância verbal. O que restava da sua credibilidade vai pro ralo, que cheira mal.

Tuite um filme 1

#tuiteumfilme #br Comunistas tomam a laje do Parque Lage pra fazer a revolução enquanto apreciam a natureza de um green.

A paz

Ontem passou mais um documentário sobre o John Lennon e a Yoko Ono. Este focalizava mais a atuação política do casal, principalmente no movimento pacifista contra a Guerra do Vietnã. Ora, quem pode ser a favor da guerra per se? É muito bonito o conceito da paz, não é verdade? Então fiquei assistindo aquele casal fascinante cantando, deitados e cabeludos, pra gente "dar uma chance à paz". A mensagem deles, pra mim ficou claro, não era especificamente contra os EUA, mas contra todas as guerras. O problema é que tem guerras e guerras. Ninguém diria que os americanos não deveriam ter entrado na Segunda Guerra Mundial, era enfrentar o rojão ou se submeter ao nazismo. O que aconteceu no Vietnã, no entanto, nunca ficou realmente explicado. Por que diabos aquilo aconteceu? Que eu saiba, não tinham grandes poços de petróleo naquela área alagada. Ou os americanos tavam ali - brincando de um pique-esconde mortal com os vietcongs - atrás daquelas plantações de arroz? Não, foi uma guerra pra tentar impedir o avanço do comunismo naqueles lados. Um objetivo mal sucedido, por sinal, porque depois que os americanos saíram dali os comunistas se instalaram e, humanistas que são, trataram logo de matar muito mais pessoas do que morreram na guerra. Com o Vietnã do Sul dominado, se abriu caminho pra tomada de poder no Camboja por Pol Pot, que elevou o histórico do genocídio comunista ao estado da arte, matando nada menos do que 1/4 da população, fora o baile liberticida. Alguém aí ouviu falar disso?

Thursday, September 24, 2009

O conto dos pobres

"Mas o governo não deveria ser o responsável pela saúde financeira de um país?" Na prática, é o contrário. Ele gasta mais do que arrecada. Isso cria dívida. Que aumenta os juros. Que encarece o dinheiro. Que dificulta a produção e a criação de riqueza. Aí o próprio causador do problema bate no peito e diz: "Vote em mim que eu vou cuidar dos pobres. Mas, para essa missão, preciso da colaboração de vocês pagando mais impostos e me dando mais poder". Como o ciclo anterior não foi alterado (ele não fez nenhuma reforma) e o wishful thinking não foi o suficiente pras coisas melhorarem, ele começa a ouvir aqueles economistas heterodoxos e a idéia de afrouxar o controle da inflação fica cada vez mais atraente. Os ricos, que têm conta especial no banco, driblam a inflação com juros e correção monetária. Os pobres, por serem pobres, não têm tantos meios de evitar a deterioração da sua renda. A desigualdade aumenta. O que fazer? "Vote em mim que eu vou cuidar dos pobres. Mas, para essa missão, preciso da colaboração de vocês pagando mais impostos e me dando mais poder".

Síntese da alavancagem bancária

As alavancagens aconteciam e acontecem porque há um emprestador em última instância chamado Banco Central. Os banqueiros vão se arriscando criando "crédito" do nada porque sabem que, quando der chabu, o estado vai salvá-los. A beleza de um mercado-livre é que se eles usarem um dinheiro que eles não têm e as pessoas resolverem retirar simultaneamente os seus depósitos, não vai ter ninguém pra salvá-los da falência. Essa é a auto-regulação do mercado: a prestação de contas com a realidade. Isso estimularia um comportamento menos temerário e mais responsável por parte dos agentes. Não é complicado de compreender esse raciocínio, basta usar a lógica e não ter preconceitos irracionais com o que não é familiar.

Sobre a inflação

"Se o governo emite novo dinheiro e o gasta, digamos, em clipes para papel, não se verifica um simples aumento do "nível de preço", como diriam os economistas não pertencentes à Escola Austríaca. Na realidade, em primeiro lugar, aumentarão as rendas dos produtores, depois, subirão os preços dos clipes, logo em seguida os preços dos fornecedores da indústria de clipes, e assim por diante. Assim, um aumento da oferta de moeda, que altera os preços relativos, pelo menos temporariamente, pode também redundar numa alteração permanente de rendas relativas. Mises conseguiu também demonstrar que um dos primeiros achados de Ricardo e de seus primeiros discípulos, por muito tempo esquecido, era absolutamente correto: afora o uso industrial e de consumo do ouro, um aumento da oferta de moeda não proporciona benefício social de espécie alguma. Isto porque, ao contrário do que acontece com fatores de produção como a terra, o trabalho e o capital, cujo aumento ocasionaria uma maior produção e uma elevação do padrão de vida, um aumento da oferta de moeda pode apenas reduzir seu próprio poder de compra, sem que aumente a produção. Se todos tivessem o dinheiro que possuem no bolso ou na conta bancária magicamente triplicado do dia para a noite, a sociedade nada ganharia com isso. Mises mostrou, contudo, que o grande atrativo da "inflação" (um aumento da quantidade de moeda) é precisamente que nem todos se apossam do novo dinheiro ao mesmo tempo e no mesmo grau; ao contrário, o governo, seus fornecedores favoritos e os beneficiários de seus subsídios são os primeiros a receber o novo dinheiro. Estes têm sua renda acrescida antes que muitos preços subam, ao passo que os desafortunados membros da sociedade, que recebem o novo dinheiro por último ou que, na condição de pensionistas, não o recebem de maneira alguma, saem perdendo, porque os preços dos artigos que compram sobem antes que recebam um maior rendimento. Em suma, o atrativo da inflação está em permitir que o governo e outros grupos na economia se beneficiem, silenciosa e efetivamente, às custas de grupos da população desprovidos de poder político." - Murray Rothbard (http://www.libertarianismo.com/livros/LVM-Oessencialvonmises.pdf).

A questão dos juros

"Tomemos, por exemplo, a taxa de juros sobre um empréstimo. Os filósofos escolásticos da Igreja Católica, na Idade Média e no início do período moderno, foram, a seu modo, excelentes economistas e analistas do mercado. No entanto, um ponto que jamais conseguiram explicar ou justificar foi a simples cobrança de juros por um empréstimo. Podiam compreender que se auferissem lucros por investimentos arriscados, mas tinham aprendido de Aristóteles que o dinheiro em si mesmo era estéril e improdutivo. Assim sendo, como justificar o juro sobre um empréstimo, presumindo-se não haver risco de inadimplência? Incapazes de encontrar a resposta, a Igreja e os escolásticos provocaram o descrédito dos homens do mundo ao condenar como "usura" pecaminosa todo juro sobre empréstimo. Foi Böhm-Bawerk quem finalmente encontrou a resposta, justamente com o conceito de preferência temporal. Assim, quando um credor empresta 100 dólares a um devedor em troca do recebimento de 106 dólares dali a um ano, os dois não trocam as mesmas coisas. O credor dá 100 dólares ao devedor na forma de um "bem atual", de dinheiro, que este pode usar a qualquer momento no presente. O devedor, por sua vez, dá em troca ao credor não dinheiro, mas uma nota promissória, vale dizer, a perspectiva de receber dinheiro dali a um ano. Em suma, o credor dá ao devedor um "bem atual", e recebe dele apenas um "bem futuro", em dinheiro que só poderá utilizar após um ano de espera. Ora, em virtude do fato universal da preferência temporal, os bens atuais são mais valiosos que os bens futuros, e o credor terá de cobrar ao mesmo tempo que o devedor se disporá a pagar um prêmio pelo bem atual. Esse prêmio é a taxa de juros. Seu valor dependerá das taxas de preferência temporal de todos os participantes do mercado." - Murray Rothbard (http://www.libertarianismo.com/livros/LVM-Oessencialvonmises.pdf).

A teoria austríaca do valor

"Focalizando nitidamente o indivíduo, e não em "classes" amplas, os "austríacos" puderam resolver com facilidade o "paradoxo do valor" que tanto aturdira os clássicos. No mercado, um indivíduo jamais tem de escolher entre "pão" como classe e "diamantes" como classe. Os "austríacos" mostraram que, quanto maior a quantidade ou quanto maior o número de unidades de um bem que uma pessoa possui, menor é o valor que esta pessoa atribui a cada unidade deste bem. O homem que vaga sedento pelo deserto atribuirá um valor ou "utilidade" extremamente elevado a um copo d'água, enquanto que, em Viena ou em Nova Iorque, com água em abundância à sua volta, este mesmo homem atribuirá reduzidíssimo valor ou "utilidade" a esse copo d'água. No deserto, ele pagaria por este copo um preço muitíssimo mais alto do que o que pagaria em Nova Iorque. Em suma, o indivíduo em ação se depara com unidades específicas, ou "margens", que são a base de sua escolha. A descoberta "austríaca" foi denominada "lei da utilidade marginal decrescente". Assim, o "pão" é tão mais barato que o "diamante" por uma simples razão: o número de pães disponíveis é imensamente superior ao de quilates de diamantes. Em conseqüência, o valor e o preço de cada pão serão muito inferiores ao valor e ao preço de cada quilate. Não há contradição entre "valor de uso" e "valor de troca": em função da abundância de pães disponíveis, um pão é menos "útil" para o indivíduo que um quilate de diamante." - Murray Rothbard (http://www.libertarianismo.com/livros/LVM-Oessencialvonmises.pdf).

A política externa do PT

O Brasil, através do seu chanceler Celso Amorim (que em outra época presidiu a Embrafilme, um curioso caso de estatal que patrocinava filmes que falavam mal do governo), tem a pretensão de ser uma grande potência mundial. Nenhum problema com isso, mas o modo como esse objetivo tem sido conduzido é - pra ser generoso - lamentável. Pra desafiar o poder dos "loiros de olhos azuis", o Brasil se alia à escória da humanidade. Tem um governante com um discurso anticapitalista, antiglobalização e anti-liberdade individual, lá está o Brasil hipotecando o seu apoio. Na América Latina, os aliados do PT - todos já estão cansados de saber - são Chávez, Morales, Corrêa, Lugo, Kirchner, Ortega, Zelaya e Fidel Castro. Só papa fina em movimentos confluentes e afluentes pra "recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu". Quem é o FDP insensível que pode ser contra o socialismo, contra a justiça social? O Lula então vai na ONU dar suporte à sua noção peculiar de democracia (yeah, ditadura da maioria) enquanto livra a cara dos irmãos feitores da ilha-prisão. No Oriente Médio, Lula e Amorim consideram muito legítima a teocracia iraniana patrocinadora do terrorismo, sabe como é, alguém tem que dar uma lição nos imperialistas. Que holocausto? O Irã "temos que varrer Israel do mapa!" vai produzir uma bomba atômica com fins pacíficos, sem dúvida alguma. Lula também chama Kadhafi, o ditador líbio há mais de 40 anos, de "irmão". Um "pragmático", não há como negar. E fofo, né? 80% dos brasileiros concordam e se tem uma coisa que aprendi nos últimos anos é que a maioria é uma fonte de justiça confiável. O petistas também fecham o bico sobre o genocídio no Sudão, temos que fortalecer a aliança Sul-Sul, pô! Ou seja, temos que apoiar a escória da humanidade porque, afinal de contas, não só nos identificamos com ela, como estamos na proa desse movimento, companheiro.

Wednesday, September 23, 2009

O nacionalismo 2

Como o federalismo, ou seja, a autonomia dos estados em relação ao governo federal definitivamente não pegou no Brasil, Brasília então concentra a maior parte dos recursos arrecadados e decide, dentro dos seus objetivos políticos, pra quem dar esse dinheiro. A distribuição de renda começa aí, com o camarada de São Paulo tendo que pagar pelos aspones comissionados da Câmara de Vereadores de Macapá. A verdade é que ninguém coloca os "interesses na nação" acima dos próprios. O "nacionalismo" é só mais um recurso retórico de fundo emocional usado pra beneficiar uns poucos em detrimento de muitos outros. A pessoa se coloca em primeiro lugar, depois vem a sua família, seus amigos, conhecidos, seu prédio, sua rua, seu bairro, sua cidade, seu estado e, finalmente, o seu país. "Nacionalismo" não passa de mais um coletivismo tosco, mais um sintoma do abismo que separa o discurso e a prática. Pro consumo externo, a pessoa se apresenta como uma boa samaritana, uma altruísta que se sacrifica pelo "bem comum", pelo "interesse público" ou pela "nação". Na realidade, a pessoa tá ali defendendo o seu, o dos seus amigos e o dos seus grupos de interesse favoritos. O segredo do êxito na política é convencer nessa prestidigitação o maior número possível de inocentes úteis, ao mesmo tempo em que se cerca de pessoas com poder e dinheiro que serão beneficiadas assim que o político assumir o mandato.

O nacionalismo

A candidata do PT às próximas eleições disse que "não há nenhum problema com o nacionalismo", no que a colunista Miriam Leitão respondeu dizendo que "realmente, não há problema com o nacionalismo, o problema é o uso político que se faz dele". O que seria então o nacionalismo? Segundo a wikipedia, é "a política que defende os interesses da nação". Um conceito vago e subjetivo que dá margem pros maiores disparates em nome, justamente, dos "interesses da nação". Se confunde então os tais "interesses da nação" com os interesses dos governantes da ocasião. Ora, se eu digo que sou contra a política "nacionalista" de X, X pode então me acusar de ser um traidor da nação, da pátria ou do quer que seja. Claro que eu também quero o melhor pra "nação", só estou discordando dos meios utilizados por X. O que a ministra Dilma quer, de fato, é aprofundar a estatização da economia brasileira e colocar mais poder nas mãos do governo federal. Se deixarem, em nome do "interesse nacional", ela reestatiza a Vale do Rio Doce. Vai carregar na oposição aos estrangeiros (nacionalismo e xenofobia são irmãos inseparáveis), dizendo que os lucros da empresa "vão lá pra fora, não ficando nada pro 'social'". O que ela não vai dizer é que, antes da privatização, a Vale era uma estatal deficitária, dando prejuízos seguidos aos cofres públicos (abastecidos pelo eufemismo "contribuintes") e que, depois de privatizada, se tornou uma das maiores empresas do mundo, rendendo ao governo milhões em impostos pra ele fazer a sua demagogia. Não sou de citar frases, mas eis uma boa do Einstein: "O nacionalismo é uma doença infantil: é o sarampo da humanidade".

Tuesday, September 22, 2009

A diferença entre o corporativismo privado e o estatal

"você falou em impedir a intervenção do estado pra impossibilitar lobbies e corporativismo, mas o corporativismo nem sempre vem por meio das ferramentas estatais. esse lance de crente que compra com crente, emprega crente, etc não ocorre (necessariamente) por meios estatais. portanto, reduzir a participação do estado, por mais que possa ter um efeito satisfatório, não vai motivar uma mudança efetiva nas relações sociais. a propina vem por meios não estatais também, por chantagem, por filha da putice mesmo. corrupção é uma questão cultural, não esquerda vs direita. é bem verdade que o governo é um ambiente perfeito pra que ela prospere, mas está longe de ser o único local onde ela existe." Sim, concordo contigo que a cultura é importante, mas a "cultura" não é um conceito levitando no éter, ela é inserida num contexto em que o estado atua de maneira preponderante. Eu posso parecer aquele mendigo louco do Seinfeld ("The Government!") apontando sempre o dedo pro estado, mas os lobbies que são nocivos - pois limitam a concorrência - são aqueles com o dedo estatal. Quando um crente contrata no seu bar (que, não se engane pela foto, não serve bebida alcoólica e nem se pode fumar) um outro crente, não há nenhum problema, mesmo que você caracterize isso como "corporativismo". O dono do bar crente contrata um outro crente que topa trabalhar ali por um salário. Troca voluntária, tudo certo. O problema acontece quando, vamos dizer, uma associação de crentes decide pressionar o Congresso pros legisladores aprovarem uma lei que determina que só os crentes (com certificado de "Crente" emitido pelo MEC) podem abrir ou trabalhar em bares. Através de uma lei, criou-se uma reserva de mercado. De um lado, os crentes exercendo uma escolha; de outro, os crentes e o estado limitando a escolha dos demais. Eis a diferença fundamental.

O altruísmo não é um truísmo

Entre aquilo que se fala e aquilo que se faz se abre um clarão que pode ser chamado de hipocrisia. Uma palavra um tanto agressiva, normalmente pronunciada num tom indignado, chamando pro confronto. Eu não gosto tanto de confrontação como pode parecer, prefiro falar besteira numa mesa de bar, até porque não estou absoutamente livre da minha cota de contradições e, portanto, de hipocrisia. Mas quando uma contradição deixa de ser um problema da consciência de cada um e vira um problema político de larga escala, afetando a todos, ela vale a pena ser denunciada. Óbvio, uma hipocrisia individual multiplicada por mil vira um problema coletivo também, tô sabendo, mas deixe-me apresentar a minha tese, que nem é original. Os governantes dizem fazer isso ou aquilo em nome do "interesse público" ou do "bem comum" e enchem a boca pra condenar o "egoísmo" e a "ganância" daqueles que resistem a seguir as suas leis e ordens. Como o "interesse público" e o "bem comum" são conceitos subjetivos que variam da percepção de cada um, acaba que - no final das contas - as medidas visando esses objetivos não muito claros acabam sendo definidas pela arbitrariedade dos governantes e seus objetivos políticos. Tá acompanhando? Legal, porque eu mesmo não sei bem pra onde estou indo... Ah tá, quando um político diz que condena o egoísmo, tome cuidado com a sua carteira, lá vem "altruísmo" com o dinheiro alheio.

Monday, September 21, 2009

233

Veja que o bigode voltou realmente com tudo.

232

Veja o currupaco Paco.

Deus e os escandinavos

Outro dia vi uma reportagem na Reason em que um "progressista" dizia que quanto mais as pessoas se sentiam seguras economicamente, menos elas necessitavam de Deus. (http://reason.com/blog/show/136142.html) Citava inclusive os países escandinavos, com seu welfare-state e crescente número de ateus. Fiquei matutando aquilo, realmente, os nórdicos e os seus altos impostos são usados pelos socialistas (ou nacionalistas-fascistas-estatistas-nazistas-oligarquistas-corporativistas, você escolhe o coletivismo da sua preferência) como exemplos a serem seguidos pela social-democracia brasileira. Claro, estão lá com o melhor IDH do mundo e uma carga tributária maior ainda que a brasileira. "É, 40% de imposto é pouco!" Mas tem umas coisas que não estão sendo consideradas. Primeiro que eu não sou um "pragmático", ou seja, alguém que vai pra onde o vento sopra, dependendo dos humores da opinião pública pra firmar uma posição. Se ficar provado que a escravidão faz o PIB de um país crescer, ainda assim vou ser contra a escravidão. Segundo que os países escandinavos também estão nas primeiras colocações nos índices de liberdade econômica, então mesmo que haja ali um welfare, também há uma livre iniciativa forte. Terceiro que não há como comparar a carga tributária de um país desenvolvido (e, aliás, alvo de tensão com os imigrantes) com um país em desenvolvimento como o Brasil. Os escandinavos ainda podem se dar o luxo de ter uma rede de proteção, mas isso não é sustentável no longo prazo. Os suecos, por exemplo, elegeram há pouco um governo mais liberal. Depois que não se trata de um debate civilizado entre a social e a liberal democracia, estamos no Brasil discutindo quem vai ser mais demagógica: a esquerda radical ou a esquerda moderada? E, pra completar, se sabe bem que os nórdicos não são exatamente a representação da felicidade do mundo. Óbvio que a "felicidade" é um conceito um tanto subjetivo pra se definir, mas a taxa de suicídio por aqueles lados é conhecida. Se eles se matam por falta da crença em Deus ou pela falta do que fazer, eu não sei, mas não vai ser aumentando a carga tributária pra 60% que o Brasil vai sair do atraso.

Os "progressistas"

Ser de esquerda no Brasil é o normal e te garante um lugar entre as pessoas bacanas, humanitárias mesmo, sabe? Dentro desse espectro, há margem pra pessoa passar uma imagem tanto de moderação quanto de radicalismo. Na prática, é como se desenrolam as eleições no Brasil, entre partidos que mantém a utopia socialista viva, como os PCOs, PSTUs, PC do Bs e PSOLs da vida, e entre os esquerdistas mais "pragmáticos" do PSDB e correntes do PT, que sabem que não há o que se distribuir (de preferência, entre eles) se não houver antes a criação da riqueza. Um jovem universitário "cabeça" e o carioca-médio-da-zona-sul votam no primeiro grupo, naquela galera que se diz "libertária" - naquela liberdade peculiar entendida pelos socialistas, claro - onde você tem a "liberdade" de se submeter a um comitê central. Se acham "anarquistas", mas são mesmo é comunistas. Oh, eu não posso falar em comunismo, sorry. O povo mais pé no chão, sem perder a ternura, vota no PT ou, se tiver 1/100 de neoliberalismo insensível no corpo, no PSDB. A discussão política no Brasil é tão enviesada que o único liberalismo permitido é a social-democracia. Então fica o brasileiro se achando muito legal por ser limitado a uma ideologia que tem o histórico que tem. Oh, eu não posso lembrar essas coisas, sorry. Cercado de aliados bolivarianos por todos os lados, o partido no poder fica só esperando as brechas pra estatizar ainda mais a economia e controlar ainda mais os comportamentos individuais. E esse povo ainda se acha "progressista".

Friday, September 18, 2009

231

Veja o engraçadinho da turma lá atrás. Tem sempre alguém querendo aparecer.

230

Veja a alegria das pessoas ao testemunharem mais um fenômeno da natureza.

229

Veja a delicadeza rosa das grades.

228

Veja uma cerimônia sincrética.

Como pode dar tilt?

Pode dar tilt com o aumento das despesas sem o correspondente aumento das receitas. Como as regulações que travam a iniciativa privada não foram solucionadas pela esquerda "progressista" - que não fez nenhuma reforma - a geração da riqueza que banca as bondades dos governantes pode diminuir. Quando isso acontecer, a CUT e os demais sindicatos vão pressionar o governo a continuar inchando a burocracia e dando aumentos, e os donos do cofre vão ceder e usar a seguinte sequência: aumento de impostos ou impressão de dinheiro, que resulta em inflação, que vão tentar freiar com aumento de juros, que vai tornar ainda mais difícil a vida de quem produz. Como nada é mais permanente que um programa provisório do governo, os gastos com a Previdência e o Bolsa-Família também vão ficar insustentáveis, mas o governo (numa visão bondosa) espera cobrir esse déficit com a receita do Pré-Sal. Acontece que esse dinheiro só vai estar disponível em quase duas décadas, e não se sabe se o combustível fóssil continuará como a fonte de energia dominante, ainda mais com as pressões vindas da nova religião verde. Aí quando a conta deixar de bater, um candidato de oposição (da terrível "direita") vai surgir pra fazer o serviço sujo de diminuir os gastos e privatizar o que tiver que privatizar, com a gritaria costumeira dos nacionalistas. A economia então vai ganhar algum fôlego até se iniciar o novo ciclo demagógico encabeçado pelo próximo messias iluminado. Ele contará com o apoio dos grandes banqueiros e industrias, se autodenominará "pai dos pobres" e evocará com orgulho o legado de Lula e Vargas.