Monday, March 31, 2008

Belo nariz


Me parece que o socialismo não foi uma "invenção" de Marx. Outros filósofos trataram disso antes dele, Saint Simon é um exemplo.

É natural que surjam teorias que desafiem o
status quo e reúnam pessoas insatisfeitas com o modo como as coisas acontecem. É uma revolta, um ressentimento com a realidade que vai encontrar abrigo em alguma teoria. Mas mesmo que esta revolta com a realidade seja algo natural e compreensível, isso não quer dizer que ela aponte um caminho melhor pra humanidade.

A não ser pela ciência de que ele não funciona, o socialismo marxista não melhorou o mundo, como as suas dezenas de experiências mostram bem. Na realidade, deu uma boa idéia de como a supressão da liberdade individual em nome de um coletivismo é capaz de desumanizar o homem, mesmo que o discurso pareça repleto de boa intenção.

Friday, March 28, 2008

Livre associação de idéias sobre a democracia


Teorias como o anarco-capitalismo podem ser analisadas por sua lógica interna ou pela sua relação com a natureza humana. É um exercício intelectual estimulante, já que não há registro empírico de sua realização, pelo menos em grande escala. Um dos "obstáculos" à aplicação desta ou de qualquer outra teoria política é a democracia, que numa interpretação menos cínica do que a da foto pode ser descrita como o "governo do povo, pelo povo e para o povo".

Uma vez que a maioria define os rumos da política através do voto, rupturas como as revoluções perdem a legitimidade por não se assentarem justamente na vontade expressa da maioria. Não deixa de ser uma vantagem, mas pra essa democracia funcionar minimamente e não ser confundida com uma ditadura da maioria, é preciso um arcabouço jurídico que proteja os direitos fundamentais das minorias.

Generalizando e tentando não fazer juízos de valor, duas tendências disputam a hegemonia numa democracia: os socialistas, que defendem que o estado equalize as diferenças entre os indivíduos com políticas de cunho distributivista; e os liberais, que defendem uma ordem social mais livre e espontânea, com o estado se limitando a julgar crimes e fraudes. Claro que no mundo real as coisas não são assim tão nobres e baseadas simplesmente em princípios, mas em interesses mais imediatos dos agentes políticos, invariavelmente representantes de algum grupo de interesse específico.

É um equilíbrio delicado. Já que o governo detém o monopólio da coerção, a sua tendência natural, mais ainda em países pobres e com instituições em formação como o Brasil, é que ele seja visto como o grande solucionador dos problemas, reais ou inventados. Com tanta expectativa em relação ao estado, a "vontade geral" manda que ele intervenha em todos os aspectos da sociedade, regulando e servindo de mediador na relação entre os indivíduos.


Pra suprir essa demanda da maioria, o estado precisa então de recursos, tanto pra implementar as políticas públicas como pra manter o aparato burocrático que caracteriza a sua estrutura de gestão. E como o governo não cria riqueza do nada e nem dá nada que não tenha tirado antes, acontece um conflito inevitável entre os pagadores e os recebedores de impostos.

Com um poder do estado tão avassalador, é importante que os instrumentos da democracia (Executivo, Legislativo e Judiciário) se contrabalancem pra que este "governo do povo" não se transforme, através do populismo inerente ao sistema, numa maneira elegante e politicamente correta de uma maioria oprimir uma minoria, com políticos e burocratas cobrando no meio do caminho um pedágio.

Wednesday, March 26, 2008

Anarco-Capitalismo


Pois então, uma corrente de liberais vem a cada dia se identificando mais e mais com o chamado "anarco-capitalismo", basicamente o "velho" liberalismo - vida, liberdade e propriedade - levado às últimas conseqüências lógicas. Ou seja, propriedade privada, nenhum estado e todos os serviços (inclusive justiça) sendo fornecidos pelo mercado.

A questão do conflito das agências de segurança privadas dá pano pra manga, questão muito delicada, mas vamos imaginar que a segurança é um serviço como outro qualquer. Então o nosso corpo seria a nossa propriedade primordial, e ninguém teria o direito de iniciar agressão contra ele, inclusive através de impostos. Se iniciar, estará sujeito às sanções legais.


Isso é a teoria. Na prática, a coisa pega. Num país onde qualquer defesa de uma maior liberdade de mercado é recebida com vaias de militantes estatistas com tochas na mão gritando "NEOLIBERAL, NEOLIBERAL!", a plataforma ancap soa realmente como uma utopia louca.

E mesmo reconhecendo que qualquer mudança tem início com alguns radicais, estamos numa democracia e as transformações não se dão de uma hora pra outra, num passe de mágica. Tem aquela frase do H.L. Mencken: "A maioria das pessoas quer segurança neste mundo, e não liberdade." Pois é, talvez. Um ancap chegar, por exemplo, e chamar um liberal como Milton Friedman de "socialista" é meio caricato. "É pilha, meu." Beleza.

Quem quiser se aprofundar no anarco-capitalismo, eis aí o link do "Uma teoria sobre o socialismo e o capitalismo" do Hans-Herman Hoppe, traduzido pro português:

http://www.hanshoppe.com/publications/trans/hoppe_tsc-portugese.pdf

Nelson Motta

Emocionante entrevista do Nelson Motta ao Juca Kfoury fazendo o que a maioria dos esquerdistas se recusa a fazer: um mea culpa clássico e honesto sobre os resultados da utopia socialista.

"Hoje acredito no indivíduo e na liberdade".

Viva Nelson Motta!

http://br.youtube.com/watch?v=RSr9iswPa3I&feature=related

Tuesday, March 25, 2008

14


O debate não é fútil


Veja só: estamos numa democracia, cheia de problemas, é verdade, mas numa democracia. Nesse sistema, os governantes se elegem por uma maioria, que de alguma maneira aprova as políticas implementadas pelo estado.
E como se forma o senso comum que norteia as opiniões das pessoas que elegem esses governantes? Através da circulação de idéias e da percepção que as pessoas têm dessas idéias.
Se hoje somos governados por fulano e temos as leis que temos, é por causa do senso comum (a maioria) que aprovou esses governantes e essas leis.
E como mudar isso?
- Com a percepção da maioria de que muitas das atuais políticas são contraproducentes.
- Com a apresentação de novas idéias que influenciem e aprimorem as atuais políticas.
A opinião pública conta. O debate de idéias conta.

Monday, March 24, 2008

Legalizar todas as drogas?


Tentando pensar realisticamente, a legalização das drogas irá ocorrer gradativamente, primeiro com a maconha, o que acontecerá, imagino, com várias restrições e regulações.

Com a percepção geral de que essa legalização não causou surtos apocalípticos de
Sodoma e Gomorra no país, ao contrário, que o grau de civilização aumentou, se partiria então pra outras, com um controle ainda pesado por parte do estado.

Agora, se formos discutir baseados apenas em princípios, todas elas deveriam ser legalizadas imediatamente. O importante é que a informação circule e que as pessoas estejam cientes do risco que estão correndo ao usar determinada substância.

Thursday, March 20, 2008

Maó Caô Ae


Meu nome é, ou era, Marcinho VP. Nassi na favela Santa Marta, zona sul do Rio. Cressi na miséria, e o meu pai me infiava a mão todo dia quando bebia. Me disinteressei rápido pela escola, e conhessi o Cabeludo, o frente da boca na época. Ele era de responssa, dizia que tava "do lado certo da vida errada." Comia todas e xeirava mais que cão perdiguero. Um dia a guerra esplodiu na situassão, e peguei num ferro pela primera vez. Deu um barato forte. Mas a quadrilha dos alemão prevalesseu, e tive que dá no pinote. 4 anos depois voltei pra reconquistá a favela. Muito sangue correu. Sempre fui de dialogo, mas tinha que matá as vezis. O lema do Comando Vermelho é paz, justissa e liberdade. Acho bonito isso. A sociedade num concorda com o desenrrolá do tráfico, mas os morro são os novo quilombo dos palmares, o que a gente persegue é a justissa social. Por isso que somo "o lado certo da vida errada". O Maicol Jackson, aquele baitola, veio uma vez gravá um video no Santa Marta e providenciei a seguranssa prele. A imprensa tava toda lá e acabei falando com os abutre dos reporter. Saí no jornal e de repente era o maior bandido do Brasil. Fugi e me entoquei lendo uns negócio que uns irmão me deram, sobre os Zapatistas, os guerreiro das Farc, e fiquei com essa ideia, a guerrilha social. Mas os cana me pegaram antis e me enjaularam em Bangu 3. Aí rolô dos irmão do CV comessarem a achá que eu tava atrapalhando aparesseno demais na midia, intão um dia me axfixiaram e me jogaram num latão de licho. Persebi o meu tamaninho no mundo. Eu gostava de vivê, mesmo naquele istress do crime. Vô senti falta das minhas mulhé, dos irmão das batalha, da brenfa, do meu glorioso Fogão, do feijão sagrado e da minha AK-47, que comprei de um polissa e batizei de Jovelina em homenage a Pérola Negra. PAZ, JUSTISSA, LIBERDADE E MUITA FÉ EM DEUS.
Saudações camaradas. Sou, ou fui, Mao Tsé Tung. Mas cês podem me chamar de Mao Zedong. Mandei na China por 27 anos. Conheci o marxismo na universidade e me identifiquei com aquilo, a luta de classes. Hoje é fácil ser contra o comunismo, mas naquela época muita gente foi naquela onda do Lênin. Na verdade sempre gostei mais do Stalin, esse sim um grande líder. Matou milhões de soviéticos, mas aquilo foi um pequeno preço pra realização da nossa utopia. E olha que eu nem desgostava tanto assim dos americanos, via os filmes, conheci o Nixon e tudo, mas o capitalismo é um sistema que não servia pra China, que sempre teve uma burguesia mal acostumada, principalmente os intelectuais, que não sabiam o que era pôr a mão na massa. Minha idéia era: poder aos camponeses e porrada nos proprietários. Tudo bem que milhões de chineses morreram de fome no Grande Salto pra Frente, mas nós já éramos quase 1 bilhão de pessoas. Como eu disse, tudo tem um preço. Há que se ressaltar que o planejamento familiar chinês começou depois de mim, eu mesmo espalhei muitas das minhas sementinhas por aí. O coletivismo não funcionou bem naquela época, e hoje tenho dúvida se é realmente possível. Cê vê, agora até a minha amada China tá praticando a economia de mercado. Culpa do anão do Deng Xiaoping, aquele pragmático traidor. Mas dizem que o país tá prosperando. Fico feliz. Tenho saudade de um monte de coisa, do culto à minha personalidade, das enfermeiras que limpavam o meu pau com a boca (nunca acreditei em tomar banho), dos banhos de rio (sem sabão pô), da filosofia (a minha), da adulação e do poder. Vou te dizer camarada, o maior afrodisíaco, o poder...
- Te conheço de algum lugar... "Será um dos vendedores da pastelaria de Teresópolis?"
- Mao Zedong, muito prazer. "Como alguém não reconhece o meu rosto?"
- Isso, claro. Li sua biografia que o seu médico escreveu. Muito interessante. "Uma vida movimentada."
- O doutor Li? Boa pessoa, mas um direitista reacionário traidor. E você é... "Sujeitinho petulante."
- Meu nome é Sol, muito prazer. Vivi de 1973 até ontem... "A cirrose me abateu."
- O que te traz aqui na ante-sala do Diabo? "Tô atrás da minha transferência pro Céu já há 50 anos."
- Então, tô aqui pra tentar convencer o senhor Satã que o meu lugar é lá no alto, junto com os anjinhos. Isso aqui é um terrível mal entendido... "Eu tinha vícios, mas era um cara bom, não bonzinho."
- Isso é o que todos dizem malandrage... "Apareci do nada."
- Também te conheço de algum lugar... "Será um dos flanelinhas lá da rua?"
- Marcinho VP, muito prazê. "Esse sujeitinho tá me zoano?"
- Olha só que coincidência, também li o livro do Caco Barcellos sobre você. "'Abusado, o dono do morro Dona Marta'".
- Caco é sangue bão. E aí, o Cramuião vai atendê nois? "Não aguento mais esse calor do inferno..."
- Vô ali falar com a secretária dele... "Nem aqui tem ar-condicionado."
- No que eu posso lhe ajudar?
- Por favor querida, nós 3 aqui queremos uma audiência com o seu chefe pra revisão da nossa pena. "Meu lugar é junto com o Senna e a Lady Di."
- Olha, hoje infelizmente o seu Satanás não vai poder atendê-los. Ele tirou o dia de folga pra ficar em casa coçando o saco.
- Mas isso é um absurdo. Ninguém trabalha nessa porcaria? "Ai que inveja...."
- Se acalme senhor. O que eu posso fazer é encaminhar seus requerimentos pro Senhor das Trevas quando ele chegar. Tá aqui o formulário.
- Puta merda, isso aqui parece repartição pública do Brasil. "Acho que tô aqui por falar essas coisas..."
- E aí irmão, o Coisa Ruim tá na situassão? "Do Céu vô podê avistá o meu morro querido."
- Não, mas deram esses formulários pra gente preencher. "Que inferno..."
- Sabe porque o comunismo é inviável? A burocracia atravanca tudo. "Auto-crítica."
- Tô afim de esperá esse alemão não cumpadi, vamo tomá logo o poder desse pederasta!! "O Saddam traça o Demo no South Park."
- Sim, um levante popular, uma grande marcha para destituir o Maligno e instalar a ditadura do proletariado nas profundezas do martírio!! "Sempre fui bom orador."
- Calma galera, violência não resolve nada. Cês acham que o poder do Diabo nunca foi desafiado? Ninguém consegue derrubar Lúcifer não, o Maligno tem as costas quentes. "O Todo Poderoso entende que só existe o bem se houver o mal."
- Mandô a letra certa mermão. Fiquei me metendo em confusão a vida inteira e olha onde fui pará... Vamo preenchê a droga da papelada e esperá pelo melhor. "Auto-crítica."
- Camarada Marcinho tem razão... A primeira pergunta é: "Por que você acha que veio parar no inferno?"
- Então, camarada Sol, por que cê acha que tá aqui?
melhor não ir tão longe, a china é a economia que mais cresce a minha admiração pelo larry david co-criou "seinfeld" e agora atua em "curb your enthusiasm" ele mora em los angeles e vive discutindo com as mulheres dos amigos dos amigos é uma facção inimiga do comando vermelho tem tanto poder porque as drogas são proibidas as plantas sagradas em solo brasileiro, mas já se pode portar uma pequena quantidade da erva divina, elizeth cardoso morreu mas foi pro céu vão as estrelas me dizem que o tempo passa e o tempo voa boate hoje

Wednesday, March 19, 2008

Paz


Por trás de todo o crescimento chinês está o Partido Comunista, que ainda conduz o país com pulso forte, não admitindo oposição ou liberdade de imprensa. Esse crescimento é claramente resultado da relativa abertura econômica que o país experimenta, mas a abertura política ainda está longe. Entre os efeitos liberticidas do poder do PC chinês, está a questão do Tibete.

Sou totalmente favorável à descentralização do poder e ao direito dos tibetanos de se libertarem do jugo chinês, mas uma frase do Dalai Lama que li no jornal hoje me chamou a atenção:

"A violência não faz parte da natureza humana".

Não me parece uma declaração realista. Mesmo que esse pensamento venha de um líder espiritual que advogue um ideal pacifista, a lógica me faz entender que o conceito de "paz" só existe se houver um contraponto. E a história da humanidade me deixa claro que se o mundo evolue, e acho mesmo que as coisas melhoram gradativamente, esse estado idílico de "não-violência" é uma possibilidade remota, se é que é possível.

Tuesday, March 18, 2008

Ideologias


Um equívoco essa tentativa de desqualificar o debate ideológico.

O Brasil é um exemplo. Os militares deram um golpe pra impedir que o socialismo tomasse conta, mas os centros de difusão da informação como a imprensa e as universidades ficaram livres pra doutrinação ideológica, que romantizava o socialismo e metia o pau no capitalismo, identificado então com a ditadura, com uma ou outra exceção (Nelson Rodrigues, por exemplo).


O resultado desse esquecimento na "guerra cultural" dos princípios em nome do pragmatismo do poder acabou redundando no senso comum vigente hoje no país, que se reflete nos discursos dos políticos e na configuração das instituições, com a plataforma socialista politicamente correta se tornando quase hegemônica.


Antes das pessoas votarem em peso no PT e no Lula, foram décadas de martelação ideológica esquerdista, que se anteriormente despertava repulsa na população brasileira predominantemente conservadora, aos poucos foi adquirindo essa aura de "superioridade moral" que tem até hoje.

Monday, March 17, 2008

Escolhas


"Do orçamento de R$ 1.352 bilhões (mais de um trilhão) previsto para 2008, estão destinados R$ 42,5 bilhões para a Saúde, R$ 13,2 bilhões para o Fome Zero e R$ 12,7 bilhões para a Educação. Os três somados dão R$ 68,4 bilhões, ou seja: apenas 5% do orçamento total. Em comparação, a União vai gastar 48,5% com a rolagem da dívida, 17,2% com a Previdência, 9,7% com pessoal e 8,5% com transferências para estados e municípios."

Então temos aí a destinação do dinheiro dos impostos, que se aproximam de 40% da renda nacional, e que, não fosse a sonegação, chegariam a 60%.

Logo se vê que a maior parte dos recursos, quase a metade, serve pra "enrolar" a dívida pública. Ou seja, pra se aumentar a parte que cabe à educação e à saúde, seria necessário então:

A - ( ) Abater parte da dívida (vendendo ativos saldando passivos).

B - ( ) Aumentar impostos.

C - ( ) Um mix das duas primeiras opções.

D - ( ) Deixar tudo como está.

E - ( ) NDA.

Thursday, March 13, 2008

13


Outro dia vi um cientista dizendo, na maior tranqüilidade, que a Terra ia acabar daqui a sei lá quantos bilhões de anos.
Gelei na hora.

Wednesday, March 12, 2008

O estado cartorial


Uai, o cara que quiser trabalhar projetando prédios pode fazer um curso reconhecido pelo mercado. Ele não vai ser forçado a ler mestres da confusão mental feito Baudrillard ou saber a composição dos ribossomos.
Nem ser obrigado, no caso da OAB, a pagar uma mensalidade pra classe monopolista. Por que, aliás, não rola a OAB do B?
Um funcionário competente é do interesse da própria empresa. O estado deve julgar quebras de contrato, fraudes e outros crimes, e não tutelar relações voluntárias com imposições curriculares e reservas de mercado.

Aos carentes (de educação)


A maioria das políticas aplicadas atualmente pelo governo brasileiro são justificadas em nome dos pobres, ou da "justiça social". Existem diversas teorias corroborando com essas práticas, ontem li John Rawls e parte da sua Teoria da Justiça, por exemplo, e considero que grande parte das pessoas que advogam a interferência do estado pra dirimir as "desigualdades" agem de boa-fé, pensando no melhor pra todos.


Mas essa noção do estado como condutor supremo da vida em sociedade, que eu mesmo não escapei na adolescência, é justamente a principal causa do nosso subdesenvolvimento. Senão vejamos o tamanho da interferência estatal nas nossas vidas e o seu resultado, pra exemplificar, na educação:

No Brasil o estado determina, através do MEC, todo o currículo escolar, todas as fases que o aluno deve passar, proibindo-o inclusive de estudar por conta própria (homeschooling), já que é preciso ter certificados e diplomas pra se exercer qualquer profissão. Isso, na prática, corresponde a uma reserva de mercado e tem o apoio, claro, de todos os sindicatos de classe, não por acaso ligados à CUT e ao PT. O corporativismo é tão arraigado que a OAB inclusive conseguiu a façanha de ser citada na constituição de 88.

O estado também constrói e mantém (mal) toda uma rede de escolas e universidades, com o ensino superior levando a maior parte do orçamento, em mais uma literal inversão de valores.

O resultado é um ensino de baixa qualidade (os testes internacionais provam essa realidade, com o Brasil invariavelmente na lanterna), com um currículo engessado, professores desmotivados e uma massa enorme de diplomados que o mercado é incapaz de absorver.

Como solução, um defensor do estado interventor clamaria simplesmente por mais recursos pra área, sem perceber que os incentivos é que estão errados.

Um liberal vai defender a privatização desse serviço. Os pobres não vão ficar na mão. O estado daria vales pros alunos carentes, que poderiam escolher a instituição privada de sua preferência, e bolsas pra universidade dos estudantes mais promissores. O currículo seria livre, estimulando a concorrência, a eficiência e a inovação. Esse sistema já é uma realidade de sucesso em países como a Suécia e em alguns estados americanos, não é uma tese maluca e radical sem qualquer base empírica.

Ou alguém acha que a educação brasileira vai bem do jeito que está?

Tuesday, March 11, 2008

12


Ué, o que faz o mercado senão estimular a cooperação através das trocas? Do dar e receber? E o que mais estimula essas trocas senão o auto-interesse?
O auto-interesse e a cooperação não são conflitantes, se é isso o que você quer dizer.

Instituto Mises Brasil


A defesa da liberdade aqui na terrinha acaba de ganhar mais um aliado de peso, o Instituto Mises Brasil: http://www.mises.org.br/

Abaixo, trechos escritos pelo presidente da matriz americana,
Llewellyn H. Rockwell, Jr, que advoga os princípios aprofundados pela Escola Austríaca de Economia sem meias palavras:

Palavras em defesa da liberdade

Milhares de anos atrás, a tecnologia limitava severamente a quantidade de palavras que a média dos indivíduos instruídos poderiam ler durante suas vidas. Manuscritos estavam disponíveis apenas para aqueles que eram privilegiados o bastante para ter acesso a edições copiadas manualmente (e demos graças a elas). E então vieram as impressoras. Mesmo assim, há apenas dois séculos, era possível ler quase tudo que era impresso em seu próprio idioma em um dado ano. Hoje, no entanto, vivemos em uma era de palavras: blogs, sites, ensaios, newsletters, e uma abundância de revistas, e mais de um bilhão de livros vendidos aos consumidores americanos, sendo que a biblioteca do Congresso Americano mantém um acervo de mais de 26 milhões de livros.

Apesar de haver uma espantosa proliferação de palavras atualmente, há uma escassez drástica de algo que é essencial à sobrevivência da civilização: a defesa da liberdade contra seus inimigos onipresentes e contra seu principal inimigo, o estado. Os princípios essenciais têm em si o poder de perpassar e desmascarar bilhões de outras palavras triviais e falaciosas. Apesar de não termos o número suficiente de soldados e de armas em nosso front, acreditamos no poder das idéias para fazer a diferença. É por isso que os libertários escrevem.

Uma reação comum a um bom artigo é dizer ao autor: você deveria escrever um livro! Ouvi isso durante anos, mas pelo que pude ver desses esforços, a maioria dos artigos deve permanecer artigos. Examinando toda a coleção de escritos na tradição austríaca, desde o século passado até os mais recentes publicados pelo Mises Institute, há livros mais do que suficientes disponíveis, contendo exposições sistemáticas sobre teoria e história, que precisam ser lidos e estudados. Não há nada que eu possa dizer sistematicamente em livro que iria adicionar algo aos artigos que eu escrevo semanalmente. Artigos e livros constituem gêneros literários independentes, cada um tendo o seu passo e propósitos distintos.

(...)

Todos os inimigos do capitalismo agem como se sua eliminação não gerasse conseqüências maléficas para nossas vidas. Nas salas de aula, na televisão, nos filmes, somos continuamente apresentados a um quadro que mostra o quão perfeito e alegre o mundo seria se apenas pudéssemos nos livrar daqueles que ganham a vida através da criação, da especulação e da acumulação de riqueza. Por centenas de anos, de fato, a classe intelectual exigiu a expropriação e até mesmo o extermínio dos capitalistas expropriadores. Desde os tempos antigos, os comerciantes e suas atividades foram considerados ignóbeis. E, na verdade, a ausência deles nos reduziria ao barbarismo e à absoluta pobreza.

A economia de livre mercado tem um histórico ímpar de oferecer progresso econômico para todos, não importa qual a sua situação na vida. No entanto, ela não oferece igualdade de resultados e nem mesmo igualdade de oportunidade. O livre mercado não oferece uma sociedade sem classes, mas oferece algo de muito maior valor: a liberdade em si. A lição geral que podemos extrair é que economia é, na verdade, apenas uma palavra elegante para designar a qualidade de nossas vidas, e que a maior ameaça à qualidade de nossas vidas são os governos que tentam restringir nossa liberdade econômica.

A ênfase duradoura da velha tradição liberal a respeito de guerras é essa: mesmo o vencedor perde. Em uma guerra, perdem-se recursos. Perde-se o dinheiro dos impostos. Perdem-se relacionamentos comerciais e a boa vontade em todo o mundo. Acima de tudo, perde-se a liberdade. E eis aí o maior custo da guerra para nós, pois não há como manter um livre mercado - que é a base da prosperidade - ao mesmo tempo em que se tenta criar um planejamento central militar em escala global. Um governo inchado lá fora é incompatível com um governo pequeno em casa. Se aplaudimos a guerra, estamos aplaudindo o socialismo doméstico e a nossa própria destruição como civilização.

Como cidadãos desse país, como parte do nosso dever civil, se não como a soma total do nosso dever civil, temos que fazer nosso melhor para denunciar e restringir nossos tiranos. Não podemos parar a carnificina em Ruanda ou o conflito étnico na Turquia, mas nossas vozes podem fazer diferença naquilo em que o nosso próprio governo pretende se safar. Quando um regime que governa em nosso nome se envolve em alguma forma de assassinato em massa, a questão primordial que nos será feita é: você se pronunciou contra isso? Você fez tudo o que podia para parar isso? Ou você ficou em silêncio?

Mises compreendeu que, não importa o quão desanimadoras sejam as presentes circunstâncias, o futuro pode ser bem diferente. Mesmo com o mundo em total colapso ao seu redor, ele acreditou que a liberdade poderia triunfar, contanto que as idéias certas emergissem na vanguarda da batalha intelectual. Ele estava convencido de que a liberdade tinha uma chance de vitória, e - essa é a parte crucial - que ele tinha uma certa responsabilidade pessoal em fazer essa vitória acontecer.

Friday, March 07, 2008

José Padilha


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u379469.shtml

Legal.

Vi essa entrevista do José Padilha no Roda Viva e me pareceu um cara inteligente, ciente das coisas, não é um politicamente correto cheio de minhoca coletivista na cabeça.

Por isso estranhei quando li em algum lugar ele colocando toda a culpa da violência nos usuários, assim como o Fernando Meirelles, um cara que eu simpatizo, dando uma opinião do mesmo naipe. Deve ter sido um mal-entendido, pelo que vi nessa matéria...

Sobre a pirataria, um modo de diminuí-la seria baixando certos impostos e regulações, mas isso quase nenhum político quer discutir. Ao invés de ajustar os incentivos, preferem fazer uma cruzada contra os ambulantes e os consumidores, no mais das vezes pobres, que estão na informalidade justamente por causa das mil regrinhas e tributos que o governo impõe pra se legalizar um negócio no Brasil.

A culpa é do estado e de suas leis "bem intencionadas", pra variar.

Thursday, March 06, 2008

O estado corporativo

"Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado" - Mussolini

O PT e o PSDB não são iguais.
O PT é mais venal, com suas correntes comprometidas com o "socialismo verdadeiro", seu aparelhamento das estatais (privatizaram alguma?), sua ligação com o sindicalismo obrigatório e, por que não?, com o Foro de São Paulo de Fidel, Chávez, Corrêa, Morales e as FARC.
Usando a analogia dos autores do "Manual do perfeito idiota latino-americano", o PT é a esquerda "carnívora" e o PSDB a "vegetariana".

Ei colega, os funcionários públicos do PT não são apenas os concursados. Existem os comissionados, dezenas de milhares deles, e toda a base sindical entranhada nas estatais e fundos de pensão alinhada com a esquerda em geral e com o PT em particular.

O PT quer aprofundar o controle sobre a sociedade e pra isso domina e expande a máquina estatal sem nenhum prurido moral, já que tudo é "pela causa".

É compreensível que a maioria dos funcionários públicos apóie a agenda estatizante do PT e assemelhados ainda mais radicais. Estão defendendo o "deles", e não querem nem pensar em idéias que tentem diminuir a esfera da atuação governamental atual, intervencionista até a medula.

Não é à toa o liberalismo causar tanta oposição e resistência, pois questiona essa situação e clama por mudanças, começando pelo corte na própria carne do estado, com privatizações e desburocratizações.

Por que não sou conservador


Ensaio soberbo de Hayek sobre a diferença entre liberais e conservadores. Alguns trechos:

O liberalismo não é contrário à evolução e à mudança; e, nos casos em que transformações espontâneas são asfixiadas pelo controle governamental, advoga profundas reformas na política de governo. No que diz respeito à maioria das atividades governamentais, no mundo de hoje, os liberais não têm por que preservar a situação como está. Na verdade, o liberal acredita que o mais urgente e necessário em quase todo o mundo seja a eliminação completa dos obstáculos à evolução espontânea.

Em termos gerais, poderíamos afirmar que o conservador não se opõe à coerção ou ao poder arbitrário, desde que utilizados para fins que ele julga válidos. Ele acredita que, se o governo for confiado a homens probos, não deve ser limitado por normas demasiado rígidas. Como se trata de indivíduo essencialmente oportunista e desprovido de princípios, ele espera que os bons e os sábios governem, não meramente pelo exemplo, como todos queremos, mas por uma autoridade a eles conferida e por eles exercida. Como o socialista, o conservador preocupa-se menos com o problema de como deveriam ser limitados os poderes do governo do que com o de quem irá exercê-los; e, como o socialista, também se acha no direito de impor às outras pessoas os valores nos quais acredita.


Quando digo que o conservador carece de princípios, não quero com isso afirmar que ele careça de convicção moral. O conservador típico é, de fato, geralmente um homem de convicções morais muito fortes. O que quero dizer é que ele não tem princípios políticos que lhe permitam promover, junto com pessoas cujos valores morais divergem dos seus, uma ordem política na qual todos possam seguir suas convicções. É o reconhecimento desses princípios que possibilita a coexistência de diferentes sistemas de valores, a qual, por sua vez, permite construir uma sociedade pacífica, com um emprego mínimo da força. Sua aceitação significa que podemos tolerar muitas situações com as quais não concordamos. Há muitos valores conservadores que me atraem mais do que muitos valores socialistas, porém a importância que um liberal atribui a objetivos específicos não lhe serve de justificativa suficiente para obrigar outros a submeter-se a eles.


Em última análise, a posição conservadora baseia-se no princípio de que, em qualquer sociedade, há indivíduos reconhecidamente superiores, cujos valores, padrões e posições, sua herança espiritual, precisariam ser protegidos, e que deveriam exercer maior influencia nos assuntos públicos do que os demais. Obviamente, o liberal não nega que existam pessoas superiores; ele não é um defensor do igualitarismo. O que ele nega é que qualquer um possa ter a autoridade de decidir quem são essas pessoas superiores. Enquanto os conservadores tendem a defender uma determinada hierarquia estabelecida e pretendem que a autoridade proteja o
status daqueles que eles prezam, os liberais acreditam que não haja respeito por valores estabelecidos que justifique o recurso ao privilégio ou ao monopólio ou a qualquer poder coercitivo do Estado para proteger estas pessoas das forças da transformação econômica. Embora o liberal esteja plenamente cônscio do importante papel que as elites culturais e intelectuais representaram no avanço da civilização, também crê que essas elites devem dar provas da capacidade de manter sua posição obedecendo às mesmas normas aplicadas a todos os outros.

Pessoalmente, acho que o aspecto mais reprovável da atitude conservadora é sua tendência a rejeitar novos conhecimentos, ainda que bem fundamentados, porque desaprova algumas das conseqüências que aparentemente decorrem deles – ou, mais francamente, seu obscurantismo. Não nego que os cientistas, como qualquer pessoa, são dados a modismos e excentricidades e que devemos ser cautelosos em aceitas as conclusões às quais os levam suas teorias mais recentes. Mas os motivos de nossa relutância precisam ser racionais e não devem ser condicionados pela consternação que sentimos quando as novas teorias abalam nossas mais caras convicções. Sou pouco paciente com os que se opõem, por exemplo, à teoria da evolução ou às chamadas explicações “mecanicistas” dos fenômenos da vida, simplesmente por causa de algumas conseqüências morais que, a princípio, parecem decorrer dessas teorias, e ainda menos paciente com os que consideram irreverente e ímpio indagar a respeito de certas questões. Ao recusar-se a enfrentar os fatos, o conservador contribui para enfraquecer sua própria posição.



http://www.ordemlivre.org/?q=node/114

Tuesday, March 04, 2008

A guerra do Foro de São Paulo


O que me deixa bolado é o modo como a grande imprensa ignora a aliança desses países, firmada no tal Foro.
Eis aí algo cristalino que jornais como O Globo deixam de incluir em suas matérias e que esclareceria de vez a posição brasileira nesse conflito. Fazem um auê tremendo com o Uribe justamente porque ele está no meio de ditadores wannabes que se identificam como socialistas e querem de fato "recuperar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu".
Essa bola não é do Olavo de Carvalho ou do Reinaldo Azevedo, é um fato que deveria ser de conhecimento de todos, pelo bem da verdade.
Aí um leigo lê o jornal e fica sem entender direito o que está acontecendo.
Afinal, esses caras tão lutando pelo quê?
Por que Chávez apóia tão alegremente as FARC?
Por que Corrêa apóia tão alegremente Chávez?
Por que Lula prefere dar um pito em Uribe ao invés de repreender os seqüestradores das FARC?
Ora, porque esses caras são aliados desde a primeira hora.